Carlos Fontes

 

 

   

Cristovão Colombo, português ?

 

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As Provas do Colombo Português

 

38. Mercadores - Negreiros Italianos

A ida de Colombo para Castela, em 1484, foi seguida pela instalação em Sevilha de um grupo de prestamistas, mercadores e negreiros de origem italiana vindos de Lisboa. O ponto comum a todos os italianos que tinham ligações a Colombo, era o facto de terem uma longa experiência no comércio de escravos. Mais

Levantam-se várias hipóteses para explicar este movimento. A mais óbvia é que D. João II os terá informado que a expedição de Colombo seria bastante lucrativa, nomeadamente em termos de tráfico de escravos, negócio a que estavam ligados em Portugal. 

Podemos inclusive pensar que esta deslocação teria sido uma contrapartida pelos privilégios que tinham em Portugal, sendo por isso obrigados a ajudarem Colombo na sua missão. A verdade é que um dos negócios a que de imediato se dedicaram foi justamente o tráfico de escravos.  

Recorde-se que os espanhóis, em consequência dos Tratados de Alcaçovas-Toledo (1479-1480), tiveram que abdicar em grande parte do comércio de escravos, o mais lucrativo negócio até ao século XIX. 

A forma de actuação destes prestamistas - mercadores nas navegações consistia essencialmente no seguinte: 

- Empréstimos e Transacções de Dinheiro. Emprestavam dinheiro, encarregavam-se das cobranças, efectuavam transacções clandestinas de capitais, nomeadamente entre Espanha e Portugal. Era um negócio em que competiam com os judeus.

- Financiamento de Expedições. Participavam em associação com experientes e bem informados pilotos na organização de expedições às regiões onde se ofereciam oportunidades de negócio. A sua intervenção consistia em avançarem com o capital para a contratação de um navio e respectiva tripulação, vendendo depois os produtos obtidos (escravos, ouro, etc), obtendo frequentemente fabulosos lucros. 

Na maioria das descobertas a que aparecem associados a sua intervenção consistiu em investimentos em navios e em experientes e bem informados pilotos, nomeadamente portugueses. Esse facto permitia-lhes depois reclamarem para si a própria descoberta.

- Intermediários. Na tradicional rivalidade entre portugueses e castelhanos/espanhóis, os italianos entre os séculos XV e XVII funcionaram frequentemente como intermediários ou mesmo como testas de ferro, isto é, actuavam a mando de uns ou de outros. Esta foi, por exemplo, uma prática muito generalizada no lucrativo negócio do tráfico de escravos.   

 

 

a ) Mercadores-Negreiros Florentinos

Os italianos que rodearam Colombo, a grande maioria florentinos, estavam quase todos envolvidos no tráfico de escravos, possuindo fortes ligações a Portugal. 

Este facto, enquadra-se na política de D. João II em relação aos italianos: as relações com os florentinos eram as únicas que não eram baseadas na concorrência, mas sim na cooperação, daí terem sido privilegiadas. Mais

1. Bartolomé Marchione ( florentino, naturalizado, em 1482, português)

Fixou-se em Lisboa ainda muito jovem. Desde muito cedo aparece ligado aos descobrimentos e à defesa de Portugal. 

Em 1474/75 participou, por exemplo, no financiamento da frota enviada pelo Principe D. João (futuro rei) às costas da Guiné, e à guerra contra Castela (14751479).  Este facto granjeou-lhe uma crescente confiança na corte.

Foi o mais importante dos negreiros de toda a Península Ibérica, tendo criado uma rede de tráfico com base em Lisboa que envolvia Sevilha, Valência e outras cidades espanholas. 

1.1.Relações com judeus. Marchione é apontado como um judeu converso. O certo é que já em 1475 tinha comprovadas ligações com um dos principais mercadores-banqueiros judeus de Lisboa - Isaac Abravanel - o principal financiador da primeira viagem de Colombo.

1.2.Malagueta, Açúcar, Vinhos, Escravos, Marfim e Pimenta

Ainda no reinado de D. Afonso V, em 1474, negoceia em marfim. No ano seguinte, arrenda o monopólio da malagueta, por 40.000 reais por ano  ( 1 ). D. João II, dá-lhe o principal negócio da Guiné: o  tráfico de escravos, confiando-lhe a gestão da Casa dos Escravos de Lisboa. Entre 1486 e 1495, possui o monopólio do tráfico através de várias concessões na costa da Guiné: Rios de Escravos-1486 a 1493; Rios da Guiné -1490 a 1495. Todos os escravos que saem da Guiné passam-lhe pelas mãos. Este facto permitiu-lhe assegurar a expansão do tráfico em Espanha (20), mercado para o qual possui o monopólio das exportação, assim como para Itália.

Tem uma posição destacada no comércio do açúcar e vinhos da Madeira que exporta para as casas dos Medicis de Londres e para Bruges.

 D.Manuel I, a distingui-lo. Em 21/8/1498, por exemplo, quando proíbe os estrangeiros de se dedicaram ao comércio do açucar da Madeira, os unicos que são excluidos desta medida são dois florentinos: Marchione e o seu sócio Sernigi. Entre 1508 e 1510 arrenda de novo o monopólio da Malagueta (21). D. Manuel I arrenda-lhe também a Mina. A protecção real é completa.

Em finais do século XV, operava com uma frota própria no circuito mercantil da flandres-Inglaterra-Irlanda-Madeira-Canárias, articulando a Península Ibérica com a Itália, o Atlântico com o Mediterrâneo e o mar do Norte  (22).

Os negócios de Machione estende-se a muitas outras áreas como os cambios, seguros e empréstimos bancários.

1.3.Nacionalidade Portuguesa, Fidelidade e Fidalguia. Obteve a nacionalidade portuguesa no dia 12/7/1482, por carta de D. João II "pela sua diligência e fidelidade ao serviço régio" (23). 

Era um homem da total confiança dos reis de Portugal, recebendo por volta de 1503, uma moradia da Casa Real.

A Rainha Dª. Leonor de Lencastre, recorre também aos serviços de Marchione. Entre 1490 e 1515,  envia regularmente caixas de açucar e de especiarias para o  Convento de S. Maria Annunziata de Florença. Marchione, nestes contactos com florença envolve também os mercadores florentinos: António Orsyno e Lorenzo Chorbinello (30).

Em 1517, contribuiu com 220.000 reais para a construção do Paços de Muge, que D.Manuel I aí  mandou construir (1512). Este Paço era também conhecido por Paço dos Negros da Ribeira de Muge, um nome que diz tudo sobre um dos seus financiadores, mas também dos seus serviçais. D. Manuel I concedeu-lhe o foro de fidalgo.  D João III autoriza-o a andar de mula..

1.3.Espionagem.

Os portugueses tinham uma vasta rede de espiões para obterem informações não apenas em Espanha, Inglaterra, Italia ou França, mas também no interior de África ou no Oriente. 

Marchione, em Maio de 1486, aparece a financiar dois espiões portugueses que foram enviados por terra para a India: Pêro da Covilhã e Afonso Paiva.

