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Colombo, cavaleiro da Ordem de Santiago
?
A
Ordem de Santiago e a Ordem de Aviz tem um lugar central na vida
de Colombo. Ambas entre 1473 e 1491 eram governadas por D. João II,
primeiro como príncipe e depois como rei.
D. João II era grão-mestre de
Santiago favoreceu os seus navegadores. Diversos
parentes de Filipa Moniz Perestrelo pertenciam a esta Ordem Militar. Estas
ligações eram tudo menos meras coincidências.
Os
cavaleiros da Ordem de Santiago, embora se pudessem casar, tinham que
cumprir diariamente um conjunto rituais religiosos idênticos aos dos frades
cavaleiros desta ordem militar. Uma
das coisas que mais impressionavam as pessoas que conviveram com Colombo era o
extremo rigor que colocava nas suas orações diárias.
Era um cavaleiro extremamente rigoroso.
Aparição
da Virgem a um Mestre da Ordem de Santiago
(
1520 d.C.- 1530 d.C. ). Pintor Desconhecido.
Neste
pintura aparece Paio Peres Correia, mestre da Ordem de Santiago,
eleito em 1243, e que se destacou na conquista do Algarve e na guerra contra os
mouros na Andaluzia ao serviço da Coroa de Castela. Trata-se de uma das doze
pinturas que existiam no Castelo de Palmela, das quais restam apenas 8
que se encontram no Museu Nacional de Arte Antiga em Lisboa.
A
a
) Ordem de Santiago de Espada em Portugal
Com as primeiras cruzadas, começaram
a surgir ordens militares, com o objectivo de combaterem os muçulmanos, e
prestarem assistência aos peregrinos que se dirigiam aos santos sepulcros, na
Palestina, como a
Ordem dos Pobres Cavaleiros de Cristo e do Templo de Salomão
(1096) e a Ordem dos Cavaleiros Teutónicos de Santa Maria de Jerusalém
(1192).
Na Península Ibérica, ligadas à
guerra de reconquista e de protecção dos peregrinos que se dirigiam a Santiago
de Compostela, surgiram também algumas ordens militares: Ordem de São João do
Pereiro (1156), depois denominada Ordem de Alcantara; Ordem de Calatrava
(1150), da qual irá surgir a Ordem de Sant`Iago da Espada/Espadatários
(1170) (12).
Durante o reinado de D. Afonso Henriques,
em 1172, esta ordem militar, instalou-se em Portugal, sendo-lhes dado Arruda dos
Vinhos (1172) e um edifício na zona de Santos em Lisboa (1177). Ao contrário dos
freires das outras ordens militares, os espadatários, podiam ser já casados ou
contrair matrimónio, com excepção dos que estavam consagrados ao exercício do
culto divino (14).
Os espadatários, como eram conhecidos,
desempenharam um acção de grande relevo nas reconquistas a sul do Tejo, em particular no Baixo Alentejo e
Algarve, onde tinham concentrados os seus domínios (13).
Após a conquista do Algarve, em
1249, esta ordem militar perdeu o seu grande objectivo inicial - a reconquista
-, mas manteve-se o ideal de Cruzada, a libertação de Jerusalém dos muçulmanos.
Ser cavaleiro de uma Ordem Militar
como a de Santiago, era algo que só a nobreza podia aspirar, permitindo-lhe ter
acesso a cargos e importantes rendimentos de comendas.
A sua sede estava em Castela (Uclés), mas a partir do século XIII o ramo
português autonomizou-se, o que gerou inúmeros conflitos com Castela.
Depois de Arruda do Vinhos, a sede da ordem em Portugal passou para Santos em
Lisboa, onde se erigiu um convento para as esposas e familiares dos cavaleiros.
Seguiu-se Palmela, Alcácer do Sal (1218 -1245), Mértola, Alcácer do Sal e por
fim Palmela (1482).
O primeiro mestre português foi Paio Peres Correia (1205-1275), entre 1235-1242
governou o ramo nacional, e entre 1243 e 1275 toda a Ordem na Península
Ibérica. A partir de D. João I, os mestres da Ordem em Portugal passaram a ser
nomeados pelo rei. O primeiro mestre a sê-lo nestas condições foi Mem Rodrigues
de Vasconcelos (1385-1415), seguindo-se o Infante D. João (1416-1442), e o filho
deste D. Diogo (1442-1443). Sucedeu-lhe, em 1444, o Infante D. Fernando, por
vontade do Regente D. Pedro, que na mesma altura o nomeou também condestável de
Portugal.
Santiago Mata Mouros
A Ordem de Santiago em Portugal
nunca deu uma grande importância à missão de proteger os peregrinos que se dirigiam
a Santiago de Compostela (Galiza), o seu principal objectivo era a guerra, cada
vez mais global, contra os muçulmanos.
Nos vastos domínios da Ordem de
Santiago no Algarve e Alentejo foram construídas um vasto número de igrejas,
ermidas, hospitais e albergues e confrarias
dedicadas a este santo, mas nunca constituíram verdadeiros "caminhos de peregrinação" para
Santiago de Compostela (16). O "foco" das "peregrinações" era quase sempre
outro.
O único "caminho português" que existiu situava-se dentro dos limites do antigo
Condado de
Portucalense, e raramente ultrapassou o sul de Coimbra (17). A partir
do século XII, os arcebispos de Braga e os bispos do Porto aproveitaram o culto
do apóstolo para sobrecarregarem os camponeses com uma nova contribuição: - os
"votos" que eram devidos por "tradição" ao apóstolo que os "protegia" (24)
Apesar
disso, temos vários relatos de "peregrinações" a Compostela de reis e nobres
portugueses, mas sobretudo de estrangeiros que vinham vinham a Lisboa e
aproveitavam para se deslocar à Galiza, algo que ainda continua a acontecer
(20).
O culto do apóstolo Santiago foi
uma invenção cristã no contexto da guerra contra os muçulmanos, que
se desencadeou após estes terem invadido, em 711, a Península Ibérica. O
apóstolo que morreu em Jerusalém, no ano 44, nunca aqui esteve. O que não
impediu que os cristãos viessem a afirmar que os seus restos mortais tenham sido
para aqui trazidos por mar. Entre 812 e 820, numa suposto ato milagroso,
foi descoberto o seu túmulo na Galiza. A poderosa Ordem de Cluny promoveu e
organizou por toda a Europa cristã peregrinações ao alegado
túmulo do apóstolo.
