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Marqueses
de Montemor-o-Novo
(Conspiração contra D.
João II - 1483 )
Historiadores
espanhóis e italianos, e alguns portugueses têm destacado a importância
destes marqueses no circulo de apoios familiares de Colombo. O seu poder
em Sevilha era enorme.
1.
João de Bragança (Marquês de Montemor-o-Novo)
João de Bragança
(c.1430-30/4/1484), segundo
filho varão de Fernando I, 2º duque de Bragança e de Joana de Castro.
Participou na conquista conquista de Alcácer-Ceguer (1452) e de Arzila (1471).
Pouco antes desta conquista, foi incumbido pelo rei de perseguir o corsário
inglês Phoccumbrix que assaltar 12 navios portugueses que vinham da
Flandres(29). D. Afonso V nomeou-o
temporariamente
governador da cidade de Tanger (28/8/1471),
concedeu-lhe o título de Marquês de Montemor-o-Novo (1472),
fronteiro entre o Tejo e o Guadiana
(1473),
6.º condestável de Portugal (25/4/1473), Participou na batalha de Toro e acompanhou D. Afonso V na sua viagem a
França.
Foi um dos 27 escolhidos para fazer
parte da Ordem da Espada, criada em 1459 por D. Afonso V, cujo objectivo
era conquistar o reino de Fez e libertar África dos muçulmanos.
Possuía um vasto património que
recebeu do seu pai e do rei D. Afonso V. Foi senhor
das vilas de Alcáçovas (1459), Viana do Alentejo (1460), Cadaval (1465), Redondo
(1465), Vila do Peral. O seu
pai doou-lhe a vila de Montemor-o-Novo (14/1/1465, que havia pertencido a
Nuno Alvares Pereira (1384) e que depois fora incorporada na Casa de Bragança
(1422). D. Afonso V, em 1465, não apenas confirmou estas doações como lhes
acrescentou a a vila do Redondo, de cuja jurisdição e senhorio lhe fez
igualmente mercê. Recebia as rendas reais de Elvas (1462). Rendas de Rio Maior, da
Mouraria e dos tabeliões de Lisboa, etc.
Alberto Gonçalves, em Portugal e a
sua História (Porto, 1939), escreve que o marques de Montemor, era donatário da
Vila de Alcáçovas, onde teria um palácio. Era senhor de Aldeia Galega,
onde possuía o solar da "Barrosa". Tinha igualmente as portagens de Elvas.
informações que não conseguimos confirmar.
Casou-se em 1461 com Isabel Henriques de Noronha da qual não teve filhos.
O casamento foi apadrinhado pelo rei D. Afonso V e por - Constança
de Noronha, duquesa de Bragança, tia de Isabel. A Duquesa, a
9/8/1461, mandou entregar a João de Bragança, a título de dote da sua sobrinha,
a quanto de 12.000 dobras de rendas que auferia em Guimarães, onde residia.
1.1.Traição e fuga para Castela
Pouco depois de
D. João II ter ascendido ao trono (1/9/1481), começou a revelar-se pouco fiel ao
novo rei,
assumindo atitudes de crescentes hostilidade (27), acabando por ser desterrado para
Castelo Branco. Manteve uma correspondência clandestina com os reis de Espanha
(fins de 1482), incentivando-os a invadirem Portugal e prometendo-lhes o acesso
à Guiné(28). Envolveu nesta conspiração os seus irmãos, o Duque de Bragança, o Conde
Faro e o chanceler-mor do reino (Alvaro de Bragança).
D. João II, como é sabido, depois de
desfazer as terçarias e recuperar o principe D. Afonso a 24/5/1483 (26), mandou prender em Évora o Duque de
Bragança (29/5/1483), que acabou julgado e condenado á morte (degolado a
20/6/1483). João de Bragança foi dos
primeiros a fugir para Castela, tendo-se fixado em Sevilha. Foi degolado em efígie, em Abrantes, a 12/9/1483 (2 ).
A vila de Montemor-o-Novo foi, em
1483, incorporada de novo nos
bens da Corte
(3 ). Fernão Martins Mascarenhas, chefe da Guarda Real, foi pouco depois
nomeado alcaide-mor de Montemor-o-Novo (25).
