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Colombo
em vida nunca falou sobre a sua infância e adolescência, o que permitiu aos
mais variados falsários inventarem
todo o tipo de historietas.
Italiano
?
Durante séculos
a vida de Cristovão Colombo (Cristoval Colón) foi um verdadeiro enigma, nada
bate certo na sua biografia
italiana, a mais difundida em todo o mundo.
A
totalidade dos documentos que a fundamentam estão repletos de contradições e
anacronismos, sendo a maioria considerados falsos. Estamos perante
uma tentativa de dar credibilidade à história de um pobre tecelão que se transformou
num corsário especializado em atacar navios italianos e espanhóis, e que
depois de ter vindo para Portugal se tornou num experiente e culto navegador.
Não
deixa de ser estranho que este Colombo, assim como os seus dois irmãos, não
soubessem falar ou escrever italiano. Trocassem de nomes, alegadamente para não
serem confundidos com italianos. Não manifestassem também qualquer relação
afectiva com a Itália, nem com nenhuma das suas cidades. Não deu
um único nome italiano a qualquer das terras que descobriu. Nunca afirmou que
tivesse aprendido fosse o que quer que fosse com italianos. A Itália não lhe
dizia nada.
Propôs
aos reis espanhóis, em Março de 1493, a realização de um Tratado para a
partilha do mundo com os portugueses, onde exclui desde logo e para todo o
sempre, as repúblicas italianas de acesso aos novas terras a descobrir. Ao
longo dos anos, nunca sequer colocou esta questão.
Ele
e os seus irmãos perseguiram e mataram quase todos os italianos com quem
negociaram. Colombo chegou ao ponto de alegadamente lhes ter pedido
empréstimos, mas só pouco antes de morrer é que se lembrou de pagar as
suas dívidas, exigindo contudo que o dinheiro fosse português. A
indicação dos seus credores é de tal modo vaga que não permitia que nenhuma
divida fosse paga.
Nas
Indias mandava torturar e matar todos aqueles que lhe chamassem de genovês,
considerando isso um insulto. Os únicos italianos aparentemente confiou estavam
estabelecidos ou vieram de Portugal.
O
seu grande objectivo prejudicava as cidades italianas, nomeadamente Génova e Veneza, ao desviar o comércio
do Mediterrâneo para o Atlântico. Não deixa de ser estranho que nunca tenha
contactado com nenhuma delas para lhe propor a sua ideia de atingir a India
navegando para Ocidente. Apenas recorreu ao Banco de S. Jorge de Génova, para
tentar que este lhe garantisse a protecção internacional para os privilégios
do seu filho português. A sua alegada carta ao banco está escrita em espanhol
aportuguesado, a forma pela qual se expressava.
Nunca se correspondeu com qualquer familiar em Itália, muito menos deu apoio ao seu
suposto pai genovês que morreu na miséria (1499), o mesmo aconteceu à sua
hipotética irmã genovesa (1516). Os problemas judiciais da sua suposta
família genovesa nunca o preocuparam (1501). Se era natural Génova, assumiu muito cedo outra pátria, fazendo-se súbdito de outro reino..
A
maioria dos historiadores está de acordo que terá existido em Génova, no século
XV, um italiano com o nome de Cristoforo Colombo. O problema é que não existe
qualquer relação entre este tecelão e o navegador e descobridor da América. Estamos
perante duas pessoas muito distintas. Mais
.
Espanhol
?
Colombo
tinha em muito má conta os espanhóis. Foi desleal e mentiroso para com os seus
reis, obrigando outros também a fazê-lo. No regresso da primeira viagem
às Indias (América), a sua principal preocupação foi dirigir-se para Lisboa a
fim de conferenciar com o rei de Portugal - D. João II - e receber
instruções. A partir de Lisboa informou toda a Europa da sua
descoberta, e só depois deu notícia do facto aos reis espanhóis (Isabel e
Fernando).
Propôs
a realização de um Tratado entre Portugal e a Espanha (Tratado de Tordesilhas,
7 de Junho de 1494), cuja linha divisória salvaguardava desde logo o Brasil para Portugal.
Depois recusou-se a fornecer aos reis espanhóis as coordenadas sobre as ilhas
que havia descoberto, deixando-os assim è mercê dos negociadores
portugueses.
Assumiu
uma clara estratégia separatista nas Indias, no que foi seguido pelos seus
irmãos e filhos. Um facto que levantava continuas suspeitas de estar ao
serviço do rei de Portugal.