A invenção seguinte foi associar o
santo à guerra contra os muçulmanos. A História Silense é a primeira a
difundir a imagem do santo guerreiro, ao dizer que foi graças à sua intervenção
que Fernando I de Leão conquistou aos mouros, em 1064, a cidade de Coimbra
(Portugal). Num outro documento falso posterior - Privilegio de los Votos
-, afirma-se que São Tiago, montado num cavalo branco e de espada na mão,
participou na batalha de Clavijo (844) contra as
tropas muçulmanas de Abd al-Rahmán II. A iconografia do santo guerreiro não
tardou a ser criada e difundida como matamouros (23).
Em Portugal, nos domínios da Ordem de Santiago, ignorou-se
quase sempre a imagem do "apóstolo" ou do
"peregrino". O que quase sempre era evocado era o "Santiago
Mata Mouros", o santo patrono da reconquista cristã da Península
Ibérica. A matança do mouros (moros) era desta forma legitimada por Deus,
através Santiago. Se depois de 1385, os portugueses nas
guerras com Castela deixam de gritar por Santiago e o fazem por S. Jorge, na
guerra contra os muçulmanos continuam a evocar Santiago... Mata Mouros !
Depois da reconquista de Algarve, os
cavaleiros portugueses da Ordem continuaram fora de Portugal a guerra contra os
muçulmanos, participando na conquista de Ceuta (1415) e de outras praças no
Norte de África, combateram na conquista da Andaluzia e do Reino de Granada
(1492), e abriram uma nova frente de guerra aos muçulmanos no Oriente.
Os espanhóis na América criam o culto do "Santiago mataindios" (Santiago
Mata Indios) (22), ao que estes respondem criando o culto do "Santiago
mataespanhois".
Algumas das igrejas de Santiago, em
Portugal onde
ainda subsistem imagens de "Santiago Matamouros": Lisboa (séc. XIII), Almada (séc. XIII),
Alcácer do Sal, Santiago do Cacém, Rosário (Almodóvar), Castro Verde, Faro
de Alentejo (Cuba), Tavira (1270), Samora Correia, etc. Fora dos domínios da
Ordem: Santiago dos Velhos (Bucelas), Santiago de Litém (Pombal, Leiria),
Castelo Rodrigo, Santiago de Chamoim (Terras de Bouro), etc.
Outras igrejas da Ordem, dedicadas
ao santo,
mas onde não restam elementos iconográficos de Santiago Mata Mouros: Palmela (1443), Sesimbra (1533),
Beja, Entradas (Castro Verde), Milfontes, Estombar (15), Mértola, Monsaraz (sec.XIII),
Montemor-o-Novo, etc. Outras igrejas de Santiago fora dos domínios da Ordem:
Évora, Portalegre, Óbidos, Coimbra,
A partir do final do século XIV, na
região de Lisboa e na margem sul do Tejo, os santuários marianos
rivalizam com o bélico Santiago de Compostela:
Nossa Senhora de Guadalupe
(Guadalupe), Nossa Senhora da
Cinta (Alcácer do Sal) e Nossa Senhora das Virtudes (Azambuja, perto de Vale do Paraíso).
de
Colombo ignora completamente
Santiago de Compostela, e as peregrinações a este santuário, o que lhe interessa é
simplesmente a guerra contra os infiéis (muçulmanos e judeus). Em relação a peregrinações
refere apenas locais de culto mariano, como Nª. Srª. Guadalupe, Nª. Srª. da Cinta, Nª. Srª. do Loreto e pouco mais.
Mais
Infante D.
Fernando
O período em que
D. Fernando foi mestre (1444-1470), caracterizou-se
pela re-introdução de um novo espírito de cruzada contra os
infiéis (muçulmanos ) e por enormes campanhas de obras, em Alcácer do Sal,
mas sobretudo em Palmela. Foi neste período que se consumou a separação da Ordem Portuguesa
da Castelhana (1452).
D.
Fernando herdou, em 1460, do seu tio o Infante D. Henrique, o mestrado da
Ordem de Cristo, para além do Ducado de Viseu, entre muitas outras
fontes de rendimento.
Após
a morte do mesmo, em Setúbal, sucedeu-lhe o seu filho primogénito D. João
(1470-1473). Dada o facto de ser menor, o governo da Ordem foi assegurado pela
sua mãe Brites de Lencastre, viúva do Infante D. Fernando.
D.
João faleceu prematuramente, em Janeiro de 1473. O rei D. Afonso V, autorizou
que D. Diogo, outro filho de D. Fernando, herdasse os títulos do
pai (Duque de Beja e de Viseu), o mestrado da Ordem de Cristo, mas não o
mestrado da Ordem de Santiago, que foi entregue ao Principe D. João, seu filho
e futuro rei.
Dada
a menoridade de D. Diogo, a Ordem de Cristo, entre 1470 e 1483 foi administrada
por Dona Brites de Lencastre.
Mais
D.
João II
D.
João ainda era príncipe quando foi, em 1473, eleito mestre da Ordem de
Santiago, sendo igualmente governador da Ordem de Aviz.
- Divergências ?
Dentro das Ordens de Santiago e
Avis, à semelhança do que acontecia na sociedade portuguesa no tempo, a partir
do inicio do reinado de D. João II (1481), foram-se definindo duas tendências:
uma que continuava a apostar numa política cruzadistica, a outra que estava
claramente apostada no comércio.
D. João II era defensor de uma
política cruzadística, caracterizada pela guerra aberta contra os
muçulmanos, ocupação de territórios do inimigo, construção de fortalezas (S.
Jorge da Mina-Gana, Graciosa- Marrocos, etc), domínio exclusivo dos mares ("Mar
Fechado"), etc. Esta política levantou fortes tensões dentro da própria
ordem de santiago, porque nem todos os cavaleiros concordariam com mesma, o que
poderá explicar a participação de alguns nas conspirações de
1483 e1484.
