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Desde
que Colombo aportou aos Açores, inicia por Portugal, um percurso que é
inexplicável se não tivermos em conta a sua profunda ligação ao país.
Locais e
Personagens
A referencia aos vários
locais que visitou, os encontros que realizou, assim como a
identificação das personagens com quem contactou variam conforme a fonte
de informação.
Colombo, no Diário de Bordo,
é pródigo nas referências a locais e personagens com quem contatou (12),
procurando dessa forma demonstrar que conhecia bem os locais que
visitou, as pessoas, assim como as duas principais facções em que estava
dividida a sociedade portuguesa: a facção de D. João II, reunida em
Vale do Paraíso e a facção de Dona Brites, Duquesa de Beja-Viseu,
reunida no Mosteiro de Santo António da Castanheira, com a qual
demonstra uma enorme fidelidade.
Tratavam-se não apenas de
duas facções políticas, mas também de duas visões distintas de encararem
a expansão marítima e a questão da partilha das terras e mares
descobertos pelos portugueses.
A facção de Dona Brites (mãe
de Dona Leonor, D. Manuel e de D. Diogo, assassinado em 1484), é preciso
recordar, estava ligada aos exilados portugueses envolvidos nas
conspirações de 1483 e 1484, que defendiam a abertura dos mares a
Castela e outros reinos cristãos.
Os cronistas
portugueses como Rui de Pina, Garcia de Resende ou João de Barros,
referem apenas
uma única facção, a do rei -
D João II, por isso omitem o encontro no Mosteiro de Santo António da
Castanheira, mas também a referências às personagens que neles estiveram
presentes, de modo a evitarem outras leituras políticas dos contactos de
Colombo (13). Mais
Las Casas
(História das Indias) ou Hernando Colón (História do Almirante),
eventualmente menos conhecedores das facções que se oponham em Portugal,
ou avisados de contactos comprometedores, são
escassos na referência a locais e personagens com as quais Colombo se
encontrou em Portugal.
Hernando
Colon, apesar disso refere os dois principais encontros (com o rei e a
rainha), e acrescenta alguns pormenores, baseados no Diário de Bordo
original, que certamente conheceu.
Las Casas, segue
Hernando, embora
acrescenta novos pormenores, refere um facto importante: a descrição do
encontro entre Colombo e D. João II foi baseada não no Diário de Bordo,
mas no que escreveu o cronista português Garcia de Resende.
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1. Ilha de Santa
Maria (Açores)
Colombo iniciou o
seu regresso a 16 de Janeiro de 1493, quando saiu da ilha da Hispaniola
com duas caravelas - Niña (Colombo ) e Pinta (Pizón). Dirigiu-se para os
Açores, que conhecia muito bem, tendo apanhado ventos ocidentais. A rota era conhecida, como se verá.
Mais
A 10
de Fevereiro, calcula que está perto da Ilha da flores, todos a
bordo afirmam o contrário, mas ele estava certo.
No dia 13, as duas
caravelas perderam-se uma da outra. A Pinta, comandada por Martin Pizón, foi
parar à Baiona/Bayona, na Galiza, onde chegou no final do mês de
Fevereiro ou princípios do mês de Março.Mais
Colombo conduziu
a Niña na direção dos Açores, domínio da
Ordem de Cristo.
No dia 15, o marinheiro Rui Garcia,
da Niña, diz ter visto Terra. As opiniões sobre a terra que se tratava são as mais
diferentes, a única que estava certa era a de Colombo. Estavam na Ilha de Santa
Maria (Açores), uma pequena ilha no meio do Atlântico, a 1.400 km de Portugal
continental.
Terão aportado no
lado sul da Ilha, num local pouco propício.
No dia 18 de Fevereiro foi
para o lado norte, num local mais adequado, onde os locais o mandaram para um
melhor ancorador - a Baia dos Anjos, na à povoação de Nossa
Senhora dos Anjos. Ao anoitecer, três habitantes locais vieram dar-lhes
comida (galinhas, pão fresco, etc), que haviam sido enviados pelo capitão da
ilha - João de Castanheira (Juan de Castañeda, na confusão espanhola).
"Después del sol
puesto, vinieron a la ribera tres hombres de la isla y llamaron. Envióles la
barca, en la cual vinieron y trajeron gallinas y pan fresco, y era día de
Carnestolendas, y trajeron otras cosas que enviaba el capitán de la isla, que se
llamaba Joáo da Castanheira, diciendo que lo conocía muy bien y que por ser
noche no venía a verlo; pero en amaneciendo vendría y traería más refresco, y
traería consigo tres hombres que allá quedaban de la carabela, y que no los
enviaba por el gran placer que con ellos tenía oyendo las cosas de su viaje",
Colombo, Diário
Lugar dos Anjos, na Ilha de Santa
Maria (Açores). Revista Ocidente, nº.568, vol. XVIII, 1/10/1894
"Tras el descubrimiento de América,
Colón para en la Isla de Santa María, en el archipiélago luso de las Azores,
donde vivían menos de cien personas. Ahí se encuentra con el lugarteniente Joao
da Castanheira, al que dice que conoce bien, pese a que no era un noble ni nada
parecido (Hernando Colón, Historia del Almirante (1571).
No dia 19 de
Fevereiro, de
manhã bem cedo, enviou um batel com dez homens a terra para assistir a uma
missa, tendo ido em romaria à Ermida dos Anjos, para rezarem uma missão de acção de graças pela viagem de
regresso ( Esta ermida foi mandada
construir em 1439 pelo Infante D. Henrique, governador da Ordem de
Cristo).
Procuravam também um sacerdote. A população local temendo que fossem piratas,
encarcerou 5, tendo os restantes fugido para o navio.
Ermida dos Anjos, Revista Ocidente,
nº.568, vol. XVIII, 1/10/1894
Por volta das 11h00,
Colombo resolveu levantar ferros, deixando presos os cinco tripulantes
espanhóis, e foi para uma parte da ilha chamada Ponta de
Frades, onde viram o dito batel com homens armados, comandados pelo capitão
Castanheira, que afirmou que o
"conhecia muito bem"
(22).
O
Diário de Bordo, estropiado por Las Casas tem a seguir um diálogo hilariante e
sem sentido. Colombo voltou com a Niña à Baia dos Anjos.
Las Casas, afirma
que D. João II conhecia não apenas a rota que Colombo seguiu para as Indias, mas
sobretudo as alternativas que lhe restavam no regresso. Ou vinha pela Guiné,
Cabo Verde, a Madeira ou pelos Açores. Nesse sentido, mandou que "en todos los
puertos y lugares que él por este mar Océano tenía que, cada y cuando por alguno
dellos el Almirante volviese, lo prendiesen y se lo enviasen preso a Portogal
(sic) o como semejante;" (20). Uma ordem que o capitão João da Castanheira,
contrariado, começou por cumprir.
No dia 20 de
Fevereiro, Colombo levantou ferros e dirigiu-se para ir para a Ilha de S.
Miguel, que se avista da ilha de Santa Maria, mas a viagem foi abortada.
Regressou à Ponta de Frades.
Colombo abandona
mais 5 marinheiros espanhóis
Nas
Antilhas, aproveitando o afundamento da nau Santa Maria, no dia 25
Dezembro de 1492, entrega à sua sorte 38 espanhóis e 1 italiano, que um
ano depois foram encontrados mortos.
Mais
Na
Ilha de Santa Maria, nos Açores, no dia 20 de Fevereiro de 1493,
abandona 5 espanhóis presos nesta ilha, dirigindo-se para a ilha de S.
Miguel. O seu objectivo parecia ser desfazer-se da tripulação espanhola.
