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5.
Corsário Português
A
chave para a descoberta da verdadeira identidade Colombo está no corso. Nos
arquivos de Portugal, Espanha, França, Inglaterra e Itália existe abundante documentação sobre
corsários no século XV.
Os reis de Portugal tinham os seus
corsários, muitos dos quais eram estrangeiros.
Os
seus dois primeiros biógrafos - Hernando
Colon e Las Casas - estão de acordo num ponto: Colombo
entre 1476
e 1484 andou no corso ao serviço do rei de Portugal.
Para protegerem a
sua verdadeira identidade, como vimos, confundem-no com outros corsários com a
mesma alcunha.
Um
dos mais enigmáticos corsários portugueses, conhecido Coulão ou Colombo
foi Pedro João Coulão.
Desde
1469 que há registos que este corsário andava na costa de
Portugal, comandando um navio de piratas. D. Afonso V contratou-o,
passando mesmo a aparecer nas contas da Fazenda Real os respectivos
pagamentos pelos seus serviços.
Em
1470, o Senado de Veneza recebe a notícia que um navio veneziano sido apresado
"por Colombo e por portugueses", registando o documento: "...dicese
esser el corsaro portogalex..." ( "...diz-se que o corsário é
português" ( 2 ). O navio fora apressado na Galiza.
Em
1474, Veneza apela a D. Afonso V para controlar a actividade deste corsário,
com o qual o rei tinha uma ligação especial. Dois anos depois, este corsário,
com Pedro de Ataíde e Cristovão Colombo ajudam a libertar Ceuta de um cerco
castelhano.
Pedro
João Coulão tem sido identificado com o próprio Cristovão Colombo (1). Recorde-se
que Lucio
Marineo Siculo, italiano, cronista dos reis católicos, afirmava que o verdadeiro nome de
Colombo era Pedro. Estaria a referir-se a Pedro João Coulão ?
Sempre
que havia um saque aos seus navios, os venezianos protestavam junto dos reis
portugueses contra o seus piratas.
Em 1485, por exemplo, protestaram junto de D.
João II por um seu corsário chamado "Cristoforo
Colombo" lhes ter
apresado dois navios. O corsário alegou que o tinha feito por Veneza ter sido
excomungada pelo papa. Todos os argumentos serviam para justificar o saque.
A
) Corso e Pirataria em Portugal
Colombo
andou com corsários portugueses ou foi um deles ? (1). A
única certeza é que em qualquer dos casos esteve sempre ao serviço dos reis
portugueses.
1.
O corso era uma
actividade muito lucrativa e difundida em Portugal no
século XV.
Lisboa, Lagos, Odemira e a partir de 1415 Ceuta eram
os principais centros de corso e pirataria. Os piratas portugueses, à semelhança dos
castelhanos e franceses não apenas atacavam navios de muçulmanos, mas também
de cristãos. Não raro saqueavam navios que se dirigiam para os próprios
portos nacionais (7). A sua acção desenvolvia-se no Oceano Atlântico e
no Mediterrâneo, no qual contavam com uma importante base de apoio em Ceuta, verdadeira escola de guerra da nobreza portuguesa no século XV
(20).
Lisboa, situada na rota do comércio marítimo entre o
Mediterrâneo e os mercados do norte da Europa, ocupava uma posição
privilegiada para esta actividade. Era um mercado habitual para a venda do produto
destes saques. A guerra no mar era em grande parte apoiada em
corsários, mas
também financiada pelas suas pilhagens.
-
O rei tinha direito a um quinto do saque que os corsários praticavam. A
tripulação e os armadores dos navios ficavam com o restante.
Os
corsários portugueses era dos mais temíveis em meados do século XV, actuavam não
apenas no Atlântico, mas também no Mediterrâneo, onde atacavam os navios dos
reinos muçulmanos do Norte de África e de Granada, mas também os do reino de Aragão
(Catalunha e Valência) ou das cidades italianas como
Veneza, Génova, etc.
Estes
corsários tinham os seus próprios navios, actuavam sozinhos ou associados,
estavam em geral ao serviço de reis ou grandes senhores. Entre a tripulação de
navios corsários estrangeiros é frequente encontrarem-se portugueses até
finais do século XVIII.
2.
O corso envolve em Portugal a alta nobreza.
Os nobres tem os seus próprios navios ou
assumem-se como capitães de navios corsários. O corso funcionava como uma
verdadeira escola de guerra naval para a nobreza. Era o seu tirocínio, as
suas aulas práticas.
Uma das singularidades da expansão
portuguesa, por exemplo, em relação a Castela/Espanha foi o facto dos nobres
portugueses, sobretudo depois de 1441, participarem activamente nas próprias
expedições marítimas e no corso (34).
O corso para a Casa Real constituía uma forma de manter longas
guerras sem grandes despesas. O próprio rei tinha os seus corsários, os
"corsários del rei". Um expediente que se revelou muito eficaz num pequeno
país.
É
enorme a lista de corsários nobres portugueses no século XV. Alguns exemplos:
- Infante D. Henrique,
grão-mestre da Ordem de Cristo. Senhor de Ceuta (1415). Possuía ao
serviço muitos corsários, entre os quais se contavam fidalgos,
como Alvaro do Cadaval (1428). Os corsários do Infante andavam igualmente nas
descobertas marítimas. Muitos dos que enviou durante 12 anos, para dobrarem o
Cabo do Bojador (1434), no regresso iam à costa da Berberia e de Granada "para
tomarem algumas presas com que forrassem a despesa da armação" (39). Desde 1443
ficou com
o monopólio do comércio, expedições e corso a sul do Cabo do Bojador. Em 1451,
Luis Afonso Caiado e Rui Sanches de Cales (Cádiz), numa armada do Infante tomam
2 caravelas, onde seguia o bispo das Canárias Juan Cid (Cfr Zurara...).
Por delegação régia, tinha o
direito a um quarto das presas efectuadas sobre navios sarracenos por corsários
(mareantes) ao seu serviço.
- Infante D. Pedro,
Duque de Coimbra e regente de Portugal (1439-1449), tinha navios no corso. Por
uma carta datada de 7 de Novembro de 1433, sabemos que armou navios para
andarem no corso no Estreito de Gibraltar contra os muçulmanos. O seu irmão, o
rei D. Duarte, atribuiu-lhe o quinto das presas. É provável que os navios fossem
de Buarcos ou Aveiro, vilas marítimas de que era senhor.
- Infante D. Fernando,
1º. Duque de Beja e
2ª Duque Viseu, um dos presumíveis pais de Colombo,
tinha desde 1454 uma caravela de corsários no Mediterrâneo, comandada
por Fernão Gonçalves. Este corsário, em 1459, capturou um navio italiano ao
largo de Pisa. Em 1464 iniciou-se um processo para indemnizar mercadores valencianos atacados pela sua
frota. Os ataques dos seus navios prosseguiram até 1470, o ano em que
faleceu.
Outros infantes, como o Infante D. Pedro (regente do reino) ou o infante D. Duarte (futuro rei),
possuíam barcos no corso. A prática era corrente na família real.
- Sancho de Noronha
(?-1471), Conde de Odemira,
à semelhança de outros capitães de Ceuta, entre 1451 e 1460, obtinha nesta
cidade enormes lucros do
corso (9). Estes condes eram familiares de Colombo.- Alvaro de Castro (c.1420-1471),
Conde de Monsanto, obtinha
enormes lucros do corso e pirataria.
- Alvaro Afonso ( -1471), bispo de
Silves e de Évora, chanceler-mor do Infante D. Pedro,
tinha também navios no corso.
No
estrangeiro os nobres portugueses não abdicam de se rodearem de corsários do
seu país, como foi o caso e D. Pedro de Coimbra.
O
corso era também uma forma de ascensão social. Os corsários requeriam o
acesso a honra e a privilégios, conseguindo pelos seus serviços passarem de
escudeiros para cavaleiros. Eram também isentos do pagamentos de peitos,
fintas, talhas e outros impostos incluindo obrigações para com a comunidade
(13).