Esta tendência cruzadística não
desapareceu com morte do rei, antes se reforçou com o novo monarca. Durante o
reinado de D. Manuel I (1496-1521), três cavaleiros de Santiago irão corporizar
na India as duas tendências politicas que assinalamos: De um lado, destaca-se
Vasco da Gama e Francisco de Almeida, defensores de uma política
centrada na valorização da dimensão comercial das descobertas, do outro,
Afonso de Albuquerque, defensor de uma política imperial, cujo objectivo era
a guerra contra o Islão, a conquista de Meca e a reconstrução de Jerusalém (9) .
D. João II exerceu o cargo de mestre até
o inicio de 1491, quando o transferiu para o seu filho D. Afonso.
Após a súbita morte deste, em 13/71491, com a colaboração do cardeal Jorge
da Costa, entrega o mestrado da ordem de Santiago e da Ordem de Aviz ao seu filho bastardo
- Jorge de Lencastre (29/12/1491 ), ainda uma criança.
A cerimónia de consagração ocorreu, a 12/4/1492, no Convento de S. Domingos, em Lisboa, onde
Marchione se fará sepultar anos depois (2).
D. João II entre 1473 e 1491 introduzido profundas alterações
nestas ordens militares.
-
Estatutos
Um das mudanças mais significativas ocorreu em 1484, quando mandou compilar o
chamado "Livro dos Copos" (actualmente na Torre do Tombo), onde se
fixam para as gerações futuras os estatutos e as regras da Ordem. Aos
cavaleiros é reafirmada a obrigação de cumprirem os votos de castidade,
pobreza e obediência ao mestre.
-
Sede
A
sede da Ordem que desde o séculos XIII estava localizada em Alcácer do Sal,
passou com D. João II para o Castelo de Palmela (1482).
O
Convento de Santos, destinado às comendadeiras da Ordem muda-se, em 1490,
para outro
local da cidade de Lisboa, entre o Mosteiro de Santa Clara e o da Madre de Deus.
Navegações
A nova localização da sede no Castelo de Palmela
simbolizava a nova
vocação da Ordem: as explorações e a expansão do cristianismo além mar. Palmela
fica entre o rio Tejo e o rio Sado, numa
posição sobranceira ao porto de Setúbal e ao Oceano Atlântico,
junto à Serra da Arrábida.
A
Ordem ao longo de todo o século XV e princípios do XVI, demonstra um enorme poder económico.
O seu prestígio é enorme. D. Manuel I, em 1496, foi aclamado rei em
Alcácer do Sal e foi lá que
se casou com uma filha dos reis de Espanha.
Durante o reinado de D. João II e
inicio do reinado de D. Manuel I, a maioria dos grandes navegadores
portugueses, como Vasco da Gama ou Pedro Alvares Cabral, eram
membros desta Ordem Militar. Aqui estava a elite dos navegadores portugueses.
Conspiração de 1484
A conspiração encabeçada, em 1484,
por D. Diogo, mestre da Ordem de Cristo, envolveu vários cavaleiros da Ordem de
Santiago e da Ordem de Aviz, D. João II era o mestre de ambas. Pelo menos um foi morto, outros fugiram para Castela e outros ainda
foram banidos da Ordem, sem que ainda se seja possível identificá-los (8).
Estando D. João II, em Agosto de
1484, no Castelo de Alcácer do Sal, antiga sede da Ordem de Santiago, foi informado que um
grupo de conspiradores o pretendia matar quando chegasse de barco a Setúbal. O
rei regressou por terra e matou com as próprias mãos o cunhado que o pretendia
assassinar.
Na sequência desta conspiração foi
preso Guterre
Coutinho, senhor de Sesimbra, comendador da Ordem de Santiago.
Condenado à morte, foi perdoado pelo rei, mas acabou por morrer preso no Castelo
de Avis. No Castelo de Palmela,
sede da Ordem de Santiago, foi preso e morto
Garcia Meneses,
Bispo de Évora, um dos conjurados.
Entre os membros da Ordem que
fugiram para Castela, em 1484, destaca-se D. Francisco de Almeida, que se fixou e,
quando o atribuiu ao seu filho ilegitimo D. Jorge de Lencastre, ainda uma
criança, que igualmente foi eleito mestre da Ordem de Aviz.
D. Francisco de Almeida e Cristovão
Colombo
O percurso de vida destes dois
homens, possivelmente amigos, é em tudo idêntico. Surpreenda-se !
Francisco de Almeida era cavaleiro
da Ordem de Santiago. Colombo se casou-se com uma comendadeira da Ordem de
Santiago.
As esposas de ambos tinham um mesmo
avô - Vasco Martim Moniz - sendo por essa razão parentes.
Mais
Ambos fugiram para Castela, em 1484,
na sequência da conspiração contra D. João II, chefiada por D. Diogo, Duque de
Beja-Viseu, e mestre da Ordem de Cristo.
Mais
Francisco de Almeida na conspiração
actuou como intermediário entre os conspiradores em Portugal e os que
exilados em Castela (18), como Alvaro de
Bragança. Colombo foi protegido em Castela por este nobre português, com
o filho do qual se veio a casar a sua neta.
Ambos fixaram-se na mesma cidade:
Sevilha.
Francisco de Almeida até 1492 andou
na guerra de Granada, só regressado a Portugal após a sua conquista (2/1/1492),
mais precisamente entre 26 de Setembro e 18 de Outubro de 1492.
Colombo, recorde-se entre 1484 e 1492, andou durante este período a tentar convencer os reis católicos a
apoiarem a sua viagem às Indias. Quando um partiu de regresso a Portugal, o
outro (Colombo) já havia partido (3/8/1492) e chegado às Antilhas (12/10/1492).
Dir-se-ia que foi esta a última missão Francisco de Almeida em Castela: - enviar
Colombo para as Antilhas !.
Ambos voltaram-se a encontrar em
Março de 1493 quando Colombo regressou da sua primeira à América. No
célebre encontro que teve lugar em Vale do Paraíso, estavam presentes, entre
outros, D. João II, Colombo, Francisco de Almeida e o seu irmão Prior do Crato.
