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Bartolomeu Colon (Bartolomé
Colón) ( 1450 ? - 1514)
Bartolomeu
na biografia italiana, era um simples tecelão
e humilde plebeu.
De acordo com a versão italiana teria
nascido em 1462 (9), pelo que veio para Lisboa ainda criança, com o máximo de 13 ou 14
anos ( 2 ). Desconhece-se o
motivo da sua vinda tão novo para Portugal e se aqui teria familiares a
residir. Este é outro dos enigmas que ninguém consegue responder. As
incoerências desta data saltam à vista:
O seu irmão Diogo
Colon era supostamente mais novo do que ele, ora acontece que de acordo com
os dados forenses apurados em 2003/5, terá nascido antes de 1455.
Bartolomeu
Colon, por consequência, só poderia ter nascido muito antes de 1462 !
É por esta razão que muitos historiadores afirmam
que nasceu muito antes, sendo 1450 a data mais provável. Cristovão Colombo
terá nascido por volta de 1446 e Diego Colon em 1455 ou pouco antes.
"Terra Rubra"
Qual a naturalidade
de Bartolomeu Colon? A questão é controversa.
O navio em que
o levou de Lisboa para Londres, em 1488, foi assaltado por corsários, que ficaram com tudo o que trazia. Segundo Hernando Colon,
embora ele não soubesse
latim, nem tinha na sua posse grandes elementos para fazer mapas, mesmo assim
fazia-os e escrevia legendas em latim !!!.
Numa das duas
legendas de um Mapa-Mundi que apresentou a Enrique VII, em 1488, diz que
Génova era a sua pátria, e era natural de "Terra Rubra". A legenda terá sido
escrita Londres, a 10 de Fevereiro de 1488.
O nome Terra Rubra
só se escreve assim em latim e em português. Em italiano - Terra rossa e em espanhol - Tierra
Rubia. Hernando Colon, afirma que viu escritos do seu pai, anteriores a 1492 onde
aparecia já escrito "Columbus de Terra Rubra" (Cap.XI).
A palavra Rubra em
português significa cor vermelha, incandescente. Terra Rubra diz-se das terras
avermelhadas, cor de barro, como as que existem na região alentejana de Beja,
Panóias (Ourique) ou Odemira, para onde se dirigiu Colombo, em 1496, no regresso da
sua segunda viagem às Indias (América).
Mais
Em Cuba (Beja), e em
outros lugares de Portugal, existe uma localidade com o
nome de "Vila Ruiva".
O mapa nunca
apareceu, só temos conhecimento da sua existência através de Hernando Colon e de
Las Casas.
Comparando a legenda
publicada na História del Almirante, de Hernando Colon, com a publicada por Las Casas
na História de las Indias, percebe-se facilmente que a mesma foi completamente adulterada. Com que
objectivo ? Afirmar que Colombo e Bartolomeu eram de Génova, e que o seu nome
era Colombo e não Colon.
A legenda do mapa,
segundo o testemunho de Bartolomé de las Casas que analisou o original, foi
parcialmente apagada (rasurada), ao ponto de só conseguir parte da mesma. O que deixa entender que
a mesma foi falsificada
(5).
É provável que a
legenda seja um a falsidade, com o objectivo de esconder a verdadeira
naturalidade de Colombo e dos seus irmãos.
Cartografo
? Navegador ao Serviço do Rei de Portugal ? O
que fazia em Lisboa ?
Las Casas e Hernando Colon sugerem que andasse a aprender a "pintar" mapas,
dedicando-se ortanto à cartografia. Las
Casas, baseada em documentos que consultou nos
arquivos de Colombo afirma algo muito diferente: Bartolomeu
Colon ou o seu irmão Colombo, ou mesmo ambos, participaram em muitas expedições portuguesas
a África nomeadamente foram ao Cabo da Boa Esperança sob o comando de Bartolomeu
Dias ( 8 ).
