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Filipa Moniz Perestrelo
Colombo
casou-se talvez em Janeiro de 1479, com Filipa Moniz Perestrelo, comendadeira da Ordem de
Santiago de Espada de Portugal.
Deste casamento teve pelo menos dois filhos, sendo o único conhecido - Diego (Diogo) Colon, o seu único herdeiro
legítimo. O seu segundo filho, cuja biografia se desconhece,
ter-lhe-á dado uma neta: Ana Moniz, que viveu em Sevilha com o seu tio Diogo
Colon, 2ª. Almirante das Indias espanholas. Filipa
Moniz pertencia à alta nobreza portuguesa. Era
filha Isabel Moniz e de Bartolomeu Perestrelo I
(c. 1400 -1457), neta de Filipe Perestrelo e de Catarina de Melo
(ou Catarina Vicente). Genealogia
Paterna 1. Filipe
Perestrelo (Filippo
Pallastrelli ), originário de Piacenza (Itália) (19), veio para Portugal, em
fins do século XIV, onde se casou com
Catarina de Melo (ou Vicente ), de quem teve pelo menos os
seguintes filhos:
- Isabel Dias Perestrelo que se enamorou do arcebispo de Lisboa,
Pedro de Noronha, de quem teve sete filhos: João de Noronha, alcaide de
Óbidos, que se casou com Filipa de Castro e depois com Mécia de Sequeira; Pedro
de Noronha, senhor do Cadaval, mordomo-mor de D. João II, comendador da Ordem
de Santiago, e que se casou com Catarina de Távora; Isabel Enriques de
Noronha, casada com D. João, Marquês de
Montemor-o-novo; Inês de Noronha, casada com João de Almeida, 2º, conde de Abrantes, irmão de Diogo
Fernandes de Almeida, prior do Crato. Catarina de Noronha, casada com Lopo de Albuquerque, 1º. Conde de Penamacor; Leonor
de Noronha; Fernando de Noronha (1450 - 1509),
casou-se com Constança de Albuquerque.
- Branca (ou
Catarina) Perestrelo casou-se com Aires Anes de
Beja, escrivão da puridade de D. João I.
dando origem aos Perestrelos de Beja. Foi também amante do arcebispo de Lisboa,
Pedro de Noronha.
- Rafael Perestrelo, escolheu a vida de sacerdócio, obtendo o priorado de Santa
Marinha, a mais rica paróquia do arcebispado de Lisboa. Teve pelo menos um
filho - João Lopes Perestrelo.
- Bartolomeu
Perestrelo I (ver a seguir)
2. Bartolomeu Perestrelo I (c.1400-1457),
membro da Ordem de Santiago,
cavaleiro da casa real. Começou por estar ao serviço da casa do Infante D. João ( 1400-1442), mestre da Ordem
de Santiago de Espada (7), e depois da morte deste passou para o serviço da Casa do
Infante D. Henrique.
Por ordem do Infante
D. Henrique, em 1419/20, com João Gonçalves
Zarco e Tristão Vaz Teixeira iniciou o povoamento da Madeira (4).
Em 1446 recebeu a capitania da Ilha de Porto Santo (8), tornando-se o seu
1º. capitão donatário. Faleceu nesta ilha em 1457.
Casou-se quatro vezes:
a ) 1ªs.núpcias
com Margarida Martins, que assassinou.
b) 2ª.s núpcias.
Branca Dias. De quem teve Branca Dias Perestrelo, amante de Pedro
de Henriques de Noronha, arcebispo de Lisboa, de quem teve vários filhos:
Catarina de Noronha, casada com o
Conde de Penamacor; Isabel
Enriques de Noronha, casada com o Marquês de Montemor-o-Novo;
Pedro de Noronha, mordomo-mor de D. João II e comendador-mor da
Ordem de Santiago
; Isabel de Noronha, casada com o Conde de Abrantes, irmão do Prior do
Crato.