Ambos estiveram envolvidos na manobra
que que conduziu os espanhóis à assinatura do Tratado de Tordesilhas
(1494), que os afastou das costas de África e do caminho para a
India através do Cabo da Boa Esperança.
Colombo foi o primeiro vice-rei das
Indias (espanholas), Francisco de Almeida, o primeiro vice-rei da India
(portuguesa). Um morreu em Valladolid (1506), ou outro no Cabo da Boa
Esperança (1510).
Não deixa de ser
significativo que dois dos filhos de Alvaro de Bragança se tenham
casado, um com a filha de Francisco de Almeida e o outro com a neta de
Colombo. Coincidências?
Homenagem a Colombo
Colombo
faleceu, em 1506, mas parece que os cavaleiros portugueses de Ordem de Santiago não o
esqueceram.
D. Lourenço de Almeida, filho
e acompanhante de
D.
Francisco de Almeida
deu, em 1506 , o nome de Colombo a um pequeno porto na ilha de
Ceilão (actual capital do Sri Lanka) (10), numa clara homenagem a este
navegador.
Foi no entanto o terceiro vice-rei
da India - Lopo Soares de Albergaria (Alvarenga) - que, em 1518,
mandou erguer em Colombo uma importante fortaleza-feitoria portuguesa, a
que deu o nome de Nossa Senhora das Virtudes. A fortaleza foi tomada pelos
holandeses a 12/5/1656, numa altura que Portugal concentrava as suas forças
militares na defensa do Brasil e de Angola, e sustentava uma longa guerra com a
Espanha (1640-1668).
Não deixa de ser significativo que
na Ásia, no início do século XVI,
os portugueses tenham chamado Quilon, Colon, Cólan, Colão,
Coluna, Kolonna, Columbo e Colombo a portos, cabos e
povoações nas costas do Malabar (India) e Ceilão (3 ), um facto que até agora nunca tinha sido
assinalado.
|
B
)
Familiares
Santiaguistas
Familiares
da esposa de Colombo - Filipa Moniz Perestrelo
-, incluindo a própria estavam
ligados a esta Ordem Militar. Alguns exemplos: -
Bartolomeu Perestrelo I
(1396-1457), pai de Filipa Moniz
Perestrelo -
Pedro Correia da Cunha
(1440-1499), casado com a
sua irmã Izeu Perestrelo de Mendonça. Era descendente do mítico mestre
da ordem - D. Paio Peres Correia. Foi para Castela antes de Colombo e foi ele
lhe terá fornecido as provas da existência de terras a Ocidente. -
Pedro de Noronha,
sobrinho de Filipa Moniz. Comendador da Ordem de Santiago e Mordomo-mor de D. João II. -
Cristovão Moniz
( ? - 20/11/1531), tio (? ) de Diogo Colon. Era bispo de Reona (cidade
inexistente), prior do Convento do Carmo e provincial da mesma Ordem. Morreu em
Alcaidaria Ruiva (concelho de Mértola, Alentejo), que fazia parte dos domínios
da Ordem de Santiago. Embora
continuemos longe de saber qual foi o envolvimento desta Ordem Militar na
missão de Colombo em Espanha, uma coisa estamos certos é que foi tudo menos
ocasional. Comendadeira de Santos Filipa
era uma das 12 comendadeiras do Convento de Santos em Lisboa, pertencente à
Ordem de Santiago. Terá entrado no Convento a Janeiro de 1465 e saído e
Janeiro de 1479. A
saída de Colombo para Castela provocou uma separação deste casal. D. João II
autorizou expressamente Colombo a vir a Portugal, em 1488, onde terão combinado
a sua nova separação. Filipa
voltou a ingressar no Convento em Setembro de 1490. Em Março 1493, D. João II
terá proporcionado um novo encontro entre eles, em Vale do Paraiso, propriedade
das comendadeiras de Santos. Filipa faleceu em Julho de 1497. A
documentação que hoje nos permite reconstituir estes episódios, foi
recentemente descoberta no ambito de uma investigação académica.
Mais
D
) Missão da Ordem em Espanha ?
Vários
cavaleiros da ordem parecem envolvidos na missão de Colombo, desde a primeira
hora:
-
Missão Junto do
Papa. Pedro
de Noronha, em Junho de 1485, chefiou a embaixada ao papa. Terá ficado alojado em Sevilha na casa da
marquesa de Montemor-o-Novo.
O que sabemos com
segurança é que na Oração de Obediência, realizada durante a mesma,
é afirmado que Portugal estava a dias de alcançar o "Golfo
Pérsico". Alguns historiadores afirmam que se tratou de um equivoco
de D. João II. O navegador Diogo Cão terá convencido o rei que
havia chegado à costa oriental de África, mas na realidade não passara de
Benguela (Angola).
Foi este
acontecimento que teria levada Colombo a dirigir-se para Espanha, para propor a
sua viagem às Indias navegando para Ocidente.
-
1492. No
ano crucial de 1492, Duarte Galvão, cavaleiro da Ordem de Santiago,
estava em Espanha, integrado no grupo dos exilados portugueses. Consta da lista
dos portugueses financiados pelos reis espanhóis.
Após
Colombo ter regressado da sua 1ª. Viagem e partido para a segunda, Duarte
Galvão regressa a Portugal, onde recebe uma importante tença. Durante o
reinado de D.Manuel I torna-se no principal ideólogo da missão divina dos
descobrimentos portugueses. O
que estava a fazer em Espanha no ano de 1492 ? É um verdadeiro mistério.
E
) Alcácer do Sal Colombo
deve ter tido uma ligação muito especial como Alcácer do Sal, sede da Ordem
de Santiago. Os estudos realizados por Teresa Pereira sobre esta vila Alentejana
revelaram que no século XV que a comunidade judaica era aqui enorme, tendo-se
"convertido" depois ao cristianismo. A mais ilustre personagem aqui
nascida - Pedro Nunes (1502-1578) -, tem uma história muito similar à
de Colombo. Apesar de ter vivido na Corte, e ocupar a importantíssima cátedra
de matemática na Universidade de Coimbra, o seu passado foi ocultado. Sabemos
tudo sobre a sua mulher, filhos e netos (acusados de judaísmo pela
Inquisição), mas nada sabemos sobre a sua família. Alvaro
de Bragança
O
principal protector de Colombo em Castela/Espanha, possuía pelo menos desde
1482, todos os direitos e rendas das judiarias de Alcácer do Sal, um facto que se reveste da maior importância dadas as profundas ligações
entre estes dois homens.
