Carlos Fontes

Cristovão Colombo, português ?

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As Provas do Colombo Português   

2. Origens

A tese da origem portuguesa de Colombo é muito recente, no entanto é a conclusão a que facilmente se chegamos depois de analisarmos criticamente a informação que possuímos sobre a sua vida, amigos, familiares e descendentes.

a) Nação

Qual a nacionalidade de Cristovão Colombo ? Muitos são os documentos que apontam para a  origem portuguesa, como os seguintes:

Em 1470 o Senado de Veneza é o primeiro a identificá-lo como português, apelando a D. Afonso V para que controlasse as acções deste corsário.

Em 1474 Toscannelli, florentino, na correspondência que manteve com Colombo em latim, identifica-o com da "nação" dos portugueses (1). Não foi um caso único entre os italianos do seu tempo.

A 18 de Outubro de 1487, num documento oficial do Reino de Castela é identificado como "Português".

Em 1492, num documento recentemente descoberto é identificado também pela Corte Espanhola como "Almirante português" (11).

Em 21 anos que viveu em Castela/Espanha, NUNCA foi identificado como italiano ou genovês, o mesmo aconteceu com os seus dois irmãos.

Os próprios reis católicos, em finais do século XV, chegaram a corrigir a ideia que começou a ser difundida que o mesmo era italiano:

Em 1498 Ruy González Puebla, embaixador dos reis católicos em Londres, escrevia-lhes a 23 de Junho, referindo-se à expedição de Juan Cabot: "El rey de Inglaterra embió cinco naos armadas con otro genovés como Colon a buscar a isla de Brasil y las siete ciudades". Os reis católicos fizeram questão de expressamente corrigirem o seu embaixador, afirmando que se tratava de uma navegador como Colombo e não um genovês como Colombo: "Cuando a lo que decis que allá es ydo uno como Colon para poner al rey en otro negócio como el de las indias...".  ( 2 ).

Las Casas, nos arquivos de Colombo e da sua família não encontrou um único documento sobre a nacionalidade de  Colombo. Afirma que o mesmo era genovês, porque um cronista português - João de Barros -, o diz, embora este nunca o tenha conhecido. Hernando Colon, percorreu a Itália à procura dos alegados familiares do seu pai, e não encontrou nenhum. Quando começou a investigar em Portugal, foi logo proibido.

Colombo nunca se naturalizou castelhano ou espanhol, tal como o seu irmão Bartolomeu. No final da vida, insistiu com o seu filho Diogo Colon, natural de Lisboa, para que nunca se esquecesse das suas origens.

Estes factos só por si, permitem-nos por agora apresentar a hipótese do mesmo ser português, mas não basta se  pretendemos testar a sua veracidade. 

b) Língua

Qual a língua materna de Colombo ? Italiano não seria certamente. O português era a única língua que seguramente sabia falar e escrever quando em 1485 foi para Castela. Não restam dúvidas que a sua língua materna era o português, aprendeu latim em Portugal e só depois aprendeu castelhano (9).

Colombo sabia italiano ou qualquer um dos seus dialectos ? Não !. Os investigadores italianos há séculos que procuram, sem êxito, uma única prova.

A carta de Toscanelli dirigida a Colombo não está escrita em italiano, mas em latim, a língua internacional do tempo que qualquer nobre devia saber. A célebre carta de Colombo terá escrito para o Banco de São Jorge de Génova, não está escrita em italiano, mas em castelhano aportuguesado. Nenhum das cartas que escreveu para italianos, mesmo como o seu irmão Bartolomeu Colón está escrita italiano, a única língua que utilizou foi o latim e um espanhol aportuguesado. 

Perante estes factos, a biografia italiana só dizer que Colombo veio para Portugal com 25 anos, era analfabeto, tendo-se esquecido de imediato do italiano, a sua suposta língua materna. Este mesmo fenómeno aconteceu com o seus dois irmãos:

Bartolomeu e Diego não sabem falar nem escrever italiano, ou qualquer um dos seus dialectos e como só comunicam entre si em português espanholado. O caso mais estranho é o de Diego que em Agosto de 1491, ainda vivia supostamente em Génova, e dois anos depois já em Espanha revelava desconhecer totalmente o Italiano, sendo mesmo incapaz de dizer uma única palavra nesta língua ou num dos seus dialectos.

Seria espanhol ? Las Casas, sobre este aspecto não tem dúvidas em afirmar que Colombo era estrangeiro pois falava e escrevia de forma muito incorrecta a língua espanhola. Os investigadores espanhóis que analisaram os sus escritos não tem dúvidas em afirmar que a sua língua materna não era castelhano, o galego e muito menos o catalão. Qual seria então a língua de Colombo ? O português.

As cartas e documentos escritos pela própria mão de Colombo, revelam uma mistura de castelhano e de português, uma língua que nunca esqueceu, apesar de ter vivido 22 anos em Espanha ( 3 ). Mais

c) Reconhecimento

Colombo chega a Castela, em 1485, vindo de Portugal e passa a usar o nome de Cristoval Colon, cujo significado foi esclarecido por Hernando Colon: Cristovão Colon = Membro dos Que Vem por Cristo.

Os nobres com que convive aceitam-lhe o nome, os reis de Espanha e de Portugal tratam-no desta forma. Colombo era alguém que vinha por Cristo e para defender Cristo.  Foi isto que sempre disse e não outra coisa.

Apesar das suas alegadas origens humildes, foi sempre tratado como um nobre e até possuía um brasão. O reconhecimento do seu estatuto de membro da nobreza é extensível aos seus irmãos, em Castela, mas também na Inglaterra ou em França. Nunca ninguém o questionou . 

Quando saiu de Portugal e se dirigiu-se para Castela, fica alojado durante dois anos na casa de um dos mais proeminentes membros da nobreza espanhola. Em Sevilha é intimo da alta nobreza portuguesa que aí vivia exilada. Será que ninguém suspeitaria que era um simples plebeu ?