Marchione tem sido igualmente apontado, como um agente dos florentinos, passando-lhes informações sobre as expedições marítimas dos portugueses. Informa-os, por exemplo, do regresso de Pedro Alvares Cabral, em 1501, um ano depois da descoberta do Brasil ter acontecido.(28)

1.4. Tráfico de Armas. Porque razão Marchione e Jerónimo Sernigi, ambos naturais da República de Florença, foram especialmente protegidos por D. João II e D.Manuel ? 

A razão, como D. João II, disse aos que os criticavam era a seguinte: Portugal comprava munições e armas ao estrangeiro, mas procurava fazê-lo, não usando ouro ou prata.  O pagamento era feito em escravos, açúcar e especiarias. É nestas transacções que entram os dois florentinos.(24).

O espião veneziano Cá Masser, em 1506, descobre que os portugueses usavam armas italianas na guerra contra o Sultão do Cairo, aliado de Veneza (29).

1.5. Agentes em Castela e Aragão. Combinado com D. João II organizou em Espanha, a partir de 1484, uma importante rede destinada monopolizar o comércio de escravos:

O seu primeiro agente em Espanha foi Juanoto di Barardi, filho do seu sócio Lorenzo di Berardi, que passou a tratar do comércio de escravos em Sevilha, Jaén e Málaga. Com a expansão do negócio, em Valência irá ter outro agente: Cesar Barci.

1.6. Marchione e Colombo

Marchione tinha relações comerciais com todas as pessoas que rodeavam Colombo, portugueses e italianos.

Os seus enormes recursos financeiros dependiam da Corte Portuguesa com a qual, desde pelo menos 1474, colaborava estreitamente. 

A ofensiva de de Colombo junto da corte castelhana, a partir de 1489, coincide com o incremento do tráfego negreiro de Marchione para Sevilha e Valência. A partir de Lisboa, controlo uma rede de agentes que estão onde Colombo está. 

Poderá ter sido este negreiro quem deu a Colombo - 500 mil maravides- , para pagar a parte que cabia a este na 1ª. viagem (1492/1493). Para tanto utilizou o seu agente em Espanha - Juanoto Berardi. 

Marchione era dos poucos que em 15 dias tinha recursos para o fazer, e sobretudo, estava interessado em fazê-lo, fosse ou não a mando de D. João II.

Marchioni, como D. João II, tinha todo o interesse em afastar os espanhóis das costas africanas, em particular da Guiné (12), de onde provinham grande parte dos seus elevados rendimentos. Corsários e piratas espanhóis assaltavam com alguma frequência navios portugueses que vinham carregados de escravos, ouro e especiarias da Guiné e da Mina. Marchioni, em Junho de 1492, viu uma das suas naus carregada de escravos da Guiné ser tomada por piratas espanhóis (38). Havia portanto que os afastar das costas africanas.

A ideia de Colombo navegar para Ocidente, cumpria este objectivo, e servia plenamente os interesses de Portugal. Mais

1.7. Financiamento de expedições

Os privilégios que possuía em Portugal, nomeadamente no tráfico de escravos, implicavam que participasse no financiamento das expedições marítimas, o que fez com regularidade.

Depois da chegada de Vasco da Gama à India (1498) envolveu-se também no comércio asiático e depois na exploração e no comércio com o Brasil. A expedição comandada por Pedro Álvares Cabral para a India (1500), tinha uma nau (Anunciada) de Marchionni, em sociedade com Jerónimo Sernegi (outro florentino radicado em Portugal) e D. Álvaro de Portugal, e parece ainda com António Salvago. 

Na armada de 1501, comandada por João da Nova, à sua custa foram armadas duas das quatro naus. Participa igualmente na expedição de 1502, comandada por Vasco da Gama, enviou uma nau em parceria com a corte.  Volta fazê-lo em 1503, na armada sob o comando de Afonso de Albuquerque. Em 1505, investe na armada de Francisco de Almeida, que partiu para a India, em três naus. Depois de 1506,a Corte controla de forma monopolista o comércio de especiarias da India, mas Marchione está presente através dos seus empréstimos (1507 e 1514). Em 1518, numa armada que seguiu para a India, seguia como capitão o seu filho Pedro Paulo.  

Deste a primeira hora está envolvido em negócios no Brasl, Em 1511 volta  mandar uma nau ao Brasil, de parceria com Fernão de Noronha, Beranardo Morelli e Fernão Martins, para trazerem pau-brasil.papagaios, escravos, etc. 

1.8. Português contra genoveses e venezianos

Vivendo há longos anos em Portugal, considerava-se português. Em 1502, um seu navio carregado de especiarias for apresado por um corsário genovês (Vincenzo Giustiniani), nos mares da Catalunha, próximo de Marselha. No processo que moveu em Tribunal para poder reaver o navio afirmou a sua condição de português e de subdito dos reis de Portugal, e foi nesta condição que o navio lhe foi devolvido por Génova.

Na guerra, não declarada, que Veneza faz contra Portugal, em princípios do século XVI, os seus espiões são enviados para Lisboa onde procuram obter informações sobre as expedições maritimas portuguesas. Leonardo Cá Masser, sob a capa de embaixador (1504-1506) foi um dos espiões mais bem sucedidos. Os venezianos não contavam contudo com a fidelidade a Portugal da família de Marchione, cujo sobrinho (Benetto Tondo) ao aperceber-se de que Cá Masser era um espião, denunciou-o, permitindo a sua prisão e posterior expulsão do reino (29).

1.9. Descendência

Marchione ( ou Marcchionni) desfrutou sempre de uma importante posição na sociedade portuguesa. Vivia na Caparica (Almada) onde tinha grandes propriedades.  Casou-se com Catarina Lopes (1482). D.Manuel I autorizou que legitimasse filhos naturais de pelo menos duas mulheres diferentes. 

Morreu em Lisboa em 1527, sendo sepultado no Mosteiro de S. Domingos, na Capela do Espírito Santo, onde tinha jazigo perpétuo para si e a sua descendência. 

Os seus filhos (Pedro, Paulo, Belchior, etc) que estão registados no Livro dos Confessados (1539,1540 e 1541), possuíam títulos de fidalgos cavaleiros (1528 e 1530) estavam também envolvidos nas expedições marítimas: O seu filho Cosme, bateu-se heroicamente no 1º. cerco de Diu. Em 1520, uma nau que foi para a India era capitaneada por Belchior Marchionni e uma outra em 1559 era capitaneada por um Marchione. Descendentes seus haviam-se também estabelecido na India. Em 1590, Luis Marcchione era tesoureiro do fisco em Goa. Em 1613 D. Maria Marchione era regente de um colégio nesta cidade. O nome sofre uma alteração é acaba por dar origem a "Marchona". 

 

 

 2. Lorenzo di Berardi (Berardo) ( florentino )

Berardi estava também ligado ao tráfico de escravos.

Fixou-se em Lisboa na 1ª. metade do século XV.

A 18/8/1450, o rei concede-lhe uma carta de seguro que lhe permitiu comerciar livremente em Portugal.

Em 1460, participa numa sociedade para a pesca de mugem nas águas portuguesas.

Em 1469 constituiu uma parceria, com Lopo de Almeida, 1º. Conde de Abrantes, para a exploração das minas de ouro da Adiça (25).

Era sócio de Bartolomé Marchione e pai de Juanoto Berardi. Las Casas, chama-lhe "Lorenzo Birardo" e Hernando Colón trata-o por "Lourenço Giraldi", ambos afirma que o mesmo serviu de intermediário entre Colombo e Toscanelli (Florença). 