b ) 3ªs. núpcias
com Brites Furtado de Mendonça
(26), tiveram pelos menos três filhas: Catarina Furtado
de Mendonça, casada com Men Rodrigues de Vasconcelos, senhor de Alvarenga,
comendador do Seixo; Iseu
(ou Izeu) Perestrelo Furtado de Mendonça, esposa de Pedro Correia da
Cunha (ver abaixo); Filipa de Mendonça que se casou com João
Teixeira, filho de Tristão Vaz, 1º Capitão donatário de Machico.
c ) 4ªs núpcias com
Isabel Moniz, filha de Gil Aires de Moniz (escrivão da puridade de D. Nuno Alvares Pereira) e Leonor
Rodrigues ( ver: Genealogia Materna), da qual tiveram pelo menos
quatro filhos: Filipa Moniz
Perestrelo, casada com
Cristovão Colombo; Bartolomeu Perestrelo II, casado com Aldonça
Rodrigues da Câmara, e depois com Yolanda Teixeira ( 9); Violante Moniz, casada com
Moliarte, que depois foi para Huelva e Sevilha, e a quem Colombo confiou o seu
filho Diogo Colon e em casa da mesma sempre viveu em Espanha.
Genealogia Materna
Os historiadores continuam em não
estar de acordo sobre qual o exacto ramo da família Moniz, a que pertencia
Filipa Moniz Perestrelo. Hipóteses mais credíveis:
1. Moniz Alcaide-Mor de Silves.
O pai de Isabel Moniz seria Vasco Martins Moniz e Meneses, tendo-se mudado de
Silves para Machico - Madeira, casando-se com Brites Vaz Ferreira. Fidalgo da
casa real, teve sesmarias no Caniço, casa em Machico, instituiu morgado da sua
terça por testamento aprovado em 1498.
Era filho de
Henrique Moniz (alcaide-mor de Silves) e de Inês Barreto Meneses (27), e irmão de Vasco
Martim Moniz (comendador de Santiago em Panóias). Estava ligado por laços
familiares, entre outros, a João Gonçalves Zarco, Pedro Alvares Cabral,
Francisco de Almeida (1º.Vice-rei da India), irmão de Diogo Fernandes de
Almeida, prior do Crato (5).
2.
Moniz Escrivão da Puridade.
Estes monizes tinham uma capela própria no Convento do Carmo, ao qual estavam
intimamente ligados. O pai de Isabel Moniz, nesta hipótese seria Gil Aires de Moniz,
natural de Alenquer, homem honrado de D. João I, escrivão da puridade de D. Nuno Alvares Pereira.
Era casado com Leonor
Rodrigues (5).
Tratam-se de dois ramos da mesma
família. É importante salientar que a família Colombo,
em Sevilha, sempre privilegiou o ramo dos Monizes ligados ao Convento do
Carmo/D. Nuno Alvares Pereira.
Diogo Gil Moniz
Após o falecimento do seu
Bartolomeu Perestrelo (I), em 1457, Diogo Gil Moniz , assumiu-se como tutor de
Bartolomeu Perestrelo (II) (17/5/1458). Filipa Moniz ficou durante algum tempo a
cargo da sua mãe e do seu tio materno.
Diogo Gil Moniz (23), vedor
da fazenda e reposteiro-mor da Casa do Duque de Viseu e de Beja.
Vivia em Lisboa, nos
"Paços do Lumiar" que haviam pertencido ao rei D. Afonso IV,
desfrutando de uma elevada posição para a época ( 3 ).
Desconhecemos a sua posição
durante as conspirações de 1483 e 1484. Apenas sabemos que no final do século
XV, a sua familia ligada à comenda de santiago de Panóias (Ourique) uniu-se aos albuquerques de Angeja,
envolvidos nestas conspirações.
Mais
A sua filha - Francisca da Silva,
casou-se com Sancho de Noronha, 3º. Conde de Odemira.
Pedro Correia da Cunha
Foi ele quem forneceu a Colombo
provas decisivas sobre a existência de terras e povos a Ocidente. Um facto
destacado por Hernando Colon e Bartolomeu de las Casas.