Ao longo 7 anos que duraram as negociações com a Corte Castelhana, sempre impôs uma condição básica: o reconhecimento de um estatuto de membro da alta nobreza, um direito que exigiu que fosse extensível aos seus irmãos, embora estes ainda não estivessem em Castela. Diogo só chega em meados de 1493 e Bartolomeu no final deste ano.

Como nobre que era exigia que o seu estatuto, em qualquer lado fosse o mesmo. Ninguém contestou este direito, nem mesmo o seu grande inimigo - o rei Fernando de Aragão.

O primeiro documento OFICIAL que em Espanha se lhe referem data de 1486. É tratado como "português" e por "Don". O documento foi elaborado pelo contador-mor da rainha D. Isabel, tendo-lhe entregue uma elevada quantia. Não se trata de uma qualquer nota ou documento avulso, mas de um documento oficial da Corte castelhana. Cristoval Colon passou pouco depois a ser o pseudónimo pelo qual era conhecido.

Os seus dois filhos - Diogo (português) e Hernando ( ilegitimo) foram nomeados pagens na corte espanhola. 

Será que a Corte Espanhola, tão ciosa dos estatutos sociais iria permitir ter no seu seio um humilde tecelão de lã (plebeu genovês), que tivesse um Brasão e se afirmasse descendentes de nobres almirantes ?.

A única explicação possível para esta e muitas outras coisas é que o mesmo era um nobre português (18), com um elevado estatuto na Corte Portuguesa.   

Cristovão Colombo nunca falou nas suas origens, mas a Corte Espanhola certamente saberia qual era. Os seus irmãos também nunca o fizeram, nem o seu filho legitimo - Diogo. O seu filho espanhol (Hernando Colón) que escreveu e investigou a sua vida, em Itália e em Portugal, tendo afastado a hipótese que o mesmo ser italiano, embora nada dissesse sobre outras possibilidades (6 ). Ao longo dos anos Colombo, o seus irmãos e descendentes directos tiveram sempre uma enorme preocupação em esconder a sua verdadeira identidade.

d) Brasão

Reconstituição do brasão original de Colombo, conforme a descrição feita pela rainha de Castela, em Maio/Junho de 1493.

Colombo quando chegou a Castela/Espanha já possuía um brasão. Trata-se de algo inconcebível para um plebeu em pleno século XV, nomeadamente nas cortes de Portugal e Espanha. Ninguém o questionou, muito pelo contrário foi o mesmo reconhecido oficialmente em 1493 ( 4 ). A descodificação deste brasão continua a ser motivo de grande polémica, porque se continua a recusar as raízes portuguesas de Colombo.

Como vimos, Colombo, em Castela, assumiu como as suas as raízes familiares da sua esposa - Filipa Moniz Perestrelo -, ao ponto de produzir uma verdadeira confusão nos seus biografos.  No século XV e XVI, a maioria descreve a familia de Filipa, como sendo a de Colombo. O seu brasão em Castela seguiu, coerentemente, esta orientação. 

As cinco ancoras (elemento marítimo), coincidem com as cinco estrelas do Brasão dos Monizes, mas também cinco bezantes do escudo de Portugal ou os cinco escudos do Brasão da Casa de Bragança. Nos mapas dos séculos XV e XVI, os domínios de Portugal eram assinalados com uma bandeira onde constava apenas cinco circulos (bezantes), era uma marca internacional inconfundível.

A lista é claramente um elemento do brasão dos Perestrelo. É também um elemento comum a vários brasões da elite governante da cidade de Lisboa desde o século XIII (5 ). É mesmo o único elemento comum aos brasões das familias ligadas à cidade. 

A estranha forma intermédia que nas cópias da Carta de Privilégio de 1502, sugere uma elevação, inspira-se aqui directamente no escudo de carmelo ou carmelistas. Porquê ? O panteão familiar dos Monizes estava no Convento do Carmo em Lisboa, e foi lá que foi sepultada também, em 1497, a esposa de Colombo. O prior deste convento foi administrador dos bens da família de Colombo que residia em Sevilha, funcionando como um intermediário nas suas ligações a Portugal. Muitos outros factos, ligam a sua família a este convento.

e) Bandeira

Cruz da Ordem de Aviz

Colombo não possuía apenas um brasão, mas também uma bandeira, onde afirmava a sua portugalidade. Estamos perante uma facto verdadeiramente extraordinário, mas que nunca foi estudado. De acordo com o seu Diário de Bordo, mas também Las Casas e Fernando Colon, quando chegou ao Novo Mundo, a 12 de Outubro de 1492, tirou o estandarte real dos reis católicos e duas bandeiras onde estavam pintadas uma Cruz Verde. Estas bandeiras que Colombo obrigara todos os navios a transportarem tinham a sua divisa pessoal ( 5 ). Era o símbolo por excelência da sua missão, como fez questão de registar no seu Diário de Bordo.

Os historiadores espanhóis não conseguem explicar a cor desta cruz, pois nos reinos de Castela ou Aragão não exista uma cruz semelhante. A cruz que mais se aproxima a esta é a da Ordem de Calatrava, mas a sua cor é vermelha. Verde só a da Ordem de Aviz portuguesa.

Num dos lados da cruz, escreve Fernando Colon, estava um "F" (Fernando) e no outro lado um "I" (Isabel) encimados por coroas. Estas letras, como outros símbolos heráldicos eram obrigatórios, impostos pelos reis de Espanha. Não constavam do brasão, portanto, por vontade do próprio Colombo.