Quando se dirigia com o seu irmão, o
Conde de Faro, para junto dos reis católicos, para lhes agradecer a forma como
foram acolhidos, morreu subitamente a 30/4/1484. É provável que estejamos
perante outra falsa morte, para o afastar das perseguições de D. João II (30).
1.2.
Mercês dos Reis de Espanha
Os
Marqueses de Montemor-o-Novo, em particular a marquesa, graças aos rendimentos
que recebia de Portugal e aos que obtinha dos reis espanhóis, pode manter em
Sevilha uma corte
de serviçais e envolver-se nos negócios das Indias.
Em 1490, por exemplo,
recebeu 100.000 maravedis (cfr. Quesada,1973).
No
principio do século XVI, à semelhança de Alvaro de Bragança, recebia rendas
da Inquisição de Sevilha. Fernando, o católico, mandou que a mesma lhe
pagasse, por exemplo, em 1508, 1509 e 1510, a quantia de 100.000 maravidies em
cada ano (9).
2.
Isabel
Perestrelo Enriquez de Noronha ( Marquesa de Montemayor de
Portugal )
A Marquesa de Montemayor
ou Dona
Isabel Perestrelo de Noronha, conhecida em Espanha por Isabel Enríquez era filha de Pedro de Noronha, arcebispo de Lisboa (1379-1452) e
Branca Dias Perestrelo, tendo sido legitimada por carta régia de 13 de Agosto
de 1444.
Era
sobrinha de Constança de Noronha, duquesa de Bragança. Era,
portanto, prima da rainha de Castela, sobrinha da cunhada de Colombo e parente deste
último. Após
a conspiração de 1483, a marquesa ficou em Portugal. Assistiu em Abrantes, a
12/9/1483 à execução em estatua do marido, que havia fugido para Castela
(Sevilha).
Ao contrário do que seria de supor, D. João II, protegeu-a,
e na mesma vila onze dias depois, deu-lhe em carta em carta de privilégio a
renda das pensões dos tabeliões de Lisboa, que tinha pertencido ao seu marido
(18). Acabou
por fugir
para Sevilha, em 1484, com Catarina da Costa, irmã do célebre cardeal de
Alpedrinha, e esposa de Pedro de Albuquerque. Mais
2.1. A Marquesa e
o Isabel, a Católica
Os braganças,
enquanto familiares da rainha de Castela tinham com a mesma uma relação
especial. A marquesa não foi neste aspecto, nenhuma excepção. Esta rainha
confiava no seu gosto. Encarregou-a, por exemplo, de mandar fazer as jóias que a
princesa Catarina, prometida de Henrique VII, levou para Inglaterra.
2.3. Panteão
familiar: Convento de Santa Paula Depois da morte do marido,
em 1484, continuou a viver em Sevilha, tornando-se a patrona do Convento de Santa
Paula, que transformou num panteão familiar (15), onde se encontra
sepultada, com João de Bragança. Até 1592 havia apenas um único túmulo para os
dois esposos na capela mor, quando o mesmo divido, ficando cada um deles
sob dois arcosólios nas paredes laterais da Igreja, revestidos de Azulejos sobre
os quais repousam estátuas tumulares: o marquês no lado do Evangelho e Isabel no
lado da Epistola.
As inscrições que
agora encontramos nos respectivos túmulos foram mandadas fazer pelo arqueólogo
José Gestoso y Peres (1852-1917) (2). A marquesa mandou igualmente sepultar
neste panteão o seu irmão - Leão Henriques de Noronha (Leon Enriques de
Noronha). Mais
A grande ausente
deste panteão é a sua irmã Leonor de Noronha, esposa do Conde de
Penamacor, envolvido na conspiração de 1484. Leonor faleceu em Sevilha em
1519/20. Mais Fachada
do Convento de Santa Paula, em Sevilha
Os seus vastos terrenos e as obras da Igreja foram custeados pela marquesa, tendo
a obra durado cerca de 6 anos, só ficou concluida em 1489.
Para a realização do portal do
convento contratou, em 1504, o célebre ceramista italiano Francisco Niculoso
Pisano, que provavelmente veio para Portugal, com Andrea da Sansovino,
discípulo de Andrea e Girolamo della Robbia.
Niculoso na mesma altura executou um
retábulo de azulejos no Alcázar de Sevilha, ao que julgamos por
indicação de Alvaro
de Bragança,
familiar da marquesa e responsável desta instituição sevilhana.