Faleceu em Portugal, em cuja sociedade estava plenamente integrado.

Parceria Berardi- Lopo de Almeida

1

A parceria que estes dois homens formam, em 1469, para explorarem a mais importante mina de ouro de Portugal, assume uma enorme significado, e é revelador das enormes cumplicidades entre portugueses e florentinos no apoio a Colombo em Espanha.

 

Lopo de Almeida (1416-1486), era o típico exemplo de um português do século XV: fidalgo, navegador, militar, diplomata, negociante e senhor de vastos domínios. 

Era vedor da fazenda de D. Duarte, D. Afonso V e D. João II. Alcaide-mor de Abrantes e Punhete (Constança), mordomo-mor de Joana, a Beltraneja.

 

Em 1452 foi encarregue por D. Afonso V, de sondar junto de mercadores alemães as possibilidades de exportação de sal.Tinha negocio da exploração de ouro (1469-1470), pesca de coral em parceria com o rei (22/4/1473), numa concessão por 9 anos. Um dos seus parceiros de negócios, como vimos, foi o pai de Juanoto Berardi, o banqueiro Colombo em Sevilha.

 

Casou-se com Brites da Silva Malafaia,  camareira-mor da rainha Leonor de Aragão, mulher do Rei D. Duarte, de quem teve uma prole famosa:

 

-  Jorge de Almeida (1458-1543),  bispo de Coimbra, 2º. Conde de Arganil. Estudou e viveu em Itália (Pisa);

-  Fernando de Almeida (1467-1500), bispo Ceuta;

-  João de Almeida (1443-1512),  2º. Conde de Abrantes;

 

Francisco de Almeida (1457?-1510),  1º. vice-rei da India (1505-1509). Cavaleiro da Ordem de Santiago. Participou na batalha de Toro (1476). Acompanhou D. Afonso V a França. Era casado com Joana Pereira, filha de Vasco Martins Moniz, guarda-mor de D. João II, e cavaleiro da Ordem de Santiago. Era parente de Cristovão Colombo. Mais

 

Fugiu para Castela, na quaresma de 1484, na sequência das conspirações de 1483-1484, tendo servido como intermediário entre conspiradores, tais como D. Diogo e D. Alvaro de Bragança. Fixou residência em Sevilha. Durante oito anos participou na guerra de Granada, tendo regressado a Portugal, somente depois da conquista deste reino muçulmano (2/1/1492). D. João II aceitou-o na corte. Em Abril de 1493 é incumbido pelo rei de preparar uma armada para ir às Indias espanholas.

 

-  Pedro de Almeida (m.1512), comendador-mor de Avis. 

 

- Diogo Fernandes de Almeida (1444 - 13/5/1508), 6º. prior do Crato da Ordem de São João de Jerusalém (26). Participou na conquista de Arzila (1471)e na batalha de Toro (1476). Era um nobre da total confiança de D. João II, membro do Conselho Regio e seu monteiro-mor. Estava junto ao leito de morte do rei. Alcaide-mor de Torres Novas. Aio privado de Jorge de Lencastre, o filho bastardo de D. João II e de Ana de Mendonça. Em 1480 foi nomeado Prior da Ordem do Hospital, mas só aceitou o cargo pouco depois do falecimento da morte do principe D. Afonso (cfr. Vida e Feitos d`El-Rei D. João II, Cap.CXXXVI). Em 1480 foi socorrer a Ilha de Rodes, sede da Ordem do Hospital,  que havia sido cercada por Maomé II, sultão do Egipto. Faleceu em Almeirim, a 13/5/1508, encontrando-se sepultado na Igreja do Mosteiro da Flor da Rosa, no Crato. Foi ele que, em Março de 1493, durante dois dias foi encarregado de acompanhar e hospedar Colombo em Vale do Paraíso.

 

 

3.  Juanoto Berardi ( florentino ) (Florença?, 1457 ? – Sevilha, Dezembro 1495 )

Era filho de Lorenzo di Berardi. Veio para Lisboa ainda muito novo, onde vivia o seu pai pelo menos desde 1450. Não é de excluir a hipótese de ter nascido em Lisboa. Participou com Marchione no tráfego negreiro. 

Em 1485 é acusado pelas autoridades de Sevilha de andar com Marchione a fazer contrabando de escravos da Guiné, em caravelas portuguesas, sem pagar impostos (5 ). Pouco depois aparece ligado a negócios de escravos em Juan del Puerto e em Moguer (Huelva).

Em 1486 conseguem uma autorização para si, mas também para Neto Barardi e Bartolomé Marchioni, que lhes possibilitava poderem dedicarem-se livremente ao comércio em Castela e Aragão. Os seus negócios envolvem Espanha, Florença e Portugal. Neste ano estabelece-se em Sevilha.

A sua principal atividade foi o comércio de escravos, entre 1486 e 1492, através de Marchioni, constando por esse facto em vários processos judiciais (34). A maioria dos escravos vinham da Guiné e das Canárias. Em 1489 Marchione, a partir de Lisboa, envia para Espanha importantes carregamentos de escravos. O negócio prospera de tal forma em Valência que Marchione arranja outro agente só para esta região - César Barci. Juanoto expande o tráfico de escravos a Jaén e a Málaga.

Em 1492, aparece envolvido no financiamento da conquista de Las Palmas (Canárias), o que constituiu uma excelente oportunidade ara "apanhar" e escravizar os guanches que restavam nas Canárias.   

Berardi depois de andar a traficar africanos, dedicou-se ao tráfico de indios que Colombo de lhe trazia das Indias. Os primeiros que foram descarregados na Europa, em Março de 1493, ficaram armazenados na sua casa. 

Em fins de 1493 ou princípios de 1494 foi quem primeiro contactou o irmão de Colombo - Bartolomé Colón - quando este chegou de França. Nesta altura parece exercer já funções de banqueiro dos reis espanhóis e de agente de Colombo junto dos mesmos. Os seus contactos com Portugal e a sua longa experiência como negreiro, eram essenciais.  

Em 1494 naturalizou-se espanhol. No ano seguinte, parece ter tentado autonomizar-se no seu negócio. Em Abril deste ano, comprometeu-se com a Corte Espanhola a fretar 12 caravelas para enviar às Indias, mas só conseguiu arranjar 4 que, como veremos, entregou ao comando do português Jorge de Souza.

Data de 30/1/1494, uma importante carta de Berardi, escrita em Sevilha, sobre a segunda viagem de Colombo (32). Berardi, revelando pouca precisão nos factos, repet a mesma fábula de Colombo sobre a abundância de ouro nas Indias espanholas. Havia que aguçar a cobiça dos espanhóis e outros estrangeiros. Mais

Para dar maior confiança aos espanhóis, a 4 de Junho de 1494, naturaliza-se castelhano.

Em nome deste negreiro, Colombo e o seu irmão enviaram das Indias um importante carregamento de escravos para serem vendidos em Espanha (21 de Outubro de 1495). Neste ano Américo Vespúcio terá entrado ao serviço da casa de Berardi nos negócios de tráfico de escravos e no abastecimento dos navios (6). Vespúcio aparece citado, pela primeira vez, a 21 de Outubro de 1495, a receber dinheiro pela transacção de escravos indios.