Depois da sua morte em 1457,
devido à menoridade do legitimo herdeiro - Bartolomeu Perestrelo II - que contava
apenas 8 ou 9 anos, foi a capitania de Porto Santo entregue a Pedro Correia da
Cunha, genro (por afinidade ) de Isabel Moniz, pagando pela mesma, em 1458,
a quantia de 300 mil réis em dinheiro contado e 30 mil de juro (cfr. Livro das
Ilhas, fl. Lrix). O negócio careceu da concordância do conselho familiar, do
infante D. Henrique (donatário da ilha) e do próprio rei.
A 15 de Março de 1473, por carta
régia a capitania da Ilha foi finalmente devolvida ao legítimo herdeiro Bartolomeu
Perestrelo II.
Pedro Correia, era senhor de Farelães, foi
capitão donatário da Ilha de Porto Santo, entre 1458 e 1473, e depois capitão a Ilha
da Graciosa (Açores); Foi cavaleiro da casa real, criado do Infante D.
Henrique, guarda costas de D. João II. Era proprietário da quinta da Charneca, perto de
Lisboa, onde faleceu em 1497.
A família de Filipa Moniz
Perestrelo tinha um elevado estatuto no tempo de D. Afonso V e D. João II,
possuindo ligações à própria rainha de Castela, Isabel, a Católica.
Ducado de Beja -Viseu
A familia de Filipa Moniz não
apenas estava ligada à Ordem de Santiago, como pertencia também ao Ducado de
Beja-Viseu. O pai e irmão pertenciam a esta casa ducal. É provável que a mãe de
Filipa Moniz fosse uma das damas da Duquesa, Dona Brites.
O seu tio Diogo Gil
Moniz, como dissemos, tinha o cargo de maior
importância no ducado de Beja. A sua familiar - Isabel de Sousa era
dama de
confiança da Duquesa Dona Brites.
A casa do Ducado de Beja e de
Viseu era o ambiente dentro do qual Filipa e a sua familia se moviam, e a que
Colombo e o seu filho Diego Moniz Colón continuaram ligado em Espanha.
Comendadora do Convento de Santos da Ordem de Santiago de Espada
Nesta altura, o comendador-mór
da Ordem de Santiago era primo de Filipa Moniz Perestrelo. Trata-se de Pedro de Noronha ( 1 ), alcaide-mor de Óbidos, mordomo-mor de
el-Rei D. João II de Portugal, de quem foi embaixador de obediência a Inocêncio
VIII em 1485. Era casado com D. Catarina de Távora, filha de Martim de Távora
que foi reposteiro-mor de D. Afonso V de Portugal e de D. Brites de Ataíde ( 2 ).
Recorde-se que foi este seu primo que defendeu Cristovão Colombo quando este apresentou na Corte Portuguesa a sua
ideia de atingir a India navegando para Ocidente.
Estas
importantes relações
familiares permitiram-lhe entrar, a 4/1/1465, para o célebre Convento
de Santos que pertencia às comendadeiras da Ordem de Santiago de Espada, onde desfrutou desde logo de uma elevada posição.
Filipa tornou-se numa das 12
comendadoras do Convento, um facto recentemente provado, através de um
documentação encontrada na Torre do Tombo(16). O convento era governado na época
por Beatriz de Meneses (1448-1484) (13).
Os reis da dinastia de Aviz,
desde o inicio, andaram amantizados com comendadoras deste convento:
- D. João I, amantizou-se
com Inês Pires Esteves (14), que governou o convento entre 4/10/1391 e 2/4/1447.
Desta relação nasceu D. Afonso, o primeiro Duque de Bragança.
- D. João II,
amantizou-se com Ana Mendonça (15), que governou o convento entre 16/4/1508 e
1550. Desta relação nasceu o seu filho bastardo D. Jorge de Lencastre, futuro mestre da
futuro Mestre da Ordem de Santiago e de Aviz e que o rei procurou fazer seu herdeiro (6).
Ana Mendonça terá entrado para o
convento, por volta de 1487, quando a sua tia - Violante Nogueira - era a
comendadeira que o governava (3/01/1487-31/1/1508) (12).