Não deixa de ser curioso registar
que a madrinha de baptismo de Juan Batista, filho de Francisco Niculoso
Pisano, em 1508, tenha sido
Violante Moniz
Perestrelo,
prima da marquesa e cunhada de Cristovão Colombo
(19). Isabel de Noronha não
deixou descendência, morreu a 29 de Maio de 1529, tendo entregue parte da sua fortuna
às freiras de S. Jerónimo do convento de Santa Paula. 2.3.
Palácio em Sevilha A
marquesa instalou-se em Sevilha, na Rua Francos (calle Francos), vivendo num
palácio rodeada de uma verdadeira corte de serviçais. O bairro era o mais nobre
da cidade, onde se localizava o Alcázar, os Cabidos e o Palácio Arquiepiscopal. O palácio foi vendido pelos seus
herdeiros, em 1552, a Diego Caballero e sua cunhada (10).
Mais
Com as rendas que
recebia, adquiriu casas em Los Palacios, Vila Franca de la Marisma, Casas em
Sevilha, etc. (31) Em
1498, Cristovão Colombo e a sua cunhada
Violante, que viviam desde 1493 na Collación (freguesia) de Santa María la Blanca,
mudaram-se para uma casa junto ao palácio da marquesa. Quando a rainha Isabel
de Espanha faleceu, fixaram também aqui residência Diego e Hernando Colón. Não
muito longe desta rua ficava o palácio de Alvaro
de Bragança. O
palácio da Marquesa de Montemor-o-Novo era um verdadeiro centro da comunidade
portuguesa de Sevilha, alguns exemplos: -
A família de Colombo, em especial a sua cunhada Violante, mas também os seus
filhos Diego e Hernando Colón, efectuam nele negócios (11).
Ocorreram neste palácio cerimónias de iniciação a ordens militares portuguesas. Mais
2.3.1. Mordomos, Capelão e Criados
O marquês de montemor-o-novo, como o
principal instigador da conspiração de 1483, tinha uma vasta rede de criados
envolvidos nas ligações com Castela. D. João II, no dia 22 de Setembro de 1483,
ordena que nenhum deles abandone Portugal, uma ordem que não foi cumprida.
Afonso Vaz, secretário particular do marquês, e Diogo Lourenço (criado), foram condenados à
morte, mas a pena foi substituída por prisão perpétua. Qual a razão desta
comutação da Pena ? Uma carta de Alvaro de Bragança que
Colombo guardou no seu arquivo pessoal parece ser a chave para o desvendar.
Mais
- Gonçalo de Mourão,
escudeiro do marquês, conseguiu fugir para Castela (1483). Em 1501 ainda estava
ao serviço da marquesa, tendo ido cobrar rendas a Jerez de la Frontera. Quatro
criados residentes em Montemor-o-novo, todos ao que parece da mesma familia,
terão igualmente conseguido fugir para Castela, sendo os seus bens dados ao
capitão da guarda real - Fernão Martins Mascarenhas (21) .
-
João de Mourão, parente
de Gonçalo de Mourão. Mordomo, membro da Ordem
de Santiago, estabelecia igualmente uma ligação permanente com Portugal.
-
Frei
Gregório, capelão (1495-1516), também português, pertencia à Ordem dos
Agostinhos, foi morto em 1516 quando se dirigia a Portugal (20).
A marquesa de Montemor, tinha em
Sevilha, uma verdadeira corte. Foram já identificados mais de 20 criados, o que diz bem do
poder que possuía na cidade ( 1).
2.4.
Negócios da Marquesa em Espanha
A marquesa possuía
múltiplos negócios, tais como: -
Escravos. O negócio estava a cargo de alguns do seus criados: Pablo Lande,
Sebastião de Matos, António Nunes entre outros. -
Financiamento de expedições às Indias espanholas. 2.5.
Familiares Exilados em Sevilha A
marquesa assumiu o papel de matriarca da nobreza portuguesa exilada
em Sevilha, à qual deixou a maior parte da sua fortuna.
Vivia
rodeada de familiares, entre os quais se destacam os
seguintes: -
Alvaro de Bragança, conselheiro de Isabel, a católica, Presidente do
Conselho Real de Castela, alcaide de Sevilha, fundador da Casa da Contratación
(1503). Era irmão do seu marido e portanto seu cunhado. Mais Não
é de estranhar que a marquesa tenha protegido o seu sobrinho - Jorge
de Lencastre e Melo, casado com Isabel Colón y Toledo - neta de Colombo.