A escravatura dos indios levantou na altura alguma contestação, pois os mesmos não podiam ser considerados prisioneiros de guerra. Um das razões que legitimava a escravatura. A Igreja começou a opor-se, por este motivo, à venda de indios no mercado de escravos. Colombo, indiferente à questão, continuou a enviar indios a Berardi e a exigir-lhe pagamentos adiantados com base na mercadoria que lhes entregavam. Berardi não tardou a ficar endividado, pois o preço dos indios baixou consideravelmente no mercado.

O último negócio de Berardi foi organizar uma expedição às Indias, como se havia comprometido com a Corte Espanhola em Abril de 1495. A frota era composta por 4 navios, sendo comandada pelo português Jorge de Sosa (ou Souza). O piloto maior era o célebre Pedro Alonso Niño, provavelmente também português. Quando as caravelas partiram a 3 de Fevereiro de 1496, do porto de Sanlucar de Barrameda já Juanoto havia falecido. Estas não chegaram contudo ao seu destino pois naufragaram (7).  

No seu Testamento, datado de Dezembro de 1495, este afirma que "trabalhava" para Colombo desde 1492.  

Foi com base neste "documento", provavelmente falsificado, que alguns historiadores afirmaram que Juanoto foi quem financiou a 1ª. expedição de Colombo. A verdade é que não existe qualquer documento que o comprove, nem sequer esta dívida foi reclamada durante a vida do navegador que morreu em 1506. O mais certo que é tenha sido apenas um intermediário do seu patrão Marchione, estabelecido em Lisboa, a mando de D. João II. 

Berardi alegou supostas dividas de Colombo, e nomeou Vespúcio e Jerónimo Rufaldo seus executores testamentários, os quais em Fevereiro de 1496, acabaram por dar por saldadas estas supostas dividas. O fornecedor não podia ser responsabilizado pelo mau negócio do vendedor.   

Berardi morreu em Sevilha a 15 de Dezembro de 1495, deixando na miséria a mulher e filha. Percebe-se facilmente que o dinheiro que usou não era seu, não passava de um simples intermediário de negócios dirigidos a partir de Lisboa.

Após a morte de Berardi, Vespúcio continuou envolvido no tráfico de escravos, segundo o próprio em 1497 numa viagem que fez às Indias trouxe consigo 222 indios para vender. 

 

4. Francisco de Bardi ( florentino )

Giovanni Bardi, estabeleceu-se em Lisboa, em 1471, onde criou uma loja de câmbios. Tinha negócios em outras cidades europeias, em representação de Lourenço de Médicis. Ter-se-ia transferido para Sevilha, no final do século XV.

Desconhecemos o seu parentesco com Francisco de Bardi.

Francisco casou-se em Sevilha, em 1505, com Violante Moniz Perestrelo, cunhada Colombo, tendo morrido a 9 de Dezembro de 1508. Depois do casamento manteve a sua casa na colacción de San Isidro, em Sevilla (35).

Tinha negócios nos Açores (Ponta Delgada-ilha de São Miguel, Ilha Terceira, etc), e participava no tráfico de escravos com Marchione. Aparece, em 1504, ligado a transferências de dinheiro entre Lisboa e Sevilha, numa operação que envolve João Francisco Affaittati e Rondinelli .

O seu irmão estabeleceu-se na cidade do Porto (Portugal ), em 1498 onde casou com uma portuguesa ( Dª.Antónia de Azevedo ).   

 

5. Simão Verde ( florentino )

Simão ou Simón Verde (Simone del Verde, em castelhano) vivia em Lisboa com o seu irmão Gerardo. Em 1493 mudou-se para Castela,  passando a residir em Valladolid, onde estava a Corte. Estava ligado ao tráfico de escravo da Guiné e das Canárias, envolvendo-se depois em Castela no negócio do abastecimento dos navios para as Indias espanholas.

Nesta cidade, escreveu a 19/4/1494, uma importante carta (33), dirigida a Pietro Nicoli, na qual relata o que apurou de como estava a decorrer a 2ª. Viagem de Colombo (31). Os seus informadores foram o comandante da frota (António de Torres?), um piloto, um mestre e indio das caraíbas. Uma das ideias desta carta era que os indios que os espanhóis encontraram eram todos canibais, pelo que deviam ser reduzidos à escravatura...

Foi por volta de 1494 que fixou residência em Sevilla, na Calle dos Francos, onde viviam também Berardi, Violante Moniz Perestrelo- Colombo, etc.. Neste ano financiou, a ida de Bartolomeu Colon para as Indias.

Em Janeiro de 1498 estabeleceu-se também em Cádiz, onde existia um ativo comércio de negros. No ano seguinte terá vindo a Lisboa, para tratar dos seus negócios de comércio de escravos da Guiné. Nesta altura estava no auge o comércio de escravos das indias espanholas.

Foi em Cádiz que escreveu, em 1499, a outra das suas importantes cartas, dirigida a Mateo Cini, dando conta da 3ª. viagem de Colombo.

O seu irmão - Gerardo Verde -, em 1500, deixou Sevilha e veio para Lisboa para se encontrar com Marchione, italiano naturalizado português, tendo participado no financiamento de uma expedição ao Brasil. 

Américo Vespúcio sugere que Gherardo Verde participou, entre 1501-1502, na viagem de exploração do Brasil, comandada por Gonçalo Coelho ou André Afonso Gonçalves. Uma indicação que atesta a enorme ligação destes irmãos a Portugal e a Marchioni. Mais

Simón Verde, em Janeiro de 1505, nomeia como seu representante em Espanha, o negreiro florentino Piero Rondinelli. Continuou ligado a trafico de escravos da Guiné, que lhe chegavam a partir de Portugal (36).

Fruto da enorme ligação com a família de Colombo, não é de estranhar que, em 1506, tenha sido Simón Verde a acompanhar o corpo de Colombo de Valladolid a Sevilha.

Era amigo intimo de Hernando Colon tendo-lhe pago, em 1509, as contas da sua viagem a Itália. Ofereceu-lhe também, neste ano, o livro "Triunpho della Croce di Christo", de Girolamo Savanarola (37)

Foi administrador de  Diego Colon, intervindo em alguns dos seus negócios mais importantes, nomeadamente a venda da Vila de la Palma. 

Apesar de Simón e Gerardo continuarem residir em Espanha, mantiveram-se sempre ligados a Portugal. Simón Verde, por exemplo, em 1511 esteve envolvido no negócio de exportação de vinhos andaluzes para os Açores. Neste ano, foi também para Espanha, o seu irmão mais novo - Bernardo.

Por volta de 1515, mudou-se para Gelves, domínios de Jorge Alberto de Portugal y Melo, 1º. Conde de Gelves, filho de Alvaro de Bragança, que se casou com a neta de Colombo, cujos descendentes se tornaram nos herdeiros deste navegador. Instalou-se numa quinta que lhe foi vendida por Violante Moniz Perestrelo, viúva de Bardi.

Juan Gil que analisou a sua escrita, afirma que a mesma "escriba en una lengua que denuncia más portuguesismos que italianismos" (14 ).

Foi o testamenteiro, a 22/2/ 1515, com o padre Gaspar Gorricio, de Diego Colón, irmão de Colombo. Aparece como "vecino del lugar de Gelves".