Mais
Santa Maria da Cinta
(Alcácer do Sal - Huelva) Colombo
no dia 3 de Março de 1493, no regresso da 1ª. viagem, no meio de uma
tempestade, jura que no caso de se salvar que iria em peregrinação a
Santa Maria da Cinta. Las Casas que compilou o seu Diário, onde aparece esta
referência, afirma que se trata de um santuário em Huelva. A
verdade é que na sede da Ordem de Santiago, em Alcácer do Sal, na Igreja de Santa Maria
dos Mártires, existia no século XV uma imagem de
grande devoção, chamada de Santa Maria da Cinta, com uma iconografia
que corresponde sem qualquer dúvida a este nome. A imagem datada do século
XIV ou princípios do século XV ainda existe e está na mesma Igreja. A
iconografia é muito simples: uma virgem, com um menino num braço e no outro
uma pomba (Colombus, em latim). Ao seus pés surge um frade cavaleiro da
Ordem de Santiago. Em
Huelva, o santuário que aí existe dedicado á mesma virgem, possui uma imagem muito posterior, com uma iconografia sem qualquer relação com Nª. Srª.
da Cinta.
A explicação para este culto em
Huelva está numa inscrição em português no antigo retábulo do Santuário,
revelando inclusive o nome do português que a mandou fazer: Fernando Pinto,
o provável proprietário da caravela "Pinta".
Las Casas na compilação do
Diário de Bordo de Colombo, procurou intencionalmente ligar a evocação que
Colombo fez à virgem a Huelva. No entanto esta localidade aparece
descontextualizada, pois no parágrafo do Diário de Bordo faz-se referência
Lisboa e não a uma qualquer localidade na Andaluzia. Mais
F
)
Visitas aos Domínios da Ordem
Vale Paraíso
No
regresso da primeira viagem às Indias (Março de 1493), após aportar á
Lisboa, dirigiu-se para uma região repartida entre a Ordem de Santiago e a de
Avis, mais precisamente para Aveiras e Vale Paraíso. Mais
O
local não podia ser o mais carregado de significado. Estas localidades foram
dadas à ordem de Santiago, a 4/3/1272, ainda no tempo do mítico mestre D. Paio
Peres Correia.
A
Ordem transferiu a sua posse, a 6/10/1360, para o Convento das comendadeiras
de Santos, em Lisboa, passando a ser uma das suas principais fontes de
rendimento. Uma posse que D. João III, confirmou a 6/3/1538 a pedido de Ana
Mendonça.
Neste
Convento, recorde-se, foi onde Colombo conheceu e se casou com Filipa Moniz
Perestrelo em Lisboa. D. João II pretendeu justamente marcar em 1493
a ligação deste navegador à Ordem de Santiago, possibilitando-lhe revisitar
antigas comendadeiras.
Odemira
No
regresso da sua segunda viagem às Indias (Junho de 1496), dirigiu-se para os Açores e
depois paras as costas do Alentejo com duas caravelas (India e Niña),
tendo aqui chegado a 8 de Junho de 1496, tendo aqui ficado 2 ou 3 dias.
Entrou pelo Rio Mira acima e dirigiu-se a Odemira. A região pertencia
aos domínios da Ordem de Santiago de Espada, e o senhor da vila era o Conde
de Odemira, seu grande amigo em Sevilha. Mais
H
) Cavaleiros da Ordem de Santiago de Espanha
Colombo
está envolvido de múltiplas formas na Ordem de Santiago em Portugal, mas
revela uma enorme cumplicidade com cavaleiros desta ordem em Espanha. A separação entre as duas
ordens, embora se tenha processado em 1318, só foi reconhecida, em 1452, pelo
papa Nicolau V, com a bula "Ex Apostólica Sedis".
Ao
contrário do que se possa pensar, as duas ordens militares mantiveram uma
comunicação permanente, nomeadamente durante o longo governo de Jorge de
Lencastre (1491-1550).
1.
Alonso de Cárdenas
Em
Espanha, entre 1474 e 1476, a Ordem de Santiago atravessou uma grave crise interna, tendo
ascendido a Grão-Mestre da Ordem apenas
em Leão - Alonso de Cárdenas.
Esta
nomeação de Alonso não foi pacífica, o cargo de grão-mestre era
disputado por Enrique
de Guzmán, Duque
de Medina Sidonia. Em 1475 Guzmán declara-lhe guerra e obriga-o a refugiar-se no castelo de
Jerez de los Caballeros.
Alonso,
entre 1474 e 1481,
distingue-se pela sua acção contra as pretensões do rei português D.
Afonso V de apossar-se no trono de Castela (A Guerra da Sucessão). Estas
pretensões eram apoiadas por Guzmán, tendo chegado a armar navios para
defender a causa do rei português. Esta era mais uma razão que o opunha a
Alonso.
Esta guerra abriu uma luta
fraticida entre cavaleiros portugueses e castelhanos, envolvendo directamente as
duas Ordens Militares .
D.
João II, ainda príncipe já era grão-mestre da Ordem em Portugal , derrotou o rei Fernando de Castela na Batalha de Toro (2/3/1476),
então administrador da Ordem em Espanha (1476-1477).
Alonso,
apoiado por Fernando de Castela, foi o único espanhol que se distinguiu na luta
contra os portugueses, tendo como recompensa, em 1477, sido eleito grão-mestre da Ordem em toda a Espanha (1477-1493).
Este Capítulo Geral ocorram em Azuaga, na Ermida de São Sebastião (convertido
depois em Convento de la Merced e depois da Ermita de la Merced).
A
luta entre Alonso e Enrique de Guzmán (Duque de Medina Sidonia e aliado de
Portugal), não terminou em 1477. No ano seguinte, Alonso vence-o
traiçoeiramente em Guadalcanal. Pouco depois Guzmán é obrigado a
ceder nas suas pretensões. Os ódios estavam acumulados.
