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As Provas do
Colombo Português
42.
Descendentes (concl.)
Por mais incrível que possa parecer,
apesar de Colombo ter irmãos e dois filhos ( um português e outro espanhol),
assim como uma alegada multidão de familiares em Espanha e Itália, a verdade é que no século
XVI os seus únicos descendentes comprovados eram TODOS de origem portuguesa.
Colombo e os seus
dois irmãos nunca se casaram em Espanha, evitando deste modo transferir os seus
bens para castelhanos. Colombo
teve uma amante que rapidamente abandonou, com um filho ilegitimo nos braços (Hernando
Colón), em quem nunca confiou ao ponto de lhe esconder a sua verdadeira
identidade.
Bartolomeu Colón teve uma amante e uma filha que morreu ainda criança.
Diego Colón evitou tentações e tornou-se frade. Estes dois irmãos jamais
confiaram em espanhóis ou italianos, como o terá feito Colombo. Diego Colón, 2º.
Almirante das Indias, nomeou
para administrar os seus bens, um português residente em Lisboa (1522).
A fortuna da
familia foi toda concentrada em Diogo, filho de Filipa Moniz Perestrelo e de Cristovão Colombo.
Diego
Colon (Lisboa,1478 - Puebla de Montalbán,1526 )
Diego Colón
y Moniz Perestrello
Nasceu em Lisboa, por volta de 1478/79 e nunca se naturalizou espanhol. Entre 1485 e 1492
terá vivido junto ao Convento de La Rabida, sob o cuidado da sua tia
Violante Moniz Perestrelo e
do frade português João Peres Marchena (3). Trata-se de um período muito obscuro.
É muito
provável que só tenha ido para a região de Huelva, em 1491, quando a sua mãe
- Filipa Moniz Perestrelo - regressou ao Convento de Santos, da Ordem de
Santiago em Lisboa. As razões deste regresso ao convento das comendadeiras
continuam ser um mistério.
Diego Colon,a 8/5/1492, é nomeado
pagem do principe espanhol, passando a receber a quantia de 9.400 mvds, mas só
foi para a corte quase dois anos depois.
Colombo, pouco
antes do inicio da primeira viagem (1492), confiou-o, durante cerca de um ano, à
sua amante cordobesa - Beatriz Henriquez-,
mãe de Hernando Colon. Quem o levou para Córdoba foi Juan Rodriguez Cabezudo,
que com o padre Martin Sanchez assumiram a incumbência de o guardar e
"educar".
Após a chegada
de Colombo, em 1493, foi entregue com o seu irmão Hernando Colon, a Briolanja ou Violante
Moniz Perestrelo, que passou entretanto a residir em Sevilha.
Diego com o seu irmão
Hernando de Colón, depois de 1494, assumiram a função do pagens do principe
castelhano, passando a andar com a corte. Na
sequência da morte do principe, em 1497, passaram a desempenharem as mesmas
funções ao serviço de Isabel, a
Católica.
Em 1503 é nomeado continuo da Casa da Rainha, recebendo 30.000
maravedíes de soldo. A Corte espanhola procurava desta forma prolongar a sua carreira de cortesão.
Na Corte
Espanhola a contra-ofensiva é violenta para destruir os cúmplices de Colombo.
Alvaro de Bragança morre em Toledo (1504), no mesmo ano que
Isabel, a católica. Colombo morre em 1506. Diego só pode contar com um grupo
muito pequeno de amigos. O nome da sua família está desacreditado
Casamento e Amantes
Por volta de 1505 coloca-se a
questão do seu casamento. A primeira iniciativa surge neste ano, por parte do
Duque de Medina Sidónia, através de um membro da família
Estopinán de Cádiz, para que
este interceda junto de Violante Moniz Perestrelo, para que Diego
Colon se casasse com a sua filha (4).
Fernando de Aragão, acaba por não
o permitir, obrigando Diego Colon, em 1508, a
casar-se com
María
de Toledo y Rojas (c.1490 - 1549), filha de Fernando Alvarez de Toledo,
comendador maior de León, 1º.Señor de Villora, casado com María de Rojas e Pereira,
era irmão do Duque de
Alba, ambos portanto primos irmãos de Fernando de Aragão. A Casa de
Alba havia sido das poucas de Castela, que após a morte de Isabel, a Católica,
se aliaram a Fernando, opondo-se às pretensões ao trono por parte do arquiduque
Filipe, o formoso, consorte de Joana.