Trata-se
aparentemente de uma impossibilidade, dado que a viagem de Bartolomeu Dias
ocorreu entre Agosto de 1487 e fins de 1488. Acontece que Bartolomeu Colon em
Fevereiro de 1488 estava em Londres. Colombo, estava em Castela, tendo com
autorização de D. João II se deslocado a Portugal neste ano (10). A mentira de
Las Casas pode crer dizer que a célebre legenda do mapa de Bartolomeu (1488), é
afinal uma falsidade!
O conhecido apontamento sobre o regresso deste navegador, em 1488,
é segundo Las Casas, da autoria de Bartolomeu Colon.
Como
acontecia com Colombo e Diego, Bartolomeu não sabia uma única palavra de italiano, nem nunca foi identificado como tal
na documentação da corte espanhola.
Embaixador de
quem ?
A partir de
fins de 1488 ou princípios de 1489 até fins de 1493 andou pelas cortes europeias a promover a ideia do seu
irmão de chegar à India navegando para Ocidente.
Levava consigo um mapa-mundi e uma carta de Colombo.
João II não se importou com o facto, mas
inclusive o apoiou nesta missão.
Lopo
de Albuquerque desde 1484 procurou convencer também os mercadores de outros
reinos navegarem para Guiné, mas neste caso o rei não lhe perdoou e mandou
prendê-lo.
Bartolomé Colon nos
reinos que visitou foi tratado como um membro da alta nobreza. Durante 4
anos revelou possuir dinheiro para todas
as suas deslocações, assim
como para manter um elevado nível de vida condizente com o estatuto social
próprio de um nobre.
Entre os nobres
que visita ninguém lhe negou apoios (alojamento, etc), nem questionaram a sua condição,
o que seria facilmente percebido pelo seu comportamento, contactos, educação ou
vestuário.
O primeiro reino
para onde se dirigiu foi para Inglaterra, onde foi recebido na corte
do rei Henrique VII de Inglaterra (1489). Aparentemente não conseguiu vender o projecto
do seu irmão.
Anne de Beaujeu
Possivelmente, em 1489, perante o pouco interesse, manifestado pelos ingleses, dirigiu-se para França, onde é recebido na casa de
Anne de Beaujeu (1461-1522), primogénita
de Luis XI, e que foi entre 1483 e 1494 regente de França.
Nesta nova corte
também ninguém levanta problemas à sua presença, muito pelo contrário. É
tratado como um nobre !
Passou agora a ser mantido por
Anne de Beaujeu, em casa da qual ainda se encontrava, em 1493, quando
Carlos VIII o chama para
lhe dar conhecimento da descoberta do seu irmão.
A esta recepção
não é alheio o facto de Portugal na altura apoiar a França, contra a Espanha
nas suas pretensões em Itália, nomeadamente ao Reino de Napoles. Por outro
lado, Anne de Beaujeu era próxima da Inglaterra e de Maximiliano I,
com quem aliás se veio a casar. Se tivermos em conta este quadro de relações,
não será dificil explicar o excelente acolhimento que Bartolomeu Colon recebeu
na corte de francesa. Foi encarado como um nobre de uma reino aliado, e como tal
tratado.
Legendas do
hipotético Mapa
lHernando Colon,
como dissemos, afirma que Bartolomeu Colon deu a Henrique VII, um mapa que
continha duas legendas em latim ( 4), lingua que desconhecia.
1ª Legenda:
Tradução - "Ó tu que
desejas conhecer as fronteiras da terra e do mar, tudo ensinará adequadamente
esta figura, traçada segundo Estrabão, Ptolomeu, Plinio e Isidoro ensinam, ainda
que de outra forma. Aqui se acha também representada a zona tórrida, antigamente
oculta das gentes e recentemente percorrida por barcos hispanos, e que agora
muitos conhecem."
2ª. Legenda:
Tradução - "Em nome
do autor e pintor: aquele de quem Génova é a pátria, e Bartolomeu Colón de Terra
Rubra o nome, realizou esta obra em Londres no ano de nosso Senhor de 1480, mais
oito anos, dia 13 de Fevereiro. Salvado seja Jesus Cristo."