Por
questões políticas, a identidade destes corsários ou dos armadores dos navios
eram frequentemente ocultadas. Uma das primeiras referências a
"Colombo" enquanto corsário, identificam-no como português.
3. Corso e as Ordens Militares
As três principais ordens militares
de Portugal - Cristo, Santiago e Avis - estavam profundamente envolvidas em
actividades de corso e pirataria. Armam navios e possuem um papel fundamental no
recrutamento de capitães, pilotos, marinheiros e a restante tripulação dos
navios.
A Ordem de Cristo, até 1460,
enquanto o Infante D. Henrique foi o seu administrador, assumiu um papel de
destaque nas actividades de corso e pirataria.
A Ordem de Santiago quando o
Infante D. Fernando assume a sua administração, torna-se numa verdadeira escola
de corsários e piratas. Desde 1454 tinha, por exemplo, várias caravelas no
Mediterrâneo em ataques piráticos. Depois de 1470, o novo mestre da Ordem - o principe e futuro
rei D. João -, mantém a mesma vocação marítima e corsária desta milicia.
Fizeram parte da elite de corsários
e piratas santiaguistas, entre outros, os seguintes: Diogo Cão, Bartolomeu
Perestrelo, Pedro de Albuquerque, Bartolomeu Dias, Guterres Coutinho, Estevão
Gama (pai), Diogo Fernandes de Almeida, João de Sousa, Gaspar Zuzarte, etc.
A Ordem de Avis, andou
envolvida no corso em Aragão (Catalunha), devido à influência do seu mestre -D.
Pedro de Coimbra (1429-1466), condestável de Portugal .
Quando foi aclamado rei de
Aragão, da Catalunha e de Valência (1465)), como sucessor de Henrique IV de
Castela fez-se acompanhar de vários corsários portugueses, como:
- Soeiro da Costa, alcaide de
Lagos, A longa experiência deste corsário, que participou na conquista de
Ceuta (1415) e Arguim (1443), era uma dos seus elementos fundamentais para
dominar a região.
- Pedro de Ataíde, cavaleiro
da Ordem de Aviz.
- Diogo de Azambuja,
cavaleiro da Ordem de Aviz
- Rodrigo Sampaio, cavaleiro
da Ordem de Aviz .
Após ter sido derrotado na batalha
de Calaf (28/2/1465), D. Pedro recebe um forte apoio de D. Afonso V e dos seus
corsários. Em Julho deste ano, uma esquadra vinda de Portugal derrota João II de
Aragão quando este cercava Barcelona. Um dos que mais o apoiou foi o seu primo - D. Fernando, Duque de Viseu-Beja, mestre da Ordem de Cristo e de Santiago,
cujos corsários percorriam todo o Mediterrâneo (30).
Entre 1464 e 1466 numerosos
portugueses, incluindo experimentados corsários fixam-se na Catalunha para
apoiarem D. Pedro de Coimbra, e aí permanecem mesmo depois da sua morte (Granollers,
29/6/1466), passando a apoiar a causa de Renato d`Anjou.(31)
B)
Corsários e Piratas Portugueses no Mediterrâneo
Desde
a 1ª. metade do século XII, existem notícias de mercadores portugueses nas
grandes feiras orientais, como a de S. Demétrio em Tessalónica, na rota de
Constantinopla e do Mar Negro. Na 2ª. metade deste século já percorriam
regulamente todo
o mediterrâneo. Na 1ª.
metade do século XIV já os mercadores portugueses tinham estabelecido
carreiras regulares entre as principais cidades italianas, como Génova ou
Veneza (1314) e as principais cidades portuárias do Norte da Europa.
A segurança das rotas comerciais marítimas do Mediterrâneo, da costa
ocidental de África, mas também das costas de Portugal, nomeadamente dos ataques dos piratas e dos
muçulmanos, eram garantidas pelos portugueses através do corso (21), tratava-se de uma guerra barata e bastante lucrativa .
Século
XIV
As
primeiras notícias de corsários portugueses no Mediterrâneo datam do inicio
do século XIV. Vicente Marti e Domingo Vicente,
em 1308, foram presos em Bona
(Berbéria), quando andavam a atacar navios do Reino de Aragão.
A
crescente actividade de corso exigiu um mais perfeito domínio da navegação
com galeras (barcos a remos), os navios mais utilizados nestas acções
de saque até finais do século XV. Foi com este objectivo que o rei D. Dinis,
em 1317, contratou o corsário genovês Manuel Pessanha para ensinar os
portugueses a manobrar este tipo de navios. Foi doado a este corsário a
Vila de Odemira, na costa Alentejana.
A
acção destes corsários, envolvia também a defesa da costa portuguesa de
outros corsários-piratas. Uma carta de D. Dinis,
datada de 1321, determina a remissão de 5 mouros capturados pela frota de
vigilância das águas territoriais (20).
Corso
e comércio marítimo andam sempre associados. No contrato assinado por D.
Afonso IV com a companhia Bardi, de Florença, em 1338, uma das
condições que esta companhia exige é que o rei suspenda as actividades de
pilhagem que os corsários portugueses faziam aos navios florentinos (21). O
contrato admitia todavia o assalto a navios que pudessem transportar material de
valor militar.
Os
genoveses eram alvo de constantes ataques por parte dos corsários portugueses,
incluindo dos descendentes de Manuel Pessanha. Génova, em 1370, enviou Lisboa
emissários para exigirem a devolução dos seus navios que haviam sido
capturados por Lançarote Pessanha, filho de Manuel Pessanha. O rei D. Fernando
concordou em devolver os navios, e firmou um novo contrato de com o Duque de
Génova Gabriel Adorno.
Muitas vezes
estes corsários disfarçavam-se de mercadores: João Bono, português, em 1388,
quando foi preso em Valência, defende-se afirmando que andava no transporte de
trigo para Barcelona.
Na Sícilia, entre 1395 e 1399, vários corsários
portugueses tinham a sua base nesta ilha (29)
No
final do século XIV, os portugueses já dominavam não apenas as artes náuticas,
mas também as artes da guerra no mar e o corso. Os corsários genoveses não
tardaram a ser dispensados. A guerra de corso passou a fazer-se também no alto
mar, com barcos à vela munidos de canhões (uma inovação portuguesa).
Século
XV
A conquista de Ceuta,
em 1415, constituiu um marco não apenas arranque na expansão portuguesa, mas
também no corso. Ceuta era então a primeira cidade cristã em África. Permitia a Portugal controlar o
tráfego marítimo que passava pelo Estreito de Gibraltar, fiscalizando a Berbéria (Barbaria ou Costa
berberisca) e
o reino de Granada.
Reforçava a segurança das costas de Portugal, mas também das suas rotas comerciais marítimas pelo Mediterrâneo e costa
ocidental de África, através do corso que se instalou em Ceuta (21). Tratava-se de uma guerra barata e bastante lucrativa.
"A actividade marítima (em Ceuta)
torna-se tão frutuosa que nas suas taracenas se fabricavam navios para a guerra
de corso ou para ataques de cristãos em diversos lugares da costa magrebina.
O fortalecimento da armada portuguesa e a existência de um exército
experimentado em alerta permanente garantiam um melhor equilíbrio peninsular,
actuando (Ceuta ) como elemento dissuasor de eventuais iniciativas hegemónicas
castelhanas" (11)
No
século XV piratas e corsários portugueses pululavam ao longo de todo o
Mediterrâneo. No tempo do D. Duarte, em 1434,por exemplo, uma nau portuguesa
capturou um barco genovês no mar da Sícilia (22), mostrando a longa penetração
pelo Mediterrâneo destes piratas-corsários.
Atacam
não apenas navios de muçulmanos, mas também cristãos: genoveses,
florentinos, venezianos, aragoneses, castelhanos, etc. O seu número nunca parou
de aumentar, frequentemente combinam o corso com o transporte
de mercadorias.