A Cruz Verde era o símbolo da cruz Ordem de Avis que o rei D. João I, separou da Ordem de Calatrava, também ela fundada em Portugal (século XII).Esta Ordem acabou por dar o nome à segunda dinastia dos reis de Portugal, que se inicia justamente com D. João I, mestre da Ordem de Aviz. Tinha a sua sede no Alentejo, onde se sustenta que Colombo terá nascido. Mais

Recorde-se que o malogrado Infante D. Fernando, o Infante Santo, de quem Colombo era devoto, foi grão-mestre desta ordem militar (1434 -1443), sucedendo-lhe no mestrado o Infante D. Pedro (1445-1466), Condestável de Portugal e Duque de Coimbra, que mais tarde foi também Rei de Aragão (Catalunha, Valência)

A Bandeira de Colombo na História

g) Formação

Colombo quando chega a Castela revela uma ampla formação cultural, no contexto do tempo, apenas acessível a uma elite social em toda a Europa.

A sua biografia italiana, baseada na confusão entre o Colombo tecelão e o Colon navegador, só pode afirmar que quando chegou a Portugal com 25 anos, em Agosto de 1476, era analfabeto. Os seus pais, segundo as Actas genovesas, continuariam em Italia exercendo o ofício de tecelões. 

Em Lisboa, num curto espaço de tempo - 3 anos -, adquiriu os conhecimentos mais avançados da época: aprendeu português, latim, adquiriu sólidos conhecimentos bíblicos, judaicos e até gregos, mas também profundos conhecimentos em álgebra, geometria, geografia, cartografia e uma longa experiência em náutica. 

Onde adquiriu estes conhecimentos ? Nas ruas de Lisboa ? A bordo de navios de corsários ? 

O seu filho Hernando Colón e Las Casas precisam que o mesmo aprendeu latim em Pavia, um ensino que seria muito considerado em Portugal. Não especificam, contudo, se estavam a falar de Pavia em Portugal ou de Itália. 

"Estudió en Pavia los primeros rudimentos de las letras, mayormente la gramática, y quedó bien experto en la lengua latina, y desto lo loa la dicha Historia portuguesa...".(...) " Consiguió la medula y substancia necesaria de las otras ciencias, conviene a saber de la geometría, geografia, cosmografia, astrologia ou astronomía y marinería", Las Casas

Não sendo um grande latinista, a verdade é que escrevia com muito melhor correcção do que fazia a escrever espanhol, dado que nesta língua estava sempre a dar erros derivados do português. (17)

Na Universidade de Pavia (Itália) não foi descoberto nenhum aluno no século XV e XVI chamado Colombo, Colon ou Colón e outros derivados. Estas matérias também não eram aí ensinadas. Nicolo Scillacio, professor na  mesma Universidade que escreveu ao tempo sobre a segunda viagem de Colombo, nunca o identificou também como aluno. 

A única hipótese que resta é que Colombo tenha estudado numa antiga vila portuguesa chamada Pavia, pertencente à Ordem de Aviz. Foi aqui que muito provavelmente começou a ter aulas particulares de latim, como era hábito entre os nobres portugueses no seu tempo.  

Onde aprendeu geometria e cosmografia ?  Em Lisboa, na universidade ou Estudos Gerais. Desde o início do século XV que estas matérias eram aqui ensinadas, assim como navegação. O Infante D. Henrique, Duque de Viseu e Mestre da Ordem de Cristo, foi justamente o principal protector destes estudos.Mais

Não restam dúvidas que Colombo estudou em Portugal, tendo provavelmente feito os seus estudos elementares em Pavia, povoação alentejana, e os superiores em Lisboa nos Estudos Gerais. 

Alguns historiadores actuais, perante estes factos, procurando ainda sustentar a sua origem italiana, afirmam agora que Colombo veio para Portugal em criança ou no início da sua adolescência.

Colombo não apenas adquiriu em Portugal uma sólida formação teórica, mas também participou em viagens secretas ao serviço da Coroa portuguesa por todo o Atlântico, tendo em pouco tempo acesso a informações secretas do Estado português, tornando-se amigo intimo do rei. As próprias Tabelas que usou na sua 1ª. Viagem à América (1492-1493) tinham acabado de ser feitas em Portugal e constituem o mais avançado que o mundo possuía.

O seu Diário de Bordo, assim como a sua correspondência refere explicitamente inúmeros ensinamentos que aprendeu em Portugal, e curiosamente nem um único aponta que tenha aprendido em qualquer parte de Itália ou de Espanha.

Os seus conhecimentos e contactos internacionais demonstram que seria uma pessoa com um elevado estatuto social e uma fortuna considerável, algo que só os navegadores de origem nobre em Portugal podiam aspirar. Possuía inclusive uma pequena biblioteca privativa. 

Numa carta dirigida aos reis de Espanha, em Janeiro de 1495, Colombo gaba-se que, em Agosto de 1473, era já comandante de navios. Tinha contactos internacionais ao mais alto nível, sabia geografia, efectuava cálculos náuticos de grande complexidade e inclusive era capaz de enganar experientes marinheiros. 

Os seus serviços teriam sido inclusive requisitados pelo rei de França (René d`Anjou), aliado na altura de Portugal, para recuperar uma galera que estava em Tunes (Tunísia).

h) Esposa: Filipa Moniz Perestrelo  

Uma das poucas coisas que se sabe com segurança sobre Colombo é que o mesmo casou com Filipa Moniz Perestrelo, comendadeira da Ordem de Santiago de Espada de Portugal.

Filipa Moniz pertencia à alta nobreza portuguesa. Era filha de Isabel Moniz e de Bartolomeu Perestrelo I (1396-1457), membro da Ordem de Santiago, cavaleiro da casa real e 1º. capitão da Ilha de Porto Santo (Madeira).

Conheceram-se no Convento das Comendadeiras de Santos, em Lisboa (Convento de Santos-o-Velho). Um convento frequentado por Colombo, mas também pelo rei de Portugal - D. João II - que aí tinha uma amante. O seu casamento que terá ocorrido por volta de 1479 só foi possível após a autorização deste rei, então grão -mestre desta Ordem Militar.  

Em princípio o casamento só seria autorizado se Colombo fosse um nobre. No século XV, não há registo de um casamento entre uma figura da alta nobreza e um simples plebeu, uma situação em toda a Europa igualmente impensável. O escândalo deveria ter sido enorme e não há noticia de tal coisa.