O circulo familiar era ainda mais
completo: - Violante Nogueira era sobrinha de Catarina Furtado de Mendonça,
2ª. mulher do pai de Filipa Moniz Perestrelo !
A partir de D. João I, o Convento
de Santos surge assim ligado à
família real, mas também à origem da mais poderosa casa nobre de Portugal.
Casamento e Filhos
Foi neste convento de Lisboa,
actualmente conhecido por Convento de Santos-o-Velho, que Colombo e Filipa
Moniz se conheceram.
O casamento ocorreu, em 1479, na
Igreja de Santiago em Lisboa (24), ano em que Filipa abandona o Convento de Santos. O
casamento foi autorizado pelo rei de Portugal, então mestre da Ordem de
Santiago, e só foi possível
porque o noivo era nobre (25). No século XV, não
há registo de um casamento entre uma figura da alta nobreza e um plebeu em
Portugal. Em toda a Europa a situação era também impensável.
A outra possibilidade era Filipa
ser apenas amante de Colombo, mas neste caso a união permanente entre um plebeu
e uma nobre seria ainda mais impensável. O certo é que desta união nasceram pelo menos
dois filhos,
como o próprio afirma repetidamente.
Apenas conhecemos o nome de um
dos seus filhos: Diego
Colon, segundo Almirante
e Vice-Rei das Indias espanholas.
Do segundo filho (a) português(a) de Colombo
e Filipa Moniz, conhecemos o nome de
uma filha - Ana Moniz - referida como
"Doña Ana" (cfr. Juan Gil).
Nada sabemos sobre ele (a).
Diego Colón refere-se-lhe como sendo sua
"sobrinha". Vivia em Sevilha,
na Casa de Colombo-Violante Moniz na primeira
metade do século XVI.
Separação
A "fuga" de Colombo
para Castela, em Janeiro de 1485 (?), deixou Filipa sozinha com pelo menos um
filho (a). Em 1488, D. João II, alude na carta que lhe escreve a um qualquer
problema judicial pendente, e dá-lhe apesar disso autorização para entrar em
Portugal.
O que se passou entre Colombo e
Filipa não sabemos, mas a verdade é que a mesma voltou a professar no Convento
de Santos, onde entrou a 16 de Setembro de 1490. Este facto coincide com a
mudança do Convento para um novo edifício, em outro local de Lisboa. A
mudança, por ordem de D. João II, ocorrera precisamente 11 dias antes
(17). A governanta do Convento era agora, uma sua parente - Violante
Nogueira.
Não deixa de ser intrigante que
o nome de Filipa Moniz, na documentação do Convento, tenha sido reduzido a uma
simples indicação - "D. Filipa".
Esta entrada para o convento,
coincide com um momento de particular envolvimento de Colombo no seu logro em
Castela. Filipa ficava assim protegida e afastada das acções que o seu marido
andava a realizar.
Este facto revela que Colombo pertencia à
Ordem de Santiago, pois em princípio as mulheres casadas só podia nele
ingressar deste que os maridos fosse cavaleiros na Ordem. D. João II, teria que
ser informado de tudo o que se passava, enquanto mestre da Ordem.
Encontro em Vale Paraíso ?
Colombo quando chegou à
Europa vindo das Indias (América), encontrou-se em Março de 1493 com D. João
II em Vale Paraíso, num pequeno convento pertencente às Comendadeiras de
Santos.
Pela documentação que possuímos, sabemos que Filipa Moniz
era ainda viva nesta altura. Terá sido esta uma forma de se encontrarem se
levantarem suspeitas à Corte Castelhana ?
Tudo leva a crer que o encontro
foi planeado por D. João II:
- Martinho
de Noronha, parente de
Colombo, foi encarregado para no dia 8 de Março de 1493, o levar a Vale Paraiso,
e depois o acompanhar no seu regresso.