No Diário de Bordo, queixa-se que muito poucos entendiam de navegação.
Não fosse a tempestade, que o obrigou a regressar a Santa Maria, teria
conseguido abandonar mais 5. |
No dia 21, surge de novo o batel com
João de Castanheira, os 5 marinheiros espanhóis, 2 sacerdotes e 1 notário, que
conferiu as credenciais, tendo-se todos manifestado muito satisfeitos com o
resultado. A partir daqui as coisas mudaram completamente, o acolhimento foi
total.
No dia 23 mudou-se para outro local da ilha, na Baia de
Vila do Porto ou Vila da Praia, no do sul para arranjarem lenha e pedra para o
lastro .
Colombo só sairá
desta ilha no dia 24 de Fevereiro após ter reparado o navio e ser
devidamente abastecido para a viagem em direcção ao continente (europeu), escolheu a rota que o conduzia directamente a Lisboa
(15). O
percurso era conhecido, tendo em conta as suas viagens anteriores.
Quem era João
da Castanheira ?
Ao que tudo indica o
seu nome completo era João da Castanheira, escudeiro-fidalgo da casa de D.
Manuel I, Duque de Beja. Foi lugar-tenente do capitão João Soares de Albergaria da Ilha de
Santa Maria, nos Açores (14). Foi um dos povoadores da Ilha de Santa Maria e
depois de S. Miguel. Quando foi criada a Câmara Municipal de Ponta Delgada, em
1499, foi um dos dois juízes eleitos. A sua filha - Margarida de Matos,
casou-se com Fernão de Quental, outro dos pioneiros do povoamento dos Açores
(19).
João da
Castanheira, em Fevereiro de 1493 encontrava-se a substituir o capitão da ilha,
quando este se deslocou
a Lisboa para se casar.
Este facto justifica
as palavras de João da Castanheira ao dizer que "conhecia muito bem"
Colombo. A ida deste navegador para a Ilha de Santa Maria, não seria um acaso,
mas foi uma estratégia bem planeada. |
Neste itinerário
por Portugal, Colombo no dia 11 de Março de 1493, irá a Castanheira do
Ribatejo, onde fica situado o Panteão dos Ataídes, senhores de Castanheira e
1ºs. Condes de Castanheira.
2. Cabo da Roca
(Sintra) e chegada a Cascais
O percurso entre a
ilha de Santa Maria (Açores) é descrito, como é habitual, foi feito
debaixo de uma enorme tempestade.
Hernando Colón afirma que a caravela esteve
quase a afundar-se. O mesmo dramatismo coloca na descrição Las Casas (Hist.Indias,
vol.I, cap.73).
No dia 3 de Março de
1493 (Domingo), nota no seu Diário de Bordo, que viram sinais que estavam perto
de terra, "Hallávanse todo çerca de Lisboa".
Na madrugada do dia
seguinte, descobriram que estavam junto ao cabo da Roca em Sintra. Colombo
regista no Diário de Bordo: "Venido el día, cognoscío la tierra (10) , que era
la Roca de Sintra qu`es junto com o rio de Lisboa, adonde determinó entrar,
porque no podía hazer outra cosa.".
A população local,
pode observar a luta que Colombo e a tripulação travaram junto à costa para se
salvarem da tempestade, muitos foram os que oraram a Deus para que o salvassem. A chegada ao
Rio Tejo é assim, apresentada como um "milagre" e uma inevitabilidade.
Colombo não esconde
que conhecia perfeitamente a foz do Rio Tejo, revelando inclusive que sabia onde
nela se podia encontrar ouro (Diário de Bordo, 25 de Novembro de 1492).
Tratam-se das conhecidas minas da Adiça, as mais importantes minas de ouro de
Portugal na Idade Média (28). Localizam-se na proximidade da actual ribeira
da Foz do Rego e na Região da Fonte da Telha, a norte da Lagoa de Albufeira. Foram
as mesmas durante séculos exploradas pela
Ordem de Santiago.
Exploram-nas também,
na segunda metade do século XV, uma sociedade constituía pelo pai de
Diogo Fernandes de Almeida
- 6º. Prior do Crato
e o
pai do
Juanoto Berardi
(29).
Mais
Diogo, irá acompanhar Colombo durante dois dias
em Vale do Paraíso, e Berardi foi o seu principal banqueiro em Sevillha...
Durante décadas ambos viveram e conviveram em Portugal.
O percurso que
seguiu entre o cabo da Roca, passando por Cascais até ao Restelo requeriam
também algum conhecimento da costa (26).
Colombo ancorou em Cascais, junto à
Torre de Santo António, mandada construída em 1488 por D. João II.
Gravura de
Georgius
Brau (1572)
2.1. Cascais
Antes de aportar
a Lisboa, Colombo esteve durante algum tempo na vila de Cascais, onde falou com
a população local, nomeadamente sobre a tempestade que enfrentara. Las Casas,
por seu lado, deixa entender que não pararam na Vila de Cascaes, devido à
tempestade, mas um pouco mais à frente da mesma na direcção de Lisboa, onde
lançaram as âncoras. ( Las Casas, ob.cit. cap.73).
Colombo escreve no
Diário de Bordo: "Los del pueblo diz que estiviram toda aquella mañana haziendo
plegarias por ellos, y despúes qu`estuvo dentro, venía la gente a verlos, por
maravilla de cómo avían escapado".
Hernando Colón,
afirma que Colombo fora informado, em Cascais (?), que "les había llegado
noticia de los muchos navíos que en Flandres y otros mares habían naufragado
durante aquellos días" (cap.XXXIX).
Las Casas é mais
preciso, afirma que foram informados que na Flandres haviam sido afundados 25
naus, e muitos navios não haviam podido sair do porto de Lisboa. Nunca se havia
visto um inverno assim, garantiam todos (Las Casas, ob.cit. cap.73).
Não existe a mais pequena notícia desta
tempestade que tenha provocado tantos naufrágios em Portugal, na rota da
Flandres e outros mares... O problema, como se
depreende, é justificar a razão porque Colombo se dirigiu dos Açores
directamente Lisboa.
Las Casas esclarece
que "À la hora de
Tercia" (9 horas, segundo o horário canónico), vieram finalmente para o Restelo, onde a
Ordem de Cristo tinham uma
importante Ermida, e D. Manuel I veio a construir o Mosteiro de Santa
Maria de Belém, que entregou aos frades
Jerónimos.
3. Restelo
(Lisboa)
Colombo chegou à
praia
do Restelo, onde fundeou a caravela (Niña), a 4 de Março de 1493,
segunda-feira. Durante os nove dias que
ficou em Lisboa, Colombo teve tempo para tudo, para matar saudades, ver
amigos mas também conferenciar durante dois com D. João II sobre o que devia fazer.
A Niña na praia do
Restelo estava junto da nau de guerra portuguesa "São Cristovão", comandada
por um experimentado capitão que se chamava Alvaro Damião (Diário de
Bordo, Las Casas, Hist.Almirante) ou Alvaro da Cunha (Hernando Colón,
Hist.Almirante).
O imediato
que foi enviado à Niña dava pelo nome de
Bartolomeu Dias,
de Lisboa. Trata-se de outro experimento navegador, que tinha o mesmo nome que
Bartolomeu
Dias que atingiu o Cabo da Boa Esperança, e a cujo regresso Colombo ou
Bartolomeu Colon assistiu em Dezembro de 1488.
Enviou uma carta a D.
João II, pois tinha muito para lhe contar. Enviou também uma aos reis espanhóis,
a informá-los que havia chegado a Lisboa (Hernando Colon, cap.XXXIX).
