As Provas do Colombo Português
41.
Descendentes (cont.)
Uma
das principais preocupações de Colombo foi garantir que os privilégios
acordados em Abril de 1492 pudessem ser herdados pelo seu filho Diego Colón,
natural de Lisboa. As situações foram mudando exigindo continuas negociações
para manter os direitos adquiridos, o que nem sempre
a
) Isabel
e Fernando
Isabel,
a católica, filha de uma rainha portuguesa levou 7 anos a aceitar a ideia de
Colombo e só o fez depois do falecimento do Principe D. Afonso de Portugal
(Julho de 1491) e de ter dados concretos de viagens anteriores dos portugueses às
Indias.
Nas negociações com os reis espanhóis, ainda antes da sua primeira viagem
foram-lhe garantidos, nas Capitulaciones de Santa Fé (Granada),
um conjunto de privilégios negociados por um frade português e antigo
confessor da rainha, chamado João Peres de Marchena. No regresso da primeira viagem,
em 1493, não apenas confirmou os privilégios que possuía, mas também os que
eram devidos ao seu filho legítimo e irmãos.
O
Tratado de Tordesilhas, acordado com Portugal em 1494, acabou por ser
relevar instrumento fundamental na pacificação das relações políticas entre
os dois reinos da Península Ibérica, ao definir as respectivas áreas de
influência no mundo. Os espanhóis tal como os portugueses, os criadores do
Tratado, passaram a estar interessados na sua manutenção. Prova disso é que o
mesmo só veio a ser revogado em meados do século XVIII.
Os
reis de Castela e Aragão, apesar da desconfiança que nutriam em relação a
Colombo, continuaram a manter os seus privilégios. Este
quando em 1497, é informado que Vasco da Gama havia partido para a India,
antes que fosse desmascarado, tratou de obter um morgadio perpétuo a
favor do seu filho Diogo e respectivos descendentes.
As negociações
foram habilmente conduzidas por um português - Alvaro de Bragança. Os reis
espanhóis acabaram por lhe conceder o morgadio, a
22 de Fevereiro de 1498, antes de partir para a sua 3ª. viagem. Ficou
estipulado que em caso de falecer seria Diogo o seu sucessor, definindo-se
depois uma linha de possíveis sucessões em caso de morte de um qualquer
descendente.
No
verão de 1499 Vasco da Gama regressa a Lisboa, mostrando que Colombo enganara
os espanhóis sobre a verdadeira India. Colombo é preso no ano seguinte.
D.
Alvaro de Bragança, antes que a situação se deteriorasse resolve intervir
centralizando na Casa de la Contratacion (1503) os assuntos relacionados com
as Indias. O modelo era há muito aplicado em Portugal. D. Alvaro, ainda teve
tempo de ser o primeiro responsável desta Casa, mas morre meses depois. Isabel,
a Católica falece em 1504, contribuindo para deixar Colombo numa situação
desesperada.
Após
a sua morte em 1506, coloca-se de imediato a questão da transmissão dos seus
enormes privilégios para o seu filho Diogo Colon. As resistências são
enormes, pois paira todos acusam a família de Colombo de ter enganado os
espanhóis. A solução foi
casá-lo com Dona Maria de Toledo, uma prima D. Fernando, rei de Aragão
e regente do reino de Castela. O plano mais uma vez deu certo, mas com uma grave
limitação: o poder do novo vice-rei estava agora confinado a pouco mais do que
umas ilhas nas caraíbas.
Fernando
acaba por ceder às pressões, e nomeia em 1509 D. Diego governador da
Hispaniola (República Dominicana /Haiti).
Diego,
como vimos, mal chegou às Indias tratou logo de construir sólidas fortalezas
que pronunciavam intenções separatistas. A corte espanhola reage e seguem-se
anos de conflitos judiciais.
b)
Carlos
V
Na
complexa rede das sucessões dinásticas, o neto de uma portuguesa - Carlos V -,
filho de Filipe I e de Joana, a Louca, em Março de 1516 é proclamado nos
Países Baixos rei de Castela e de Aragão. A
situação altera-se em Setembro de 1517, quando chega a Espanha acompanhado da
sua irmã - Dona Leonor de Austria, e de uma vasta corte, na qual se destacava o
seu mordomo-mor Guilherme de Cróix, senhor de Chièvres. Revela um profundo
desprezo pelos espanhóis - não sabe falar a sua língua e coloca à frente da
corte estrangeiros, desviando enormes somas do tesouro. É apontado como o
Anti-Cristo. a
) A nobreza espanhola de origem portuguesa coloca-se ao lado de Carlos V, ao
que retribui atribuindo-lhes cargos cada vez mais importantes. b
) A nobreza espanhola ligada a Leão e Castela, reage e não tarda a provocar
uma enorme revolta sobretudo em meseta castelhana (Comuneros, 1520-1521),
envolvendo a infanta Dona Catarina de Austria que vivia com a sua mãe em
Tordesilhas. D.