Mandou entregar-lhe a quase totalidade da sua tença de 540.000 maravedis
(1523), assim como as indemnizações que tinha a receber do seu outro sobrinho
Jaime, Duque de Bragança em Portugal (1514) (16). Tratava-se de uma verdadeira
fortuna para a época ( 1 ). -
Colombo, Violante Perestrelo e outros membros deste clã familiar eram todos seus
parentes e viviam na mesma calle Francos. A marquesa aparece a assinar vários
negócios de cunhada de Colombo, como sua representante legal.
Mais -
Leonor Enriques de Noronha, prima
irmã da marquesa.
Era casada com Lopo de Albuquerque, 1º. Conde de Penamacor, uma das figuras
principais da conspiração de 1483 contra D. João II.
O seu filho adoptivo -
Diego Méndez de Segura -, secretário particular de Colombo, tinha
negócios com a marquesa, envolvendo o seu capelão (Frei Gregório). Mais
As relações entre as
duas irmãs em Sevilha não se revelaram fáceis, talvez porque Leonor Enriques de
Noronha acusa-se o marquês de Montemor, como o principal causador do seu exilio
em Sevilha. -
Afonso de Bragança,
2º. Conde de Odemira e 1º.Conde Faro, que morreu em Sevilha, em 1484, tendo sido sepultado no Convento
Nossa Senhora do Carmo (ou Convento de Santa
Paula ?). Mais -
Maria Enriques de Noronha, 2ª. condessa de Odemira e 1ª. condessa de
Faro, prima irmã da marquesa, também ela ligada à família de Colombo. A
rede dos parentes Dona Isabel estabelecidos em Sevilha, é muito extensa e
envolve frequentemente familiares ligados aos próprios Duques de Medina Sidónia. As suas
actividades estão quase sempre relacionadas com o mar e o comércio marítimo.
3.
Relações com a Ordem de Santiago de Portugal A
marquesa estava familiarmente ligada à Ordem Militar de Santiago,
desconhecendo-se o seu envolvimento com a mesma: O
seu irmão - Pedro de Noronha
- era comendador de Santiago. O
seu mordomo, em 1515, efectua com a esposa uma cerimónia no palácio de adesão
a esta ordem militar portuguesa. Mais
4.
Relações com D. Manuel I Após
a morte de D. João II, os braganças foram perdoados. É neste contexto que D.
Manuel I, a 11/1/1500 concede à marquesa a tença do seu casamento de 45.000 reais. Em 1514
recebia também uma tensa abonada com as rendas da sisa do pescado e madeira de
Lisboa.
Mais tarde, depois da tempestade politica e já nos tempos de
reconciliação do reinado de D. Manuel, a tença do seu casamento com o valor de
quarenta e cinco mil reais foi-lhe confirmada pelo Venturoso em carta datada de
11 de Janeiro de 1500, a que se acrescenta outra tença de cem mil reais para ser
pago à marquesa de Montemor-o-Novo (17).
5.
Herdeiras A
Marquesa vivia rodeada de mulheres que eram suas fiéis servidoras, como Catarina
Alvares Godinho, fiha de Alvaro Gonçalves de Lisboa; Violante Godinho, que casou
com o alcaide de Sevilha; Isabel Botelho, mulher do mordomo do marques e
comendador de Santiago e Aviz- João Mourão; Briolanja Rodrigues, entre outras.
Nomeou três
delas suas herdeiras universais: Beatriz de Matos, Catalina Madureira
(24)
e Guiomar da Silveira, filha
de Inês da Silveira, viúva de Tomé da Costa. Em
Espanha, o título de Marqueses de Montemayor, no inicío do século XVI, passa
para outras famílias mas sempre de origem portuguesa.
Os Marqueses de Montemor e
Cristovão Colombo
6. Família Noronha em
Portugal - Ligações
a Colombo
Família que provém
de Henrique II, de Castela, filho bastardo de Afonso XI de Castela que houve de
de Leonor Nunes de Gusmão (filha dos Duques de Medina Sidónia).
O ramo português
surgiu em 1378, quando em Burgos - Afonso Henriques (Conde de Gijón e Noreña)
,
que exercia um amplo domínio nas Astúrias, se casou com Dona Isabel, filha de
D. Fernando I, rei de Portugal.
Alfonso Enríquez lutou contra Enrique III e acabou por se exilar em Portugal em
1385 (7).