É provável que depois do casamento vivessem durante algum tempo no arquipélago da Madeira, em particular na Ilha de Porto Santo.

Se outras relações já não tivesse com a alta nobreza portuguesa, uma coisa era certa: ao casar-se com Filipa Moniz Perestrelo tornou-se familiar da elite governante de Portugal. Contactos que lhe foram decisivos nos seus anos de exílio em Espanha.

Não se sabe quando é que Filipa Moniz faleceu, mas é provável que tenha sido em 1497. No Testamento de Colombo, manda que seu filho Diego Colón construa na Ilha de Hispaniola uma capela para os seus pais e Filipa Moniz Perestrelo, para onde devia de ser trasladada. 

Foi sepultada no panteão dos monizes no Convento do Carmo em Lisboa. Colombo manteve-se fiel à sua esposa e nunca mais voltou a casar. Mais

A biografia oficial procura apresentá-lo como um homem só e pobre, o que é uma completa falsidade, os factos históricos mostram justamente o contrário.  

i )  Filhos

Colombo e Filipa Moniz Perestrelo tiveram pelo menos dois filhos, no entanto apenas um ficou conhecido - Diego (Diogo) Colon - , o seu único herdeiro legítimo. Colombo refere pelo menos duas vezes este facto: 

No dia 4 de Março de 1493, escreve ao largo de Lisboa ("Mar de España"): "Agora, sereníssimos principes, acuerden Vuestres Altezas que yo dexé muger y hijos, y vine de mi tierra a les servir, adonde gasté lo que tenía, y gasté site años de tiempo.." (7)

Em 1502, no Memorial dirigido ao Consejo Real, volta a reafirmar a mesma ideia: "Suplico a vuestras mercedes ... que miren todas mis escrituras; y como yo vine a servir a estos príncipes de tan lejos y dejé mujer e hijos que jamás vi por ello". (8 )

Colombo revela que quando fugiu para Castela, em 1485, a sua mulher ainda era viva, assim como pelos menos o seu segundo filho. O único que se tem falado é de Diogo Colon Moniz Perestrelo, que virá a ser o segundo vice-rei das Indias espanholas.  

Numa análise recente aos testamentos de Diogo Colon, assim como da sua esposa Maria de Toledo, foi possivel concluir que o segundo filho português de Colombo, não apenas sobreviveu, mas inclusive teve uma filha: Ana Moniz.

No Testamento de Diego Colon, datado de 1509, entre as pessoas que contempla, refere  Ana Moniz, "doña Ana mi sobrina, mujer del jurado Barahona".  O Testamento da sua esposa -Maria de Toledo - datado de 27/9/1548, está disposto o seguinte: 

"75. iten. Digo que me parece que á doña Ana Muñiz, que es ama de mis hijos, que por quanto ella es muy buena y ha estado siempre en mi compañia, que le debe dar el almirante mi hijo mil ducados, para ayuda en su casamento…".

Ana Moniz, a neta de Colombo, do filho cuja biografia é desconhecida, ter-se-á portanto dedicado em Espanha, a cuidar dos seus primos.

Este facto corrobora a afirmação de Colombo de que, quando de Portugal, deixou aqui mulher e filhos.

Em Castela teve uma relação passageira com uma mulher de Cordoba, da qual nascerá o seu filho ilegítimo Hernando Colón,que não se cansou de amaldiçoar a mãe. Apenas no final da vida se terá lembrado da sua amante cordobeza, deixando-lhe algum dinheiro em testamento.

i ) Irmãos

Na biografia italiana, Colombo mal chega a Portugal, em Agosto 1476, encontra sem saber o seu irmão - Bartolomé Colombo. O seu outro irmão - Giacomo -  veio também para Lisboa em data incerta, encontrando-se em Espanha depois de 1492.

Os seus dois irmãos ditos "italianos" tinham igualmente uma origem nobre. Foi por este facto que eram reconhecidos e tratados como nobres pelos seus pares cortes europeias, como Espanha, Inglaterra ou a França. Na Biblioteca dos Duques de Verágua, existe uma árvore genealógica que tem confundido os historiadores, pois os irmãos de Colombo surgem com o estranho apelido de "Melo", segundo Mascarenhas Barreto. 

Uma das filhas de Zarco, como a seguir se explicará, pertencia à família dos Melos. Está aqui a chave do enigma ?  Esta ligação é reforçada pelo facto de Alvaro de Bragança - o grande amigo e protector de Cristovão Colombo - estar ligado aos Melos em cujo panteão em Évora se fez sepultar. O filho deste nobre português, exilado em Espanha, herdou o título Duque de Verágua, ao casar-se com a neta de Colombo.

1. Bartolomeu Colon (Bartolomé Colón) (1450 ? - 1514)

Na biografia italiana, era também um simples tecelão, um humilde plebeu. Terá nascido em 1462 e vindo para Lisboa, com apenas 13 ou 14 anos. Desconhece-se o motivo da sua vinda tão novo e se o mesmo aqui teria familiares a residir.

A biografia forjada pelos italianos afirma que aqui teria aprendido a "pintar" mapas, dedicando-se portanto à cartografia. Não sabia uma única palavra de italiano, nem nunca foi identificado como tal na documentação da corte espanhola. Em Dezembro de 1487 estava em Lisboa, com o seu irmão Colombo a assistir à chegada de Bartolomeu Dias vindo do Cabo da Boa Esperança. 

A partir de 1488 até fins de 1493 tornou-se num embaixador de alto nível ao serviço da missão do irmão (Colombo), andando pelas cortes europeias sem qualquer restrição. É tratado como um membro da alta nobreza. Possui dinheiro para todas as deslocações durante 4 anos,  mas também para manter um elevado nível de vida condizente com o seu estatuto. Entre os nobres que visita ninguém lhe nega apoios (dinheiro, alojamento, etc), nem ninguém questiona a sua condição de simples plebeu, nem de tal é denunciado pelo seu comportamento, contactos, educação ou o vestuário.  