As legendas não nos
oferecem qualquer novidade em termos geográficos, mas apenas que, em 1488, os
portugueses já haviam demonstrado que a chamada "zona tórrida" era habitada.
A maioria
dos historiadores afirma que o mapa que ele levou para Inglaterra tinha apenas
informações cartográficas baseadas em Paolo dal Pozzo
Toscanelli, anteriores portanto a 1474. Uma perfeita inutilidade.
Jaime Cortesão
sustentou que Bartolomeu Colon, em 1488, não foi vender e Londres uma informação
ultrapassada, mas sim divulgar os novos
dados cosmográficos obtidos na Guiné por José Vizinho (1484) e Bartolomeu
Dias (1488), os quais apareceram no ano seguinte reflectidos no Mapa-Mundo de Henricus Martellus (c.
1490).
Em todo o caso, os
italianos fizeram desaparecer o mapa de Bartolomeu Colón, a única
coisa que dele resta é uma alegada legenda estropiada.
Mapa
do Mundo, atribuído a Bartolomeu Colon ou ao próprio Cristovão Colombo.
"Carta de
Paris"
Na
Bibliothèque Nationale de França (Paris), existe um
mapa-mundi, com elementos que apontam para um periodo anterior a 1493 e outros
posteriores. O historiador francês Charles
de la
Roncière (La Carte de Christophe Colomb, 1924), atribuiu a feitura do mapa ao
próprio Cristovão Colombo, que o teria feito em 1490 (!). Este seria o mapa
que Colombo refere possuir, no Diário de Bordo, na 1ª. viagem. Um
completo delírio francês...
A
representação da Ásia não ultrapassa o extremo Oriente, e não indica
nenhuma das terras que faziam parte dos objectivos de Colombo: Catay, Ilha de
Cipango, etc.
As
ilhas atlânticas são indicadas como se fazia na cartografia na primeira metade
do século XV, com enormes erros. As Antilhas são colocadas no paralelo da
Irlanda, quando em 1492 Behaim já as coloca no paralelo de Cabo Verde.
No
arquipélago de Cabo Verde, uma legenda refere: "Estas ilhas foram
descobertas por um genovês Antonio de Noli...".
O aspecto
interessante é que no canto esquerdo surge num conjunto de circulos
concêntricos, uma representação do mundo em miniatura, tendo no centro Jerusalém e sobre a
cidade de Granada recém conquistada (1492), a bandeira espanhola. A única
localidade indicada na Peninsula Ibérica é Almeria. O mapa-mundi é de
reduzidas dimensões, sem indicação distâncias, não portanto inútil para a
navegação.
As
costas de África terminam no Rio do Congo ("Rio Poderoso), mas é indicado
também o Cabo da Boa Esperança (1488). A costa oriental de África está muito
detalhada, o que aponta que contemple informações recolhidos na 1ª. viagem de
Vasco da Gama à India (1497-1499).
As
esmagadora maioria dos topónimos de África estão em português, pelo que o
mapa para uns foi feito em Lisboa, mas para outros foi desenhado em Génova, com
base num mapa português. O mapa estava até final do século XIX, quando foi
adquirido, etiquetado como "Carta Portuguesa do Século XVI."
Atendendo
a que Bartolomeu Colon, é apontado como tendo exercido a profissão de
cartógrafo em Lisboa, levou muitos historiadores a atribuírem-lhe a
paternidade deste mapa. O que se trata de outro disparate.
Regresso a
Portugal ?
Alguns
historiadores, como Consuelo Varela, afirmam que depois de ter andado por França
dirigiu-se primeiro para Portugal e só depois foi para Espanha.
Quando chegou a
Espanha, constatou que Colombo conseguira que os reis católicos nomeassem os
seus dois irmãos (Bartolomeu e Diego) de "nobres" e "cavaleiros",
concedendo-lhes que os seus nomes fossem precedidos de "dom" próprio dos nobres.