Tiveram seis
filhos, dos quais destacamos:
6.1. Fernando de
Noronha, 2º. Conde Vila Real.
Casou-se com Brites de Meneses,
filha herdeira de D. Pedro de Meneses, 1º. Conde Vila Real, e passou
a usar o nome de Meneses.
Geraram
Pedro de
Noronha e Meneses
(1425-1499), Uma das mais importantes figuras do seu tempo. Era o
7º. Conde de Ourém, 3º. Conde de Vila Real (3/6/1445), e depois 1º. Marques
de Vila Real (1/3/1489), Senhor de Aveiras, Almeida, campo de Ulmar (Monte
Real), S. Pedro de Muel, etc. Alcaide-mor de Leiria. Foi também senhor das Canárias.
Foi governador de Ceuta. Participou na Batalha de Toro.
Fez parte dos juízes que condenaram à morte do Duque de Bragança, em 1483. Estava estava também junto da rainha Dona Leonor em 1493 quando
esta recebeu Colombo. Mais
6.2. Constança de
Noronha (1404-1480), 1ª Duquesa de Bragança.
Foi a 2ª.mulher de
D. Afonso, I Duque de Bragança (1370-1461) ( 7 ). Esta Duquesa, que habitou
durante dezenas de anos os Paços de Guimarães, depois de ficar viúva, envergou o hábito da Ordem Terceira de S. Francisco,
tendo morrido com a
fama de santidade (22), sendo-lhe atribuídos muitos milagres.(23). Foi
sepultada na Igreja de S. Francisco de Guimarães. O seu túmulo foi alvo de
enormes mutilações desde o século XVIII.
Não tendo filhos,
assumiu como seu filho adoptivo -
Pedro de Meneses, 1º. Marques de
Vila Real, que se encontrou
em Março de 1493, com Cristovão Colombo, quando este regressou da sua primeira
viagem à Indias (América. Neste encontro, no convento franciscano de Santo
António da Castanheira, estavam igualmente presentes, a Rainha Dona Leonor e o
seu irmão e futuro rei - D. Manuel.
Mais
6.3.
Sancho de Noronha, 1º. Conde
de Odemira.
Governador de armas
do Algarve.
Casou-se com Mécia
de Sousa, tendo gerado - Maria
Enriques de Noronha ( 1440 - 1523 ),
1ª. Condessa
de Faro,
2ª condessa de
Odemira, casada com
Afonso de Bragança (?
- Sevilha,1484)-
1º. Conde de Faro. O
brasão era o mesmo da Casa
de Bragança. Fugiram para
Castela em 1483. Isabel, a Católica
fez várias tentativas junta de D. João II para que esta pudesse regressar a
Portugal.
Fernando de Noronha,
filho
do 1º. Conde de Faro,
acompanhou os pais na fuga ara Castela em 1483. Foi criado nos Paços dos Reis Católicos, esteve na
guerra de Granada, regressou a Portugal com D. Jaime de Bragança. Foi
mordomo-mor da Rainha D. Catarina. O Conde de Faro dotou em 1504, Ana Moniz,
sobrinha de Colombo. Mais
6.4. Pedro de Noronha
(? -1452), foi bispo de Évora (1419-1423),
arcebispo de Lisboa
(1424-1452)
Era das figuras mais poderosas do país na 1ª. metade do século
XV. Foi um dos grandes inimigos do Infante D. Pedro, regente de Portugal devido
aos ataques que este fez aos privilégios dos grandes senhores do reino.
Mulheres:
6.4.1. Branca Dias Perestrelo, filha de
Catarina Vicente e
de Filipe Perestrelo (Filippone Palestrello). Desta
relação nasceram sete filhos:
a ) Pedro
de Noronha (-1492), senhor do Cadaval.
Era mordomo-mor de D. João II, do
conselho do rei, comendador-mor da Ordem de
Santiago, embaixador ao papa Inocêncio VIII (14/6/1485). D. João II,
por carta de 14/2/1492, deu-lhe a jurisdição e as rendas do Cadaval e da Quinta
do Gradil, sendo confirmadas por D. Manuel a 8/2/1496.
Casou-se com Catarina de Távora, filha de Martim Távora, mordomo-mor de D.