Apesar
de Portugal ter uma aliança com o Reino de Aragão, os corsários portugueses
entre 1433 e 1462 não deram tréguas aos seus navios. Neste período, em Valência,
segundo os registos das autoridades marítimas - 15,8% dos apresamentos
dos navios de porto foram feitos por corsários portugueses (24).
A
primeira grande geração de piratas-corsários portugueses foi formada em Ceuta,
uma verdadeira escola de guerra e de enriquecimento fácil, para o que muito contribuiu seu primeiro
governador:
- Pedro de Meneses (16),
Conde de Ayllon (titulo não reconhecido em Portugal), Conde de Vila Real (1424) e Conde Viana do Alentejo (1433-34).
Capitão
de Ceuta desde Agosto de 1415 até à data da sua morte, em 1437, só veio a Portugal duas
vezes (17). Ao longo de 22 anos transformou a
fortaleza de Ceuta no mais importante centro de pirataria dos cristãos
no mediterrâneo.
Possuía
nesta actividade 9 navios, uma autêntica esquadra a que se associavam navios de
piratas e corsários sediados em Ceuta. Nestas actividades corsárias, não
apenas envolvia nobres portugueses, mas também estrangeiros, como um conde
alemão, corsários genoveses (Pedro Palhão), castelhanos (João Riquelme),
etc.
Gomes Eanes de Zurara,
na Crónica que dedicou a Pedro de Meneses (25), diz-nos que praticava o saque de
forma continua: "Trazia sempre seus navios aparelhados, que casy cada
semana avia preza grande, ou pequena". Não era apenas no mar que fazia
constantes razias, mas também em terra. Em Julho de 1417, enviou 7
embarcações, 4 das quais eram suas, para saquear Larache. Uma operação que
lhe rendeu uma fortuna.
Os seus navios atacavam de forma sistemática as costas de
Reino de Granada, mas também as de Africa mediterrânea e atlântica, em
particular os Reinos de Fez. Não lhe escapavam igualmente navios genoveses,
castelhanos, aragoneses, enfim tudo o que
fosse lucrativo. Tornou-se um os homens mais ricos de Portugal, passando a
emprestar avultadas quantias em dinheiro, nomeadamente ao Infante D. Henrique.
Luís Adão da Fonseca, afirma que a geração dos navegadores
de D. João II, entre o quais e incluía, por exemplo Bartolomeu Dias, fez o seu tirocínio
militar como corsários no Mediterrâneo (12).
- João Pires de Lisboa e Afonso Dias
do Porto,
andavam ao
serviço do Duque de Borgonha, andavam no mediterrâneo a atacar
turcos, aragoneses (1453). João Pires, em 1451, assalta junto a Barcelona, uma nau de
monges que ia comprar alimentos para levarem para Jerusalém (14) .Afonso
de Oliveira, andava
também no corso ao serviço deste duque, mas no Mar Negro.
- João Queiró.
Em 1452 andava no mediterrâneo oriental ao serviço do rei de Aragão.
Entre os
muitos corsários portugueses que actuavam no Mediterrâneo nesta altura,
destaca-se Fernando
Gonçalves que começou
na pirataria, em 1459, na costa oriental da Peninsula Ibérica e terminou a
capturar navios perto de Porto Pisano (Florença).
-
Pedro de Albuquerque. Em
1460, Juan II de Aragão prende dois jovens corsários portugueses - Pedro e
Henrique de Albuquerque, filhos de João de Albuquerque, senhor de Angeja e
membro do Conselho Real de D. Duarte e de D. Afonso V. Entre 1470 e 1473
há registo dos ataques seus a navios castelhanos.
Pedro
em 1484 foi nomeado por D. João II almirante-mor de Portugal, o mais alto cargo
da marinha, pouco tempo foi oficialmente degolado por ordem do rei. Não deixa de
ser estranho que, em
1492, um "almirante português" receba um tença dos reis espanhóis.
Desconhece-se a identidade deste almirante.
Seria Pedro de Albuquerque
o misterioso Colombo ? É impressionante a semelhança entre eles. Mais
- Lopo de Almeida, Conde de Abrantes, Vedor da Fazenda de D. Afonso V, pai
de D. Francisco de Almeida, 1.º vice-rei das Índias, parente de Colombo, tinha
em 1461, uma caravela dedicada ao corso no Mediterrâneo. Mais
- Rui Valente,
cavaleiro da Casa Real e provedor da Fazenda do Algarve. Em 1463 andava no corso
no Estreito de Gibraltar.
- Gonçalo Pacheco,
tesoureiro-mor de Ceuta. Um dos homens mais ricos do reino no reinado de D.
Afonso V tinha barcos no corso e no comércio. Era pai do navegador João
Pacheco, e avô de célebre Duarte Pacheco Pereira.
- Diogo de Azambuja. Fez o seu tirocínio no corso do Mediterrâneo, nomeadamente nas costas de Aragão
e no Magrebe. Em 1482, dirigiu a construção do Forte-Feitoria de S. Jorge da
Mina, que Colombo afirma ter visitado.
- Bartolomeu Dias, fidalgo. Este célebre navegador ou outro com o mesmo nome,
andou entre 1475 e 1478 no
corso no Atlântico e no Mediterrâneo. Na mesma altura, à semelhança de
outros corsários, andou também no transporte de mercadorias
entre Lisboa e Génova. Em 1487, comandava uma nau chamada "Figa", com
cerca de 100 homens, que se preparava para assaltar navios biscaínhos. Comandou
igualmente a nau real "São Cristovão".
Las Casas afirma que Bartolomeu Colon ou o próprio
Colombo, ou ambos, andaram sob o seu comando nas explorações
africanas.
- Vasco Anes de Corte Real.
Cavaleiro da casa real, armador-mor do Algarve, fundador da familia dos corte
reais. Esteve com Afonso V na Batalha de Alfarrobeira (1449), na conquista de
Alcácer Ceguer (1458), Anafé (1469), Arzila e Tanger (1471) e nas guerras com
Castela. Foi um notável corsário. Em 1462, por exemplo, ataca uma caravela em
Valência. Rouba navios genoveses. Um dos seus filhos, porteiro do infante D.
Fernando, foi o descobridor da "Terra Nova do Bacalhau" (Canadá). Um facto
referido por Colombo.
C)
Corsários Portugueses na Andaluzia e Costa do Algarve
No estreito de Gibraltar os seus
corsários portugueses montaram um eficaz sistema de guerra pelo saque contra muçulmanos,
castelhanos e italianos, para o que muito contribuiu os portos
algarvios, como os de Tavira e Lagos, mas sobretudo Ceuta depois
de 1415. No século XIV os saques praticados nas costas da barbaria eram uma
actividade constante.
D. Afonso IV, em 1336, por exemplo,
ordena que o seu almirante mor - Estevão Vaz de Barbuda - , que com 3 galés e 5
navios saísse a corso para atacar os piratas que infestavam os mares, mas este
aproveita e ataca a baia de Cádiz.
Nada
escapa aos ataques destes corsários no mar, os rios ou em terra. Em 1454 atacam
o porto de Alicante. No verão 1461, sobem o Guadalquivir até Sevilha onde
capturam um baleeiro carregado de cerâmica que vinha de Murviedro.
Muitos
destes corsários eram célebres no seu tempo como Mafaldo, Gonçalo Pacheco,
Lançarote e tantos outros:
- João Gonçalves Zarco e Tristão Vaz Teixeira.
Dois importantes corsários que operavam na costa algarvia, o primeiro
distinguiu-se pela utilização a bordo de peças de artilharia, o trabuco. Por
volta de 1418/9, quando
andavam no corso, contra navios castelhanos, foram desviados por uma tempestade
para a Ilha de Porto Santo, onde acabaram por se fixar . No ano seguinte, Bartolomeu Perestelo,
se lhes juntava, dando-se inicio ao povoamento da Ilha da Madeira (19).