Nunca se casou, mas teve uma amante chamada Catalina Marrón de quem teve uma filha, a 11 de Dezembro de 1508, chamada - Maria Colón y Melo, segundo Mascarenhas Barreto. O nome Melo desta menina, que morreu com poucos anos, não derivava da mãe, mas do pai. O nome deste seria portanto: Bartolomeu Colon y MeloOnde terão ido buscar Diego e Bartolomeu os apelidos de Melo ?  A situação é inexplicável se não tivermos em conta a sua origem portuguesa. Mais

2. Diego Colon/Giacomo Colombus (Jacopus, Jacobe) (1457 ? - 1515)

Era supostamente 16 anos mais novo que Colombo, e teria nascido em 1468. Com 16 anos, em 1484, começou a aprender o ofício de tecelão. De acordo com as Actas Genovesas, em Agosto de 1491 ainda estava em Génova, onde era um humilde aprendiz de tecelão e um completo analfabeto. Dois anos, em Espanha, apresentava-se como navegador e fidalgo. Em 1493 os reis católicos concedem-lhe o privilégio de ser tratado por "Don". 

Passou a chamar-se Diego, fazendo parte do circulo restrito da Alta Nobreza. Aprendeu rapidamente a ler e escrever em espanhol e latim, esquecendo totalmente a sua língua materna. Não sabia uma única palavra de italiano, nem nunca foi identificado como tal na documentação da corte espanhola.

Na Biblioteca dos Duques de Verágua, segundo Mascarenhas Berreto, existe uma árvore genealógica que tem confundido os historiadores, pois os irmão de Colombo - Diego e Bartolomeu - surgem com o estranho apelido de "Melo". Na referida árvore genealógica consta o seguinte nome: Don Diego Colón y Melo. ( Melo vem da sua mãe).

Na análise aos seus restos mortais, em 2003-2005, comprovou-se que Diego teria cerca de 52 a 58 anos, e não os 47 anos que lhe dá biografia italiana. O que está conforme com carta de 12/7/1512,  dirigida aos reis de Espanha onde se afirma "viejo y pobre" (velho e pobre), quando contaria segundo a biografia italiana apenas 44 anos. Mais

J ) Data de Nascimento

Em que ano é que Colombo nasceu ? Perante tanta mistificação, falsificação de documentos esta é uma questão que há cerca de um século continua a suscitar enorme polémica. 

Diego Colon, o mais novo, se admitirmos que os ossos que estão na Cartuxa de Sevilha são seus, nasceu em 1457 ou pouco antes. Segundo a versão italiana "deveria" ter nascido em 1468

Bartolomé Colón, segundo a versão italiana nasceu em 1462. Todos os factos apontam todavia para que seguramente tenha nascido muito antes de 1455. Quantos anos antes ? Como segurança ninguém o sabe. Os seus ossos desapareceram em Santo Domingo.

Cristovão Colombo, o mais velho dos três irmãos, segundo a versão italiana teria nascido em 1451, isto é, morreu com 55 anos. Tudo nos leva a crer que terá nascido por volta de 1446, tendo falecido com pelo menos 60 anos.

Vários factos apontam nesse sentido: Em 1501, refere que navegava à cerca de 40 anos (1460), tendo começado muito novo (14 anos ?), o que nos indica 1446 como a data provável do seu nascimento.

A partir de 1470, temos indícios claros que comandava navios de corso e pirataria, isto é, quando teria cerca de 25 anos (dez a navegar). Entre 1471 e o 1º. Semestre de 1472, é já encarregue por Renato d`Anjou, Conde da Provença, de comandar o assalto à galé Fernandina, do Juan II de Aragão. Em 1473 terá navegado pela última vez com o almirante francês - Guillaume de Casenove dito Coulon ou Coullon. No ano seguinte, a Carta de Toscanelli, identifica-o como estando em Portugal e preocupado como chegar à Ásia a partir de Lisboa. Numa carta afirma que durante 14 anos tentou convencer D. João II a autorizar a expedição (1474-1488), a última tentativa terá sido justamente em 1488, quando assistiu ao regresso de expedição de Bartolomeu Dias vindo do Cabo da Boa Esperança.

No ano em que empreendeu a sua primeira viagem, em 1492, teria 46 anos. Quando iniciou a última, em 1502, andaria pelos  56 anos de idade, estando já muito velho e doente.

Muitos autores apontam para datas de nascimento muito anteriores, em geral, entre  1436 e 1441 (12), quando faleceu teria entre os 65 e 70 anos. Os próprios testemunhos da época, apresentam-no como um homem já velho quando iniciou a sua primeira viagem à América (1492). O famoso cura de Los Palácios que o conheceu e tratou familiarmente, assegura de forma categórica que "murió en Valladolid el año de 1506, en el mes de mayo, in senectutebona, de idade de 70 años poco más o menos"  (13). De acordo com este cronista teria nascido por volta de 1436. Cronistas italianos, como Martir de Anglería e Ramusio, apontam para que tenha nascimento por volta de 1430. Oviedo que o conheceu, refere que quando morreu "era ya viejo" (14). 

L ) Colombo e as Famílias Nobres Portuguesas

Ao contrário do que se fez passar a ideia, Colombo nunca foi um miserável e estava longe de ser um homem só. Na verdade, estava relacionado com as famílias mais ricas de Portugal e de Castela, cujo alojamento lhe era oferecido por tempo indeterminado.

O poder de cada família era um bem muito cuidado pelos seus membros, pois da família deriva a maior ou menor capacidade de ascensão social e obtenção de fontes de rendimento. A ligação das famílias entre si, obedeciam a estratégias muito elaboradas, tendo em vista aumentar o seu poder e proventos. Os brasões eram os símbolos deste poder e das alianças conseguidas.