Não tardou a chegar
Martinho de
Noronha (8) que o havia de acompanhar, Rio Tejo acima, até junto do rei em Vale
do Paraíso, no termo de Santarém. Era sobrinho de Colombo, por
isso, um individuo de total confiança.
Mais
Marinheiros
Presos. Há noticias que
terão sido presos dois portugueses que íam vinham a bordo da Niña, tendo
embarcado provavelmente como espiões.
Mais
No dia 7 de
Março, quinta-feira, mudou o navio para junto do Paço da Ribeira,
onde despertou enorme curiosidade na população da Lisboa, nomeadamente pelos
indios que trazia a bordo.
4. Lisboa
Entre os dias 4 e 8 de Março ( segunda a sexta-feira) Colombo permaneceu na cidade de Lisboa. O
que andou a fazer ?
A visitar o Convento do Carmo onde está sepultado a
sua esposa e cunhado ?
Terá ido rezar à Igreja do antigo Convento de Santos,
como em tempos o fazia e onde se casou? Ou terá ido à Quinta das Pancas,
na Cruz da Pedra (Santa Apolónia, Recolhimento de Lázaro Leitão), para onde
em 1490, fora mudado o Convento de Santos?
Foi à Casa da India saber
as novidades das explorações marítimas?
Poderá
ter ido à maior Sinagoga de Lisboa, onde encontraria certamente muitos
amigos. Recorde-se que a mesma foi transformada, em 1497, na Igreja de Nossa Senhora da Conceição,
uma virgem da sua devoção. A principal capela da Igreja era a do Espírito
Santo. Pertencia à Ordem de Cristo.
Terá
talvez ido ao Largo de São Salvador em Alfama, junto à Judiaria, onde
os Noronhas tinham as suas casas em Lisboa. Este largo foi mandado abrir
por senhores de Alenquer.
Podia inclusive ter visitado
numa das portas de Alfama, a casa dos
albuquerques de Esgueira, parentes de Lopo de Albuquerque, Diego Mendez de
Segura...
Talvez
tenha mesmo ido visitar o Palácio de S. Cristovão (actual edifício da
Associação de Socorros Mútuos de Empregados no Comércio de Lisboa), junto à
Igreja do mesmo nome, onde vivia Alvaro de Bragança, seu parente e
protector em Castela.
Não faltavam sítios nem o que fazer
na cidade que vivera durante tantos anos. Colombo não parece ter pressa em
regressar a Espanha. Uma coisa que sabemos, é que toda a tripulação
recebeu em Lisboa muitas mercês e dádivas em dinheiro pela expedição que realizara !
Qual a razão porque
Colombo insistiu em subir o Rio Tejo para se encontrar com D. João II em
Aveiras ou Veiras, como então se designava a povoação de Vale Paraíso
?
5. Sacavém
(Loures)
Apesar de Sacavém ficar muito perto de Lisboa (uma légua),
Colombo levou quase um dia a fazer o trajecto. Os motivos terão sido outros que
não a distância. A noite de 8 para 9 de Março
foi passada em Sacavém, como ele próprio afirma.
Existem duas
hipóteses sobre a casa onde pernoitou:
a) Casa de
Diogo Dias, almoxarife
de Sacavém, irmão de Bartolomeu Dias do
Cabo da Boa Esperança. No
seu percurso entre Vale do Paraíso (Aveiras) e o Convento de Santo António da
Castanheira, irá percorrer mais terras ligadas a
este navegador (Cachoeiras - V.F.Xira, Alenquer).
b) Castelo
de Pirescoxe
Ruínas
do palácio acastelado de Pirescoxe. Em 1939 ainda subsistiam grande parte da
sua estrutura (7), entretanto delapidadas.
O
chamado Castelo de Pirescoxe, na localidade de Santa Iria de Azóia, perto de
Sacavém, sede do morgadio do - Nuno
Vaz de Castelo Branco.
Sucedeu-lhe
no morgadio seu irmão - Lopo Vaz de Castelo Branco, monteiro-mor de D. Duarte e
alcaide-mor de Moura. Seguiu-se o filho deste - Nuno Vaz de Castelo Branco.
D. Afonso V nomeou-o monteiro-mor, almirante de
Portugal (10º), alcaide ade Óbidos e
Bombarral.
Nuno era casado com Filipa Ataíde,
a
"almirantesa" que vivia exilada em Sevilha. Um dos seus filhos - Pedro Vaz de
Castelo Branco, almirante, foi um temível pirata, tendo atacado o porto de Cádiz
entre 1491 e 1493. Mais
É interessante constatar que o
neto Nuno e Filipa se casou com a filha do Conde de Penamacor, outro dos exilados portugueses
em Sevilha.
Colombo
teve desta forma a possibilidade de voltar a ver os familiares de Filipa Ataíde,
e eventualmente partilhar histórias comuns do exílio em Espanha.
O
paço dos Castelo Branco foi abandonado no século
XIX, e
só muito recentemente as suas ruínas foram alvo de uma tentativa de preservação. Mais
6. De Sacavém a
Vale do Paraíso
O percurso até Vale Paraíso
foi realizado de caravela. Começou bem cedo no dia 9 de Março, fazendo-se acompanhar de um
piloto - Pero Alonso Ninõ ou Sancho Ruiz de Gama, provavelmente
ambos portugueses. Quando chegou a Vale de Paraíso era já noite.
No Diário de Bordo
dá uma
explicação inconsistente para uma tão grande demorado: a chuva !
No trajecto é provável que
demora tenha sido as visitas que terá realizado.
6.1.
Alfarrobeira (Alverca)
É provável que se
tenha deslocado à Igreja de Alverca, onde depois da Batalha de Alfarrobeira,
nome de uma ribeira de Alverca, o corpo do infante D. Pedro foi escondido.
Recorde-se que o filho deste infante foi o grão-mestre da Ordem de Aviz, cujo
símbolo era uma Cruz Verde, a mesma que figurava na bandeira de Colombo quando chegou à
América.
6.2.
Convento de
Santa Maria das Virtudes (Virtudes, Junto à Vala Real da Azambuja)
A última parte
da viagem de caravela foi feita pela
Vala Real da Azambuja. Foi aqui que desembarcou, para depois se dirigir a Vale
do Paraíso, passando por Aveiras de Baixo .
É quase certo que
tenha visitado o antigo Convento de Santa Maria das Virtudes
(7). O edifico recentemente "recuperado" fica a 500 metros da Vala Real da Azambuja. Todo o
percurso era navegável. Há autores que defendem que aqui terá ocorrido o
primeiro encontro com D. João II . O
simbolismo do local assim o impunha.
Este convento está
ligado ao aparecimento milagroso, em 1403, de uma imagem da virgem Maria. O
Infante D. Duarte, primogénito de D. João I fez a promessa de aqui
construir uma Ermida, caso a conquista de Ceuta fosse bem sucedida (1415), o que
de facto aconteceu.
D. Duarte,
tornou-se no principal impulsionador o culto neste local, da virgem, solicitando
à Santa Sé autorização para a construção de um convento, o que lhe foi concedido pelo papa Martinho V (1419).
No inicio a
virgem era conhecida por N.S. das Ademas, mas face ao muitos milagres que aqui
se registaram passou a ser conhecida por N.S. das Virtudes (16). O convento
foi entregue à
Ordem de S. Francisco, ficando isento da sua sujeição às comendadeiras de
Santos, da Ordem de Santiago.
Ao lado do convento
foi aberto um cemitério, construído um hospital e um alpendre para abrigar os
muitos peregrinos. D. Duarte mandou construir também um Paço Real. Durante o
seu reinado (1433 a 1438), o convento foi confiado
a Frei António do Paraíso,
seu confessor, tornando-se pouco depois num dos maiores santuários
mais concorridos de
Portugal.