Para
onde é que Colombo se dirigiu quando, em 1484, abandonou Portugal ?
-
Dirige-se de imediato para os domínios e a
casa dos Duques de Medina Sidónia.
-
Neste ano, confia o seu filho (durante sete anos) a Frei António de Marchena, membro da "Ordem Militar de
Nuestra Señora de la Merced". Esta
ordem dedicava-se a resgatar os cristãos que houvessem ficado cativos pelos
muçulmanos, tal como aconteceu em Marrocos com o Infante Santo Fernando de
Portugal. Um santo que Colombo tinha uma especial devoção.
-
O porto que escolhe para
a sua primeira viagem - Palos -, ficava nos domínios do Duque de Medina
e Sidónia. A região havia sido conquistada pelos cavaleiros portugueses da
Ordem de Santiago, confina com o Algarve conquistado por esta ordem
Militar.
2.
Íñigo López de Mendonza y Quiñones, II Conde de Tendilla (1440 - 1515)
O
II Conde de Tendilla era sobrinho de célebre cardeal Pedro González
de Mendonza,
que é considerado em Espanha um dos principais apoiantes de Colombo.
O
facto é da maior relevância se tivermos em conta que o II Conde de Tendilha,
foi enviado a Roma em 1486, pelos reis católicos e por Alonso de Cardenas, para
negociar as alterações aos estatutos da Ordem de Santiago em Espanha.
Graças
à sua acção, o papa aprovou, a 22/871486, uma bula que permitiu flexibilizar
a permissão dos cavaleiros deixarem bens em testamento, o uso de vestuário,
não sendo todavia em outros princípios tais como: o cumprimento dos três
votos obrigatórios (pobreza, castidade e obediência ao mestre) e a obrigação
de jejum. Estas medidas foram também aplicadas em Portugal.
3.
Mosén Pedro Margarite (ou Margarit )
Na
2ª. Viagem às "Indias" (1493-1496), Colombo estava completamente cercado. A
corte desconfiava que se tratava de um espião ao serviço de Portugal.
Perante a elevada mortalidade, a rebelião não tarda em rebentar aos fins de
alguns meses. Os fidalgos queixavam-se que Colombo os forçava a
trabalhar.
A
historiografia espanhola coloca Mosén
Pedro Margarit como o chefe da revolta.
Se tivermos em conta outros casos anteriores, isso significava que seria liquidado.
Apesar
disto no seu Memorial aos reis, levado por António Torres, assume uma atitude
muito diversa, mesmo estranha. Entre os revoltosos destaca-o, afirmando que serviu
bem nas Indias, e por
isso recomenda que os reis lhe desse uma comenda da Ordem de Santiago,
da qual ele tem o hábito (é cavaleiro), para que a sua mulher e filhos
tenham com que viver (11). Como poderia estar a elogiar e a proteger um
traidor ?
Face
aos antecedentes a atitude é incompreensível para os espanhóis.
Contudo, Colombo fazia parte da Ordem em Portugal a explicação é simples. Ele estava
a seguir um dos seus princípios sagrados: a solidariedade entre os seus
membros. Um cavaleiro da Ordem de
Santiago tem a obrigação, o dever de proteger outro cavaleiro mesmo à custa
da sua vida. O português (Colombo ) seguiu a regra, o espanhol não.
G )
Tradição Familiar Portuguesa
1. Cerimónia em Sevilha A
marquesa de Montemor-o-novo, Isabel de Noronha exilada em Sevilha, desde 1483,
era sobrinha de Colombo. Os seus negócios envolvem todos os portugueses que
estavam nesta cidade: Alvaro de Bragança, Diego Colón, Diego Mendes de Segura,
Violante Moniz Perestrelo, etc.
A
casa da marquesa parece ter sido o local de iniciação de cavaleiros da Ordem
de Santiago e de Avis, em plena cidade de Sevilha.
O
seu mordomo era o português - João de Mourão (Juan de Morón) -,
casado com Isabel de Botelho. Um ano depois de Colombo falecer (1506), João de
Mourão vem para Portugal. Na ano seguinte a Ordem de Santiago tem o seu
importante capítulo, onde Jorge de Lencastre, mestre da Ordem, define a sua
estratégia global. A
30 de Janeiro de 1515, ocorre na casa da marquesa de montemayor, e na sua
presença, em Sevilha, uma cerimónia da maior relevância da qual foi lavrada
uma acta:
A esposa de João de Mourão, autoriza
que o seu marido recebesse o hábito
da Ordem de Santiago e de Avis, o qual é-lhe dado pelo próprio Jorge de Lencastre ( 4 ). Este
documento demonstra como as mulheres participavam activamente nos compromissos
assumidos pelos cavaleiros, sendo as mesmas que primeiro o autorizavam.
A
marquesa não se limita a financiar as expedições às indias espanholas, mas
também está envolvida nos seus negócios, incluindo o tráfico de
escravos.
2. Hábitos
da Ordem de Cristo e de Santiago Portugueses
e espanhóis ligados a Colombo, pela parte da sua esposa Filipa Moniz Perestrelo, encomendam em
Sevilha, trajos da Ordem de Santiago e de Cristo segundo hábito de
Portugal. -
Bartolomeu II, 3º. capitão de Porto Santo e Juan Barahona, ambos cunhados de
Colombo, estando nesta cidade em Agosto de 1508, estabeleceram um contrato com
um mercador chamado Jerónimo Bonosene, para que ele negociasse por eles em
Roma, um hábito ou uma cruz destas ordens portuguesas.
3. Um novo cavaleiro santiaguista, a
mesma mentira
A
esposa de Diego Colon, em
1535, solicita que o seu filho - Diego Colón
y Toledo (7) -, natural da Santo Domingo pudesse ser armado cavaleiro da Ordem de
Santiago. O processo implicava a manutenção de inúmeras mentiras, de forma a
afastar qualquer suspeita sobre a origem de Colombo e de traição aos reis
espanhóis.O que irá conseguir após terem sido subornadas várias testemunhas. Foi
nesta altura que Diego Mendez de Segura e outra
testemunha subornada, afirmaram que Colombo era de Saona.
.