Manuel I mostra-se um grande aliado de Carlos V, apoiando-o inclusive
financeiramente, mas também recebendo os nobres que escapam às perseguições
e execuções que são desencadeadas. A sua acção foi decisiva no conflito,
como foi reconhecido pelo imperador. No codicilo do seu Testamento,
em 1521, recomenda ao seu filho D. João III, que case a Infanta Isabel, com
Carlos V, o que virá a acontecer 4 anos depois.
A
decisão de Carlos V de reforçar o papel dos
portugueses e seus descendentes na Corte espanhola é anterior à revoltado das
Comunidades (comuneros), e ao posterior afastamento da Corte da maioria dos flamengos e outros
estrangeiros que trouxera da Flandres. A sua posição era estratégica. Ainda
antes de chegar a Espanha muita coisa já havia sido negociado entre D. Manuel I
e o seu primo o imperador Maximiliano I, nomeadamente o casamento da irmã
irmã mais velha de Carlos V - Dona Leonor de Austria (n.1498) com o
infante D. João, futuro D. João III, mas é D. Manuel I quem acaba por se
casar (1518). deste matrimónio nascerá a conhecida princesa Sempre
Noiva (Dona Maria de Portugal). Não foi tudo. Pouco
depois da chegada de Carlos V, abre-se um conflito diplomático entre Portugal e
a Espanha por causa do direito de posse às ilhas do Moluco, decorrente
dos limites do Tratado de Tordesilhas. Os dois países reclamam a sua
posse, a questão era essencialmente política, e como tal foi resolvida
através de dois casamentos e uma soma em dinheiro: -
D. João III casou-se, em
1522, com a irmã mais nova de Carlos V - Dona Catarina de Austria, avós de D.
Sebastião (1554-1578) (1). -
Carlos V casou-se, em 1526, com Dona Isabel de Portugal (1503-1539), filha de D. Manuel I,
que interveio nas negociações e levou para Espanha um vasto grupo de nobres portugueses.
O dinheiro que foi dado pelas Ilhas Molucas foi claramente uma forma de apoiar
Carlos V, cada vez mais endividado e nas mãos dos banqueiros genoveses. Carlos
V, seguindo uma estratégia firme em relação a Espanha, continuou a apoiar a
ascensão dos portugueses neste país. Alguns dos muitos exemplos: 1.
Fernão de Magalhães
(nobre), como muitos outros navegadores, cartógrafos e cosmógrafos portugueses
foram para Espanha colocando-se ao serviço de Carlos V. 2.
D.
Jorge Alberto de Portugal y Melo, casado com a neta de Colombo filha de
D. Diogo e de Isabel Maria de Toledo y Colón. É nomeado camareiro-mor do rei,
Conde de Gelves (1529), senhor de Villanueva del Ariscal (1539), propriedades em
Almuédano, Torrequemada, etc, etc., para além de muitos titulos e cargos.
3.
Dom Fradique de Portugal, filho dos
Condes de Faro, depois de
ser conselheiro de Fernando de Aragão, foi um dos principais apoiantes de
Carlos V. Em 1525 é nomeado vice-rei da Catalunha e seu Capitão General. Entre
outros cargos eclesiásticos foi, por exemplo, arcebipo de Zaragoza (1525-1533).
Está sepultado na Catedral de Santa María de Sigüenza, onde o seu
mausoleu ostenta orgulhosamente as armas da Casa de Bragança.
4.
Os Silva
(Condes de Cifuentes), tornam-se nesta época figuras incontornáveis em Espanha, como em
Portugal.
5.
Os Zuñiga ( Condes de Miranda) são catapultados na Corte, depois de
Francisco de Zuñiga y Avelaneda, ter sido nomeado mordomo-mor da imperatriz
Isabel de Portugal.