Muitos dos elementos
arquitectónicos que ainda se podem observar nas ruínas do Convento, mostram
enormes similitudes com o Mosteiro da Batalha, mandado construir por D. João I,
para comemorar a Batalha de Aljubarrota (1385).
Durante o século XV,
hospedou reis como D. Duarte, D. Afonso V, D. João II e a rainha Dona Leonor
(25).
Durante o
reinado de D. João II, agudizaram-se os conflitos relacionados com este convento
entre o rei e a Ordem dos Franciscanos, levando o seu vigário geral a solicitar
o seu abandono.
Túmulo de Fernando de
Noronha
Entre os túmulos que
se conservam no interior da Igreja, existe um, com a data de 1509,
repleto de significado, o de Fernando de
Noronha (5), irmão da
marquesa de Montemor, exilada em Sevilha, na sequência da conspiração de
1483.
Fernando de Noronha
era governador da casa de Joana, a Beltraneja ou excelente Senhora. O que
o terá levado a fazer-se sepultar neste local? |
.
6.3.
Ordem
de Santiago
Sempre acompanhado
por
Martinho de
Noronha,
ainda
no dia 9 de Março, dirigiu-se ao encontro de
D. João II, passando primeiro pela povoação de Aveiras de Baixo (a
cerca de 3,5 km), onde os Silva tinham os seus domínios (23).
A povoação de
Aveiras de Baixo, assim como
Vale do Paraíso foi dada em 1272 à
Ordem de Santiago de Espada.
Á entrada das Igreja matriz de Aveiras de Baixo podemos ainda observar uma espada, o
símbolo desta ordem militar.
Em 1360 a Ordem entregou estes bens ao
Convento
das Comendadeiras de Santos, em Lisboa, os quais tinham aqui uma das
suas principais fontes de rendimento até ao final do século XVI. Pertencia-lhes
a jurisdição de Aveiras, incluindo Vale do Paraíso, e depois de 1437, o Cartaxo.
7. Vale do Paraíso
(Aveiras de Cima, Azambuja)
Colombo escreveu a D. João II
no dia 4 de Março, quando chegou a Lisboa. O rei neste dia encontrava-se em Rio
Maior, mas no dia 5 já estava em Vale do Paraíso. Colombo só recebeu a
resposta do rei a 8 de Março, quando este lhe pediu para o visitar, mas como
vimos partiu nesse mesmo dia para Vale do Paraiso.
Estamos em crer
que Colombo dormiu em Vale do Paraíso de 9 para 10 de Março.
Existe uma tradição
local segundo a qual, o prior do Crato -
Diogo Fernandes de Almeida -,
o alojou em Pontével, na casa dos comendadores da
Ordem Militar do Hospital de S. João de
Jerusalém (31).
As descrições que
possuímos do encontro com D.João II, na noite do dia 9 de Março ou na manhã de domingo, dia 10, não são
coincidentes. Os cronistas portugueses "pintam" uma cena tempestiva, Colombo
descreve o oposto.
"Sábado 9 de
marzo - Hoy partió de Sacanben (Sacavém) para ir adonde el Rey estaba, que era
el valle del Paraíso, nueve léguas de Lisboa: porque llovió no pude
llegar la noche. El Rey (em Vale do Paraíso) le mandó recibir a los pincipales
de su casa muy honradamente, y el Rey también les recibió con mucha honra y le
hizo mucha favor y mandó sentar y habló muy bien, ofreciéndole que mandaría
hacer todo lo que a los Reys de Castilla y a su servicio complise complidamente
y más que por cosa suya; ". Cristovão Colombo, Diário de Bordo.
"Tras
haber permanecido el domingo y el lunes hasta después de misa en aquel lugar,
el Almirante se despidió del rey, quien le demostró mucho afecto y le hizo
muchos ofrecimientos". Hernando Colón, História del
Almirante, p.178
7.1. Comendadeiras
de Santos
A escolha de Vale do
Paraíso para este encontro não foi ocasional, tinha um profundo significado para
D. João II e Colombo, pela sua ligação às comendadeiras do Convento de Santos,
em Lisboa.
D. João II, mestre
da Ordem de Santiago, ao que autorizou, a 24/8/1481, a
entrada no Convento de Santos, da
sua amante - Ana de Mendonça, mãe de Jorge de Lencastre, que ele pretendeu depois de 1491 fazer
seu sucessor no trono de Portugal (21).
As várias visitas do
rei a Aveiras indiciam a possibilidade de Vale de Paraíso ter sido um local de
eleição para os encontros entre D. João II e Ana de Mendonça.
Também Colombo tinha
uma ligação a este convento. Foi no mesmo que conheceu
Filipa Moniz Perestrelo, tendo
solicitado a D. João II autorização para se puder casar com esta comendadeira.
Ao realizar este
encontro em Vale do Paraíso, é provável que o rei tenha procurado mostrar a ligação de ambos à própria
Ordem de Santiago,
e eventualmente proporcionou um reencontro entre Colombo e Filipa Moniz
Perestrelo.
7.2.
Silvas
Em Aveiras de Baixo surgiu no
principio século XV uma das
principais casas do reino. D. João I fez de Gonçalo Gomes da Silva, o primeiro
senhora da mesma. Sucedeu-lhe João Gomes da Silva, também ele alferes de D. João
I. O rei D. Duarte, em 1422, deu
a Silva Tello de Meneses o "Senhorio de Aveiras" (4 ).
João da Silva,
no tempo de D.João II, era o senhor da Vila de Aveiras e de Vagos. Foi
camareiro-mor do rei, e general de Ampurdan
(Empordà em catalán) e da própria Catalunha, durante o
reinado de D. Pedro, Condestável
de Portugal e Mestre de Avis.
Sucedeu-lhe o seu
filho - Ayres Gomes da Silva - camareiro-mor de D. João II, cavaleiro da Ordem da Jarreteira, regedor da
Justiça, embaixador em Inglaterra. (9). Um dos seus filhos, com o mesmo nome, irá participar em 1500 na
expedição de "achamento" do Brasil.
Os senhores de
Aveiras, estavam ligados com os Silva de Toledo (Condes Cifuentes), os quais
mantiveram uma enorme cumplicidade com Portugal até 1640.
É fácil
perceber a razão dos contactos internacionais que Colombo rapidamente estabeleceu com
toda a Europa a partir de Lisboa. Os silva de Aveiras foram neste caso uma
preciosa ajuda.
No século XVI, D. João III concede a - João da Silva Tello de Meneses
(vice-rei da Índia) - o título de 1.º Conde de Aveiras (1542) (6). O
Palácio dos Condes de Aveiras, em Aveiras de Baixo, datado do século XVIII, ainda hoje
é elucidativo da grandeza destes senhores tanto em Portugal, como em Espanha (
Consultar
) (11). O brasão ostenta um Leão.
7.3.
Encontro, com D. João II, em Vale
do Paraíso
Continuando a subir pelo vale,
depois da povoação de Aveiras de Baixo, a cerca de 2,5 km, chegamos a Vale
do Paraíso, onde Colombo foi recebido por D. João II.
Conta-se que o rei se encontrava neste local, aparentemente para se
refugiar da peste que assolava Lisboa (3).
O que se passou entre os dois tem sido descrito de forma tão contraditória
pelos diferentes autores, que merece pouco crédito. A verdade é que
Colombo esteve dois ou três dias em conversões com D. João II, houve tempo para tudo,
inclusive para
assistir a pelo menos uma missa juntos !