Descontente com a imposição do
rei espanhol, Diego Colon, no ano do seu casamento (primavera de 1508), arranja
duas amantes - Constanza Rosa e Isabel de Gamboa, das quais teve
dois filhos ainda em 1508: Cristobal e Francisco Colon (6). Contemplou
estas amantes no seu Testamento de 1509.
Constanza Rosa, morava em Burgos,
na calle de Tenebrogosa. Diego Colon, em 1509, ainda não sabia se desta relação
o sexo da criança que havia nascido. No Testamento de 1523 já afirma que era um
rapaz - "Don Cristobal Colón", como o avô.
Isabel Samba ou Gamboa, viúva, era aia
da rainha Germana de Foix, segunda esposa de Fernando de Aragão. Foi casada em
segundas núpcias com Juan Salazar, conhecido por Petit Salazar, que fora
embaixador de Maximiliano em Castela (5). Ao saber do casamento de Diego Colon procurou
anulá-lo, levando a que Hernando Colon tivesse que se ir a Roma, em 1512, para
tratar do assunto, onde
aliás acabou por ficar até Outubro de 1516. Maria de Toledo, contemplou no seu
Testamento de 1548, o filho Isabel Gamboa e Diego Colon.
O certo é que
só após este
casamento, Diego foi nomeado governador das Indias, mas não
vice-rei, como o seu pai. A 9/6/1509, em Sanlucar de Barrameda, embarca para a
Hispaniola, com toda a sua família e muitos amigos.
Pleitos Colombinos
Diego não desiste
dos seus objectivos, e instaura de imediato um processo contra o Estado espanhol reclamando os
privilégios hereditários do seu pai. Apenas em 1511 (Sentença de Sevilha,
5/5/1511), o Conselho Real lhe reconhece o cargo de vice-rei, mas com grandes
limitações. Diego instaura um novo processo contra a Corte. Uma prática que,
apoiado pelo seu irmão, tio (Bartolomeu Colon) e o Fray Bartolomeu Las Casas irá
prosseguir durante largos anos.
Mais
Palácio
mandado construir, em 1510, por Diego Colon em São Domingo. Está integrado num
sistema defensivo que assustou os espanhóis.
Governação
Nas Indias, mais
precisamente em Santo Domingo onde chega a 10/11/1509 acompanhado da sua esposa, dos
seus tios (Bartolomeu, Diego e Violante Perestrelo), para além do seu irmão e
outros familiares e amigos promove o desenvolvimento da Jamaica, Cuba e Porto Rico, assim
como a criação de uma vasto sistema defensivo com nítidas intenções
separatistas.
A reacção da
Corte espanhola não tardou. Em Santo Domingo é criado uma Real Audiência, que
inspecciona os actos do governador, o controlo é apertado. Em
1510 é chamado com o seu tio - Bartolomeu Colon -
à Espanha para se justificar do seus actos insurrecionais. Para as Indias foram enviados Ibáñez de Ibarra e Rodrigo de
Albuquerque (1514) para lhe retirarem áreas de decisão em relação aos indios.
Três monjes Jerónimos, apoiados pelos Cisneiros, não tardam a acusá-lo de cometer as
piores barbaridades com os espanhóis, sendo obrigado a regressar à Espanha
(1514). Regressa depois às Indias, mas antes instaura um novo processo contra o Estado espanhol pela
limitação dos seus privilégios. Em 1516, após a morte de Fernando, o
católico, o cardeal de cisneros suspende a Real Audiência e entrega a
jurisdição das Indias a um Tribunal eclesiástico. Os conflitos são agora com
a própria Igreja.
Diogo está
completamente cercado. Volta de novo a Espanha em 1518 para mais explicações.
Carlos V, sabendo toda a história de Colombo, procura afastá-lo das Indias e
designa-o membro da Junta Magna de Barcelona, o que rejeita. Em 1520 está de
novo nas Indias (Sentença da Corunha), agora como vice-rei. Na Hispaniola enfrenta uma revolta de
escravos negros, instigada pelos espanhóis. Prossegue a sua estratégia
separatista reforçando as defesas as Indias. Carlos V, informado do que estava
a acontecer, chama-o para novas consultas (1523). Antes de partir faz o seu
Testamento (8/9/1523) em Santo Domingo, a situação tornar-se insustentável.