Isabel
de Portugal, filha de D. Manuel I
c
) Intervenção da Imperatriz Isabel de Portugal
A
família de Colombo fica nitidamente à deriva após a morte, em 1526, de Diogo
Colón, quando se dirigia para Sevilha para assistir à boda de
Carlos V com a infanta portuguesa. A
sua morte recoloca o problema da sua sucessão. A vice-rainha Dona Maria de Toledo y
Colón, tem pela frente um problema complicado, conseguir que o seu filho - Luís
Colón - herde os cargos e títulos
do pai e avô.
Isabel
de Portugal, desde 1527, passa a intervir directamente no desenrolar da
sucessão de Diego Colon. Esta portuguesa durante largos anos governa a Espanha,
na ausência de Carlos V nas campanhas europeias e norte-africanas. Assim
acontece aquando das cortes de Monzón em 1527 e 1537; entre 1529 e 1533, por
ocasião da coroação de Carlos V em Bolonha e da guerra contra os turcos; em
1535-1536, durante a expedição a Túnis e a terceira guerra com a França, em
1538, durante a negociação da trégua de Nice.
Isabel
de Portugal, fez-se obviamente rodear uma corte onde pontuavam muitos
portugueses, provenientes de famílias com uma longa ligação a Cristovão
Colombo.
Maria de Toledo y
Colón, em 1527 vem para Espanha, onde é recebida por Isabel de Portugal, com
grandes honras. Luis Colón, com apenas 6 anos recebe da Infanta portuguesa o
título de Almirante das Indias e uma renda de 500 ducados. O seu irmão Diego
Colón é feito pagem do principe D. Filipe, futuro rei.
Foi
durante estes anos de regência de Isabel de Portugal que se decidiram os
processos mais importantes dos Pleitos Colombinos, assim como se decidiu os
futuros títulos e direitos da família de Colombo. Foi esta rainha portuguesa,
filha de D. Manuel I, que tomou as decisões cruciais. Um facto nunca
assinalado.
Isabel
de Portugal, conhecendo o segredo da verdadeira identidade de Colombo, assim
como o carácter de Luis de Colón, impôs uma decisão rápida do caso:
-
Ducado de Verágua. Em troca do fim dos privilégios acordados, em 1492,
1493 e 1497, atribuiu, em 1437, como compensação a Luis de Colon, o Ducado Verágua (Panamá),
um domínio
sobre 25 léguas quadradas.
A escolha da região de Verágua demonstra como
Isabel de Portugal conhecia a
verdadeira identidade e missão de Colombo. Este chegara a esta região a 17 de
Outubro de 1502. Pretendeu fundar aqui uma colónia a que deu o nome de uma
localidade de Lisboa ligada aos descobrimentos - Santa Maria de Belém
(6/1/1503). Diversos nomes que atribuiu são de origem portuguesa. Nesta região
morrem
mais de dez espanhóis e uma caravela foi voluntariamente afundada. Colombo
comunicou aos reis de Espanha que havia encontrado no local minas de ouro.
Apesar disso nunca os espanhóis se conseguiram fixar na região, durante
vários séculos.
- Marquesado
da Jamaica. Atribuiu-lhe
também, em 1537, o importante título de marquês da Jamaica, com
domínio territorial e judicial. Esta ilha
das caraíbas foi povoada por portugueses oriundos da Madeira e dos
Açores.
Outros
membros da família de Colombo foram largamente recompensados, para ficarem
calados. Tal
como acontecera, em 1497, com Alvaro de Bragança, os privilégios desta
família eram de novo decididos por portugueses.
Um
ano após a morte de Isabel de Portugal, Maria de Toledo regressa em 1540 a São
Domingo, pois percebe que já nada podia esperar de Espanha.
Como
é sabido, Luis Colón saiu um degenerado, contando apenas nas suas
trafulhices com o apoio do seu tio Hernando
Colón na hora da morte. Andou fugido por bigamia, dividas, vendendo os papéis da família aos italianos para novas trafulhices.
A
linhagem de Colombo acabou por ser reconstruída através da neta de Colombo casada com D. Jorge
Alberto de Portugal y Melo, descendente da Casa de Bragança e que irá herdar os seus títulos e o Ducado de Verágua.
Continuação
Carlos
Fontes
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