Qual é a casa
onde o rei recebeu Colombo ? O local mais provável terá sido uma grande casa que
fica na povoação, mesmo em frente daquela que a tradição indica.
Durante os dois
ou três dias
de reunião com D. João II, o seu alojamento ficou a cargo de -
Diogo Fernandes de Almeida
- 6º. Prior do Crato da Ordem Militar do
Hospital de S. João de Jerusalém -, de quem recebeu muitas honras.
Diogo era filho de Lopo de Almeida, 1º. Conde de Abrantes, amigo e
parceiro de negócios de Lorenzo de Berardi, pai do banqueiro florentino de
Colombo em Sevilha. Mais
Diogo de Almeida era
um nobre da total confiança do rei, seu monteiro-mor e aio privado do seu filho
ilegítimo
- Jorge de Lencastre ). Colombo tem a percepção clara da importância
deste nobre, nomeadamente na estratégia de sucessão do trono despois de 1491,
por isso o identifica no seu Diário de Bordo.
O Rei
mandou dar a Colombo tudo o que precisasse.
A igreja onde ambos
terão rezado no dia 10 de Março, terá sido a capela que ainda existe num ponto mais
elevado da povoação. Na porta tem a data de 1555, possuindo
excelentes azulejos do século XVII. No século XVIII a Igreja
de Vale do Paraíso estava consagrada a Nossa Senhora dos Milagres,
e continuava na dependência do Convento de Santos (-o-Novo).
Trata-se
provavelmente da antiga ermida consagrada a Nossa Senhora do Paraíso, cuja imagem
milagrosa apareceu a um pastor. Frei Agostinho de Santa Maria, afirma que este
"milagre" ocorreu por
volta de 1570, tendo sido construído
então o "Convento de Vale
do Paraiso" ( 2 ). A
descrição é confusa e a data pouco credível (27).
Tudo leva a crer que
a ermida do século XV fosse já dedicada a N. S. do Paraíso (ou Nossa
Senhora do Ó ?), celebração a 18 do Dezembro, junto à qual existira umas casas
para local de reunião e acolhimento.
Indios.
Las Casas, refere um
curioso episódio: Colombo levou consigo alguns indios, para o encontro
com D. João II. O rei, de forma discreta, colocou perante dois deles um mapa das
Indias construído com favas (habas, em espanhol), representando as ilhas que Colombo acabara de descobrir.
Através de gestos procurou que os mesmos assinalassem as ilhas donde tinham
vindo, recorrendo às ditas favas (habas):
"El indio, muy
desenvueltamente y presto, senaló esta isla Española y la isla de Cuba y las
islas de los Lucayos y otras cuya noticia tenía. Notando el rey com morosa
consideración lo que el indio había señalado, cuasi como con descuido deshace
con las manos lo que el indio había significado. Desde a un rato, mandó a otro
indio que señalase y figurase con aquellas habas él las tierras que sabía que
había por aquella mar, de donde Cristóbal Colón los traía. El indio, con
diligencia y como quien en pronto lo tenía, figuró con las habas lo que el otro
había figurado; y por ventura añidio (sic) munchas (sic) más islas y tierras,
dando como razón de todo en su lengua (puesto que nadie lo entendia) lo que
había pintado y significado." (18).
D. João II, toma
então consciência através dos indios das ilhas a que Colombo chegara, e das
muitas mais que ainda havia a descobrir naquela região do mundo.
Piloto.
Colombo levou também consigo
um piloto. A sua principal preocupação foi informar D. João II de tudo o que
fosse relevante, reunindo o máximo de testemunhos possíveis. Satisfeito com as
informações prestadas pelo piloto, o rei fez questão de o recompensar.
8. De Vale do Paraíso ao
Mosteiro da Castanheira
Colombo depois da
missa com D. João II, no dia 11 de Março, dirigiu-se directamente para
a Azambuja, que fica a cerca de 4 km pela serra (10). O seu objectivo era ir ao
encontro da rainha Dona Leonor de Lencastre, que estava no Convento de Santo
António. O percurso terá sido feito por terra.
Qual o percurso que
seguiu? Azambuja? (32) Vila Nova da Rainha? (33) Carregado?
(34) Castanheira? Colombo
passou, quase de certeza, por esta última vila, cujo senhorio pertencia aos Ataídes.
A primitiva igreja, consagrada a S. João, foi destruída no terramoto de 1531.A
actual igreja, consagrada a São Bartolomeu, aproveitou muitos elementos
arquitectónicos anteriores, e foi mandada construir pouco depois por António de Ataíde, 1º.conde de Castanheira, por mercê de D. João III
seu amigo desde a infância.
A partir daqui Colombo iniciou a subida da serra. Este conde e a sua família estão sepultados no Convento de Santo António da
Castanheira.
Colombo
9. Convento de
Santo António (povoação
da Loja Nova, Vila Franca de
Xira)
Ainda no dia 11 de Março, a pedido
da Rainha Dona Leonor, encontrou-se finalmente com
ela no Convento de Santo
António da Castanheira, situado no alto da serra. O convento foi fundado em
1402 por Frei Pedro de Alamancos.
O encontro é presenciada por um Duque (D. Manuel, Duque de Beja,
Mestre da Ordem de Cristo e futuro rei ) e um Marquês (
Pedro de Menezes (1425- 1499), 7º.
Conde de Ourém, 1º. Marques de Vila Real, Senhor de Aveiras, etc) (24). Tudo nos
leva a acreditar que as razões do encontro foi a cumplicidade de Colombo com os
conspiradores de 1483 e 1484, muitos dos quais viviam exilados em Sevilha.
Neste convento está
o grande panteão dos Ataídes, uma família cujos membros se destacaram na
conspiração de 1483.
Lopo de Albuquerque,
Conde de Penamacor, parente de
Colombo que também fugiu para Castela em
1484, foi aqui sepultado. A data que consta na sua pedra tumular
é falsa, pois está escrito que faleceu a 8 de Maio de 1493. O seu filho adoptivo -
Diego
Mendéz de Segura - foi o secretário de Colombo, e será também do seu filho Diogo (Diego
Colon). Mais
Depois da visita à
rainha,
Colombo desceu a serra em direcção a Vila Franca de Xira, domínio da Ordem
de Cristo (30), seguindo para
Alhandra.
10. Alhandra (Vila
Franca de Xira)
A noite de 11 para 12 de Março é passada,
em Alhandra, no Palácio dos Albuquerques,
acompanhado por Martinho de Noronha , cuja mãe era sobrinha de Afonso
de Albuquerque. Mais
O que resta deste
Palácio é bem ilustrativo da forma vergonhosa como esta câmara municipal
cuida do património do concelho.
Foi
nesta povoação que nasceu Afonso de Albuquerque (1453-1515), vice-rei da India e construtor do Império
Português no Oriente, que tinha praticamente a mesma idade que Colombo.
Em Maio de 1502 Colombo
irá a Arzila socorrer o filho do capitão João de Menezes - Duarte de
Menezes - que a estava a defender de um cerco dos mouros.
Antes de partir,
Colombo e o piloto que o acompanhava recebem mais presentes de D. João II,
trazidos pelo seu escudeiro: ofereceu-lhes animais para irem a Castela por
terra, recebendo o piloto uma grande soma em dinheiro (20 espadines), segundo
cálculos do próprio Colombo:
:Diário de Bordo, Colombo
registou que no 12 de Março: "Cuando el almirante del se partió, le
mandó (D. João II) dar una mula, y otra a su piloto que llevaba consigo, y diz
que al piloto mandó hacer merced de veinte espadines." (espadis eram
moedas de ouro, equivalentes a 20 ducados).