 

6. Piero Rondinelli ( florentino ) 

É o único italiano que aparentemente não veio de Lisboa para a Andaluzia (Espanha), onde se estabeleceu definitivamente em 1504. A sua principal actividade era o tráfico de escravos da Guiné e do Norte de África, a que associou depois três irmãos. Estava envolvido em actividades de contrabando entre Espanha e Portugal, onde tinham provavelmente os seus negócios mais lucrativos. O seu negócio mais importante que se conhece envolve Portugal. Morreu em 1514.

Desde 1498 que solicitava continuas autorizações para seus representantes se pudessem deslocar a Lisboa, onde tinha negócios, entre outros com Bartolomeu Marchione e um italiano que se havia também radicado em Portugal: Juan Francisco Affaitati

 

7. João Francisco Affaitati (Lafeitá, Lafetá ou Lafatat, florentino) (Cremona, séc. XV - Lisboa, 1528)

Affattati surge ligado, como dissemos, à transferências de dinheiro entre Lisboa e Sevilha, envolvendo membros da família de Colombo.

Fixou-se em Lisboa no final do século XV, ligado ao tráfico negreiro em sociedade com Marchione, ao comércio do açucar da Ilha da Madeira e depois às especiarias. Participou como armador da segunda frota que foi para a India (1502). 

Nos primeiros anos actuou como espião de Veneza informando-a dos descobrimentos portugueses. 

Entre 1508 e 1514, a troca de um contrato de pimenta, estava obrigado a pagar as despesas das praças militares de África, das Casas da Suplicação e do Civil. Na Feitoria de Antuerpia tinha como representantes o seu sobrinho Francisco Affaitati e o seu genro João Carlos Dória. Nesta cidade, manteve estreitas relações com cristãos-novos portugueses, como Francisco Mendes e Diogo Mendes.

Nunca se casou, embora tivesse seis filhos de duas portuguesas cristãs-novas: Maria Gonçalves e Branca de Castro, de Setúbal. Faleceu em 1528, sucedendo-lhe nos negócios o  seu genro João Carlos Affaitati.

No século XVI a sua família desfrutava de uma importante posição na sociedade portuguesa, revelada pelos seus vários palácios: 

Em Carvalhal do Bombarral, onde ainda hoje existem os vestígios do seu primitivo paço -  uma torre e uma casa (9). A torre é medieval foi doada por D. Dinis a um fidalgo aragonês que se fixou em Portugal e veio a ser bisavô materno de D. Nuno Álvares Pereira. Figura num testamento de D. Sancho II (século XIII), sendo hoje conhecida por Torre dos Lafetás ou Lafetats. 

João Francisco Alffaitati construiu no local um novo solar conhecido por Solar da Quinta dos Loridos (10), e que foi profundamente alterado no século XVII e XVIII. Um dos seus proprietários foi Sanches de Baena (oriundo de Córdoba). É uma das mais belas quintas da região.

Cosimo Affaitati , por volta de 1540, construiu no sopé da Serra de Sintra, junto à Ribeira de Colares, um palácio renascentista de que subsistem curiosas ruínas.

Esta familia italiana nunca terá abandonado o tráfico negreiro. No Museu Nacional de Etnologia (ou arqueologia?) , em Lisboa, conserva-se uma coleira de escravo procedente da torre do Carvalhal com a seguinte inscrição: "Este preto he de Agostinho de Lafetá do Carvalhal de Óbidos". 

 

B) Florentinos e D. João II

O panorama anterior dos alegados banqueiros de Colombo, revela claramente que o mesmo não confiava em genoveses para efectuar os seus negócios, prefere florentinos e venezianos.

Os florentinos estão todos ligados a Portugal, onde residem as suas famílias. Em Espanha, quando deixam de ser intermediários de negócios controlados a partir de Portugal, a maioria fica na ruína pois não têm capitais próprios, nem meios logísticos para os manter.

O facto mais importante é todavia outro: os florentinos, ligados ao tráfego negreiro da costa ocidental de África, como Marchione, estavam particularmente interessados na ideia de Colombo de atingir a India navegado para Ocidente. Os espanhóis seriam dessa forma afastados de África, onde ameaçavam o domínio de Portugal. 

Nesse sentido, desenhou-se uma aliança de interesses entre os negreiros florentinos e D. João II.

Em 1494, quando os espanhóis estavam totalmente envolvidos nas Indias, longe das costas africanas, os florentinos de Lisboa (19), mandaram fazer em Florença uma Bíblia em 7 volumes, ricamente decorada na oficina de Attavanti, para oferecer a D. Manuel, Duque de Beja, Grão-Mestre da Ordem de Cristo e irmão da Rainha Dona Leonor. 

Recorde-se que D.Manuel, era na altura o herdeiro do trono de Portugal. É também significativo que tenha estado reunido com Colombo, em Março de 1493, quando o mesmo regressou das Indias.

 

D ) Mercadores-Negreiros Genoveses

Ao contrário do que seria de esperar, Colombo não confia nos banqueiros genoveses. Os únicos com os quais se relacionou em Castela e Aragão, foram-lhe impostos pela Corte. Ignora os grandes banqueiros genoveses, como Centurione, Di Negro ou Spinola, porque os mesmos não lhe merecem grande confiança. Não deixa e ser significativo que os reis de Portugal também tenham afastado estes banqueiros das expedições e comercio marítimo. Os genoveses eram concorrentes dos portugueses.

O Critério de Confiança: Ligação a Portugal e a D. Alvário de Bragança

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A ligação a Portugal era o primeiro dos critérios seguidos por Colombo e a sua família para selecionarem os mercadores e banqueiros italianos para os seus empréstimos e transacções comerciais. 

 

A totalidade da documentação que existe sobre as suas transacções envolve sempre com estes prestamistas e não outros. A única excepção a esta critério foi a alegada tentativa de estabelecerem um contrato com o Banco de S. Jorge de Génova, para proteger os direitos do seu filho primogénito - D. Diogo Colón.

 

Este eram os únicos italianos que lhes davam alguma confiança para efectuarem transacções clandestinas e fazerem cobranças em Portugal. A moeda de pagamento é frequentemente a portuguesa. 

 

Não deixa de ser curioso que todos eles, nos seus testamentos envolvem sempre o pagamento de dividas a pessoas em Portugal ( Madeira, Açores, Lisboa, Santarém, etc).  

 

Colombo, como vimos, nestas relações financeiras, prefere os florentinos evitando envolver-se com os genoveses. Seguia neste aspecto, a posição dos reis de Portugal, como D. João II ou D. Manuel I que privilegiou os mercadores-banqueiros florentinos face aos genoveses.

Apenas no final da vida, e por influência de um embaixador de Genova, irá recorrer ao Banco de S. Jorge, para tentar garantir a protecção internacional dos privilégios dos seu filho - Diego Colón. Tratou-se de um claro acto de desespero. 

O segundo critério foi a ligação a Alvaro de Bragança, exilado em Sevilha na sequência da conspiração de 1483. Trata-se de uma importante descoberta, porque nos permite explicar a razão da presença genovesa nos negócios de Colombo.