Afonso V e de Beatriz Ataíde.
Fez parte do conselho que apreciou, com D. João II, a ideia de
Colombo. Defendeu com sólidos argumentos e com o peso da sua autoridade estas
explorações marítimas, sendo que a sua opinião "foi abraçada pela
numerosa assembleia e pelo rei" ( 6 ). Contra esta posição se opôs o
Bispo de Tanger - Diogo Ortiz, natural de Castela e director espiritual de D. João
II, que defendia que a prioridade devia de ser a guerra em África contra os
mouros. Alguns historiadores, como
dissemos, lançam a hipótese de Colombo ter entrado em Castela integrado na
embaixada de Pedro Noronha ao papa, e depois ter ficado alojado em Sevilha na casa da marquesa.
D seu casamento com
Catarina Távora, nasceram três filhos, sendo de destacar o seguinte:
- Martinho de
Noronha. Vedor da Fazenda de D. João II. Senhor do Cadaval. Era da total
confiança de D. João II. No dia em que o rei faleceu, não deixou se lhe fazer o
pedido de Vila Nova para o seu filho (Cfr.Resende). Casou-se com
Guiomar de Albuquerque, filha de Fernão de Albuquerque, 3º. Senhor de Vila
Verde dos Francos, e da sua mulher Catarina Silva. Guiomar Albuquerque era
sobrinha de Afonso de Albuquerque.
Martinho de Noronha,
pelo seu casamento tornou-se senhor de Vila Verde de Francos. A 26/3/1504,
recebeu as rendas equivalentes a que tinha direito pela cedência, em 1499 (?), a
D. Alvaro do Cadaval e da Quinta do Gradil (13).
Foi quem recebeu Colombo em Lisboa, no regresso da sua 1ª. viagem às Indias
(Março de 1493) e o levou Rio Tejo acima até D. João II em Vale do Paraiso
(Azambuja). Achava-se em 1493 junto da rainha Dona Leonor quando esta recebeu
Colombo no Convento de Santo António, em Vila Franca de Xira. Hospedou-o, em
Alhandra, na Casa de Afonso de Albuquerque.
Era um homem de
total confiança de D. João II, estando junto do rei, quando este faleceu em
Alvor (cfr. Garcia de Resende). Era vedor da Fazenda e membro do Conselho régio.
b ) Isabel de Noronha, casada com D. João,
Marquês de Montemor-o-novo; Fugiu para Castela em 1483.
c )
Inês Enriquez de Noronha, casada com João de Almeida, 2º, conde de Abrantes
(1485-1512);
Guarda-mor do Reino, do seu Conselho de D. João II e da sua fazenda.
d )
João Enriques de Noronha, Alcaide-mor de Óbidos. Foi casado com Felipa de
Ataíde, filha de Alvaro Gonçalves de Ataide (1º. Conde
de Atouguia, 1448-1452 ) e Leonor Telles de Menezes. O Conde de Atouguia foi
proprietário das Ilhas ..... .
Foi casado também com Constância de Castro, filha de Gonçalo de Albuquerque,
3º. Senhor de Vila Verde dos Francos (Alenquer).
e )
Leonor
Enriques de Noronha, casada com
Lopo de Albuquerque, 1º. Conde de Penamacor.
Fugiu para Castela em
1484. O seu filho adoptivo era o secretário (vitalício) de Colombo e do seu
filho Diego.
f )
Fernando de Noronha
(1450 - 1509),
alcaide mor de Salir,
guarda-mor
e governador da Casa da rainha D.
Joana,
a «Excelente
Senhora»,
casou-se com Constança de Albuquerque.,
irmã herdeira do grande Afonso
de Albuquerque,
com geração (foram pais do vice-rei D. Garcia
de Noronha).
Encontra-se
sepultando na Igreja do Convento de N.S. das Virtudes (Azambuja).
g )
Leão de Noronha,
morreu solteiro nas guerras entre o Reino
de Portugal e
o Reino
de Castela.
Está sepultado em Sevilha.
Mais
6.4.2.
Branca Perestrelo (8),
após ter morrido Isabel, o arcebispo virou-se para a sua irmã e
ter-lhe á feito outros filhos.
O arcebispo, neto de
D. Fernando I, deixou mais filhos de outras mulheres. Faleceu em Lisboa
(12/8/1452), onde está sepultado na Sé, na antiga capela do Sacramento.