A análise sistemática dos textos do século XV sobre Colombo, permite concluir duas coisas:

- Colombo pertencia à Casa dos Duques de Viseu-Beja, e nesse sentido, foi envolvido na conspiração do Duque D. Diogo, mestre da Ordem de Cristo e senhor das Ilhas atlânticas e da Guiné. 

A Rainha Dona Leonor de Lencastre, filha dos Duques de Viseu-Beja, assumindo-se como herdeira destas ligações, fez questão de convidar Colombo para um encontro no Convento de Santo António da Castanheira, tendo ao seu lado D. Manuel. Mais

- Através da sua esposa, D. Filipa Moniz Perestrelo, e por outras ligações que desconhecemos, estava aparentado com os Braganças Monizes, Noronhas, Albuquerques, Ataídes, Silvas e Melos.

Algumas destas familias tinham uma clara vocação maritima e militar, estando ligadas à expansão de Portugal. Controlavam desde D. Afonso V grande parte dos castelos e fortalezas do reino, mas grande parte das suas possessões além mar, o que constituía uma fabulosa fonte de rendimentos. Os negócios eram uma questão familiar que a todos os membros interessava. O seu casamento, com Filipa Moniz Perestrelo, seguramente foi pensado neste contexto.

M ) Mundividências

O mundo em que Colombo viveu e formou as suas ideias era inequivocamente português, não tinha qualquer relação com a Itália e os italianos e muito menos com os espanhóis.

Colombo antes e depois de 1492 nunca se afastou das rotas portuguesas e da companhia de portugueses. Quando saiu de Portugal, por exemplo, dirigiu-se para terras castelhanas junto à fronteira de Portugal, vivendo sempre rodeado de portugueses e em casa de portugueses.

1. Navegações

Como corsário ou integrado em expedições, como ele próprio afirma, percorreu todo o mediterrâneo e atlântico ao serviço de Portugal. Mais

2. Projecto

A ideia de chegar à Ásia/India navegando para ocidente, não surgiu, nem podia ter surgido em Itália. Trata-se de uma ideia contrária aos interesses dos seus Estados.

A ideia surgiu em Portugal e foi com base em mapas, roteiros, indícios e descobertas portuguesas que Colombo a defendeu junto da Corte Espanhola.

A primeira consulta a Toscanelli sobre uma possível viagem para Ocidente data de 1459, a segunda de 1474, numa altura que a viagem marítima até à India era já um projecto da corte portuguesa. Mais

3. Saberes

A todos os que insistem em considerá-lo italiano, deixou uma peça importante, o seu "Diário" da 1ª. Viagem ("Relación compendiada por Fray Bartolomé de las Casas"), onde nem uma única coisa refere que tenha aprendido com qualquer italiano ou em Itália.Em relação aos portugueses descreve minuciosamente a forma como navegavam e descobriam a existência de novas terras. Mais

Muitas das comparações que faz das indias, toma como referência terras e domínios portugueses.

As suas principais referências geográficas são portuguesas, ou pertenciam a domínios portugueses: o Cabo de S. Vicente, os Açoresa Madeira, a Guiné ou a Serra Leoa. Mais

4. Lembranças

Na primeira viagem, muitas das situações com que se depara fazem-lhe lembrar espontaneamente Portugal: 

Por exemplo, no Diário de Bordo, a 22/11/1492, fez conduzir uma canoa ao longo do Rio Moa, dado que no leito vira indícios de minério: pedras cor de fogo, calhaus prateados, pirites de ferro. "Lembrou-se ele então de que na foz do Tejo se encontrara ouro de aluvião". Um facto histórico que ocorria junto a Lisboa, na foz do Tejo.

Colombo não apenas deu nomes portugueses às terras que descobriu, mas também faz questão de assinalar as excelentes qualidades de coisas portuguesas: considera o porto de Lisboa é o mais magnifico que existia no mundo.

Desde que foi para Castela até falecer, nunca deixou de evocar as lembranças de Portugal.final da vida, recomendava ao seu filho Diogo Colon, nascido em Lisboa, para que nunca se esquecesse das suas origens.

5. Nomes

A sua profunda ligação a Portugal leva-o a dar nomes portugueses a muitas terras que descobriu. Mais

Os espanhóis da Galiza tem procurado demonstrar que muitos dos nomes que atribuiu são também galegos, o que corresponde também à verdade. Os únicos que não os conseguem apontar são os italianos...

6. Administração das Indias

Os historiadores são consensuais numa questão: o modelo que sempre seguiu para administrar as indias espanholas era claramente português. Mais

7. Visitas a Portugal

Colombo saiu de Portugal para Espanha, em  1485, mas voltou ao país várias vezes. Nunca deixou de o visitar, nem de manter uma forte ligação com o mesmo. A documentação existente regista algumas destas visitas, e a forma cordial como foi recebido. 

1485: Um ano depois de sair de Portugal regressa para se encontrar com o próprio rei (D. João II), assistindo à apresentação na Corte dos resultados obtidos pelo físico e astrólogo mestre José Vizinho das medições da altura do sol feitas na Guiné. Não existe qualquer sinal de conflito entre ele e o rei.

1488: Está de novo em Lisboa, para assistir à chegada de Bartolomeu Dias vindo do Cabo da Boa Esperança (África do Sul). Terá ido depois a Beja, para assistir na presença do rei à apresentação dos cálculos que foram nela efectuados. D. João II trata-o nesta altura por "especial amigo", o que revela a intima ligação entre eles. 

1493: No regresso da sua primeira viagem à América, em Março de 1493, dirige-se para os Açores, permanecendo vários dias na Ilha de Santa Maria. Depois veio directamente para Lisboa, onde ficou durante 10 dias, tendo mantido conversações com D. João II. Antes de chegar ainda fez escala em Faro (Algarve). A sua prioridade foi informar o rei de Portugal e receber as suas instruções. 