Os corsários portugueses utilizaram estas ilhas como bases para atacarem navios
vindos das Canárias.
Colombo
viveu nestas ilhas e casou-se com a filha de um corsário.
- Alvaro Fernandes Palenço (ou Palencia), natural de
Loulé (41), foi um dos seus mais
ilustres e sanguinários corsários portugueses. Foi preso pelos mouros numa
viagem a Aragão (1428). Foi nomeado patrão das galés do Algarve (1444). Saqueou
as Canárias (1453). Em 1454 aprisiona algumas caravelas de
Sevilha e Cádiz, mandando cortar as mãos a um mercador genovês que vinha nas
mesmas, sob a acusação de ter ido à Guiné (8). É contra ele que se insurge o rei Castela
(10/4/1454) pela violência como atacava os navios que saíam dos portos da
Andaluzia. Neste último ano atacou navios ingleses.
Este corsário, por razões que
ignoramos, aparece como identificado como o patrão do navio que encarregue de
transportar o açucar da Madeira para Génova, em 1478. Um alegado negócio em que
estaria envolvido Colombo. Mais
- Alvaro Mendes Cerveira,
escudeiro e fidalgo da Casa Real. Comandou várias expedições de corso na
Costa do Algarve e da Andaluzia (1473). Dois anos depois actuava no
Mediterrâneo. Em 1476 controlava os estreito de Gibraltar na guerra contra os
espanhóis.
- João da Silva. Em 1471 andava com a sua galé ao serviço de Rodrigo Ponce de León, na guerra que
este moveu contra o Duque de Medina-Sidónia (40).
- Pedro de Ataíde, fidalgo da Casa Real. O mais célebre corsário português, um
verdadeiro terror dos mares. Está
por fazer a sua história. Sabe-se que por volta de 1469, andava a
atacar navios bretões e de S. Malô, mas também as costas da Andaluzia. Em
1471/72 comandou uma armada à Guiné.
O principe D. João, em Julho de 1476, nomeou-o capitão de uma armada que
participou da libertação da cidade de Ceuta, que havia sido cercada por
castelhanos. Nesta libertação participou também o corsário "Cullam" e/ou Cristovão Colombo.
Após se terem encontrado com D. Afonso V, em Lagos, atacaram 4 navios genoveses e 1 flamengo ao largo da Costa de S. Vicente. Pedro de Ataíde morreu neste ataque, e segundo a "lenda" Cristovão Colombo
naufragou.
- Alvaro Mendes de Cerveira.
Em 1473 andava a atacar navios galegos e andaluzes. A sua fidelidade ao rei
termina, em 1478, quando teve que se refugiar em Castela.
- Pedro Vaz de Castelo
Branco, corsário. Pertencia
a duas prestigiadas famílias
de almirantes portugueses (os Castelo Branco e os Pessanhas). Mais
D. João II, a 31/05/1482, concedeu-lhe uma
importante tença de 20.000 reis. Entre 1491 e 1493,
andava a assaltar barcos em Cádiz (Espanha)
(10).
D)
Armadas contra os Turcos
Armadas
portuguesas foram também enviadas para o Mediterrâneo para combaterem contra
os turcos, nomeadamente de ataques que faziam a cidades italianas ( 23 ). D. Afonso V, por exemplo, em 1481, envia uma expedição
para socorro ao papa Sixto IV, que estava a ser ameaçado pelos turcos. A armada
era comandada pelo célebre bispo de Évora - D. Garcia de Meneses, tendo
participado na mesma, entre outros - Afonso de Albuquerque.
Outras
expedições punitivas foram enviadas ao longo de todo o século XV,
demonstrando o perfeito domínio que os portugueses possuíam do Mediterrâneo.
E ) Corsários e Piratas Portugueses nas
Canárias
As Canárias, para onde se dirigiu
Cristovão Colombo, em 1492, não tinham segredos para os corsários e piratas
portugueses. O Infante D. Henrique durante décadas teve uma base para as
explorações marítimas na Ilha la Gomera. Mais
Desde, pelo menos, o século XIV que os portugueses as
frequentavam para "resgatar" ou "filar" guanches como escravos. No século XV
estes saques, como vimos, assumiram um carácter sistemático. Entre os muitos
corsários portugueses que frequentavam estas ilhas, destacam-se Alvaro Gonçalves
de Ataíde (1445), Alvaro Fernandes Palenço, Martin Correia (1453) e João de
Albuquerque, pai de Pedro de Albuquerque (42).
Por volta de 1492, o corsário
português - Gonçalo Fernandes de Saavedra (26) -, sediado em La
Gomeira, andava com duas caravelas a assaltar as várias ilhas das Canárias. Apesar da habitual presença deste corsário, e de ter sido informado da mesma, foi
para aqui que Colombo se dirigiu em 1492. Sentia-se naturalmente seguro entre corsários e
piratas portugueses.
D. João II, em 1495, queixou-se aos
reis católicos que moradores de Cádiz e das Ilhas Canárias, especialmente o
gatidano Morales e os portugueses "Bartolomé Certro", piloto, vizinho na Grã
Canária, e "Armando Çelis" foram à Guiné prender e roubar escravos (10). Estamos
perante um, entre muitos outros bandos de piratas portugueses e andaluzes para
os quais os mares não tinham segredos.
A presença corsários e piratas
portugueses nas Canárias, manteve-se ao longo de todo o século XVI (27).
F ) Corsários Portugueses no Norte da Europa
Os corsários e piratas portugueses
actuam em todo o Atlântico. Em 1410, por exemplo, Pêro Afonso, mestre de uma
caravela que pertencia a Fernão Coutinho, foi preso no Porto. Andava na
pirataria nas costas da Irlanda, raptando mulheres, maltratando
populações, apropriando-se de carregamentos de tecidos irlandeses, etc.
Os portugueses e os bretões, como é
sabido, durante o século XV, lavavam a vida pilharem-se mutuamente, ignorando
todos os tratados de paz (28).
G)
Portos de Abrigo
A
intensa actividade dos corsários portugueses, permitiu criar ao longo a costa,
sobretudo a sul de Lisboa, um importante grupo de portos de abrigo para os
corsários.
- Matosinhos (Leça da Palmeira,
Porto). No século
XIV era já terra de afamados corsários e piratas, como era o caso de João Rodrigues
de Sá, alcaide-mor da cidade do Porto e donatário de Matosinhos, tinha aqui
fundeados barcos de corso. No século XV, destacou-se nestas actividades Fernão
Coutinho, que se tornaria num dos principais impulsionadores do convento de
Nossa Senhora da Conceição (Quinta da Conceição). Gonçalves Zarco aqui viveu e
casou. Pedro João
Coulão, o Colon francês, e segundo vários historiadores o próprio Cristovão
Colombo, frequentaram este porto. Mais
-
Lisboa. Até ao século
XVI, foi não apenas um local de abrigo de corsários, mas também de venda do
produto do saques. Muitos corsários estacionavam junto a Cascais, atacando os
navios que passavam entre o cabo espichel e o cabo da roca.
- Odemira.
A região pertencia à poderosa Ordem de Santiago. A vila e castelo de Odemira
foi doada, em 1319, por D. Dinis a Manuel Pessanha ( Emmanuele di Pezagna)
e seus descendentes, quando foi contratado para organizar uma esquadra de galés
para combater a pirataria, e viver da mesma. A família deste
almirante-corsário genovês ficou ligada a esta vila, cujos corsários tinham
no Rio Mira um dos seus principais portos de abrigo, provavelmente junto a Vila
Nova de Mil Fontes.
Lançarote
Pessanha, por ser ter colocado ao lado dos castelhanos, depois da morte de D.
Fernando, foi preso e morto pelo povo. O Castelo de Odemira foi confiscado e
entregue aos condes de
Odemira, que não só se aparentaram com os Pessanha, mas também
continuaram a dedicarem-se ao corso.