Alvaro de Bragança em Castela manifestou uma nítida preferência pelos genoveses em relação ao florentinos, estabelecendo uma intima ligação a dois mercadores-banqueiros genoveses: Os Salvago e Pinelli. É possível que esta ligação tenha começado em Portugal.

Os Salvago

Durante o reinado de D. Afonso V (1448-1481), estabeleceu-se em Lisboa um cambista genovês chamado Giovanni Salvado (40). Alvaro de Bragança terá provavelmente conhecido, em Lisboa, este genovês.

Quando se instalou em Sevilha nomeou como seu mordomo-mor o genovês Balién Salvago, que virá a ser também mordomo da sua esposa Filipa de Melo e do seu filho Jorge, Conde de Gelves (41). Era um criado para todo o tipo de negócios de D. Alvaro de Bragança, que o chegou a nomear seu tenente nos Alcazares e Atanazares de Sevilha (1502-1505), após ter falecido o português João Omem.

Quando Diogo Colón, em 1509, começa a administrar as Antilhas, D. Jorge, o filho primogénito de D. Alvaro de Bragança, envolve-se no tráfico de escravos, logo o genovês Balién Salvago aparece metido no negócio. A 17 de Fevereiro de 1510, compra 50 escravos para que o seu irmão António Salvago e Lorenzo de Vitória possam enviá-los para as Antilhas (42)

Por volta de 1495 aparece em Sevilha António Salvago, irmão de Balién Salvago. Trata-se de um intermediário de todo o tipo de negócios, incluindo de escravos entre Portugal e Castela, envolvendo pelo meio Alvaro de Bragança e/ou o seu irmão Balién. Em reconhecimento deste trabalho,  D. Manuel I, concedeu-lhe vários negócios de açúcar da madeira (1502), e nomeou-o feitor da Casa da India de Lisboa.

Na armada de Pedro Alvares Cabral (1500), um dos navios que partiu para a India, como vimos, foi armado por Marchioni, Sernigi, Alvaro de Bragança e Antonio Salvago. Faleceu em Lisboa, a venda dos seus bens em Portugal são confiados a D. Jorge, Conde de Gelves (41).

Francisco Pinelli (Pinelo)

Pinelo, genovês, sindico de Sevilha, aparece associado ao financiamento da segunda de Colombo (1493-1496). Foi um dos que os reis católicos encarregaram de recolher os fundos necessários para financiar esta viagem:

- 15.000 ducados de ouro (5.625.000 maravedis) da Santa Hermandad, um corpo regular da polícia criado, em 1476, financiado através da pilhagens, nomeadamente dos judeus e muçulmanos.

- O produto do que fora roubado aos judeus que fugiram para Portugal (5.523.528 maravedis) (43), nomeadamente o dinheiro e bens da familia Benveniste (Benveniste de Calahorra, Iyan Benveniste, etc), que recebeu uma protecção especial por parte de D. João II e D. João III (44).

Neste saque para financiar a segunda viagem, foram igualmente confiscados 600.000 maravedis que Diego Lopez havia roubado em Portugal (45).

Neste tarefa de recolha de fundos, sobretudo através do saque dos judeus, desempenhou idênticas funções, Juan da Silva, Conde de Cifuentes.

Vários particulares, como o Duque de Medina Sidónia, Juanoto Berardi e Hernando de Talavera, entre outros, emprestaram dinheiro para a viagem.

Pinelli estava ligado a Alvaro de Bragança, o seu principal protector. Não é pois de estranhar que apareça envolvido na elaboração de um projecto de regulamento da Casa da Contratação de Sevilha, da qual o português foi o criador e primeiro presidente (15). 

O padrão é sempre o mesmo: - Quando se investiga em profundidade os financiamentos directos ou indirectos de Colombo, descobrimos sempre o envolvimento de portugueses ou de banqueiros ligados a Portugal.

 

Luis de Oria (Lodisio d`Oria)

De origem genovesa, fixou-se na Ilha da Madeira em 1480, onde tinha fábricas de açúcar, cuja produção estava assente no trabalho de escravos

O Frade Antonio de Aspa, no século XVI, transformou-o num dos três genoveses que alegadamente teriam financiado a parte de Colombo na primeira viagem(3). As suas fontes de informação são pouco credíveis. O seu objectivo era claramente acusar Colombo de ser judeu. É significativo que nesta aldrabice, se tenha visto obrigado, a ir buscar um mercador genovês estabelecido em Portugal, com negócios em Cádiz e envolvido no tráfico negreiro.

 

D) Negreiros Genoveses nas Indias Espanholas

A Espanha sentiu sempre a presença de milhares de portugueses nos seus domínios americanos como uma ameaça, contudo tinha necessidade absoluta da sua colaboração para a descoberta, conquista e povoamento do Novo Mundo (consultar). Sem eles não teria existido o Império Espanhol.

A escravatura dos indios cedo se revelou um sério problema que tiveram que enfrentar. O seu único recurso era recorrerem aos negreiros portugueses, os únicos que por força do Tratado de Alcaçovas-Toledo (1479/80) e de Tordesilhas (1494) tinham acesso exclusivo às costas africanas onde eram vendidos os escravos. 

Acontece que a Corte portuguesa controlava directamente o tráfico, o que agrava o problema do seu envolvimento nos domínios espanhóis. A solução encontrada foi usar os genoveses como testas de ferro. Até meados do século XVI, muitos negreiros afirmavam-se genoveses e celebram com a corte espanhola contratos de fornecimento de escravos africanos, os "asientos". O negócio era em todo o caso controlado a partir de Lisboa.

Em 1502 foram introduzidos os primeiros escravos negros nas Antilhas (Caribe).O rápido despovoamento de La Hispaniola devido à matança dos indios, obriga os espanhóis por por volta de 1510 a uma importação massiva de mão-de-obra para prosseguirem os trabalhos nas minas. Uma necessidade que aumenta, quando em 1516 se inicia a produção da cana do açúcar nesta Ilha.

O recurso aos negreiros portugueses era uma inevitabilidade, pois os mesmo possuíam o monopólio deste tráfico nas costas africanas.

Os primeiros escravos negros começam a chegar às Indias por volta de 1508. Afim de evitar qualquer dependência formal de Portugal, a Corte espanhola opta por uma importação feita mediante licenças reais especiais, tendo como intermediários os genoveses. Muitos negreiros portugueses ter-se-ão feito passar por genoveses para facilitar o negócio.

É neste sentido que logo a seguir à fundação da cidade do Panamá (1519), se cria uma "Casa de los Genoveses" (11), cuja função era armazenar, vender e distribuir os escravos que os navios portugueses ali deixavam. Esta parece ter sido a solução encontrada para resolver rivalidades antigas, o que não impedia que os navios portugueses andassem pelas indias espanholas a distribuir a sua mercadoria. Em 1513, por exemplo, Fernando de Espanha incomodado com a situação protestava junto de D. Manuel I contra presença no Panamá de navios portugueses, numa clara violação do Tratado de Tordesilhas.  

A maioria dos escravos chegou contudo às Indias clandestinamente. Os negreiros evitaram desta forma pagar tributos à Casa da Contratação de Sevilha. Os proprietários espanhóis entendem-se neste caso directamente com os negreiros portugueses (13). Esta é uma das razões porque estes conheciam também bem as Indias espanholas, pois abasteciam-nas de mão-de-obra escrava.  