Significado dos Vinte Espadis
A
entrega de 20 moedas de ouro (espadis) ao piloto que Colombo levou para
conversar com D. João II, em Vale do Paraíso, reveste-se do maior dos
significados. Não se trata de uma simples dádiva generosa de um rei.
D. João II mandou cunhar estas moedas para acentuar a firmeza que
colocava na defesa de África, inscrevendo nelas a mensagem que os
portugueses nada temia.
Estas
moedas tinham cunhado num lado o escudo real, e do outro, uma mão com
uma espada alçada, encimada pelos seguintes dizeres: "Dominus protector
vitae mae, a quo tripidabo", retirada de Salmos 27: "O Senhor é o
protector da minha vida, de quem terei medo? ".
Rui de
Pina esclarece o significado dos Espadis: "E estes espadis mandou fazer
deste nome por devoção e em lembrança da conquista de África, que sempre
com a espada na mão se faz, e prossegue por honra e exaltação da Fé
Cristã."
A
Espanha devia concentrar-se nas Indias, "descobertas" por Colombo,
deixando para os portugueses África e o caminho para a India através do
Cabo da Boa Esperança. |
11. Cabo de S.
Vicente (Algarve, junto a Sagres)
É uma referência
constante nos relatos das viagens de Colombo. Era um lugar também mítico para
este navegador por tudo o que o mesmo evocava.
O Cabo de S.Vicente
situa-se no extremo sudoeste de Portugal, junto ao Promontório de Sagres (Cabo
Sagrado, segundo Estrabão). Neste local existiria uma pequena capela com os
restos mortais do mártir S. Vicente (séc. IV), resgatados por D. Afonso
Henriques logo após a reconquista de Lisboa aos mouros (1147).
No século XIV foi aqui
fundado o Convento do Corvo dos frades franciscanos. No principio do século XVI
foi criado um farol e um forte (1508), pelo Bispo de Silves.
12. Faro
No
13 de Março, pelas oito horas da manhã, com a maré enchente e o vento de
Noroeste levantou as ancoras e fez-se à vela para ir para Sevilha. A verdade é
que passou todo o dia em Lisboa, pois regista no dia seguinte (14 de Março):
"Ontem, depois do sol posto, seguiu o seu caminho para sul, e achou-se
antes do sol nascer sobre o Cabo de S. Vicente, que é em Portugal".
O dia 14 de Março
foi passado frente à vila de Faro (Portugal),
onde provavelmente desembarcou e da qual só saiu ao pôr do sol. Conhecia muito bem as costas do
Algarve, mas o que o terá levado a fazer
esta escala?
A
explicação mais obvia, remete-nos para o facto da vila de Faro, desde 1491,
pertencer à Rainha Dona Leonor de Lencastre (37), oriunda da Casa dos Duques de
Beja-Viseu, da qual Colombo foi certamente um servidor.
Mais
Outro facto
relevante é ter a vila da Faro pertencido entre 1475 a 1483, aos
Condes de Faro, intimamente relacionados no exilio com Colombo.
Mais
A vila de Faro tinha nesta altura, uma das mais antigas e prósperas comunas de judeus de
Portugal (39). D. Afonso V, a 24/8/1476, em Arévalo, fez
Lopo de Albuquerque,
seu camareiro-mor, conde
Penamacor, e deu-lhe também os rendimentos das judiarias e mourarias de Tavira e Faro.
Título e rendimentos que D. João II lhe retirou, em 1484, na sequência da
conspiração em que este esteve envolvido. Não nos podemos esquecer que muitos
foram os judeus e cristão novos que apoiaram Colombo, ele próprio tem sido frequente
apontado como um cristão novo. Mais.
Existem muitas
outras explicações, menos evidentes, mas igualmente sugestivas:
- Família Barreto,
alcaides-mor de Faro (35). No século XV se ligaram aos
monizes (36), à familia do 10º. almirante-mor Nuno Vaz de
Castelo Branco
e aos melos de Alvaro de
Bragança, seu protector em Castela. Rui Barreto era na altura o
alcaide-mor, regista-se a sua participação no julgamento que condenou à morte o
Duque de Bragança em 1483. Tratou-se de uma visita a parentes?
- Família Caminha.
Um
Fernandes de Caminha, em data incerta, teve como filho legitimo em Faro,
Alvaro de Caminha (38),
que foi capitão de armadas na costa africana, tendo estado envolvido na
descoberta da Ilha de S. Tomé. D. João II, nomeou-o capitão-donatário da
Ilha de S. Tomé, em 1493, onde veio a falecer em 1499. Acontece que este Alvaro de
Caminha, aparece desde o inicio do século XIX , frequentemente referido como
Alvaro de Caminha Souto Maior, filho ou parente de Pedro Alvares de Sottomaior (Pedro
Madruga) e de Leonor de Távora.
A confusão é completa, dada a tentativa de associar Pedro Madruga a Colombo.
Mais
O certo é que
Colombo atribuiu o nome de Faro a um dos seus topónimos. Esta escala não
passou despercebida a Hernando Colon, o qual fará uma visita secreta a Portugal,
em 1518, registando no seu "Itinerário" que a vila de Faro tinha cerca de 1.500 vizinhos.
Mais
A verdade é que só no dia 15 de Março,
pelo meio-dia, com a maré a montante entrou pela barra de Saltes, junto a
Palos (Andaluzia, Espanha). Poucas horas depois dava entrada a Pinta,
comandada por Martin Pinzon, o qual não tardou a falecer, corroído pelo desgosto
e pela sifilis contraída nas Antilhas.
Mais
Terminava assim a longa
estadia de Colombo em Portugal - um mês - onde teve oportunidade para
visitar familiares e amigos e conferenciar com D. João II, sobre a estratégia
seguida e os próximos passos que seriam dados.
Em Espanha, no
Convento de la Rábida, esperava-o outro português -
Frei João Peres de Marchena -, com quem vai conferenciar durante 15 dias, antes de partir para
Barcelona para se encontrar, por último, com os reis
católicos.
Carlos Fontes
|
|
Notas:
( 1 )
Garcia de Resende, Crónica
de D. João II , capítulo 165 e Joaquim Veríssimo Serrão, Itinerários de
El-rei D. João II , v. II.
( 2 ) Frei Agostinho de Santa Maria, Santuário
Mariano , t. II, Lisboa, 1707, p. 363.
Ana de Alencastre, comendadeira do Convento de
Santos-o-Novo assumiu, depois de 1570, a administração da igreja.
( 3 ) No dia 12 de Março D. João
II, ainda aqui se encontrava pois emitiu documentos
de despacho ordinário, datados de Vale do Paraíso. Cfr.Joel Serrão, Dicionário
da História de Portugal. Vol. I, pág.50
(4 ) IAN-TT, Chancelarias Régias, Chancelaria de
D. Duarte, Livro 2; Nuno Gonçalo Monteiro, O Crepúsculo dos Grandes , p. 261
(5) Frei
Manuel da Esperança, História Seráfica da Ordem dos Franciscanos Menores da
Província de Portugal, 2ª. parte, cap.XXVII, Lisboa. 1666. Inscrição no túmulo:
"Aqui jáz D. Fernando de Noronha, bisneto d`Elrei
D. Fernando de Portugal, & d`Elrei D. Henrique de castela; & D. Constança de
Castro soa molher; & alguns de seu filhos, & netos. O qual faleceò na Era de
1509".
(6)
IAN-TT, Chancelarias Régias, Chancelaria de D. João III, Doações e Mercês,
Livro 1.
