Briolanja (Violante) Moniz Perestrelo
Violante (ou Briolanja) Moniz era a irmã mais nova de Filipa Moniz Perestrelo.
Colombo viveu sempre na sua companhia desde que foi para Castela (Espanha). Era
uma verdadeira matriarca da familia em Espanha, controlando tudo o que à mesma
dissesse respeito.
.
Casas:
Foi para Castela na sequência das conspirações contra D. João II (1483/4),
tendo-se fixado em San Juan del
Puerto, a 5 km de Moguer (Huelva, Espanha ), numa casa e terras
alugadas ao Duque de Medina Sidónia e Conde de Niebla -Enrique Pérez de Guzmán
Meneses y Fonseca (1468-25/8/1492).
As terras que alugou, em 1484 (?),
nos esteiros da ribeira direita do Rio Tinto, na direcção de Trigueiros, foram
retiradas à população local, e abrangiam vários quilómetros de extensão, o que
revela um estatuto privilegiado. Um facto que até agora nunca tinha sido
assinalado ( 8 ).
Foi para a sua casa que Colombo se dirigiu,
quando foi para Castela e onde ficou alojado.
Uma das primeiras exigências que Colombo faz aos reis de Espanha, em Barcelona,
após o seu regresso da 1ª. viagem, foi a de que arranjassem em Sevilha uma casa
para a sua cunhada, o que foi de imediato providenciado (30/5/1493).
A casa
escolhida pertencera ao judeu Bartolomé de Sevilha.
A casa de Briolanja Moniz continuou a
ser a residência de Colombo, filhos e irmãos.
Em 1498 adquire uma casa na calle
Francos, passando todos a residir junto do palácio da marquesa de
Montemor, nesta nova morada.
Maridos:
O primeiro foi Miguel Moliarte
(Flamengo ? alemão ?), com que se casou ainda em Lisboa , antes de se fixar em
San Juan del Puerto.
Miguel Moliarte -, participou na segunda viagem à América. Em 1495 pediu para regressar à Espanha, protestando contra a
forma como Colombo o tratava, e este acabou por o matar (7).
O segundo marido foi o florentino Francisco Bardi, veio também de Portugal, com quem se
casou em
1505 (Agosto ?). Está
ainda por apurar as razões da sua morte a 9 de Dezembro de 1508.
Num testamento
forjado de Colombo, datado de Dezembro de 1506, aparece como o fiel
depositário de todos os seus rendimentos vindos das Indias. A herança de Bardi ficou
toda na posse de Violante Moniz.
Francisco Bardi circulava entre Lisboa e Sevilha. Em 1504, por exemplo,
estava em Lisboa. Aparece envolvido em dívidas nunca esclarecidas.
Não sabemos os segredos a que o italiano teve acesso, mas a partir de 1505,
quando ocorreu o seu casamento com Violante começam a proliferar "documentos"
sobre alegadas dívidas de Colombo contraídas em expedições anteriores. Os
italianos procuram tirar proveito de alguém que não podia falar.
Diego Colón:
Violante
cuidou da educação de Diego Colón, em Palos entre 1484 e 1492, e continuou a
fazê-lo ao longo dos anos. Em 1509 acompanhou-o na sua 1ª. viagem às Indias (São
Domingo). Terá feito pelo menos uma outra viagem às Indias.
Casamenteira.
Em 1505, reune-se com o 3º. Duque de Medina Sidónia para negociar o casamento de Mencía de Guzmán com o filho primogénito de Colombo D. Diego de
Colón.
O casamento não se efectivou devido à interferência do rei Fernando,
tendo sido Diego obrigado a casar-se com uma prima do rei, menos poderosa. Mais
tarde a filha de Diego irá casar-se com o filho do português Alvaro de
Portugal.
.
Pensões e
Testamentos:
Violante é contemplada em todos os
Testamentos. Trata-se de uma figura muito querida e central no clã familiar e
seus dependentes. Criados, como Diego Mendéz, quando escrevem a Diego Colón
enviam-lhe sempre saudações ( 2 ), ninguém a esquece.
Colombo, em Março de 1502, manda
dar-lhe 10.000 maravidies.
Diego Colon, filho de Colombo, no
seu Testamento de 1509, deixa-lhe 20.000 maravidies (6).
Diego Colon, em 1510, através de
Gaspar Gorrício manda pagar-lhe 100.000 maravidies por ano, para o seu
mantimento (3).
Diego Colon, irmão de Colombo, no
seu Testamento de 24/2/1515, deixa para "Briolanza Moniz e dos das mujeres suyas
que le acompañan" 10 ducados de ouro, e perdoa-lhe 7 ou 8 mil maravidies que
Violante lhe havia pedido emprestado.
Luxos:
Em 1509 obriga-se a
pagar ao mercador genovês Batista Cataño 22 ducados de ouro " por cierto raso
que compró y habia de ser pagado en el puerto de Santo Domingo" (4).
Marquesa de Montemor
Era amiga intima da sua sobrinha
Isabel Perestrelo de Noronha
(9),
marquesa de Montemor, que vivia exilada em Sevilha e com a qual possuía vários negócios .
Alguns episódios desta relação
envolvem terceiros. A marquesa, como é sabido, contratou o ceramista
Francisco Nicoloso Pisano para conceber magnificas peças vidradas para o
Convento de Santa Paula. Poucos anos depois, em 1508, Violante surge como
madrinha no baptismo de um dos filhos de Niculoso Pisano (10).