Colombo
era não apenas parente dos Conde de Odemira, mas também para aqui se dirigiu
no regresso da sua 2ª. Viagem à América. Chegou a Odemira a 8 de Junho de 1496,
tendo aqui ficado 2 ou 3 dias, pois só no dia 11 Junho chegou a Cádiz.
Os portos do Algarve, depois de D.
Afonso III (1210-1279) encheram-se de corsários portugueses que se dedicavam a
atacar as povoações muçulmanas do norte de Africa e o reino de Granada (32).
- Lagos.
Principal porto de abrigo dos corsários portugueses no Algarve, situado a curta
distancia do Cabo de S. Vicente, zona privilegiada para os saques (33). A
vila pertencia ao Infante D. Henrique, mestre da Ordem de Cristo, que a deixou
ao Infante D. Fernando, Duque de Viseu-Beja, mestre da Ordem de Cristo e de
Santiago de Espada.
Os moradores de Lagos gabavam-se
perante o Infante D.Henrique de serem grandes piratas, atacando de modo continuo
o Norte de África e o Reino de Granada (cfr. Zurara, Crónica da Guiné, cap.49).
Em
1444, constitui-se aqui uma das mais importantes organizações de piratas, a Parceria de Lagos. Era constituída por Gil Eanes, Lançarote Dias, João Dias,
Estevão Afonso; Rodrigo Alvares, João Beraldes. Para além de se dedicarem ao
trafico negreiro, do qual possuíam o monopólio, andavam na pirataria. Em 1446
saiu de Lagos, por exemplo, uma esquadra para saquear navios muçulmanos. O bispo
de Silves - D. Rodrigo - armou às suas custas um destes navios.
Entre
os grandes navegadores e piratas nascidos em Lagos, na primeira metade do
século XV, destacam-se para além de Gil Eanes, Soeiro da Costa e Vicente Dias.
Colombo
nunca referiu Lagos, mas cita várias vezes o Cabo de S. Vicente. Episódios
marcantes da sua vida estão ligados a este cabo.
- Faro.
Colombo,
no regresso da sua primeira viagem fez questão de visitar a cidade de Faro.
- Tavira. Cidade da Ordem de Santiago. Importante porto de abrigo dos corsários
portugueses. O primeiro corsário régio que conhecemos, nesta cidade, data de
1332. Neste porto teve
a sua base, no século XIV, as galés do Almirante Pessanha, mas também os conhecidos corsários Bartolomeu Bernaldiz
de Tavira e Afonso
Garcia, de onde partiam para saquearem o estreito de Gibraltar e o mediterrâneo
ocidental.
No século XV o número de corsários nesta vila era tal que, em
1446, os seus delegados às Cortes de Lisboa, queixam-se da falta de patriotismo
dos novos corsários que já andavam a atacar navios portugueses.
Colombo
levou consigo, na 1ª. Viagem, pelo menos um português de Tavira. No regresso,
já em Espanha, atribuiu a outro uma importante missão.
Para
além destes portos de abrigo, no Algarve são ainda de referir, portos como o
de Albufeira, cujo castelo foi doado à Ordem de Aviz, em 1250. O monarca
apelou então para que a população armasse navios para irem saquear os
"sarracenos".
- Castro Marim.
Primeira sede da Ordem de Cristo. No século XV desempenhou uma importante missão
no apoio às fortalezas portuguesas do norte de Árica. Possuía várias galés,
sendo provavelmente uma base de corsários. Colombo terá passado por aqui em
1485 quando se dirigiu para Huelva -Palos.
O
elevado número de corsários portugueses a actuaram ao longo das costas do
Algarve, tornaram-se um problema para a economia da região. Nas cortes de
Lisboa, em 1446, os representantes dos mercadores de Tavira, queixaram-se das
perseguições e pilhagens feitas por corsários portugueses, que atribuíam o
facto a enganos sobre a origem do navio.
- Ceuta.
Depois de 1415 o grande porto de abrigo e escola dos corsários e piratas portugueses.
H ) Galés e
Caravelas
Colombo, segundo afirmam, chegou
a Portugal, em 1476 quando contava 25 anos. Não sabia falar ou nem escrever
italiano, e nem sequer sabia nada das artes do mar. Mais
A conclusão óbvia é que teria
então aprendido tudo com os portugueses. Algo que os historiadores italianos
não podem aceitar, por isso trataram de afirmar que tudo o que os portugueses,
espanhóis (galegos, castelhanos, maiorquinos e catalães) sabiam de artes do
mar se devia aos italianos. "Foram os genoveses que ensinaram os
portugueses a navegar".
1) Navegações em Portugal
Embora a independência de
Portugal só tenha sido proclamada por
D. Afonso Henriques, em 1128, na
célebre Batalha de S. Mamede, isto não significa que antes não existisse aqui
uma activa marinha.
Dona
Teresa, mãe do primeiro rei de Portugal, condessa do condado de Portucalense ou Portucale - possuía uma
esquadra de navios, e até chegou a contratar os serviços de um italiano
para ensinar os
galegos as artes da guerra - Diogo Gelmires.
Durante a reconquista de Lisboa
(1147), morreu no assalto o alcaide das galés reais. A própria cidade de Lisboa
tinha já uma longa história de feitos nauticos dos seus habitantes (36). O que
acentua a milenar vocação marítima das suas gentes.
É todavia um facto que a
reconquista de Lisboa, deu
ao portugueses não apenas um magnifico porto, mas excepcionais condições para
a navegação em alto mar, construção de navios, etc.
A
partir da década de 70 do século XII, segundo José Mattoso, passou a existir
em Portugal "uma frota marítima capaz neutralizar a pirataria muçulmana e
de assolar as povoações costeiras do litoral algarvio e andaluz" (38).
Desde o reinado de D. Afonso
Henriques, que temos conhecimento activos de piratas e corsários portugueses. O
mais célebre de todos foi Fernão Gonçalves Churrichão, o Farroupim, mais
conhecido por D. Fuas
Roupinho (alcaide de Porto de Mós). Comandava uma
frota que atacava os navios de muçulmanos, nomeadamente os que partiam de
Ceuta (c.1180-1182), tendo morrido num combate ao largo da costa algarvia .
Fruto deste
desenvolvimento foi a utilização por D. Sancho I, em 1189, de navios para o
transporte do exército durante a conquista de Silves (Algarve).
Ao longo de toda a Idade Média
muitas medidas tomadas para proteger e desenvolver a marinha portuguesa, assim
como actualizar os conhecimentos, equipamentos e técnicas de guerra naval. Os forais de Lisboa, Coimbra e
Santarém, em 1479, estabelecem uma organização de pessoal especializado em
funções de espadaleiros, proeiros e pedigales, sob o comando do alcaide do
mar, que ocupava uma posição abaixo de almirante.
2) Galés ou galeras
A partir do XIII, os reis
portugueses enfrentaram um problema terrível: a intensificação da pirataria
que actuavam ao longo da costa portuguesa vinda do Mediterrâneo e do Norte de
África, a qual entrando pelas rios acima fazia verdadeiras razias nas povoações. Os barcos dos piratas eram galeras ou galés, isto é, navios movidos por
remadores.
Os venezianos, genoveses e
pisanos tinham herdado dos antigos romanos as técnicas de construção,
navegação e combate com estes navios. Nesse sentido, o rei D. Dinis, para
reforçar as defesas do reino, em 1317, estabelece um contratado com um genovês
- Micer Manuel Peçagno -, para que se estabelecesse em Portugal,
comandando uma organização de corso, pirataria, defensiva e mercantil.
Tratava-se de um verdadeiro "feudo" com privilégios hereditários. Os
peçanha (pessanha) estabeleceram-se em Portugal e rapidamente perderam as suas raízes a
Itália. No tempo de D. Fernando haviam perdido o dinamismo inicial, tendo este
rei acabado com o que restava do monopólio que possuíam nesta organização
maritima defensiva-mercantil (37 ).