(7 )
A história do Convento e Igreja de N.S. das Virtudes
ainda não está estudada em profundidade, no entanto foram já publicados alguns
estudos que nos permitem uma ampla compreensão da mesma, sendo de destacar os
seguintes:
- Bota, Adelaide Maria de Almeida -Igreja de
Convento de N. S. das Virtudes (Azambuja). Base para uma proposta de recuperação
e valorização. Dissertação de Mestrado em Recuperação Arquitetónica e
Paisagística. Universidade de Évora. 1998
- Ventura, Margarida Garcez; Oliveira, Carlos;
Pereira, Raul - A Igreja de Santa Maria das Virtudes, in, Via Spiritus 7 (2000),
pp. 77-97
(8) Martinho de Noronha. Vedor da Fazenda
de D. João II. Senhor do Cadaval. Era da total confiança de D. João II. No dia
em que o rei faleceu, não deixou se lhe fazer o pedido de Vila Nova para o seu
filho (Cfr.Resende).
Era filho de Pedro de Noronha, mordomo-mor
de D.João II, comendador-mor da Ordem de Santiago, embaixador em Roma
(14/6/1485).
Sobrinho de Isabel de Noronha, marquesa de
Montemor, exilada em Sevilha, na sequência da conspiração de 1483.
Sobrinho, também de Fernando de Noronha,
governador da casa de Joana, a Beltraneja ou Excelente Senhora. Encontra-se
sepultando na Igreja do Convento de N.S. das Virtudes (Azambuja).
Neto de Pedro de Noronha, arcebispo de
Lisboa.
(9) Corografia portuguesa, e
descripçam topografica do famoso reyno de Portugal, António Carvalho Costa,
Tomo Terceiro.
(10) O Cabo da Roca, como o Cabo de S. Vicente
era do prefeito conhecimento de Colombo. No seu Diário de Bordo, diverte-se, no
dia 15/2/1493, a mostrar a ignorância da sua tripulação. Diz que ele quando se
estavam a aproximar de terra, a cerca de 5 léguas, alguns a bordo que diziam que
se tratava da "Roca de Sintra en Portugal", dado que " la mar venía muy alta del
Gueste". Ele esclareceu-os que não se tratava do cabo da Roca, mas da Ilha de
Santa Maria, nos Açores.
(
11) O Palácio
dos Condes de Aveiras ( Solar dos Condes de Povolide ou Palácio da Quinta da
Cerca ), em Aveiras de Baixo, resultado de um profunda transformação datada do século XVIII,
de uma construção muito anterior (século XV ou XVI?). Está organizado
em torno de um pátio central e possui uma capela privativa. O estado é de
abandono e ruina.
(12
)
(13
)
(14
) João da Castanheira não era o capitão da ilha de Santa Maria, mas apenas o seu lugar
tenente. Quando Colombo chegou à ilha o capitão da mesma - João Soares de Albergaria - , estava em Lisboa, a
contrair matrimónio pela segunda vez. cfr.
Arruda, Manuel Monteiro Velho - Arquivo dos Açores, Vol. XV, p.3.
(15)
Catz, Rebecca - Cristovão Colombo nos Açores. Academia da Marinha.
Lisboa.1991; MONTEIRO, Jacinto. "Passagem de
Colombo por Santa Maria". in revista Ocidente, vol. LVIII, Lisboa, 1960.
MONTEIRO, Jacinto. "O Episódio Colombino da Ilha de Santa Maria, nas suas
Implicações com o Descobrimento da América". in revista Insulana, vol. XXII, 1º
e 2º semestres, 1966, p. 37-126.; MONTEIRO, Jacinto (Pe.). Atentado contra
Colombo nos Açores. Angra do Heroísmo (Açores): Secretaria Regional da Educação
e Cultura; Direcção Regional dos Assuntos Culturais, 1994.; FRUTUOSO, Gaspar.
Saudades da Terra. Livro III, capítulo II.
(16)
O Convento de Nossa Senhora das Virtudes era o século XV o mais popular local
de peregrinações de Portugal. Cfr. Sentimento, Religião e Política na
Época Moderna, in Lusitânia Sacra, Universidade Católica Portuguesa,
1956.
Entre 1405 e 1498 foram registados 56 milagres no
Convento. cfr. Revista da Biblioteca Nacional, serie 2, vol.3, Tomo I.
Janeiro-Abril de 1988.
(18) Las Casas, Historia de las Indias, Tomo I,
cap.74 , 210v -211, pp. 691 e 692.
(19) Rodrigues, José Damião - Endogamia, Parentesco
e Consanguidade: relações familiares e de poder em Ponta Delgada (Açores) no
século XVII, in, Casey, James - Família, Parentesco y Linaje ...
A informação disponível corrobora a ligação
entre João de Castanheira e Fernão de Quental: Gaspar Frutuoso, Saudades da
Terra, 4º. volume, 1ª. Parte..; António Cordeiro e Gonçalves de Andrade -
Historia Insulana. Das ilhas de Portugal Sujeitas ao Oceano Occidental. Livro V,
Tit.VI...; Revista Ocidente, nº. 60...;
Sobre o convento franciscano patrocinado em Ponta
Delgada por Margarida de Matos e Fernão Quental: Frei Agostinho de
Montal`Alverne - Crónica da Província de S. João Evangelista...
,
(20) Las Casas, Historia de las Indias, Tomo I,
cap.71 pp.680-681
(21) D. João II, ainda na condição de príncipe, em
1476, conheceu Ana de Mendonça na cidade de Toro (Castela), quando esta era dama
de Joana, a Beltraneja, que D. Afonso V desposara. Desde então mantiveram uma
ligação amorosa, muito criticada, nomeadamente pelo Duque de Bragança,
decapitado em 1483.
Ana de Mendonça, acompanhou Joana, a Beltraneja na
sua vinda para Portugal. Dias depois de ter dado à luz - Jorge de Lencastre
(12/8/1481), no paço conde de Abrantes terá ingressado no Mosteiro de Santos em
Lisboa.
A vigária do Convento de Santos, em Lisboa, era a sua
prima paterna -
Violante de Nogueira ( ? - 1508) que, em 1487, substituiu comendadeira Brites de Meneses, quando
esta faleceu. Era filha de Afonso Furtado de Mendonça, capitão-mor do mar, no
reinado de D. João I, e de Constança Nogueira, filha de Afonso Nogueira,
alcaide-mor de Lisboa, e de Joana Vaz de Almada.
22) João da Castanheira conhecia Colombo ou foi
sobre ele informado?
Na Ilha de Santa Maria, nesta altura, João
Marvão era feitor e almoxarife do Duque de Beja. Era natural do Sabugal, para
onde regressou já velho, mas deixou na ilha filho e filhos. Acontece que o
alcaide-mor da vila do Sabugal era o conhecido Pedro de Albuquerque,
almirante-mor de Portugal, aparentemente morto em 1484.
Mais
(23 ) Pereira, José António Machado - Identidade,
História e Memória da Terra de Aveiras de Baixo. Junta de Freguesia de Aveira de
Baixo. 2009.
(24) Pedro de Meneses (1425-1499). Uma das
mais importantes figuras do seu tempo. Era o 7º. Conde de Ourém, 3º. Conde de
Vila Real (3/6/1445), e depois 1º. Marques de Vila Real (1/3/1489), Senhor de
Aveiras, Almeida, campo de Ulmar (Monte Real), S. Pedro de Muel, etc.
Alcaide-mor de Leiria. Foi também senhor das Canárias.
Governador de Ceuta. Participou na Batalha de Toro.