A crescente necessidade de escravos africanos nas Indias, acabou por impor um sistema cada vez mais autónomo do controlo de Sevilha, o que acabou por ditar o fim do recurso legal aos genoveses. Apesar disto, o primeiro "asiento" realizado com um negreiro português só ocorreu em 1595. Pedro Gómez Reynel, comprometeu-se então a entregar 38.250 escravos durante 9 anos, à razão de 4250 por ano.   

No período a seguir à restauração da independência de Portugal, em 1640, os negreiros portugueses voltam a ser impedidos de firmarem contratos directamente com os espanhóis. Como antes acontecera, os italianos voltam de novo a servirem de intermediários dando o seu nome para a realização destes sórdidos negócios. 

 

E ) Saque de Judeus

Alguns historiadores judeus afirmam que a ida destes prestamistas - mercadores italianos para Espanha está ligada a uma nova oportunidade de negócio: aproveitarem de parte do saque que a Inquisição estava a fazer aos judeus, os seus principais concorrentes no negócio do empréstimo de dinheiro.

 

Recorde-se que os genoveses e florentinos se estabeleceram em Sevilha nos bairros que haviam pertencido aos judeus. Os primeiros eram os mais anti-judeus de toda a Itália. Desde o século XIII, por exemplo, nenhum judeu podia permanecer em Génova mais do que 3 dias.

 

- Será que conheciam o segredo da verdadeira identidade de Colombo (Colombo) e das suas raízes judaicas ? Será este o verdadeiro segredo da  presença de alguns italianos à volta de Colombo e da proliferação das suas alegadas dividas ? Andariam a fazer chantagem ?

 

- Uma coisa é certa: Colombo, ignorou completamente os grandes banqueiros genoveses. As garantias internacionais que procurou obter para os seus "Privilégios" no Banco de S. Jorge em Génova foram, neste aspecto, a única excepção. 

 

1. Ascensão dos Banqueiros Genoveses

 

A perseguição e saque dos judeus foi colocando os reis espanhóis nas mãos dos banqueiros genoveses. Este facto pode ser facilmente constatado analisando os banqueiros que deram suporte financeiros às diversas expedições de Cristovão Colombo. 

 

Se na primeira os genoveses não aparecem, na segunda já marcam presença através de Francisco Pinelli. Na 3ª. e 4ª. expedição, estão largamente representados como mediadores nestes financiamentos.

 

A sua presença vai-se tornando cada vez mais importante em Espanha, à medida que a corte se vai endividando e os últimos banqueiros judeus são exterminados.

 

Colombo, apesar de não nutrir qualquer confiança em relação aos genoveses, viu-se obrigado a ter que negociar com eles.

 

 

2.  Ajuda do Vaticano

A partir de 1495 declarou-se em Portugal uma verdadeira guerra contra o judeus conduzida a partir do Vaticano. Os reis portugueses foram pressionados pela Igreja Católica para afastar os judeus do comércio marítimo e do sistema financeiro favorecendo, desta forma os seus concorrentes italianos. Para Portugal isso significativa a destruição do seus sistema financeiro e mercantil, tal era a influência que os judeus nele tinham.

Os mercadores e banqueiros italianos solidamente apoiados no Vaticano há muito que manobravam para afastar a concorrência que lhes moviam os judeus. A instauração da Inquisição em Castela e Leão, em 1478, abriu-lhes um vasto mercado, reforçado depois de 1492 com a expulsão dos judeus. 

O Vaticano tudo fez para que Portugal endurecesse a sua posição em relação aos judeus, no que era apoiado pelos reis de Espanha.

 Quando a Inquisição se estabeleceu em Portugal (1536), os Italianos, sobretudo os genoveses, foram o principal grupo de estrangeiros ao seu serviço ( 2 )

Entre os séculos XVI e XVIII a quase totalidade das obras anti-judaicas que foram veiculadas em Portugal eram de origem italiana. A expulsão dos judeus favorecia os seus negócios e nisso se empenharam..

 

3. O "Século dos Genoveses"

Os genoveses, apoiados pela Igreja Católica e a Inquisição, mas também pela facção pró-castelhana na sociedade portuguesa, na segunda metade do século XVI conseguem expulsar os florentinos de Portugal, atacar os mercadores e banqueiros portugueses identificados com os cristãos-novos, ocupando uma posição preponderante nas finanças do país.

O seu verdadeiro triunfo dos genoveses, como afirmou a historiadora Nunziatella Alessandrini (39), dar-se-á todavia durante a ocupação espanhola de Portugal. Entre 1580 e 1640, apoiados pela corte espanhola e a Igreja Católica, deram um importante contributo para levarem à ruína Portugal, o seu império marítimo e comércio internacional.  

 

 

Carlos Fontes.

   
  Notas:

( 1 ) Godinho, Vitorino Magalhães - Os Descobrimentos  Portugueses. Lisboa. Vol.II, p.154.

( 2 ) Paulo Drumond Braga,  Estrangeiros ao serviço da Inquisição Portuguesa, 

(3) Varela, Consuelo - Colon y os Florentinos, p. 51

( 5 ) Torre, António de la; Fernandez, Luis Suarez - Documentos Referentes a las Relaciones con Portugal Durante el Reinado de los Reys Católicos, vol. II, p.312. 

(6 ) Américo Vespucio (Amerigo Bespuche, ...) terá ido várias vezes a Lisboa, onde viveu entre 1500 e 1505. Afirma que terá participado numa viagem ao Brasil co-financiada por Marchione. Trata-se de um típico aldrabão italiano, pelo que as suas informações devem ser todas confirmadas por outras fontes.

(7 ) Alice B. Gould, ob.cit., páginas 306-321.

(9) O que terá levado Affaitati a estabelecer-se tão longe de Lisboa ? No local existe uma forte presença das familias Melo e Henriques, embora os grandes senhores da região sejam os noronhas e os meneses.

Perto de Carvalhal do Bombarral, em São Mamede viveu Martim Afonso de Melo Coutinho, nomeado em 1521 por D. Manuel I para construir uma fortaleza e comércio com a China. De Malaca com uma armada de 4 navios e um junco dirigiu-se para Cantão, onde chegou em 1522. Sucedeu-se o primeiro combate entre chineses e portugueses, tendo os estes perdido a batalha. Martim Afonso de Melo viu-se obrigado a retirar-se para Malaca, e Portugal definiu uma nova estratégia para penetrar na China. 

No regresso quase morreu no meio de uma tempestade, devido a uma promessa que então fez a São Lourenço construiu uma capela em honra do Santo e um solar (1541), o magnifico Solar dos Mello e Castro.  Na fachada podem ver-se os brasões de armas das famílias Melo, Castro e Zuzarte.

Martim Afonso de Melo está sepultado no Convento de s. Francisco em Santarém, rezando a lápide: "Aqui jaz Martim Alfonso de Mello filho de George de Mello, e a Dona Branca Coutinho, e a sua nora Dona Maria Henriques."

Uma povoação local chama-se "Columbeira" (Roliça).

(1 0) Solares Quinhentistas no Antigo concelho de Óbidos. A Quinta dos Loridos, in Separata das Actas do II Colóquio sobre História de Leiria e da sua Região, I Volume, Leiria, 1995. Este solar estava integrado no antigo concelho de Óbidos.