Em
Espanha, Diego não se furta a apoiar Portugal fornecendo a D. João III
informações reunidas por Colombo sobre as Ilhas Molucas (1524).
Por pressão de Portugal, é
convidado a estar presente nas cerimónias do casamento de Dona Isabel de
Portugal com Carlos V, em Sevilha, mas não chegou a tempo pois morreu na viagem
perto de Toledo em Puebla de Montalbán (23/2/1526), na casa de Alonso Téllez
Girón ( 2 ), membro de uma familia de origem
portuguesa. O seu corpo foi
translado para a cartuxa de las Cuevas (Sevilha) e depois para a cidade de Santo
Domingo.
Relações
com Portugal. La Palma del Condado e Alpizar
Diego Colon esteve sempre em contacto com Portugal,
nomeadamente com os seus parentes.
Nesse sentido, a 7/8/1516, adquire
aos filhos do Duque de Medina Sidónia (Enrique de Guzman), o senhorio de
La Palma del Condado,
uma povoação com forte presença de portugueses, assim como a
Fortaleza de Alpizar
ou Alpiçar
(Paterna del Campo), que ficava justamente na rota terrestre de Sevilha,
Huelva e Ayamonte para o interior de Portugal (9), nomeadamente o Ducado de
Beja.
O objectivo desta aquisição foi
claramente o de ficar o mais próximo possível de Portugal, mas também constituir
uma guarda avançada do país em território espanhol.
Em 1519 teve que vender por 11. 700.000 maravidies o senhorio e a fortaleza (10), para pagar dividas,
dando deste valor 900.00 ao seu irmão Hernando Colon, cujo contrato foi firmado em casa da
Marquesa de Montemor-o-Novo, em
Sevilha (11)
No impedimento de Diego Mendez de Segura, em
1522, confia a administração dos seus bens a um frade português do Convento
do Carmo em Lisboa.
Ducado de Verágua
Diogo
Colón e Maria de Toledo tiveram cinco filhos:
Maria
de Colon (c.1510) casou-se com Sancho Folch de
Cardona y Ruiz de Liori; Luís de Colón (c.1522- 1572), que herdou o título; Cristobal
Colon y Portugal (c.1510) casou-se com María Leonor Lerma
de Zuazo, com Ana de Pravia e com María Magadalena de Guzmán y Anaya; Juana
Colon de Toledo, casou-se com Luis de La Cueva
y Toledo; Isabel Colón de Toledo (c.
1515), casou-se com Jorge
Alberto de Portugal y Melo, 1.
conde de Gelves, filho de Alvaro de Bragança.
Maria de Toledo permaneceu nas Indias,
onde apoiada por Hernando Colón e outros, prosseguiu uma guerra judicial contra
a corte espanhola que só terminou em 1536, através de um acordo judicial que
se traduziu na criação do Ducado de Verágua.
Luis
Colon y Toledo
Luis Colon,
nascido em Santo Domingo. Carlos V concedeu-lhe o título de 1º. Duque de
Verágua (19/1/1537) e nomeou-o 3º. Almirante das Indias.
Filho
varão primogénito de Diego Colón, teve uma vida amorosa complicada,
terminando os seus dias acusado de bigamia. É neste contexto que se casa em
1546 com Maria
Mosquera y Pasamonte, filha de Juan de Mosquera e de Ofrasina de Pasamonte.
Desta união nasceram duas filhas: Maria Colon (religiosa em
Valladolid) e Filipa Colon Mosquera, que veio a ser a 2ª. Duquesa de Verágua.
Rapidamente abandona a mulher e filhas.
Numa
história ainda por explicar, volta a casar-se
em 1555, com Ana
de Castro Osório, filha da Beatriz de Castro Osório (6ª condessa de Lemos),
casada em 1ªs núpcias com D. Dinis de Portugal, irmão do 3º. Duque de
Bragança decapitado em 1483. Desta forma dava continuidade às ligações
familiares a Portugal, mas não tarda a ser acusado de bigamia e acaba por
fugir.
Faleceu em 1472. Era um libertino tendo entregado
dispersado importantes documentos, como o manuscrito de Hernando
Colon que cedeu aos italianos.
Filipa
Colon Mosquera e Diego Colon
Filhos respectivamente de Luis Colon
(Felipa Colon de Toledo) e
Cristobal Colon ( Diego Colon)
casaram entre si.