Entre
1493 e 1498 andou a entreter os espanhóis nas Antilhas saltando de ilha em
Ilha, nunca procurando a Terra Firme (continente). Apenas resolver fazê-lo
depois de Vasco da Gama ter partido para a India (1497) e D. Manuel I ter sido
jurado herdeiro do trono de Espanha em Toledo (1498).
Após
o regresso das naus portuguesas da India, em 1498, os espanhóis não tardaram em sentirem-se enganados. Colombo afastara-os da
India, deixando o caminho livre para os portugueses poderem prosseguir as suas viagens.
Acusado de traidor, morreu pobre
em Valladolid no ano de 1506. Os seus restos mortais andaram em bolandas entre a
América e a Europa, de tal forma que hoje já ninguém sabe ao certo onde param.
Em
Espanha foi sempre considerado "português" ou
"estrangeiro". Nunca se naturalizou espanhol, pedindo ao seu filho
português e seu herdeiro para que nunca se esquecesse das suas origens.
A
verdade é que os espanhóis no século XIX, não tendo nenhum navegador de
renome internacional, começaram a afirmar que Colombo era catalão ou galego.
Criaram-lhe biografias repletas de falsidades. Não tardaram a seguir a prática
dos falsários italianos forjando documentos e ocultando pistas de investigação
sobre a sua verdadeira identidade. Mais
Português
?
Apenas
no século XX se colocou timidamente a hipótese de Colombo ser português, mas
a ideia foi logo censurada pela historiografia oficial.
Desde 1469 já andava
no corso ao
serviço dos reis portugueses, não sendo de excluir que prestasse também
serviços para o Duque de Viseu-Beja. No ano seguinte era conhecido por "corsário
português, tendo a cidade de Veneza pedido ao rei D. Afonso V que controlasse a
sua acção devastadora. Como corsário especializou-se no ataque a navios
italianos (genoveses, venezianos, florentinos) e até do próprio papa.
A
partir de 1470, como o próprio Colombo afirma, começou a tentar
convencer o reis portugueses a apoiarem a sua expedição às Indias.
Em 1474 estava seguramente estabelecido em Lisboa, onde se correspondia em latim com o italiano Toscanelli.
Era amigo pessoal do rei e tinha acesso ao seu arquivo pessoal, inclusive aos
seus livros. O seu irmão - Bartolomeu Colón - vivia também em Lisboa desde muito
novo. Casou com uma nobre portuguesa, da qual teve um filho - Diego Colon.
A partir de 1476
fazia parte de um grupo muito restrito de navegadores portugueses que exploravam o mundo em expedições
secretas ao serviço do rei e do Duque de Viseu-Beja: em 1476/77, fez uma
viagem à Groenlândia organizada pelo rei da Dinamarca a pedido do rei de
Portugal (D.João II, e não D. Afonso V). As suas viagens em Portugal não se ficaram por aqui, em 1481/83, integrou
várias expedições portuguesas ao longo da
costa africana (Guiné, S. Jorge da Mina, actual Gana, etc) e foi também à
Madeira.
Em 1484 aparece envolvido no meio de uma conspiração contra o rei,
dirigida por .D. Diogo, Duque de Viseu e de Beja, mestre da Ordem de Cristo,
senhor das Ilhas do Atlântico (Açores, Madeira, Cabo Verde), da Guiné e
muitos outros domínios no Alentejo e nas Beiras. A família da sua esposa,
e provavelmente o próprio Colombo, pertencia à casa destes duques.
Em fins de 1484, ou o mais tardar em princípios de 1485, fugiu para Castela (Espanha), onde passou a viver rodeado de portugueses
que lhe prestaram todo o apoio. Nunca actuou sozinho. Depois desta fuga visitou
várias vezes Portugal, fazendo sempre grande elogios ao país e aos seus reis.
Os
únicos documentos originais que existem e que estão escritos por si, a maioria
das palavras que utiliza são em português espanholado e não em catalão. Não
era de admirar que soubesse espanhol, dado que foi para Espanha, em 1484, 7 anos
antes da sua primeira viagem à América. O que espanta é que ao fim de 21 anos
a viver neste país continuasse a usar uma ortografia portuguesa e um espanhol
aportuguesado.
Os
primeiros documentos da Corte Castelhana onde se referem a sua nacionalidade
consta que é "português" (1486) e só mais tarde é referido como
"estrangeiro".
No
dia 12 de Outubro de 1492, quando aportou à América fez questão de erguer uma
bandeira coma cruz verde, o símbolo da dinastia real de Portugal. As
suas crenças e até a mentalidade são características de um português do seu
tempo. A
maioria dos nomes que deu as novas terras são portugueses.
Colombo
nunca afirmou que descobrira a América, mas si que a deu a Castela e Leão.