1496: No regresso da 2ª. viagem às Indias dirigiu-se para os Açores, e depois para a costa do Alentejo, onde chegou a 8 de Junho 1496. Aportou em Odemira, mais precisamente em Vila Nova de Milfontes. A direcção escolhida foi intencional, como faz questão de referir Hernando Colón (Hist. Colón, cap. LXIV), tendo inclusive anunciada na véspera. Permaneceu em Odemira dois ou três dias, pois só chegou a Cádiz no dia 11/6/1496. Ignora-se os contactos que aqui teve, assim como a razão da escolha desta vila alentejana. Mais

1498: Após ter jurado fidelidade a D. Manuel I em Toledo partiu para a sua 3ª. Viagem. Dirigiu-se primeiro para a Ilha da Madeira, onde foi recebido como um herói. Depois de afastar alguns dos seus inimigos rumou para Cabo Verde, e a partir daí foi finalmente ao continente americano, para ver as terras que D. João II lhe havia falado.  

1502. No fim da vida, quando sabe que portugueses estavam cercados por mouros em Arzila (Marrocos), adia a sua partida para a 4ª. Viagem à América de modo a preparar-se convenientemente para os ir defender. Dirigiu-se depois para Arzila, fazendo questão de ser o primeiro (português) a fazê-lo. Só depois é que se dirigiu para o seu destino.

1504: Colombo e o seu filho ocultaram a rota que tomaram no seu regresso, na última viagem às Indias. Não existem registos que tivesse aportado nas Canárias. O mais certo é que tivesse tomado a rota que seguiu na 1ª. e 2ª. viagem, dirigindo-se para o mar dos Açores (Santa Maria) e depois para as Costas de Portugal (Odemira, Vila Nova de Mil Fontes, pertencente à Ordem de Santiago de Espada). Neste ano, o seu cunhado italiano Francisco Bardi estava em Lisboa vindo de Sevilha. Teria vindo ao seu encontro ?

8. Casa de Cristovão Colombo (Cristobal Colón) em Espanha

Colombo em Castela viveu sempre em casa da sua cunhada Violante Moniz Perestrelo.

Quando saiu de Portugal dirigiu-se ao seu encontro em San Juan del Puerto, a 5 km de Moguer (Huelva, Espanha), onde ficou alojado na sua casa.

Após o seu regresso da 1ª. viagem à América, uma das primeiras exigências que fez aos reis de Espanha, em Barcelona, foi a de que arranjassem em Sevilha uma casa para a sua cunhada, o que foi de imediato providenciado (30/5/1493).

A casa escolhida pertencera ao judeu Bartolomé de Sevilha. Era aqui que viviam também os filhos de Colombo quando estavam em Sevilha.

Entre 1493 e 1498 viveu na colación de Santa María la Blanca , em casa da sua cunhada Violante. O bairro era muito frequentado por negros (20) e por negreiros portugueses que aqui vendiam escravos da Guiné, mas também das indias espanholas...

Depois de 1498 mudou-se para a calle Francos, para junto do palácio da marquesa de montemor. Quando a rainha Isabel de Espanha faleceu (1504), fixou também aqui residência Diego e Hernando Colón.

Próximo desta residência ficava o Palácio de Alvaro de Bragança, em Sevilha, onde se ergueu depois o Palácio dos Condes de Gelves, abrangia uma vasta área delimitada pela calle Rodrigo Caro (actual Barrio de Santa Cruz ou antigua judearia de Sevilla), abrangendo Plaza de los Caballos (actual Doña Elvira), Pozo Seco (actual Plaza de la Alianza), calle Mateos Gago e Hospital de los Venerables.

O ambiente nesta casa era português, com ligações profundas à numerosa comunidade portuguesa da cidade e a Portugal.

Perante este facto, os historiadores espanhóis, tem procurado afirmar que Colombo não tinha uma casa em Espanha, e que quando chegava a Sevilha se enfiava no convento da Cartuja (22). Um completo disparate.

Hernando Colón só depois de terem falecido Violante Moniz, o seu irmão Diego Colón e a marquesa de montemor-o-novo é que resolveu construir em Sevilha a sua própria casa (21). Em 1526 quis comprar uma casa do Conde de Orgaz, na colacion de San Nicolás. Não o conseguindo, manda erguer uma casa na Puerta de Goles (actual Puerta Real), erradamente confundida com a casa de Cristovão Colombo.

Carlos Fontes

  Notas:

( 1 )Hernando Colon, na biografia do seu pai, no capítulo VIII, transcreve três (3 ) cartas do cosmógrafo Pablo del Pozzo Toscanelli (italiano). Uma é dirigida ao cónego de Lisboa Fernando Martins (1474) e duas a Cristovão Colombo. As cartas estão em latim e não em italiano. Revelam que em 1480 (?) sabia esta língua erudita, mas também cosmografia, geografia e matemática, sendo identificado por um italiano como português. 

No final da 3ª. carta escreve Toscanelli: "(...) não me admiro que tu, que tens grande coração e toda a nação portuguesa, que sempre foram homens generosos em todas as empresas, te veja com o coração afogueado e (com) grande desejo de pôr em obra (realizar) a dita viagem".  A referência a Portugal e ao facto de Colombo ser português é evidenciada sem qualquer equivoco no texto.

( 2) Martín Fernandez de Naverrete, Colección de los Viajes y Descubrimientos que hicieron por mar los Españoles,Vol.I, pág.126. Ver comentários de Salvador de Madariaga, Vida del muy ..., pág.208/209.

(3 ) Colombo falava de tal forma bem o português, que no dia 20 de Janeiro de 1486, em Alcalá de Henares, Isabel, a Católica (filha de uma portuguesa e falante de português), não teve dúvidas em confirmar a sua nacionalidade. 

Ramón Mendez Pidal (La Lingua de Cristóbal Colón, 6ª. edição, Madrid, 1978), afirma que escrevia o castelhano com lusismos no final da vida. Um facto tanto mais surpreendente quanto passou tantos anos em Espanha. A aprendizagem do castelhano para um português era na altura muito mais simples do que actualmente, dada a maior similitude das línguas e a moda do castelhano entre as elites intelectuais.