Manuel de Noronha,
neto de João Gonçalves Zarco, descobridor da Madeira, irmão de Simão
Gonçalves da Câmara, capitão do Funchal. Em 1510 destacou-se na defesa
de Safim (Norte de África). O mesmo fez Francisco de Noronha, com
a mesma descendência (irmãos ?). Colombo tinha uma enorme preocupação com a
defesa desta fortaleza (1500).
É
fácil de perceber que estamos perante uma rede familiar que procura através de
casamentos controlar vastos domínios.
Século XV: Os
Noronhas estão ligados aos Braganças, Albuquerques, Menezes,
Ataides e Zarcos (Câmaras, Perestrelos, Monizes) e Melos.
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Carlos Fontes
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Notas:
(1 ) Gil, Juan - El
Entorno portugués de la Marquesa de Montemayor en Sevilla", Actas do
III Colóquio Internacional de História da Madeira, Madeira. 1993. Um estudo fundamental sobre a marquesa em Sevilha.
(2 )Relação
da vida, acçoens, e morte do Duque de Bragança D. Fernando degolado na cidade
de Evora em 2 de Julho de 1483. Relação da vida, acçoens e morte em estatua
do Marques de Montemor o Novo D. João irmão do 3'Duque de Bragança D.
Fernando. 17--
( 3 ) D. João II, a
18/12/1483, entregou a alcaidaria-mor a Fernão Martins de Mascarenhas, seu
capitão dos ginetes, que já havia sido de D. Afonso V e o há-de ser de D.
Manuel I.
(5) Beaumont, Maria
Alice -Cartas e alvarás dos Faros da casa Vimieiro : incluíndo
dezanove cartas do Museu
-Biblioteca do Paço Ducal de Vila Viçosa, 1968...p. 31
( 6 ) Silva, Manuel Telles da -
Vida e Feitos de D. João II, Lisboa. INCM. pág.105-106.
(7 ) Teixeira, Andre Pinto de Sousa - Uma
Linhagem ao Serviço da "Ideia Imperial Manuelina". Noronha e Meneses", in, Actas
do Colóqui Internacional. A Alta Nobreza....
A primeira esposa do 1º. Duque de Bragança foi
Beatriz Pereira Alvim, filha do condestável D. Nuno Álvares Pereira.
(8) Dona Branca Perestrelo casou-se
posteriormente com Aires Anes de Beja, vizinho de Coimbra, dando-lhe numerosa
descendência (perestrelos de Beja).
(9) Gil, Juan - Los Conversos y la Inquisicion de
Sevilla, vol. II, p.337
(10) Otte, Enrique - Diego Cabellero, funcionario
de la Casa de la Contratación, in, La Casa de la Contratación y la Navegación
entre España y las Indias. Universidad de Sevilla
(11) "Escritura
otorgada por el Almirante D. Diego Colón, hijo de D. Cristóbal, ante Andrés Pérez,
escribano de Sevilla, el 27 de Noviembre de 1523, en la morada de la señora
Marquesa de Montemayor , confirmando la escritura de traspaso á favor de su
hermano D. Fernando Colón, otorgada en La Coruña en 17 de Mayo de 1520, de
900.000 maravedís que Francisco del Alcázar, veinticuatro de Sevilla, le debía
y estaba obligado a pagarle de la venta de la Villa de la Palma y fortaleza de
Alpizar, con otra cuantía de maravedís.- Notaría núm. 10 de la Ciudad de
Sevilla.- libro correspondiente al año 1523.- Archivo General de
Protocolos." As propriedades foram depois vendidas a D. Fernando, conde de
Belalcázar (cfr."Colección de Documentos inéditos". Sevilla, 1892)
(12)
(13) Oliveira e Costa, João Paulo - D. Manuel I,
p.115
(14) Entre as acções de relevo militares em que
participou, destacam-se as seguintes: Em 1476 (?), D. Afonso V, manda-o combater
um corsário inglês - Phoccumbrix, que assaltara no canal de Inglaterra 12 navios
portugueses que vinham da Flandres. Em 1471, após a conquista de Arzila, o rei
manda-o meter-se dentro da cidade de Tanger (28/8/1471), da qual foi
provisoriamente governador. Crf. Salgado, Anastásia Mestrinho - O Marquês de
Montemor e a sua vida pública. Edições Cosmos. Lisboa. 1997.