As galeras, navios muito pesados
e com uma enorme tripulação, revelam-se de enorme eficácia nas guerras junto
à costa, mas eram muito lentos e pouco versáteis nas movimentações.
O problema agravou-se à medida
que as viagens dos portugueses se afastaram das costas e avançaram para o mar
alto, as galeras tornaram-se ineficazes. Não era possível ir a remar de
Lisboa para a Ilha da Madeira, muito menos para os Açores. A tecnologia naval
dos genoveses, no inicio do século XV revelava profundas limitações, que
tiveram que ser superadas com navios à vela, mas também com a navegação
pelos astros.
3) Caravela
Navio criado pelos portugueses no início do século XV, muito leve e com uma
enorme capacidade de manobra. Uma das principais características das primeiras
caravela era a sua vela de formato triangular (vela latina), que podia ser
ajustada em várias direcções para captar a força do vento. Assim, qualquer
que seja o sentido do vento, a caravela podia navegar na direcção
desejada pelo piloto. A caravela foi a principal embarcação marítima
usada nas grandes navegações. As caravelas cedo começaram a ter
também canhões, o
que lhes deu logo um extraordinário poder no mar. Para o transporte de
mercadorias a longa distância os portugueses tiveram que desenvolver outros
tipos de navios, como as naus. O que ganhavam em capacidade de carga e
poder de artilharia, perdiam em capacidade de manobra.
4 ) Colombo e os navios
portugueses
Nas suas
viagens às Indias, Colombo nunca utilizou as galés, nem as tecnologias
italianas, mas sim as caravelas e as naus portuguesas, como aliás o próprio
não se cansa de afirmar. Nas descobertas, as galés genovesas de nada serviam,
por isso Colombo as ignora completamente.
Nobre Navegador ao Serviço do Rei
Em Portugal, a nobreza
estava, como vimos, directamente ligada às navegações e ao corso. Os comandantes dos navios em
especial nas grandes expedições eram nobres. A
sua formação era feita desde muito cedo, em principio a partir dos 13/14
anos, de modo a habilitá-los para as
grandes viagens pelo alto mar.
"Não
sou o primeiro almirante da minha família”
.
Carta ao principe Juan de Castilla registada pelo seu filho Hernando Colón ( Historia del
Almirante,
cap.II).
Esta afirmação só por si afasta qualquer hipótese do mesmo ser italiano,
pois não se encontra nenhum Almirante na sua alegada família de plebeus em Itália. Em
Portugal, como veremos, não lhe faltam parentes almirantes.
Colombo
fez muitas viagens ao serviço de Portugal, fazendo questão de assinalar muitas
delas.
1.
Mediterrâneo e Andaluzia
Desde
1415 que Portugal controlava a partir de Ceuta a entrada do Mediterrâneo. Os
barcos de corsários, piratas e mercadores portugueses percorriam este mar.
Colombo revela uma total coincidência de percurso com estes portugueses,
também ele andou a assaltar navios genoveses, venezianos, aragoneses e
castelhanos, mas também pontualmente a fazer transporte de mercadorias.
Colombo
não se limitou a actuar no mediterrâneo como apenas mais um corsário
português, muito pelo contrário, participou activamente numa guerra política
luso-francesa para o controlo do reino de Aragão (1472). Participou depois ao
longo da guerra entre Portugal e Castela (1475-1479), na realizou de muitas
acções de corso no mediterrâneo e andaluzia contra castelhanos e aragoneses. Mais
2. Inglaterra, Irlanda e Islândia
Inglaterra
Terá efectuado, em 1477, uma viagem às Ilhas
Britânicas, possivelmente a Bristol. Um porto muito frequentado por
navegadores e mercadores portugueses desde o século XII.
Irlanda
Afirma que esteve em Galway, na Irlanda. Trata-se de
um porto, onde o Infante D. Henrique ( -1460) tinha um agente comercial.
No tempo de D. João II, os mercadores portugueses abasteciam-se regularmente
de panos na Irlanda, para efectuarem trocas comerciais em Africa,
nomeadamente de escravos (18).
A
Galway chegaram corpos de um homem e uma mulher, cujas características físicas
de rosto largo, são identificados como do Cataio (China). É pouco verosímil que cadáveres em tão bom estado de conservação, vindos da
América, tenham dado a este porto. Referiu igualmente outros vestígios
flutuantes que deram às costas dos Açores vindos do Ocidente.
Islândia
Sobre uma expedição luso-dinamarquesa pelo
Atlântico Norte,
realizada por volta de 1477 a pedido de D. Afonso V (3 ), no qual terá
participado, afirma
que navegou para além da Islândia ( Tile Isla ), cerca de 100 léguas,
verificando que o mar não estava congelado e que ”avía grandíssimas
mareas, tanto que en algunas partes dos vezes al día subía veinte y
cinco braças y desçendía otras tantas en altura.".
"Yo navegué el año de
cuatrocientos y setenta y siete, en el mes de hebrero, ultra Tile isla,
cien leguas, cuya parte austral dista del equinoçial setenta y tres
grados, y no sesenta y tres, como algunos dizen, y no está dentro de la
línea que incluye el occidente, como dize Ptolomeo, sino mucho más
ocçidental.Y a esta isla, que es tan grande como Inglaterra, van los
ingleses con mercadería, espeçialmente los de Bristol, y al tiempo que
yo a ella fue no estaba congelado el mar, aunque avía grandíssimas
mareas, tanto que en algunas partes dos vezes al día subía veinte y
cinco braças y desçendía otras tantas en altura.". Fragmento de uma suposta carta aos reis de Espanha, datada de Janeiro de
1495, publicado por Hernando Colon e Las Casas, sem grandes diferenças
entre si.
A verdade é que Ptolomeu
nunca mencionou o nome de nenhuma ilha com o nome de Tile, trata-se
de uma invenção de Colombo. No seu Livro das Profecias está
provavelmente a identificação desta ilha, quando ele ( ? ) faz uma
tradução dos versos do coro da tragédia Medeia, acto II, v.
376, de Séneca:
"Vernán los tardos años
del mundo ciertos tiempos en los cuales el mar Ocçéano afloxerá los
atamentos de las cosas y se abrirá una grande tierra; y um nuebo
marinero, como aquel que fue guía de Jasón, que obo nombre Tiphis,
descobrirá nuebo mundo y entonçes non será la isla Tille la postrera de
las tierras”:
Séneca, como é evidente, não
podia estar a referir-se à América, mas a uma qualquer ilha mítica a
norte da Europa. Colombo aproveita estes versos para assumir-se como o
profético "marinero", que descobriu novas ilhas para além das já
conhecidas pelos antigos. É possível que tenha usado informação de
viagens que tenha feito.
Mesmo tratando-se da Islandia, o certo é que os erros que Colombo diz ter
rectificado a Ptolomeu, os erros que comete são ainda mais grosseiros que os
deste cosmógrafo, nomeadamente
na latitude da costa do sul da Islândia, amplitude das marés, erros muitos
atribuem a Hernando Colon-Las Casas.
Gronelândia
? Continente Americano ?
Nem
toda a gente concorda com esta interpretação, afirmando que não fazia sentido
que D. Afonso V, rei de Portugal, tenha co-organizado uma expedição para atingir a Islandia desde há muito conhecida.
A
expedição só poderia ter-se dirigido para além da Islândia, e mesmo para além da
Gronelândia (conhecida por Tullia). Se admitirmos que Colombo não estava a
mentir, esta expedição atingiu a zona do mundo com as marés mais altas, a Baía
Fundy, no Estado americano de Maine. As marés diárias superam aqui os 10
metros, um dado que corrobora as suas palavras.
Os
portugueses cedo revelaram ter um perfeito conhecimento da região. Como é
sabido, 90% do Estado do Maine está coberto por uma densa floresta de
Pinheiros. Acontece que os cartógrafos portugueses, no planisfério dito de
Cantino (1500-1502), representam a zona também coberta de pinheiros...