( 4 Revista de la Federación Española de Genealogia y Heráldica,
Cuadernos de Ayala 26 - Abril 2006. "El escudo de armas de Cristóbal Colón. Estudio de un acrecentamiento heráldico",  p.9-25. Por Dr. D. Félix MARTÍNEZ LLORENTE. Citado por Manuel Rosa e Eric Steele.

( 5 ) Henriques, António da Costa; Mendes, Tiago de Sousa -Coerências Heráldicas nas Familias de Lisboa, in, Lisboa Medieval. Os Rostos da Cidade. Luís Krus/ Luís Filipe Oliveira/ João Luis Fontes (coord.), Lisboa. Livros Horizonte. 2007

( 6 ) Hernando Colon, Historia del Almirante....

(7 ) António Romeu de Armas, Libro Copiador de Cristobal Colón. Testimonio Compañia Editorial. Madrid. 1989. T. I, p.95

(8 ) Navarrete, ob. cit., Tomo II, p.255 (Doc. CXXXVII).

(9 ) Perante as enormes confusões criadas pelos historiadores italianos, escreve António Romeu de Armas: "La lengua portuguesa fue la primera que leó y escribó" (p.89).  (...) "En el momento culminante de sua actuación en España escribó un castellano muy fluido con ortografía portuguesa, especialmente en el uso de las vocales, lo qual confirma que aprendió antes este último idioma". (p.89).

E quanto à aprendizagem do latim ? "Hay que responder, sin la menor vacilación, en Portugal." Seria um absurdo, escreve este autor, que um jovem genovês, em vez de investir na aprendizagem da língua da sua pátria - o italiano (que desconhecia) - se dedicasse a estudar primeiro o português e o latim.  

(10) A bibliografia é enorme, como introdução ao tema sugerismos "O Infante D. Fernando e a Nobreza Fundiária de Serpa e Moura (1453-1470) de Sebastiana Alves Pereira Lopes.CM Beja. Beja. 2003.

(11 ) Quesado,  Miguel-Ángel Ladero - La receptoría y pagaduría general de la Hacienda regia castellana entre 1491 y 1494 (De Rabí Meír Melamed a Fernán Núñez Coronel), Universidad Complutense. Madrid, in En la España Medieval, 2002. 

(12). Rózpide, Ricardo Beltrán y - Cristoba Colón y Cristóforo Columbo : estudio crítico documenta. 2a ed. con nuevas notas y un apéndice.Madrid.1921. p. 25

(13 ) Bernaldez, Andres, Historia de Los reys católicos, cap. 131

(14 )  Oviedo, ob.cit., lib.3, cap.9, fol.30

(15) Cfr. Textos, p.532-536

(17) Juan Gil, Introdução a Textos...

(18) O próprio nome de Colombo - Cristovão Colon -, aparece escrito inicialmente em português por o papa Alexandre VI. Numa Bula datada de 4/5/1494 chama-lhe "CRISTOFÕM COLON ".

Manuel Luciano da Silva, que tem insistido neste ponto escreve o seguinte: "Devemos notar que o nome  CRISTOFÕM  é composto por duas partes:  CRISTO, sem  a letra “h”,  como   se escreve em português, mais  FÕM,  que é a forma antiga ou  arcaica de VÃO,  em português.  Devemos notar bem que  FÕM   tem um til por cima do O”. Não existe nenhuma outra língua no mundo que use um  til sobre o O”  a não ser a portuguesa! Por isso desta combinação  nasceu o nome que hoje se usa: CRISTÓVÃO".

Em italiano o nome seria Cristoforo Colombo e em castelhano Christóval Colon. Trata-se de um facto intrigante, dado que a bula foi escrita em Roma e era dirigida aos reis espanhóis (Isabel e Fernando). 

(19) O edificio da igreja de Santa María la Blanca fora uma antiga sinagoga de Sevilha.A sinagoga foi convertida na Igreja de Santa Maria das Neves, e depois na  actual igreja.

(20) António Burgos; Navarro, Isidoro Moreno - La Antigua Hermandad de los Negros de Sevilla: Etnicidad, poder y sociedad. 1997

(21) Hernando Colon, em Sevilla teve temporariamente domicilio na calle Santa Clara, paróquia de San Lorenzo e na calle de las Armas, colacion de San Miguel.

(22) San Jose de Serra, Carlos Serra Pickman - Cristobal Colón: Sus Estancias y Enterramiento en la Cartuja de Sevilla ..

   

Continuação:

3. Língua Materna 4. Colombo em Lisboa

5. Corsário Português  6. Corsário especializado em navios italianos

7. Colombo no Mediterrâneo

8. Português do Seu Tempo 9.  Cavaleiro de Santiago? 

10. Segredos de Estado 11. Navegador Experiente

12. As Indias de Colombo

13. Ameaça Permanente  14. Espionagem 15. Missão Espanhola 

16. Nobre em Fuga  17. Lugares em Espanha 18. Descobridores e Conquistadores 

19. Castelhanos 

20. Portugueses em Espanha.  21. Apoio de Judeus

22. Negociante Oportuno de Miragens

23. A Bandeira de Colombo  24.  Nomes de Terras

25. Regresso da primeira viagem 26. Significado de um reencontro

27. Partilha do Mundo

28.Defensor de Portugueses  29. Patriotismo

30. Mentiroso e Desleal  31. Regresso da segunda viagem 32. Manobrador 

33. Assassino de Espanhóis

34. Impacto da Viagem de Vasco da Gama 35. Perseguido 36. Ocultação

37.  Armadilha Genovesa  38 Mercadores-Negreiros Italianos  39.  Genoveses a Bordo 

40. Descendentes de Colombo 41. Descendentes (cont. ) 42. Descendentes (concl.)

43. Historiadores Portugueses. 44. Lugares do Navegador em Portugal

45. Cronologia da Vida de Colombo

 

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As Provas de Colombo Italiano

As Provas de Colombo Espanhol

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  Carlos Fontes
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