(11) El Panamá Hispano (1501-1821), Celestino Andrés Araúz, Patricia Pizzurno. Panamá.1997. 3ª. edição.

(12) Marchioni, a partir de Lisboa, dominava o mercado de escravos em Sevilha, Valência e Barcelona.A documentação que possuímos, permite-nos apenas analisar com rigor o mercado de Valência.  "Antes de 1489 eram umas vintenas, no máximo, os escravos mandados directamente de Portugal para Valência em qualquer dos anos, mas foi então que Bartolomeu Marchioni, o florentino que arrendara o comércio de escravos, decidiu que a cidade (de Valência) viria a tornar-se um excelente mercado. De 1489 a 1497, ele e outros mercadores ( a partir de Portugal) enviarem pelo menos 2.100 escravos negros para Valência, a uma média de 233 por ano. A quantidade diminuiu no decorrer da primeira década do século XVI, seguindo-se um aumento a uma média anual de 348 entre 1509 e 1516". Saunders, A. C. de C.M - História Social dos Escravos e Libertos Negros em Portugal (1441-1555), Lisboa. IN-CM. 1982. p.50.  

Os negreiros que actuavam em Portugal, exportavam escravos também para o norte da Europa. e para Itália (Porto Pisano, Florença ou Génova), embora este mercado, em termos globais, nunca fosse muito significativo para os negreiros portugueses. 

(13 ) López, José Luis Cortés - Importancia de la Esclavitud en la Expansíon Portuguesa en Africa y su Repercusión en el Mundo Hispánico, in, Las Relaciones entre Portugal y Castilla en la Época de los Descubrimientos y Expansion Colonial. Ana María Carabíes Torres (ed.). Salamanca. 1996.

(14 ) Gil, Juan - Lisboa y Sevilla: Aspectos de una Relacíon Secular ...

(15) I. Szászdi - La Casa da Contratación de Sevilla y sus hermanas Indianas. Edicion de Antonio Acosta Rodríguez, Adolfo Gonzáles Rodriguez, Enriqueta Vila Vila. Universidad de Sevilla. 2003. p. 130 e segs.  

(19) A encomenda foi feita por Clemente Sernigi para ser entregue a D. Manuel I quando era ainda Duque de Beja e príncipe herdeiro (1494).

(20) Saunders, A.C. de C. M. - História social dos escravos e libertos negros em Portugal (1441-1555), Lisboa. IN-CM. p.53.

(21) Godinho, Vitorino Magalhães - A Expansão Quatrocentista Portuguesa, p. 342.

(22) Dicionário de História dos Descobrimentos Portugueses, Direc. Luis de Albuquerque. p.685.

(23) ANTT, Chancelaria de D. João II, L.2 fl 165

(24) Godinho, Vitorino Magalhães - 

(25) Rau, Virginia - Aspectos do "Trato" da "Adiça" e da "Pescaria" do "Coral" nos finais do século XV, in....

(26) Pinto Costa, Paula - A Ordem Militar do Hospital em Portugal: Dos finais da Idade Média à Modernidade (tese de Doutoramento), in, Militarium Ordinum Anaclecto. Fundação Eugénio de Almeida, nº. 3/4. 1999/2000.

(27) Almeida, Andreia de - D. Lopo de Almeida. Memórias do Primeiro Conde de Abrantes; Moreno, Humberto Baquero- A Batalha de Alfarrobeira...Vol. II, pp.698-706. ; Silva, António Caldeira - Abrantes na Expansão Ultramarina. Subsídios. Histórias. 1 (1415-1578). Abrantes. 1992

 

(28) Obras de italianos que publicam cartas ou fazem referência a informações prestadas por Marchione:

- Pietro Vaglienti , reuniu até 1515, muitos textos das expedições portuguesas: a Crónica do Reino do Congo, de Rui de Pina, cartas de Vespúcio, de Marchione e outros, que se encontram no códice 1910, da Biblioteca Riccardiana, de Florença. (fr. Andrade, A.A. Banha de - Mundos Novos do Mundo, pp.731-733. Os originais desapareceram, e as cópias existentes foram claramente manipuladas.  

(29) Andrade, A. Banha de -Mundos Novos do Mundo, p. 475. carta de Cá Masser (1506)

(30) Ivo de Sousa, ob.cit., p.845 e p. 865.

(31) Cartas Simón Verde relativas à 2ª. viagem de Colombo, foram escritas em Valladolid, a 20/5 e 10/5/1494, e a referente à 3ª. Viagem foi escrita em Cádiz - 2/1/1499. Foram publicadas em "cartas particulares a

 Colon, ob.cit., p.208-211 e 283-284.

(32) A carta de Berardi encontar-se nos Arquivos Gonzaga de Mantua.

(33) Padrón, Francisco Morales - Primeras Cartas sobre América (1493-1503)...

(34) León, Juan Manuel Bello - Marcaderes Extranjeros en Sevilla en tiempos de lo Rey Católicos....

(35) Boscolo, Alberto - Presencia Italiana en Andalucia, siglos XIV-XVII. Actas de III Colóquio. Sevilla. 1989

(36) Alonso, Vicente Cortés - Procedencia de los esclavos negros en Valencia (1482-1516)...

(37) Wagner, Klaus - Libros Obsequiados a Hernando Colon y otras curiosidades de su biblioteca, in, Homenaje a Pedro Saínz  Rodriguez, Madrid. Fund. Univ. Espanola. 1986.III, p.713-724

(38) António de la Torre e Luis Suarez Fernandez - Documentos referentes a las relaciones con Portugal durante el reinado de los Reyes Católicos, vol. II, (1492/6/4).

(39) Nunziatella Alessandrini - Os Italianos na Lisboa de 1500 a 1680: das hegemonias florentinas às genovesas. Tese de doutoramento. Lisboa. Universidade Aberta. 2009

(40) Passos, Carlos - Relações Históricas Luso-Italianas,in, Anais da Academia Portuguesa de História, II Série, vol. 7, Lisboa. 1956.p.154

(41) Gil, Juan - El Exilio Portugues en Sevilla: De los Braganza a Magallanes. Fundación Cajasol. Sevilla. 2009. Uma obra fundamental !

(42) Quesado, Miguel Angel Ladero - El primer Oro de America: Los comiezos de la casa de la contratación de las yndias (1503-1511). Real Academia de la Historia.2002

(43) Guerrero, Mª. Montserrat León -El Sgundo Viaje Colombino. Tesis Doctoral. Universidad de Valladolid. Fac. de Filosofia y Letras. 2000.

 

(44) Salomon, Herman Prins - A Origem dos Mendes-Benveniste, in, Cadernos de Estudos Sefarditas, nº. 5, 2005.  Gracia Mendes Nassi (1510-1569), natural de Lisboa, era descendente destes Benveniste.

 

(45) Guerrero, Mª. Montserrat León, ob, cit., pág. 94.

 

 

 

Continuação:

 

39.  Genoveses a Bordo 

40. Descendentes de Colombo 41. Descendentes (cont. ) 42. Descendentes (concl.)

43. Historiadores Portugueses. 44. Lugares do Navegador em Portugal

45. Cronologia da Vida de Colombo

 

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As Provas do Colombo Português

As Provas de Colombo Espanhol

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Carlos Fontes

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