(15) Cordeiro de Sousa, José Maria - As
Sepulturas dos Marqueses de Montemor em Santa Paula de Sevilha.
(16) A Marquesa de Montemor, em 1511, fez
um contrato com o Duque de Bragança - D. Jaime -, no qual faz cessão de todas as
pretensões que tinha na Casa de Bragança respeitantes a arras e dote.
(17) Freire, Anselmo Braancamp. Brasões da
Sala de Sintra. Op. cit..p. 300
(18) Isabel Henriques de Noronha recebia em
Portugal uma tença desde 1 de Janeiro de 1480, no valor de cem mil reais brancos
e de assentamento igual quantia desde 1 de Janeiro de 1481.
(19) “Viernes dia del nascimento de nuestra
señora a ocho de setiembres de 1508 batiza[sic] a juan batista fijo de niculoso
Francisco y elena de villar y fueron padrynos alfaro y solis canonigos de la
iglesia mayor de seuilla y madrynas ysabel salvago y vyolante guynis sobrina de
la marquesa de Portugal e batizolo el bachiller alonso oerez de las eras”( livro
I de Batismos da Igreja de Santa Ana). Citado e transcrito por Pérez, José
Gestoso. História de los Barros Vidrados Sevillanos. Op. cit..p. 172."
O historiador Rui A. Trindade, que publicou esta
citação-transcrição, na sua tese de doutoramento repetiu o erro de Gestoso ao
confundir o nome de Violante Moniz Perestrelo com "vyolante guynis". Um facto
que não lhe permitiu perceber a enorme teia de relações do ceramista italiano
com Portugal.
(20) Gil, Juan - El
Entorno portugués de la Marquesa de Montemayor en Sevilla, pp.71-72
(21) Fonseca, Jorge - D. João, Marquês de
Montemor-o-novo. Uma vida entre duas épocas. Lisboa. Dinalivro. 2010
(22) Rosa, Maria de Lurdes - A Santidade no
Portugal Medieval: narrativas e trajectos de via, in, Lusitania Sacra. 2ª.
Série. Tomo XIII- XIV. 2001/2.;
(23) Craesbeck, F. X. da Serra (1992)
[1726], Memórias Ressuscitadas da Província de Entre Douro e Minho no ano de
1726. Ponte de Lima: Edições Carvalhos de Basto Lda; Frei Manuel de Esperança
(1656), História Seráfica Cronológica da Ordem de S. Francisco na província de
Portugal. Lisboa: Na oficc.Craesberkiana
(24) Catarina de Madureira (Catalina Madureira,
em castelhano), era uma donzela muito culta. Em 1524 tinha, contava pelo menos
com nove livros de devoção que se encontram em Sevilha: Biblioteca
Capitular y Colombina. Fondo Gestoso, leg. XXVI, 161-165. cfr. Márquez, Carmen
Álvarez- Mujeres Lectoras en el Siglo XVI en Sevilla, HID 31 (2004).
(25) Salgado, Anastácia e Abílio José - O Alcaide
de Montemor-o-Novo Fernão Martins Mascarenhas no Contexto Político da Época, in,
Almansor, Montemor-o-Novo, 1 (1983), pp.28-38
(26) O principe D. Afonso foi entregue a
24/5/1483 aos embaixadores Pedro de Noronha (mordomo-mor), Juham Teixeira
(chanceler-mor) e Frei António, confessor do rei.
(28) Garcia de Resende, ob. cit., cap.XXX, cap.
XXXVIII.
(29) Damião de Góis - Crónica do Principe D.
João, cap. XX, p. 24
(30) A descrição da sua morte consta num
manuscrito do Convento de Santa Paula, datado de 1791: Relación mui verdadera de
la ereccion y fundación .... No entanto, um outro documento existente na Torre
do Tombo, parece revelar que estaria vivo em 1487 (TT. Chanc. de D. João II,
Liv. 20. fl. 80 v. 14.5.1487) , cfr. Jorge Fonseca, ob. cit., p.126
(31) Gil, Juan - El Entorno portugues de la
marquesa de montemayor en sevilla, pp. 59 e 67
(32) Sousa, J. M. Cordeiro - As Sepulturas dos
Marqueses de Montemor em Santa Paula de Sevilha. Sep. da Revista de Arqueologia.
Lisboa. 1935
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