Diego Velázquez
(1599- 1660) Pintor
(Diogo Rodrigues da Silva e Velázquez). Natural de
Sevilha. Era filho de um nobre português - D. Diogo Rodrigues da Silva - e de uma alegada
sevilhana, ao que tudo indica também descendente de portugueses. Durante a vida foi sempre olhado
com desconfiança pelos espanhóis devido à sua origem portuguesa. Como os descendentes de Colombo
empenhou-se também em ser armado Cavaleiro da Ordem de Santiago, a sua maior
aspiração ( 1 ). Uma tradição dos
nobres portugueses em Sevilha ?
Velázquez
cavaleiro de Santiago de Espada. Pormenor de " Las Meninas"
(1656). Colombo e Velázquez
O que existe de
comum entre estes dois homens ? Uma mesma família que os protegeu.
a ) O protector de
Colombo foi Henrique (ou Enrique) de Guzmán y Menezes, 2º. Duque de
Medina-Sidonia; b
) O protector de Velázquez foi também um descendente de Enrique de Guzman - Gaspar
de Guzmán y Pimentel (Roma,1587 - Toro,1645), mais conhecido por Conde-Duque de Olivares
( 3º. Conde). Quando em 1621 Filipe IV de Espanha o nomeou
primeiro-ministro chamou Velázquez de Sevilha para junto da Corte. A
queda deste ministro foi determinada pela restauração da independência de
Portugal, sendo afastado da Corte em Janeiro de 1643. Pormenor
importante: o professor de Velázquez foi Francisco Pacheco, natural de
Sanlúcar de Barrameda (Costa da Andaluzia), capital do Ducado de
Medina Sidónia. Foi deste porto que saiu Colombo na sua 3ª. viagem, mas
também Fernão de Magalhães (outro português) para a 1ª. viagem à volta
do mundo. Coincidências
? |
.
Carlos
Fontes Cavaleiro
da Ordem de Cristo ?
Cavaleiro
da Ordem de Aviz ?
|
|
Notas:
( 1 )(Velázquez. Vários Autores. Madrid. Museu del Prado. 1990.
(2) Consultar as páginas sobre o
financiamento da 1ª. viagem.
(3 ) Visconde de Lagoa,
Glossário Toponímico da Antiga Historiografia Portuguesa Ultramarina. Iª.
Parte - Ásia e Ocania. Lisboa. 1950.
(4 ) Compromisso de aceitação
de Isabel Botelho. A 30 de
Janeiro de 1515 estando na casa da Marquesa, diante do escrivão:
"Dixo que, por cuanto segund
el estatuto e constituçion de la Horden de cavallería de santiago e de Avis de
los reynos de Portugal todo o hombre casado que ha de reçibir el ábito e
guardar e conplir los estatutos de la dicha horden ha de ser con liçençia e
plazer e con sentimiento de sua legítima muger, e porqu`el ilustre e muy
manífico señor don jorge, maestre de santiago e de aviz e duque de coymbra,
por fazer bien e mereced al dicho don Juan de Morón, seu marido, le ha de dar
ábito e horden de la cavallería de santiago e de avíz, e, reçibido, el dicho
Juan de Morón, su marido, se ha de obligar e prometer de tener, mantener e
guardar e conplir los estatuto de la dicha horden..., dixo que ella dava a dio
liçençia e faculdade al dicho Juan de Morón, su marido, e dixo que consentio
que el reçibiera del dicho señor maestro el dicho ábito de comedador e,
reçibido, pueda sobre ello e con ello fazer cualquier juramento etc".
(5 ) Mata, Joel Silva Ferreira -
A Comunidade Feminina da Ordem de Santiago ..., p.163-169
(6) Pereira, Maria Teresa Lopes -
Pedro Nunes - Em Busca das Suas Origens. edições Colibri. Lisboa. 2009
(7) Diego Colón de Toledo era neto de Colombo,
filho do 2º. Almirante Diego Colon Muniz e de Maria Todelo, e 3º. irmão de Luis
Colón. Foi pagem do principe D. Filipe. Faleceu em 1546, na Terra Firme.
(8) Barbosa, Isabel Maria - Um Novo rei - um novo
mestre: D.João II e a administração da Ordem de santiago, in, La Peninsula
Ibérica en la era de los descubrimientos 1391-1492. Actas III Jornadas
Hispano-Portuguesas de Historia Medieval. Sevilla. 25-30 Novembro de . Vol. I
(9) Thomaz, Luis Filipe F. - Gaspar da Gama e a
Génese de Estratégia Portuguesa da India, in, IX Simpósio de História Maritima.
D. Francisco de Almeida, 1º. Vice-Rei Português. 22 - 24 de Outubro de 2005.
Academia da Marinha. Lisboa. 2007. Com importante bibliografia sobre estas duas
tendências na Ordem de Santiago e em Portugal.
(10) Lourenço de Almeida tem sido apontado como o
primeiro capitão português a chegar ao Ceilão ou Sri Lanka (1506). A verdade é que uma
inscrição numa rocha, datada de 1501, parece indicar que o primeiro navio
português a
descobrir a ilha pertencia à frota de Pedro Alvares Cabral
(1500-1501) ou de João da Nova (1501-1502). No Mapa de Cantino (1500-1502) a
ilha do Ceilão aparece já representada na sua posição real. Cfr. Geneviève
Bouchon - A propos de l`inscription de Colombo (1501) quelques observations sur
le premier voyage de João da Nova dans L `Océan Indien., JICU.Coimbra. 1980
(11) Memorial que para los Reys Católicos dio el
Almirante a don António de Torres).
(12) Antunes, Luis Pequito - A Ordem de Santiago
em Portugal, in, Oceanos, nº.4
(13) Domínios da Ordem de Santiago, com raras
excepções, estavam concentrados no sul de Portugal (Alentejo e Algarve): Arruda
dos Vinhos (1172), Almada (1186), Palmela (1186), Torre da Alcaçova de Santarém
(1193), Alcácer do Sal (1217), Aljustrel (1240), Sesimbra (1236), Setúbal, Mértola
(1239), Ayamonte (1240), Alfogar de Pena (1244), Tavira (1244), Alvalade,
Cacela, Samora Correia, Aljustrel, Messejana, Garvão, Ourique, Ferreira, Cercal, Almodovar,
Castro Verde, Arrábida, Elvas (1230), Aljezur, Alcaria Ruiva, Entradas (Castro
Verde),
Chouparias, Aldeia Rica, Bouarica, Orta Lagoa, Vila Casevel, Represa, Cabrela,
Santiago do Cacém, Sines, Milfontes, etc.