- Diogo
Fernandes de Almeida,
nomeado em Julho (?) de 1491, prior do Crato, por morte de Vasco de
Ataíde. (21). Colombo menciona que o seu alojamento ficou a cargo do
Prior do Crato, de quem recebeu muitas honras, sem no entanto mencionar o seu
nome. O prior era irmão do 1ª. Vice-rei da India - Francisco de
Almeida- , que tinha uma
relação muito intima com Colombo, e que o irá homenagear no Oriente em 1506.
- Pedro
de Noronha e Menezes,
1º. Marques de Vila Real, parente de Colombo, esteva presente (11/3/1493), no Convento de
Santo António em V. Franca de Xira, quando este foi visitar a Rainha Dona
Leonor.
O percurso entre o Restelo
(Lisboa) e Vale Paraíso, e depois o regresso a Lisboa, é bem elucidativo desta
cumplicidade. Mais
Convento do Carmo
Filipa Moniz terá
falecido a 29/07/1497, sendo sepultada na Capela da Piedade, no Convento do Carmo, em
Lisboa.
É curioso constatar que nesta altura, Colombo andava vestido de frade
franciscano, passando a ficar obcecado com o herança do seu filho Diego Colon.
O Convento do Carmo foi fundado, em
1389, por D. Nuno Alvares Pereira (1360-1431), onde também se encontra sepultado. Era o terceiro edifício religioso mais importante da cidade de Lisboa, depois
da Sé e do Convento de S. Francisco.
a) Capela da Piedade.
A Capela da Senhora do Pranto ou da
Piedade foi doado pelo Condestável, a Gil Ayres de Moniz ( ?- 1437) seu
escrivão da puridade, passando a partir de 1460 a funcionar como o panteão
privado deste ramo da Família Moniz (10).
Gil Ayres de Moniz era casado com
Leonor Rodrigues, da qual teve vários filhos:
- Guiomar Gil de Moniz
(casada com Lopo Dias de Lemos);
- Rui Gil Moniz
(Tesoureiro da Moeda de Lisboa, no tempo de D. Afonso V);
-Leonor Moniz
(casada com Fernão de Sousa);
- Vasco Gil Moniz (fidalgo
da Casa Real de D. Afonso V, casado em 2ºas núpcias com Dona Leonor de Lusignan
(Eléonor de Lusignan, viúva de Soffredo Crispo)
da linhagem dos reis de Chipre. O seu filho foi o célebre Febo Moniz, Mestre
de Sala de D. Manuel I, em 1498, quando este foi jurado rei de Castela em
Toledo, na presença de Colombo.
- Diogo Gil Moniz (?
-c.1514) serviu
também D. Nuno Alvares Pereira. Foi alferes da sua bandeira. Desbaratou o
mestre de Santiago e seu familiar - D. Pedro Moniz -, quando este tomou o
partido de Castela. Entre outros cargos foi cavaleiro do Infante D. Henrique, de
quem recebeu em 1449 os bens de João e Pedro de Azambuja, confiscado na
sequência da batalha da Alfarrobeira. Casou-se com Leonor da Silva, filha
de Rui Gomes da Silva, 1º. Senhor da Chamusca e Ulme e de Branca de
Almeida, irmã do Conde de Abrantes. Foi o fundador do Capela de Santa Iria em
Tomar. Deste casamento nasceu Francisca da Silva, que se casou com Sancho de
Noronha, 3º. Conde de Odemira.
- Isabel Moniz, mãe de
Filipa Moniz Perestrelo, esposa de Cristovão Colombo.
- Filipa Moniz Perestrelo
Todas estas e outras ilustres
personagens desta família foram sepultadas nesta capela que era a 1ª. capela
da epistola, no no lado direito da Igreja. Em 1490 constituiu-se uma irmandade
para promover e cuidar do culto desta virgem, cujo dia era a 8 de
Setembro.
Este
facto parece demonstrar que a linhagem familiar que foi privilegiada foi o ramo
dos monizes e não a dos perestrelo.
b) Capela de S. João
- Pedro Correia da Cunha
(1440-1499), 2º.