Ela herdou o título de 2ª. Condessa de Verágua, ele de 4º. Almirante as Indias.
Faleceram seis anos depois sem deixarem descendência.
Os filhos de Colombo
continuavam a ter problemas em ligarem-se a familias espanholas, preferindo a
clausura ou casarem entre si.
Francisco
de Mendoza, Almirante de
Aragão, casado com Maria Folch de Cardona y Colon, filha de
Maria Colon.. Para tentar ser o herdeiro da herança de Colombo, não olhou
a meios, acabou preso, acusado de ter ocultado a página do
testamento de Colombo que definia as regras de sucessão. Fez desaparece o
Testamento de 1502. Era um típico impostor.
Dado o intimo relacionamento
entre os Condes de Gelves (descendentes de
Alvaro de Bragança) e os Duques de
Verágua (descendentes de Colombo), no inicio do século XVII, as duas familias
uniram-se entre si.
Nuno Álvares Pereira Colon y Portugal,
3ª. duque de Verágua, 5º. Almirante das
Indias (c.1570-1622)
Álvaro de Portugal y Colon de
Toledo, 2. conde de Gelves ,
em
1609, foi declarado legitimo herdeiro de Colombo, mas em virtude de ter
falecido, o seu filho Nuno Alvares Pereira Colon de Portugal foi quem herdou os
títulos e os privilégios.
Era neto de Jorge Alberto de Portugal y Melo, bisneto de
Alvaro de Bragança. Era igualmente neto
de Isabel Colon, filha
de D. Diego Colon, vice-rei das Indias. Casou-se com Aldonza Espinosa y
Portocarrero ( -1604), oriunda de uma família de origem
portuguesa.
Nuno Alvares Pereira era um descendente directo da Casa Real de Portugal.
Está sepultado em Gelves.
tÁlvaro
Jacinto Colon y Portugal (1598-1636), 5. duque de Veragua e 6. Almirante das
Índias (1622), casou-se com a sua sobrinha Catalina de Castro, Sandoval y Portugal, 5ª condesa de
Gelves, II Marquesa de Villamizar.
Consumava-se desta forma a união
entre a familia de Colombo (condes de Verágua) e a de Alvaro de Bragança (conde
de Gelves). Por este motivo o brasão os Duques de Verágua juntavam na época o
brasão de Colombo com o de Portugal (condes de Gelves).
O panteão dos Duques de Verágua, Conde de Gelves e Almirantes da Indias passou a ser a Igreja paroquial
da vila de Gelves - Iglesia de Santa María de Gracia (7).
A vila de Gelves até 1837 tinha
no seu brasão eram as "cinco quinas de Portugal".
Alvaro Portugal faleceu em Lisboa
(26/4/1636) sendo depositado o seu cadáver no convento da santíssima de Lisboa,
depois trasladado para o panteão de Gelves (28/6/1640).
seguiu-se
Pedro Nuño Colón de Portugal y Castro
(1615-1673), 6. duque de Veragua, 6. conde de Gelves, marques
da Jamaica e de Villamizar (1636). (8)
Vice-rei da
Nova Espanha, cavaleiro do Tosão de Ouro.
Casou-se em 1ªs núpcias (1645) com Isabel de la Cueva y Enriquez de Cabrera,
Duquesa viúva de Maqueda e de Najera, tiveram entre outros filhos Pedro Manuel
que lhes sucedeu.
Pedro Manuel Colon
de Portugal y de la Cueva, 7 Duque de
Verágua e de la Vega, 7. conde de Gelves,
marquês da Jamaica, de Villamizar, Vice-rei da Sicília, capitão geral das
galeras de Nápoles, mestre dos tercios da Flandres e conselheiro de Filipe V.
Casou-se em 1674 com
Teresa Marina de Ayala y Toledo y Fajardo de Mendonza, V Condessa de Ayala,
Marquesa da Mota, de San Leonardo, que procedia dos Toledos do ramo
português dos Villoria.
Foram os progenitores de
Pedro
Colón de Portugal y Ayala (1676), vice-rei da Sardenha e de Navarra, cavaleiro
de Santiago e senhor da casa de Filipe V. Morreu em 1733, sem deixar
descendência, tendo a sua linhagem se abastardado, o que deu origem a vários
processos judiciais.
Os
descendentes dos reis de Portugal acabaram por ser os herdeiros de Colombo e do
títulos de Almirante das Indias.
Carlos Fontes
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