(14) Fortuna, A. Matos - Memórias da Agricultura
e Ruralidade do Concelho de Palmela. CM Palmela. 1997
(15) Simões, João Miguel - A Igreja de Santiago
de Estombar...
(16) A bibliografia sobre os caminhos portugueses
de santiago é muito vasta, mas onde se mistura frequentemente a pesquisa
histórica com a propaganda comercial (turística). Alguns títulos:
- Garcia
Terrón, À (coord.) - Caminhos portugueses de Peregrinação a Santiago:
Lisboa-Santiago. Santiago de Compostela. Xunta da Galicia.1999
- Trigo,
R. (coord.) - Caminho Central Português: Lisboa-Santiago. Galiza. 2006
- Gil,
Carlos; Rodrigues, João - Pelos Caminhos de Santiago. Itinerários portugueses
para Compostela. Circulo dos Leitores.Lisboa.1990
- Braga,
Alberto - Influência de S. Tiago da Galiza em Portugal. Guimarães. Soc. Martins
Sarmento. 1934
- Conde
de Aurora - caminho Português para santiago de Compostela. Braga. Livraria Cruz.
1965
- Matos,
Manuel Cadafaz de - O Culto Português de sant`Iago de Compostela ao longo da
Idade Média. , in, Bibli. Arq. Mus. Lisboa. Vol. I, nº2. Jul/Dez.
- Moreno,
Humberto Baquero - Vias Portuguesas de Peregrinação a Santiago de Compostela na
Idade Media. Porto. Univ. Portucalense Infante D. Henrique. 1986
- Rocha,
Manuel Inácio Fernandes da - Nossa Senhora do Norte nos caminhos de Santiago.
Viana do Castelo. 1988
- Rocha,
M. - Barcelos nos Caminhos de Peregrinação. Barcelos revista. 2ª. Série. , nº4.,
1993.
- Serrão,
Joaquim Verissimo - Os Caminhos Portugueses de Santiago, secs. XII- XIV. sep.
Arquivos do centro cultural português. Paris. 1973.
-
Ribeiro da Cunha, Arlindo de Magalhães - O Caminho português: património e
etnografia", in PARDELLAS, Xulio X. (dir.) - Turismo religioso: o Camiño de
Santiago, Vigo: Universidade de Vigo, 2005; idem, Santiago em Portugal. A
devoção e a peregrinação, Vila Nova de Gaia: Câmara Municipal, 2001; A Caminho
de Santiago (Da Serra do Pilar a S. Pedro de Rates). Ed. Associação de Amizade
de S. Pedro de Rates. 1992.
- Cunha,
A. - Brevissima História da Peregrinação Jacobeia em Portugal, Comunicação.
Congresso internazionale tenutosi a Fundo. Trentino. Valle di Nom. Julho de 2006
-
Ferreira de Almeida, Carlos Alberto - Caminhos Medievais no Norte de Portugal.
- Mattoso,
José - O Tempo Hispânico a Inventio de São Tiago. Revista Communio. ANO
XIV.1997 • Nº 4.
-
Marques, José - O culto de S. Tiago em Portugal e no antigo Ultramar Português.
Xunta de Galicia, Centro Regional de Artes Tradicionais, 1995.
(17) O culto a Santiago, no antigo Condado de
Portucalense, difundiu-se desde muito cedo. A descoberta do suposto túmulo
do companheiro de Cristo, ocorreu entre 812 e 820, e já em 862 era-lhe sagrada
uma igreja no castelo de Neiva (Viana do Castelo).Em 889 foi doado à Igreja de
Santiago o mosteiro de São Frutuoso de Montelius. O número de paroquias
dedicadas a Santiago nos antigos territórios do Condado de Portucalense era
enorme. A Ordem de Santiago, depois do século XII vai expandir o seu
número, sobretudo no Alentejo e Algarve.
(18) Sentença de Dom Pedro de Atayde, in, Archivo
Historico Portugues, vol. 2, p.29 (1904).
(20) O Caminho de Santiago que entrou em completa
decadência no século XVIII, foi recuperado por motivos turisticos nos anos 90 do
século XX. Uma multidão de historiadores tem procurado "reconstituir" os antigos
caminhos, ligando as paróquias com o nome do santo. Cfr. Ana Catarina Mendes -
Peregrinos a Santiago de Compostela: Uma Etnografia do Caminho Português. Tese
de Mestrado. Instituto de Ciências Sociais. Universidade de Lisboa. 2009
(22) O culto de "Santiago Mataindios" difunde-se
a partir de 1519, quando os espanhóis iniciam a conquista do continente
americano, contando com uma preciosa ajudada dos portugueses. Santiago começa
então a aparecer milagrosamente ao lado dos espanhóis na matança dos indios,
legitimando o seu genocídio. Alguns exemplos onde Santiago surgiu milagrosamente
matando indios:
- Batalha
de Cintha, em Tabasco (Máxico), a 25/3/1519. Ajudou o torcionário Hernán Cortés.
- Matança
dos indios na cidade de Ixinché (Guatemala), a 25/6/1524.
- Matança
de indios no cerro de Sangremal, em Querétano (México) , a 25/7/1531.
- Matança
de indios realizada por Pizarro, em 1536, no sítio de Cuzco (Perú).
- Batalha
contra os araucanos, em 1640, no Chile.
(23) A
primeira representação de Santiago Matamoros qe se conhece, aparece no Tumbo B
da Catedral de Santiago de Compostela, em 1326. cfr. Sicart, Angel - Pintura
Medieval: La Miniatura. Santiago de Compostela. 1981
(24)
Martins, Alcina Manuela de Oliveira - Da devoção a S. Tiago à contestação dos
votos jacobeios", in, I Congresso Internacional dos Caminhos Portugueses de
Santigo de Compostela. Lisboa, Távola Redonda.1982.
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