Porto de Santa Maria (Puerto de Santa María- Cádiz ).
A poderosa Casa de Medinaceli
estava ligada à nobreza portuguesa. Nas guerras de sucessão no século XV,
tomou o partido de Portugal. Participou com a Casa de Medina Sidónia em
movimentos de rebelião contra Castela/Espanha. Não admira que pois um Duque de Medinaceli tenha sido um dos
primeiros apoiantes de Colombo. A matriz destes
apoios é sempre a mesma.
a )
Casa de Medinaceli
O Duque de Medina
Sidónia, ao que tudo leva a concluir, envolveu o seu primo Luis de la Cerda y Mendonza (1438-1501), 1º.
Duque de
Medinaceli, na
protecção de Colombo (14). Este embora tenha remetido o apoio à viagem para a Corte, alojou-o na sua casa durante dois anos
(1485-1486). Mais
Luis de la Cerda era o Iº. Duque de Medinaceli
(1479) e Iº. Conde del Puerto de Santa María, membro de uma
familia ligada por laços familiares aos Duques de Medina Sidónia, mas também
a Portugal (11).
A sua filha e herdeira - Leonor
de la Cerda - casou-se em 8/4/1493, com Rodrigo
Mendonza, Marquês de Cenete, filho da nobre portuguesa - Mencia de Lemos
e do cardeal Pedro de Mendonza. Mais
Condes de Faro e Odemira
As ligações dos Duques de Medinaceli
a Portugal
reforçaram-se a partir do momento que Colombo foi para Espanha. Os Duques de
Medinaceli, por vontade expressa de Isabel, a Católica, uniram-se aos condes de Faro e
Odemira (15).
O
II Duque - Juan de La Cerda (1485-1544) -, casou-se em primeiras núpcias com Mencía Manuel de Portugal
(1487-1504), filha de Afonso de Bragança, Iº. Conde de Faro
(Portugal). Foi a fundadora do mosteiro de Nossa Senhora de Santa Maria
Victória (1504), no Puerto de Santa Maria (13).
Juan de la Cerda votou a casar-se, em segundas núpcias, com uma fidalga de
origem portuguesa - Maria da Silva y Toledo, .filha de Juan da Silva, III
Conde de Cifuentes, o grande amigo de Alvaro de Bragança e do Conde Faro.
O III Duque - Gaston de
la Cerda y Portugal (1504-1552-, filho de Mencia Manuel e Juan de La Cerda,
era débil mental e coxo, e por vontade do seu pai vestiu o hábito de S.
Jerónimo, e depois ingressou na Ordem militar de Malta, afim de permitir a
sucessão no seu irmão por consanguinidade (12). No entanto, o seu tio -
Fradique de Portugal, arcebispo de
Saragoça, conseguiu que o mesmo se pudesse casar e sucedesse no título
de Duque.
O
IV Duque - Juan de la Cerda ( ? -1575), casou-se, em 1541, com Joana de Noronha Manuel de Portugal, dama da Imperatriz
Isabel de Portugal. Era filha de Sancho de Noronha, II Conde de Faro e Odemira.
O V Duque - Juan de la
Cerda (1544-1594), filho dos anteriores, veio a ser embaixador extraordinário em
Portugal, tendo manifestado a D. Sebastião, em 1578, a sua discordância pela sua
intervenção pessoal em Marrocos.
Os Condes de Faro, através da sua
ligação aos noronhas, eram parentes
de Filipa Moniz Perestrelo
esposa de Cristóvão Colombo.
É por esta razão que este quando regressou da sua 1ª. Viagem
à América, em 1493, fez questão de ficar um dia em
Faro. No regresso da 2ª. viagem, em 1496, dirigiu-se directamente para
Odemira (Alentejo, Portugal), ambos domínios dos Condes de Faro e de
Odemira. No mínimo tratou-se de visitas a familiares.
b ) Porto de Santa Maria (Puerto
de Santa María) Este porto situado no interior da
Baia de Cádiz, pertencia era desde 1368 à casa dos condes de Medinaceli,
sendo em 1479 elevado a Ducado.
Era onde residia o Duque de Medinaceli quando, em 1484, Colombo o visitou e
terá sido aqui que se alojou.
1 )
Á semelhança do que acontecia com
toda a Andaluzia, ao logo da baixa Idade Média, foi sempre muito intenso o
comércio marítimo de Portugal com esta região (5).
2 )
Nos séculos XV e XVI
possuía uma
numerosa comunidade portuguesa,
constituída por pescadores do Algarve, mercadores, militares e muitos outros
portugueses (2). Está assinalada a presença de muitos
judeus portugueses
neste porto, que desempenhava um importante papel no abastecimento das
praças portuguesas do norte de
África, mas também na
recolha de informações sobre as atividades espanholas nas Indias Ocidentais
(América).
Não admira por isso, que o
principal monumento do porto - o
Monasterio de Nuestra Señora de la
Victoria -,
fundado por uma portuguesa (Mencia Manuel Bragança e Noronha), tenha não apenas uma forte influência portuguesa (Mosteiro da Batalha) (3), mas
tenha sido obra de
canteiros portugueses.
3 )
Neste porto se apetrechou a
caravela Santa Maria, de Juan de La Cosa, o piloto que participou na 1ª.
Expedição às Indias (1492).