Bartolomeu foi nomeado continuo real, cobrando anualmente 150.000 maravedis.
Em
fins de 1493 vai para Espanha, numa altura que Colombo já tinha partido para a 2ª. viagem às "Indias"
(América). Tinha o direito a ser tratado por "Dom",
sem ainda ter feito nada pela Espanha. Antes de partir para as Indias, levou os
seus sobrinhos a Valladolid para serem pagens na Corte.
Bartolomeu
Colon (1462-1514). Gravura de 1601
Adelantado das
Indias
Colombo deixou-lhe
uma carta com a indicação precisa das Indias. Com estas indicações não teve
qualquer problema em as localizar no Atlântico, o que comprova a sua
experiência nautica, mas também a precisão do seu irmão.
Os reis católicos
deram-lhe três navios para comandar (14/4/1494), levando os mantimentos que Colombo
solicitara a António de Torres.
Dirigiu-se também
para as Canárias, atracando no porto de San Sebastían de la Gomera, como havia
feito o seu irmão em 1492. Recebeu aí um presente de 100 ovelhas da
donatária. O percurso era-lhe claramente familiar.
Chegou a Isabela, na
costa norte de La Hispaniola a 24 de Junho de 1494, e não tardou a desenvolver uma brutal guerra de pacificação (Março
de 1495) que levou ao extermínio de milhares de indios e centenas de espanhóis.
Tratado de
Tordesilhas
Enquanto isto
acontecia, os reis católicos andavam aflitos com as negociações do Tratado de
Tordesilhas. Colombo recusara-se desde o início a dar-lhes informações
precisas sobre as Indias.
António de Torres
que, em Fevereiro de 1494, havia regressado á Espanha para tranquilizar os reis
espanhóis sobre o governo das Indias por Colombo, transmitindo-lhes
informações escassas e erróneas.
Iludidos assinaram o
Tratado de Tordesilhas, a 7 de Junho de 1494, cedendo a todas as exigências de
D. João II, nomeadamente
garantindo-lhes a posse do Brasil.
Quando António de
Torres voltou à Hispaniola
(Outubro de 1494), trazia consigo um ultimato: Colombo ou o seu irmão Bartolomeu tinha
que regressar para os ajudar nas negociações com os portugueses.
Como era de esperar,
ambos mandaram os reis espanhóis às ortigas, e enviaram para discutir com os
portugueses o pobre
Diego Colón que pouco ou nada sabia de cartografia ou cosmografia (7). O próprio
António de Torres só teve ordens de voltar a Espanha, em Fevereiro de 1495. Colombo
regressou em 1496 e Bartolomeu preso em 1500 !
Colombo, como
sempre, limitou-se a seguir as instruções recebidas em Março de 1493 quando
se encontrou com D. João II.
A Ferro e
Fogo
As revoltas nas
Indias não pararam. Colombo viu-se obrigado a regressar á Espanha. Na sua ausência
(1496-1498), Bartolomeu Colón foi por ele nomeado "Adelantado de la Indias"
(17/2/1496), sendo o seu irmão
Diego nomeado "ajudante" ( 6 ).
O cargo de Adelantado
só foi oficializado pelos reis
católicos a 22/7/1497.
Bartolomeu Colón entre 1496 e 1500 exerce o cargo de governador das
"Indias". Em 1496 funda a cidade de Santo Domingo. Num claro sinal que
estava a preparar um movimento separatista começa a fortificar La Hispaniola. Enfrenta
a
rebelião de Francisco Roldán e vários caciques locais com uma violência
inaudita.
Fez a sua própria "encomienda",
passando a explorar milhares de indigenas. Serviu-se das indigenas da forma que
quis. Manteve um longo relacionamento amoroso com a mulher do cacique Caonabó,
chamada Anacaona.
A Espanha está
mais do que nunca intranquila quanto às intenções de Colombo e dos seus
irmãos, no que tinha razão.