3.
Guiné
A Guiné
designa genericamente a região que hoje compreende a Guiné -Bissau, Guiné-Conacri, Senegal, Gana, Costa do
Marfim e Serra Leoa. Colombo tende a abranger no conceito e Guiné toda a costa
ocidental de África entre a Guiné e o Cabo da Boa Esperança (Racc. 23). As
referências à Guiné nos seus escritos são uma constante até 1498, quando
desaparecem completamente.
Refere
que com frequência navegou de Lisboa à Guiné (Racc.490) e revela um profundo
conhecimento da mesma: a diversidade de línguas (Diário,12/11/1492), a
pestilência dos seus rios (Diário, 27/11/1492), alimentos (diario,16/12/1492),
palmeiras (Diário, 28/10/1492), a cor dos seus habitantes (Carta a
Santagél,1493), vestuário garrido (Relacion de la Tercer Viaje), clima
(idem), cabos (Cabo de Santa Ana, idem), animais marinhos como sereias/focas
(Diário, 4/3/1493), especiarias/ malagueta (Diário, 9/1/1493), tráfico de
escravos, canoas, armas de guerra, etc.
Utiliza
inclusive um marinheiro que havia estado na Guiné, numa missão de exploração
na 1ª. viagem. O vocabulário que utiliza para descrever as Indias tem origem
na experiência portuguesa na Guiné.
No
Diário de Bordo, regista que quando aportou a Lisboa (4/3/1493), houve quem
pensasse que vinha da Guiné, procurando demonstrar que seria muito conhecido
neste percurso.
4. Fortaleza de São Jorge da Mina (Gana)
Foi a esta
fortaleza-feitoria, cuja
construção se iniciou em 1482. Diz: «Yo
estuve en el castillo de San Jorge de la Mina del Rey de Portugal, que está
debajo de la Equinocial, y soy buen testigo de que no es inhabitable, como
quieren algunos».
5.
Cabo Verde
"Falso
nome", assim começa uma das suas descrições deste arquipélago. (Relacion
de la Tercer Viaje), acentuando sempre o seu carácter seco, quente e estéril.
Aponta vários nomes antigos do arquipélago.
Na
1ª. viagem às Indias, o primeiro sinal que estava próximo de terra foi ter
avistado um "rabiforçado" (rabiforcado, ou Caripirá no brasil), uma
ave que não se afasta, segundo ele, mais de 20 léguas de terra. "Há
muitas destas aves em Cabo Verde" (Diário, 29/8/1492). É muito provável
que antes de 1492 tivesse visitado Cabo Verde.
A
mais extensa descrição deste arquipelago é feita em 1498, quando permanece
durante vários dias no mesmo. Avista a ilha do Sal, descreve as ilhas
da Boavista e a de Santiago, refere a distância a que ficava a do Fogo. Identifica
do tráfico de escravos no arquipélago, o preço dos mesmos.
Cabo
Verde passa a ser significar sobretudo, um dos pontos para a marcação dos
domínios entre Portugal e Espanha, no Tratado de Tordesilhas (1494).
6. Cabo da Boa Esperança
Las Casas afirma que encontrou
na documentação de
Colombo, documentos que confirmava que ele ou o seu irmão Bartolomeu Colon, ou mesmo
ambos, terão participado numa expedição portuguesa ao Cabo da Boa Esperança.
Entre 1486 e Dezembro de 1488 Bartolomeu Dias comandou duas delas. A qual se
estaria a referir ?
7.Canárias
É muito provável que tivesse feito várias visitas às
Canárias, as quais eram alvo de disputas desde o século XIV entre Portugal e Castela.
Recorde-se que entre 1470 e 1473, Pedro João Coulão foi pago para dirigir-se
uma expedição às Canárias.
8. Arquipélago da Madeira
Foi a estas ilhas atlânticas várias vezes.
Conhecia muito bem as direcções dos seus ventos, inclusive as épocas de
tempestades. Uma das referências mais citadas é a da viagem que terá
feito 1479, quando foi à Madeira para fazer um carregamento de açúcar para um
mercador chamado "Di Negro" ou "de Negro" ( consultar ).
9. Arquipélago dos Açores
Colombo
conhecia muito bem os Açores, a sua localização no Atlântico, a posição
relativa das suas ilhas, ventos e correntes, tempestades, etc. Estava ao
corrente das expedições realizadas a partir do arquipélago, vestígios
encontrados vindos de Ocidente, etc. É neste sentido, que quando regressou das
Caraibas em 1493 e 1504 veio pelos Açores.
Tinha acesso privilegiado a mapas,
roteiros de viagem, cálculos e informações confidenciais do circulo restrito
do rei D. João II. Era um navegador experimentado e da inteira confiança da
Corte Portuguesa. |
Carlos Fontes |
|
Notas:
(1 )
Pedrosa, Fernando - Cristovão Colombo. Corsário em Portugal. 1469-1485.
Lisboa. Academia da Marinha. 1989.
( 2 ) Salvagnini, Alberto -
Cristoforo Colombo e i corsari Colombo suoi contemporanc, Raccolta Colombiana, parte
II, vol. III ...
(3 ) A expedição partiu da
Dinamarca, dirigiu-se para Noroeste passando pelas Schetland e Feroes atingindo
depois a Islandia. A partir desta ilha a expedição terá prosseguido até à
Gronelândia.
A expedição aparece documentada
uma carta enviada pelo burgomestre de Kiel, a 3/3/1551, ao rei Cristiano I da Dinamarca, anunciando que com ela segue um mapa
onde está representada uma viagem até às costas da Groenlândia,
efectuada a mando de seu avô Cristiano I
e a pedido do rei de Portugal.Cfr. Jaime Cortesão, Jaime: Os
Descobrimentos Portugueses, vol. IV, 4ª Ed., Lisboa, 1985, p. 1146
e ss. Cristiano I tem um reinado quase coincidente com o de Afonso V.
(
5 ) Diário de Bordo, de Colombo (12 de Outubro): "y el Almirante
salió a tierra en la barca armada, y Martín Alonso Pinzón y Vicente Anes su
hermano, que era capitán de la Niña. Sacó el Almirante la bandera real y los
capitanes con dos banderas de la cruz verde, que llevaba el Almirante en
todos os navios por seña, con una F y una y; encima de cada letra su corona,
una de un cabo de la cruz y outra de otro.".
Também:
Las Casas, Livro I, cap.XL.; Fernando Colon,
(
6 )Lopes, Sebastina Alves Pereira - O Infante D. Fernando e a Nobreza Fundiária
de Serpa e Moura (1453-1470), Beja. Edição CMB. 2003. Esta obra tem
amplas referências, abrindo pistas para insuspeitas ligações.
(7)
Godinho, Vitoriano Magalhães - Documentos sobre a Expansão Portuguesa, Vol. III, p.14.
(8)
Cortesão, Jaime - A Expansão dos Portugueses no Período Henriquino, Lisboa.
Livros Horizonte. p.230
(9)
Para o ano de 1451, consultar: "Documentos das Chancelarias, Relatos
de Marrocos". Vol II, Doc. XXII. p.26
(10)
Herrero, José Sanchez - Corsários y Piratas entre los comerciantes gaditanos
durante la segunda mitad del siglo XV, in Estudios de Historia y de Arquologia
Medievales, III - IV, Cádiz, 1984.p 100 segs.
( 11) Farinha, António Dias - Portugal e Marrocos
no Século XV. Dissertação de doutoramento. FLL. Univ. Lisboa. 1990. vol. I,
p.126
(12
) Fonseca, Luís Adão da - D. João II. Circlo dos Leitores. p.110
(12) Fonseca,
L. A. da - Navegacion y Corso en el Mediterrâneo Ocidental. Los Portugueses a Mediados dei
Siglo XV. Pamplona, 1978.