Afirmou inúmeras vezes que o Novo Mundo já havia sido descoberto pelos
portugueses, tendo registado expedições, navegadores e nas Indias recolheu
depoimentos de indigenas que confirmavam esta presença. No seu Diário de
Bordo, apesar das mutilações aponta dezenas de ensinamentos que
aprendeu com os portugueses.
Em
1502, num acto de enorme heroísmo não se coibiu de arriscar a segurança da
frota espanhola para defender portugueses que se encontravam em perigo em Arzila
(Marrocos), ou de perseguir aqueles que pudessem por em risco o domínio de
Portugal em Safim.
Apesar
destes factos a hipótese de Colombo ser português só verdadeiramente começou
a ser estudada recentemente, com base na enorme documentação histórica que o
relacionam com Portugal.
Nas páginas que se seguem vamos relembrar os que os
conhecidos, mas também apresentar muitos outros ainda inéditos. Mais
Outro Enigma de Colombo: Onde param os seus restos
mortais ?
Morreu a
20 de Maio de 1506 em Valladolid, foi sepultado primeiro na Igreja de S. Francisco,
numa capela da família de Luis de la Cerda (1). Três anos os seus restos
mortais foram transladados para o Mosteiro de Santa Maria de Las
Cuevas, em Sevilha, por ordem de seu filho Diego Colon.
Em 1544 é transladado com os restos mortais do seu filho
Diego, falecido também em Espanha, para a Catedral de Santo Domingo. Tratou-se de uma acção realizada pela viúva de
Diogo e vice-rainha das Indias, Maria de Toledo, com a autorização de
Carlos V.
Quando em
1795, a França tomou a antiga Hispaniola ou La Española, actual Republica
Dominicana, os supostos ossos de Colombo foram transladados para Havana (Cuba).
Após a independência de Cuba, em 1898, foram
enviados para Catedral de Sevilha.
Para aumentar
a confusão, em 1887, durante as obras de alargamento da capela maior da Catedral de São Domingo, na
República Domicana, foi descoberto uma urna em chumbo com a inscrição: "Ilustre y Esclarecido Varón Dom Cristóbal
Colón". A análise dos ossos que estão em Santo Domingo, revela que
são pelo menos de dois cadáveres diferentes. Os restos mortais de Diego
Colón, filho de Colombo, assim como os do seu irmão Bartolomeu Colon
desapareceram.
O historiador Samuel
Eliot Morison, assim como muitos outros, sustentam que os ossos que estão
em Sevilha são de Diego Colon (filho), e não os de Cristovão Colombo
(pai). Ao "certo", apenas se sabe onde param os ossos de Hernando
Colón e Diego Colon, irmão de Colombo.
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Carlos Fontes
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u |
Notas:
(1) Cristovão Colombo, faleceu a 20 de Maio de 1506, em
Valladolid. Na cidade ninguém praticamente deu conta do facto. Chegou aqui no princípio de Abril de 1506, afim de reinvindicar junto da corte os seus
privilégios e a transmissão dos mesmos para o seu filho Diego Colon.
Quando faleceu foi sepultado na Capela de Santo
António ou da Concepção, cujo patrono era Luis II de la Cerda. Os historiadores
espanhóis não se entendem sobre a sua possível ligação a esta personagem,
falecida em 1469 e a sua esposa -Francisca de Castanheda (Castañeda) falecida
em 1503.
Porquê? O seu objectivo é evitar qualquer
ligação de Colombo a nobres portugueses.
a) Luis II de la Cerda, senhor de Villoria, Castrillo, Griñone Valtablado,
era neto do português João Afonso de la Cerda (Lacerda, em português), senhor do Sardoal
e de Punhete (Portugal) e de Maria de Albornóz, senhora de Villoria.
b) Casou-se com Francisca de Castãneda (Castanheda, em português), senhora
de La Palma (Canárias), as ligações a Portugal são também enormes.
c) Alguns historiadores confundem Luis II de la Cerda
com o I Duque de Medinacelli - Luis de la Cerda -, que acolheu Colombo em 1485-1486 na sua casa.
Acontece que o filho deste último e
seu sucessor - Juan de la Cerda -, casou-se com a portuguesa Mencia Manuel de
Bragança e Noronha (1480-1504), filha de Afonso de Bragança, I Conde Faro e de
Maria Henriques de Noronha, II Condessa de Odemira.
Estamos perante familiares portugueses do próprio Colombo e que viviam com
ele exilados em Sevilha. ( consultar ).
Colombo foi, ao que os dados indicam, sepultado
numa capela cujos patronos tinham todos fortes ligações familiares a Portugal.
Estamos perante uma mera coincidência ? |