Prisão
Os espanhóis andavam revoltados, pois
pressentiam que estão a ser traídos. Em Agosto de 1500, estava em Jaragua,
quando foi chamado a Santo Domingo acabando preso com os seus irmãos por Bobadilla
e enviados a ferros para Espanha (Outubro de
1500). A partir desta altura a sua principal preocupação foi empenhar-se na defesa dos privilégios da sua família,
realizando várias viagens e levantando vários processos judiciais contra a
Corte Espanhola.
Socorro aos
Portugueses em Arzila
Participa na quarta
viagem de Colombo (1502-1504), prestando auxílio aos portugueses em Arzila. Nas
Indias enfrenta a revolta dos indigenas no Panamá e dos tripulantes
espanhóis na Jamaica.
A viagem de 1502 a
1504 salda-se num completo fracasso, os espanhóis estão agora convencidos que
foram enganados.
Missão em
Roma contra os espanhóis
Após o regresso à
Espanha, Bartolomeu torna-se uma vez mais no representante do seu irmão,
primeiro junto da Corte, na
Corunha (Galiza), e depois em Roma e Nápoles (1506), para onde tinha ido rei
Fernando.
Os resultados são
infrutíferos. Em Roma, numa manobra de desespero, procura convencer o papa Julio II
para pressionar Fernando a dar-lhe o comando de uma expedição aos territórios
situados desde o cabo de Caxinas (Golfo das Honduras) até Darian. O papa ou seu
seus representantes na Santa Sé não terão sido sensíveis a esta ideia.
Neste ano de 1506, o
papa recebia uma embaixada de D. Manuel I, dirigida por D. Diogo de Sousa,
arcebispo de Braga, na sequência da qual outorgou o Tratado de Tordesilhas. A
Santa Sé confirmava o poder de Portugal sobre metade do mundo (1).
Enquanto isto
acontecia, Bartolomeu continuava a minar os interesses espanhóis.
O célebre
mapa de Bartolomeu Colón
Em Roma
entregou a um cónego de São João de Latrão uma descrição das terras de
Verágua, que faziam parte dos domínios espanhóis.
Um fragmento do mapa,
segundo se afirma, foi
parar às mãos de um ladrão italiano - Alessandro Zorzi, embaixador de Veneza.
Este terá feito uma cópia do mapa e de alguns apontamento de Bartolomeu Colon,
os quais foram encontrados entre os seus papéis na Biblioteca
Magliabequina de Florença (3 ).
O manuscrito original
de Bartolomé Colon desapareceu, o que existe é uma cópia feita por Zorzi. Este facto tem sido sistematicamente omitido pelos
historiadores ! Tudo indica que este
italiano tenha falsificado a informação de Bartolomeu Colon.
É neste mapa que
consta a conhecida inscrição: "Bartholomaeus Columbus de Terra
Rubra", que tem servido para afirmar que Colombo e não apenas o seu irmão
eram de Terra Rubra.
Mapa do Mundo
desenhado por Alessandro Zorzi, entre 1506 e 1522, baseado num mapa mundi de
Bartolomé Colón.
Apesar
das adulterações feitas pelo italiano, alguns dos nomes atribuídos ao novo
mundo e á Ásia são portugueses.
Este mapa do
mundo, atribuído a Bartolomé Colón, dá-nos uma representação muito
imperfeita da terra. Não é seguramente o mapa de um cartógrafo, mas de um principiante.
A linha que é posta
em evidência no primeiro mapa, é a do Trópico de Câncer, e corresponde à acordada entre Portugal e Castela no célebre Tratado de
Alcáçovas-Toledo (1479-1480). Como é sabido, os domínios a sul desta linha
pertenciam a Portugal.
Bartolomeu Colón,
em 1506, andava a afirmar que o Novo Mundo pertencia a Portugal ? Não
deixa de ser curioso que o mapa não assinale sequer a linha do Tratado de
Tordesilhas (1494), que estabeleceu a nova divisão do Mundo.