Capitão de Porto Santo. Foi capitão da Graciosa (Açores) e um dos 25
guarda-costas do rei D. João II. Estava na Andaluzia quando para lá se dirigiu
Colombo. Foi casado com Izeu Perestrelo de Mendonça, filha de
Bartolomeu Perestrelo I e de Catarina de Mendonça.
Era o protector desta capela, e nela se encontra
sepultado com a sua mulher.
Recorde-se que segundo o próprio
Colombo, Pedro Correia foi quem lhe forneceu as provas da existência de terras
a Ocidente.
A familia de Colombo manteve uma
enorme ligação a este convento, e alguns dos seus membros tiveram nele
importantes cargos.
Cristovão Moniz
Este bispo andava entre Lisboa e
Sevilha, em contactos e negócios que ainda não estão deslindados.
Diogo Colón, filho de
Cristovão Colombo, era com irmão do bispo de anel Frei Cristovão Moniz,
carmelita (21). A documentação existente não deixa margem para dúvidas.
A biografia de Cristovão
Moniz ( ? - 20/11/1531), continua envolta num mistério.
Nasceu em Lisboa. Professou no convento da Vila de Moura. Foi prior do
Convento do Carmo, em Lisboa desde 1510, e provincial em 1522.
Diego Colon Moniz Perestrelo, vice-rei das Indias,
em 1518 deu-lhe um avultado empréstimo - 100 castelhanos em ouro. Em 1522,
fê-lo seu representante legal. Deixou também uma importante tença ao mosteiro do Carmo.
Severim de Faria (ou Farim),
segundo Anselmo Brancamp Freire (Brasões....), transcreveu partes do Testamento
de Cristovão Moniz, no seu manuscrito "Tôrre do Tombo", fl. 452, na Biblioteca
Nacional, onde entre outras coisas se diz:
" e porque a visRainha das
Antilhas Dona Maria de Toledo filha do Dom Fernando de Toledo irmão do Duque de
Dalva lhe deve (ao testador) obra de 700 libras de huma tença que tinha do seu
marido (D. Diogo de Colón) que hera primo com irmão de`elle bispo se descontem
etc".
Cristovão
Moniz, em 1523, estava em Sevilha a fazer negócios com Diego Mendez Segura. D. Diego
Colón contemplou-o, neste
ano, no seu Testamento.
Em 1523 foi nomeado bispo-coadjutor em Évora do
cardeal-Infante D. Afonso de Avis e Trastâmara (1509-1540). Recebeu o título de bispo de Reona (uma
antiga diocese, na altura já inexistente) pela
bula de 16/3/1524 (22).
D. Afonso, como é sabido, era filho de D. Manuel I
e de Maria de Aragão, era irmão de D. João III, dos infantes D. Fernando, duque da
Guarda, D. Luis, duque de Beja e de D. Henrique, cardeal e rei. Era irmão também
de Dona Isabel, esposa de Carlos V e de Dona Beatriz, Duquesa de Saboia.
D. Afonso foi bispo da Guarda (1516-19), que
trocou pelo governo do mosteiro de Alcobaça, cardeal (1517), bispo de Viseu
(1519) , bispo de Évora (1523-1540) e arcebispo de Lisboa (1523-1540).
Frei Cristovão Moniz, que andava em
negócios entre Lisboa e Sevilha, tinha em Portugal acesso às mais elevados
figuras do reino.
Fez testamento a 23/3/1531,
estando ao serviço do cardeal em Alcaria Ruiva (concelho de Mértola, Alentejo),
domínio da Ordem de Santiago. Morreu a 20/11/1531, ficando
inicialmente sepultado nesta povoação santiaguista, donde foi trasladado em fins
de 1539 para o convento do Carmo em Lisboa, onde ficou sepultado à porta do
claustro.
Anselmo Brancamp Freire assinala
dois enigmas que rodeiam este bispo: o seu brasão e os seus pais. Quanto ao
brasão noutro lugar dele falaremos; sobre os pais, inclina-se para que sejam
Guiomar Teixeira e Bartolomeu Perestrelo, 2º. Capitão da ilha de Porto Santo.
s seu
Fidelidade à Memória da
Esposa
Colombo não voltou a casar-se, teve apenas
uma amante em Espanha de quem teve um filho ilegitimo (Hernando Colón).