A marquesa testemunha a favor de Violante. A 22/ 3/1515 assina, por exemplo,
como testemunha do pagamento de um empréstimo que esta fez aos banqueiros
genoveses - Juan Francisco Grimaldo e Gaspar Centurion (11).
.
Em
1525 aparece a concluir os negócios que Violante já falecida tinha com os Duques de Medina Sidónia,
ao receber o dinheiro que lhe deviam pela venda de uma escrava.
Relações com Portugal:
Como era de esperar Violante mantinha relações
permanentes com Portugal onde mantinha negócios (Com nomes fictícios? Beatriz
Hidalgo ? ).
Nos Açores, na Ilha de São Miguel, por exemplo, tem negócios com Rodriguéz Cabrón, representantes
identificados: Francisco Camón e Diego de Ocaña. O último dos
seus maridos andava entre Lisboa e Sevilha.
Os exilados portugueses em Sevilha,
tinham uma rede permanente de contactos com Portugal: Frei Gregório, capelão da
marquesa de Montemor, por exemplo, em 1522, estava ausente em Portugal a tratar
de negócios, etc.
Em
Companhia:
Violante vive em Sevilha rodeada de um verdadeiro clã familiar.
Para além de Colombo e dos filhos e
irmãos, destacam-se os seguintes:
-
Duas senhoras,
que viviam com ela, mas cuja identidade ainda não foi apurada. A importância das
mesmas, leva a que Diego Colon, irmão de Colombo, as contemple também no seu
Testamento.
-
Cristovão Moniz,
irmão.
Bispo em Portugal. Prior no Convento do Carmo em Lisboa. Em 1518 recebeu um
avultado empréstimo de D. Diego - 100 castelhanos em ouro. Em 1523 estava em
Sevilha a fazer negócios com
Diego Mendez Segura. D. Diego
Colón contemplou-o, neste
ano, no seu Testamento. Mais
-
Ana Moniz, sobrinha ?
. Em 1504 casou-se com
Juan de Barahona (jurado
Sevilhano). Ana Moniz é mencionada como "Dona", o que indica o seu estatuto
de nobre.
Foi com D. Diego Colon para as Indias em 1509. No Testamento que este faz nesta
altura, afirma que a mesma era sua sobrinha. O que corrobora a afirmação de
Colombo que tivera de Filipa Moniz Perestrelo outro filho português.
Após do falecimento do Juan de Barahona casou-se com
Francisco de Garay. Foi este
capitão que ajudou Bartolomeu Colón na fundação de S. Domingo e construiu a 1ª. "casa
de pedra" na Hispaniola. Após o casamento de Garay com Ana Moniz, Diego
Colón nomeou-o
governador da Jamaica. Foi assassinado no México, em 1524, por um esbirro de
Cortés.
Maria de Toledo, esposa de Diego Colon, no seu Testamento, datado de 1548,
afirma que Ana Moniz sempre a acompanhou e foi ama dos seus filhos.
-
Bartolomeu Moniz
Perestrelo,
4º. Capitão Donatário da
Ilha de Porto Santo.
Em 1508, solicitou os serviços do mestre de um navio para trazer de Roma uma
"autorização" para poder usar o hábito da Ordem de Cristo de Portugal.
Juan Barahona
solicitou na mesma altura autorização para usar o hábito da Ordem de Santiago
(5).
- Rodrigo
Moniz,
irmão. Era monge,
em 1498, na Cartuxa de Santa Maria de las Cuevas, em Sevilha.
Fazia parte da rede de franciscanos portugueses que antes de 1498 apoiaram
Colombo.
-
Pedro Correia da Cunha
(1440-1497) e
Izeu Perestrelo de Mendonça
(filha de Bartolomeu Perestrelo). Fidalgo
da casa do Infante D. Henrique. A sua família estava ligada à Ordem de Santiago
e ao ramo dos Cunhas, a que pertenciam os
Albuquerques de Angeja.
Foi o 2º. capitão donatário da ilha
de Porto Santo (1458-1473). Em 1458 tentou comprar a capitania desta ilha. O
também o primeiro capitão da Ilha da Graciosa, nos Açores (1475-1497). Faleceu
em Lisboa, em 1497, onde foi sepultado.
Várias fontes afirmam que este casal
português estava instalado no Condado de Niebla (Huelva) antes de 1485 (2
).
Pedro Correia, segundo o próprio Colombo,
foi quem lhe forneceu algumas provas da
existência de terras a Ocidente (um pedaço de madeira lavrada).
Violante e Briolanja, a mesma pessoa?
A esmagadora maioria dos
historiadores tem afirmado que Violante Moniz e Briolanja Moniz são a mesma
pessoa. Anselmo Brancamp Freire (cfr. Brasões ....) após analisar a documentação
no seu tempo disponível, não teve dúvidas em afirmar que estamos perante duas
pessoas distintas, embora da mesma família:
a) Violante Moniz é referida,
entre outros, nos seguintes documentos: Cédula Real de 30/5/1493; Testamento de
Diego Colón (irmão de Colombo), por sua ordem a Gaspar de Gorricio e datado de
22/2/1515. Foi casada Miguel Moliarte e Francisco Bardi.
b) Briolanja Moniz é referida
nos seguintes documentos: Testamento de Diogo Colón ( filho de Colombo), datado
de 16/3/1509; Carta de Diego Mendez de Segura a Colombo, datada de 3/6/1508.
O assunto carece de uma verdadeira
investigação.
Carlos Fontes
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