(13)
Santos, João Marinho - A Guerra e as Guerras na Expansão Portuguesa. Séculos
XV e XVI. Lisboa. 1998. ME -G.T. Descobrimentos. p.25
(14)
Monumenta Henricina, Vol. II
(16) CAMPOS,
Nuno Silva, D. Pedro de Meneses – o primeiro capitão de Ceuta, Sete Caminhos,
2008. CAMPOS, Nuno Silva, D. Pedro de Meneses e a construção da Casa de Vila
Real (1415-1437), Lisboa, Colibri, Évora, CIDEHUS, 2005. ZURARA, Gomes
Eanes de – Crónica do Conde D. Pedro de Meneses. Edição e estudo de Maria
Teresa Brocardo. Lisboa : Fundação Calouste Gulbenkian ; Junta Nacional de
Investigação Científica e Tecnológica. 1997.
(17) Pedro de Menezes, era filho de João Afonso
Telo, Conde de Viana e de Dª.Maior de Portucarreiro. Foi criado em casa do
Mestre da Ordem de Cristo Lopo Dias de Sousa. Desempenhou o cargo de alferes do
Infante D. Duarte,antes de ser nomeado a governador de Ceuta. Pelos seus
brilhantes serviços recebeu os títulos Conde de Vila Real e de Viana do
Alentejo, tendo passado o primeiro para o seu genro Fernando Noronha. Casou-se
em segundas núpcias com Genebra Pessanha, filha do almirante Carlos Pessanha
recebendo em dote o respectivo almirantado.
(18) Godinho, Vitorinho Magalhães - Os
Descobrimentos e a Economia Mundial Arcádia. Lisboa. 1963. Vol.I.p.163
(19) Thomas, Luis Filipe, De Ceuta a Timor, p.72
(20) Braga, Isabel M. R. Mendes Drumond; Braga,
Paulo Drumond - Ceuta Portuguesa (1415-1656). Instituto de Estudíos Ceuties.
1998. p.114 . Para uma perspectiva global: Farinha, Anónio Dias - Portugal e
Marrocos no Século XV. III Volumes. Dissertação de doutoramento. FLL
-Universidade de Lisboa. Lisboa. 1990.
(21) Soares, Torcato de Sousa - Algumas
Observações sobre a Política Marroquina da Monarquia Portuguesa. Coimbra. 1962.
p.21
(22) Dias
Dinis - Monumenta Henricina, Vol. V, pp. 52-54
(23) L. A. da Fonseca. Navegacion y Corso en el Mediterrâneo Ocidental. Los
Portugueses a Mediados dei Siglo XV. Pamplona, 1978.
(24 ) Guerreiro, Luis R - O
Grande Livro da Pirataria e do Corso. Circulo dos Leitores. Lisboa. 1996
(25) Cruz, Abel dos Santos - A
Guerra naval no "Mediterrâneo Atlântico" (1415-1437): Relatos do corso português
no texto literário de Gomes Eanes de Azurara, in, Rev. Fac.Letras. Univ. Porto.
(26) Gonzalo Fernandez de
Saavedra, pirata português sediado na Ilha Gomera, em 1492, teve um caso amoroso com Rufina de Tapia,
filha do governador da Ilha de Hierro. Deste relacionamento amoroso resultaram vários filhos. Rufina havia sido "casada" com Diego Cabrera (governador de Lanzarote) e Manuel de Noronha
(português), irmão de Simão Gonçalves
da Câmara, governador da Madeira. Cfr. José de Viera y Clavijo , Notícias de la
Historia General de las Islas de Canária, pp. 4 -9.
(27) No século XVI, entre os
ataques de corsários e piratas portugueses às Canárias, são de destacar dois
casos:
Em 1540, uma frota portuguesa ataca a ilha de
Lanzarote, rouba e incendeia um navio que se achava no porto de Arrife. Em 1582, uma frota franco-
portuguesa de Philippe Strozzi e de D. António, Prior do Crato, ataca, sem grande
êxito, a ilha de La Gomera.
(28) Pedrosa, Fernando Gomes -
Homens dos Descobrimentos e da Expansão Marítima, Pescadores, Marinheiros e
Corsarios. CM Cascais. Cascais. 2000,. p.86
(29) Pedrosa, Fernando Gomes -
idem, p.88
(30) D. Fernando, desfrutava de
enorme prestígio na Catalunha, ao ponto do cavaleiro catalão Johanot Martorell
lhe ter dedicado, em 1460, uma novela de cavalaria - Tirant il Blanch.
cfr. A.G.da Rocha Madahil -a política de D. Afonso V, apreciada em 1460, Biblos,
vol. VII, Coimbra Editora, Lda. 1931.
(31) Renato d`Anjou prosseguiu em
muitos domínios a política de D. Pedro, condestável de Portugal e rei da Aragão, nomeadamente na cunhagem dos
célebres "Pacificos", inspirados nos cruzados portugueses.
D. Pedro, durante a guerra com Joan II, criou na
Catalunha uma nova espécie de moeda, o "pacifico", Uma moeda em ouro com
lei de 20 quilates. Renato d`Anjou prosseguiu com a sua cunhagem.
1/2 Pacifico. Anv.: ¶PETR9:QVARTVS:DEI:GRA:REX:ARAG.Efigie
coroada de frente com ceptro. Rev.:¶DEVS:IN:ADIVTOR:MEVM:INTEDE, com as armas da
Catalunha.
(32) Rui de Pina, na Crónica de D. Afonso III,
escreve a este respeito: " E destes lugares do Algarve, depois que o el-rei D.
Afonso (III) houve a seu poder e senhoria, se acha que com suas galés, e outros
navios, fez sempre de contínuo crua guerra aos mouros de África, que em seus
corpos e fazendas recebiam grandes danos e presas."
(33) Loureiro, Rui Manuel - Lagos e os
Descobrimentos até 1460. C.M. Lagos.2008
(34) Sobre esta questão: Luis Filipe Oliveira -
a Expansão quatrocentista portuguesa: um processo de recomposição social da
nobreza, in, Jornadas de História Medieval, 1383/5 ...; Luis Filipe Thomas - De
Ceuta a Timor, Difel, 1994; idem, A Evolução da Políticas Expansionistas
portuguesas ...
(36 ) "Foi
de Lisboa que partiram os Aventureiros quando da sua expedição que tinha por
objectivo saber o que o oceano encerra e quais são os seus limites. Existe em
Lisboa junto dos banhos termais, uma rua com o nome de Rua dos Aventureiros.
" Assim começa, no século XII, o célebre geógrafo
muçulmano Edrici, a descrição da viagem que oito lisboetas , todos
primos fizeram pelo oceano Atlântico. Terão chegado às Canárias ou muito
mais além, sabe-se lá.
(37 )D. Fernando tomou várias
medidas para subalternizar a importância deste "almirante" (título
familiar). Confiscou-lhe a Vila de Odemira (1376), criou o cargo de capitão-mor
ou capitão-mor da frota, etc. Durante a crise de 1383/85, os Pessanha
assumiam-se claramente como portugueses, organizando por exemplo, um ataque a
dois navios genoveses que passavam ao largo da costa de Lisboa e apropriando-se
da sua carga. Cf. Almirantado e Portos de "Quatrocentos", Vitoriano
Nemésio, In, Homenagem ao Infante D. Henrique, Arquivo da Univ. de LIsboa.
1960. páginas 47 e segs.
(38) Mattoso, José - D. Afonso
Henriques, Lisboa. Circulo dos Leitores, p.265
(39) Zurara, Crónica da Guiné, Vol. I, cap. IX
(40) Dominguez, Natalia Palenzuela - Las Cuentas
de la Armada de 1471..., in, HID, 33 (2006), pp.513-529
(41) Iria, Alberto - O Algarve e os
Descobrimentos. Tomo I, Lisboa. 1956
(42) Rumeu de Armas, António - Piratarias y
Ataques Navales Contra las Islas Canarias. III Tomos.. Inst. Jeronimo Zurita.
Madrid. 1947 |