Fez parte dos juízes que condenaram à morte do Duque de Bragança, em 1483
Era filho de Fernando de Noronha, que devido
ao seu casamento com Brites de Meneses, 2ª. condessa de Vila Real, passou
a usar o nome de Meneses. Era, portanto, sobrinho de Pedro de Noronha, o
conhecido arcebispo de Lisboa.
Biografia: Baquero Moreno - As Conspirações contra
D. João II: o Julgamento do Duque de Bragança, in, Exilados .... Editorial
Presença. Lisboa. 1990
(25) D. João II e a rainha Dona Leonor visitaram com
alguma frequência este convento. Alguns exemplos: Em finais de 1484 (a rainha);
Junho de 1486 (ambos); Setembro de 1487 (ambos); 1491, depois da morte do
principe D. Afonso (ambos), 25 de Fevereiro de 1493 (ambos);
(26) Pimentel, Manuel - Arte de Navegar. Roteiro das
Viagens da Guiné, Angola, Brazil.... p.527
(27) Pereira, José A. Machado - Vale do Paraíso.
História e Historias. 2006. C.M. Azambuja.
(28) Duarte, Luis Miguel - A Actividade Mineira em
Portugal Durante a Idade Média, in, Revista da Faculdade de Letras..
(29) Rau, Virginia - Aspectos do "Trato" da "Adiça"
e da "Pescaria" do "Coral" nos finais do século XV, in....
(30) Recorde-se que foi desta vila que
provavelmente, partiu Bartolomeu Dias para a sua célebre viagem ao Cabo
da Boa Esperança (1488).
(31) Os vestígios históricos da antiga vila de
Pontével (Cartaxo) praticamente desapareceram, o que resta são documentos que
nos permitem avaliar o seu rico passado.
No século XII foi doada ao francos de Vila
Verde, onde se fixaram os albuquerques, mas também aos cavaleiros da
Ordem de São João do Hospital. Esta comenda, uma das importantes da
Ordem, esteva ligada à de São João de Alporão, em Santarém. Os comendadores
tinham em Pontével um palácio de que ainda subsistem alguns vestígios, junto à
igreja matriz.
(32) Azambuja.
Esta vila pertencia
à Ordem de Aviz. Recorde-se que Colombo tinha uma bandeira com uma
cruz verde,
a mesma que possuía esta ordem militar.
No século XV
Aveiras e Azambuja fervilhava de gente ligada às descobertas, algumas das quais o
próprio Colombo afirma ter-se relacionado. D. João II tenha-o recebido em Vale
do Paraiso, no Convento das Virtudes, ou em ambos os locais terá querido
certamente recordar-lhe o seus laços com o país.
Rolin. D. Afonso
Henriques, em paga pelo apoio à reconquista de Lisboa (1147), a povoação de
Azambuja (então Vila Franca) ao cruzado D. Childe Rolim, 5º. filho do conde de
Chester (Inglaterra). Ao longo dos séculos a Azambuja esteve ligada à familia
Rolin de Moura. Entre as suas mais célebres personagens destacam-se:
António Rolim de
Moura (cavaleiro que se
distinguiu na conquista das praças de Marrocos), António Rolim de Moura (1.º conde de Azambuja,
governador e vice-rei do Brasil-1767), etc.
Apelido de Azambuja.
Vários navegadores tiveram o apelido de Azambuja, entre eles
destacam-se:
-
João Afonso da Azambuja
(pessoa abastada, contador
de
D. Nuno Alvares Pereira.
Estava ligado às conquistas em África, mas também aos rendimentos nos
transportes em Sacavém);
- Diogo de Azambuja, cavaleiro da Ordem de Aviz. Navegador,
explorou a Costa da Mina, onde D. João II lhe mandou construir uma
fortaleza (1481-1485).
Utilizou astrolábios náuticos).
Colombo afirma que em 1481 foi à Mina.
-
António de Azambuja (capitão
comandou em 1548 uma das naus da armada de João Henriques que seguiu para a
Índia).
Outros. André Pessoa
(capitão-mor que anda pelo Japão), Martim Afonso de
Sousa (vice-rei da Índia),
(33)
Vila Nova da Rainha. Vila
da Ordem de Aviz, onde segundo a tradição se casou, em 1375, Nuno
Alvares Pereira com Dona Leonor de Alvim. .Após ter
sido arrasada, incendiada e destruída pelo exército de Castela em 1382,
ficando a salvo apenas a igreja, em 1383, a regente Leonor de Teles manda
reintegrar Vila Nova da Rainha, no termo de Alenquer ( IAN-TT, Chancelarias Régias,
Chancelaria de D. Fernando I, Livro 2, f. 111.)
(34)
Carregado.Colombo
passou por aqui também no dia 11 de Março. No local a Ordem de Aviz tinha uma
importante propriedade, que D. Jorge de Lencastre, mestre da Ordem, deu a António
Corrêa filho de Vasco Gil, que havia instituiu um morgado no Carregado (Quinta
da Condessa). António Corrêa
foi mandado por D. Manuel guerrear no mar da Pérsia, fez as pazes com os
reis do Pegu e Bintão e venceu e matou Mochrim rei da ilha
do Baharem no mar de Ormuz. D. João III, em memória do feito, mandou que
tomasse o apellido de Baharem em adição ao de Corrêa..
(35) Na linhagem dos barretos que importa reter é a
de Gonçalo Nunes Barreto (c.1370-1435), fronteiro-mor do Algarve, alcaide-mor de
Faro, 1º. morgado da Quarteira (1413), do qual descendem os seguintes alcaides
de Faro no século XV: Nuno Barreto e Rui Barreto.
Rui Barreto, era filho de Nuno Barreto, fidalgo da
casa de D. Afonso V. Casou com Branca Vilhena. Foi um dos 21 juizes que
sentenciou à morte o Duque de Bragança, em 1483. Cf. Baquero Moreno - As
Conspirações contra D. João II: o Julgamento do Duque de Bragança, in, Exilados
.... Editorial Presença, Lisboa.1990
(36) História Insulana das Ilhas de Portugal
sugeitas no Oceano Occidental, vol. 2, Livro VI, cap. XXIII, p.122 (1856).
(37) Faro e Silves passaram a fazer parte da Casa
das Rainhas, quando D. João II, por carta datada de 14/4/1491, a doou à rainha
dona Leonor, com todos os direitos, excepto o das alfandegas, siza e casa do
sal. ANTT- Livro 2 de Misticos, f.86; João Baptista da Silva Lopes - Corografia
(...) do Reino do Algarve, Lisboa, 1841, p.278; Sá, Isabel dos Guimarães - De Princesa a
rainha-velha. Leonor de Lencastre, p.239., etc,
D. Manuel, quando subiu ao trono não
só confirmou a posse de Silves e Faro, como também lhe deu em 1499, Vila Franca
de Xira, Castanheira do Ribatejo, Azambuja e Cascais.
(38) Álvaro de Caminha participou como
capitão-mor na viagem em que João de Santarém e Pero Escobar descobriram São
Tomé, em 1471, ao serviço de Fernão Gomes; Entre 1493-1499 viveu como
capitão-donatário em São Tomé (cfr. Portugaliae Monumenta Africana, vol.
II, ). Foi a ele que foram entregues os filhos recém-baptizados dos judeus
e alguns degredados, para povoar a Ilha de S. Tomé. Criou um centro populacional
na baía de Ana de Chaves. Introduziu a plantação da cana de açúcar na ilha.
(39) Iria, Alberto - Os Judeus no Algarve Medieval e
o cemitério israelita de Faro (séc. XIX) (História e Epigrafia). Sep. dos Anais
do Municipio de Faro. nº.XIV. Faro. 1985
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