O mapa não
regista sequer as descobertas de África feitas pelos portugueses desde 1488, nem
os novos dados cartográficos trazidos da India por Vasco da Gama (1499).
A ser verdadeiro
o mapa, só podemos concluir duas coisas: em 1506 já se esquecera de tudo o que sabia
de cartografia, ou, o que é mais interessante, andava a vender aos italianos informações desactualizadas e
erróneas sobre o mundo.
Apesar de tudo
isto, e das evidentes deturpações toponímicas do italiano, muitos dos nomes
das novas terras são portugueses. Um deles exprime bem o significado da
fantasiosa ligação das Indias à Ásia para Bartolomé Colón:
"retrete" ! A depressão ocidental da costa norte da América do Sul
é identificada como uma retrete.
Regresso a
Espanha e às Indias
Após ter regressado
a Espanha, comprou uma casa na calle Génova, mesmo no centro de Sevilha, onde
passou a viver com a sua nova amante.
Embora
nunca
se tenha casado, teve uma amante chamada Catalina Marrón de quem teve uma filha, a
11 de Dezembro de 1508, chamada - Maria
Colón y Melo, segundo Mascarenhas Barreto.
O apelido Melo desta menina, que morreu com poucos anos, não
derivava da mãe, mas do pai. Deste facto podemos concluir que o seu verdadeiro
nome seria: Bartolomeu Colon y
Melo.
Onde
terão ido buscar Bartolomeu, mas também o seu irmão Diego, o apelido Melo ? A
situação é inexplicável se não tivermos em conta a sua origem portuguesa. Mais
Na adenda, datada
de 30 de Agosto de 1511, ao seu Testamento de 16 de Abril de 1509, que
havia confiado a Fray Gaspar Gorrício, confirma que Catalina Marrón havia
entretanto falecido.
Ordena que à sua filha Maria, que estava a ser educada no
Convento de San Leandro ( clarissas ), em Sevilha, lhe fosse dada a quantia de 100.000 mvds,
se a mesma quisesse professar, mas se pretendesse casar a quantia devia de ser 500.000 mvds
para dote. Um homem que nunca se casou, parece desta forma valorizar o
casamento.
A escolha do
convento de San Leandro, para a educação de Maria, é bastante significativa. A
rainha Joana, a Louca, cujo marido se opunha a Fernando de Aragão, tinha uma
relação especial com as clarissas, tendo também em 1508, feito uma
importante mercê a este convento. A família de Colombo que odiava o rei de
Aragão, quis desta maneira manifestar a sua ligação aos seus opositores.
Mais
Três anos depois da
morte do seu irmão, e após muitas insistências, participa na expedição que
levou o seu
sobrinho Diego Colon às Indias, como o novo Vice-Rei. Chega a 9 de Julho de 1509 a Santo
Domingo, mas logo Diego o envia numa expedição secreta a Cuba.
Entretanto o
seu sobrinho dá-lhe a Ilha de Mona, entre a La Hispaniola e Porto Rico, com
cerca de 200 indios. A Corte
Espanhola é avisada destas movimentações pelos seus espiões e temendo uma insurreição, manda
regressar Bartolomeu para explicações (1511).
Não tarda a regressar às
Indias (Agosto de 1511) e a envolver-se em novas conspirações. Morreu a 14 de
Agosto de 1514, na
cidade de Concepción em Hispaniola. Ttinha à sua espera novas cartas
da Corte Espanhola para regressar de imediato a Espanha.
Foi sepultado em Santo
Domingo, no antigo Convento de São Francisco, que foi destruído. Não restam
portanto vestígios do primeiro "adelantado das Indias".
Deixou todos os seus bens e título
ao seu sobrinho Diego Colon (português) e uma pequena tença à sua
filha espanhola (Testamento de 16/4/1509, Convento de las Cuevas).
Ao contrário do seu irmão Diego, nunca se
naturalizou espanhol.
Carlos Fontes
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