("De Espanha nem bom vento nem bom casamento", diz um antigo
provérbio português).
O filho legitimo de ambos - Diego
Colón Moniz Perestrelo - , a 8 de Setembro de 1523, estando na Cidade de São
Domingo, e antes de partir para Sevilha, fez o seu segundo testamento, onde é
muito claro na intenção de vir a reunir toda a sua família num mesmo
panteão, juntando os seus pais - Colombo e Filipa:
«Item
mando -se dice en aquel documento- que cuando Nuestro Señor fuese servido de me
llevar desta presente vida, si en esta Isla Hispaniola muriese, mi cuerpo sea
honradamente depositado en esta dicha ciudad de Santo Domingo, en el monasterio
de Señor San Francisco, e si en otra parte, en lugar donde falleciere, e si no
la hubiese, fágase el dicho depósito en una casa de la dicha orden; e si
acaeciese mi fallecimiento en Sevilla, mando que mi cuerpo sea depositado en el
monasterio de las Cuevas con el cuerpo de mi señor padre, que está allí;
e ruego y mando a mis herederos y albaceas que por amor de Dios, e por que
hallen quien cumpla sus últimas voluntades, tengan cargo e especial cuidado
que, en habiendo aparejo, e estando en estado el monasterio que mando hacer, de
que abajo se hará mención, para poder ser en él sepultado, de hacer llevar e
poner en él el cuerpo del Almirante mi señor padre, que está depositado en el
dicho monasterio de las Cuevas de Sevilla, e traer asimismo allí el cuerpo
de doña Felipa Muñiz, su legítima mujer, que está en el monasterio del
Carmen, en Lisboa, en una capilla que se llama de la Piedad, que es de su linaje
de los Muñices, e traiga asimismo al dicho monasterio el cuerpo del
adelantado don Bartolomé Colón, mi tío, que está depositado en el monasterio
del Señor San Francisco de esta ciudad de Santo Domingo; e encargo y mando a
los herederos del Almirante mi señor e míos, que de nuestra sepultura perpetua
tengan mucho cuidado, pues nuestro Señor tuvo por bien de hacer gracia al
Almirante mi señor que con sus trabajos fuese el primer edificador de estos
bienes y estados que tenemos, aunque indignos ante nuestro Señor; e encargo y
mando a mi sucesor en el mayorazgo que siempre faga decir tres misas continuas, etc.",
El Almirante Virrey Don Diego Colón Se
História das Raízes
Italianas de Colombo
Em Castela, Colombo, resolve
adoptar como suas as raízes italianas da sua esposa. Muitos nobres da época o
faziam, se as famílias das esposas possuíam um estatuto mais elevado. Não se
tratava de qualquer usurpação de identidade, mas do assumir de um dado
condição que se havia adquirido por matrimónio. D. Alvaro de Bragança fará
o mesmo em relação à família da sua esposa - o melos.
Como referimos, o avô de Filipa
era de Piacenza, pertencente ao Ducado de Milão, próximo da Lombardia e da
Ligúria. Nesse sentido, não é de estranhar que muitos
testemunhos do século XVI afirmem que o mesmo era de Piacenza da família
dos Perestrelo, ou em termo mais gerais de Milão, Lombardia ou da
Ligúria.
Tudo aconselhava que Colombo
tivesse adoptado esta identidade, nomeadamente porque muitos dos seus familiares
de Filipa Moniz Perestrelo estavam exilados em Sevilha, e foi para lá que ele
se fixou.
Os irmãos de Colombo, Bartolomeu
e Diego, usaram também o apelido Melo, da avô de Filipa Moniz
Perestrelo.
A confusão em que ainda hoje os
historiadores estão mergulhados decorre desta adopção de Colombo, da origem
italiana do avô de Filipa, e dos irmãos deste do apelido Melo da sua avó.
Carlos Fontes
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