Era de origem espanhola, mas
durante anos esteve ao serviço de Portugal, tendo ido às suas rotas secretas
na Guiné. Era um homem de confiança de D. João II. Em meados de 1492, estava
com a sua nau - Santa Maria - no porto de Palos de La Fronteira. Colombo fretou
o seu navio para a 1º. viagem. A coincidência era total. Na
1ª. Viagem de à América, combinado com Colombo, afundam na noite de Natal
de 1492, a nau Santa Maria. Este foi o pretexto para deixarem nas
Antilhas os espiões dos reis de Espanha. Desta forma impediam que os mesmos
falassem sobre o que haviam de facto descoberto, e por outro lado garantiam que
a voltariam às Antilhas para os salvar. No
regresso, em Lisboa, Juan de la Cosa é pago por D. João II pelos serviços
efectuados.(1)
4 ) Juan de la Cosa realizou
entre 1500 e 1502, um mapa onde aparece pela "primeira" cartografadas as "Indias"
descobertas por Colombo . A informação que o fornece aos espanhóis, oito anos
depois da sua descoberta. Colombo terá autorizado a idvulgação do mapa, o que
explica porque a informação que nele está continue a ser muito reduzida e
cheia de erros de modo a manter os espanhóis na ignorância.
No mesmo ano que Juan de La Cosa
faz o seu mapa, os portugueses já tinham uma mapa da região onde cartografavam
as costas do Brasil, as Antilhas ( Indias Ocidentais) e até a Florida
(EUA), o célebre Mapa de Cantino (espião italiano que o copiou em
Lisboa). Os portugueses
sabiam muito mais do novo continente dos que os espanhóis.
Consulte na Internet os dois
mapas e veja a enorme diferença de informações e detalhes, isto apesar do
espião italiano não ser cartógrafo nem ter andado 8 ou 9 anos anos a reunir
dados.
C ) Marqueses / Duques de Cádiz
Os Ponce de León eram os grandes
senhores de Cádiz. Durante a guerra de sucessão, quando D.Afonso V reclamou o
trono de Castela (1474-1479), Rodrigo Ponce de León,
II Marquês e I Duque de Cadiz, I marquês de Zahara, III Conde de Arcos, VII
Senhor de Marchena e senhor de Rota, apoiou ativamente a causa de Portugal. A
ligação com os portugueses era muito anterior. Em 1471, por exemplo, recorreu
aos serviços de um corsário português - João da Silva - para combater o Duque de
Medina Sidónia.
Os navios de Cádiz não
participaram na guerra entre Castela e Portugal (1474-1479) (6), o que revela
bem a neutralidade que a população da cidade procuram manter durante o conflito.
Rodrigo Ponce de León, era
casado em segundas núpcias com Beatriz Pacheco y Portocarreiro, filha de
Juan Pacheco (marquês de Villena) e de Maria Portocarreiro, ambos nobres de
origem portuguesa. Mais
D ) Cádiz
Os portugueses frequentavam com
regularidade o porto de Cadiz, onde se veio a estabelecer uma importante
comunidade.
Durante as lutas entre internas
em Castela, em 1369, uma esquadra portuguesa arrasou a ilha de Cadiz, que
havia declarado o apoio a Henrique. Na guerra entre Castela e Portugal, uma
outra esquadra portuguesa, em 1397, assaltou e incendiou o porto de Cadiz. A 16
de Maio deste ano, uma esquadra de Tavira (Algarve) atacou Sanlucar de Barrameda
e Cadiz tendo aprisionado grande número de navios. O historiador Sancho de
Sopranis refere um outro ataque português a Cadiz, no principio do século XV,
mas sem grande fundamentação histórica (8).
Depois da conquista de Ceuta
(1415), Cadiz eram um dos principais centros de abastecimento das praças
portuguesas do Norte de África. Duas famílias radicadas na cidade estiveram
particularmente envolvida neste apoio a Portugal:
Os Estopinán. Bartolomé de
Estopinán y Vargas ( ? -1470), foi um valoroso capitão em África ao serviço de
D. Afonso V, rei de Portugal. Era comendador e cavaleiro da Ordem de Cristo. O
seu filho - Bartolomeu Estopinán (? -1478), andou também ao serviço deste rei em
África, onde morreu como capitão em Mazagão. O neto de Bartolomé de Estopinán y
Vargas foi o conhecido Pedro de Estopinán Virvés, o conquistador de Melilla.
Outros membros desta família serviram e morreram ao serviço Portugal (6).
Os Chirino-Valera. O
célebre Mosén Diego de Valera (1412?-1498), por exemplo, escreveu para D. Afonso
V, um Tratado de Armas (Heraldica). O seu filho Carlos Valera (Charles de
Varela), foi mandatado para comandar em 1476 uma desastrada armada contra os
domínios de Portugal na Guiné, mas acaba por atacar e roubar navios castelhanos
...
A comunidade portuguesa era muito
numerosa, andando envolvida com os corsários e piratas da cidade.O conhecido
corsário português - Pedro Vaz de Castelbranco -, atuava neste porto, onde
acabou por ser preso (7).
Entre os muitos negócios que os
portugueses tinham no porto, destacava-se o do tráfico de escravos, que sofre um
enorme incremento a partir de 1503 (10).
E ) Jerez de La Fronteira.
Os portugueses tinham nesta cidade,
desde a sua conquista aos mouros uma importante comunidade: O Bairro do Algarve,
situado dentro dos seus muros, junto da Judiaria (9).
F
) Tribunal do Santo Ofício de Cádiz
Os
portugueses foram das principais vítimas do Tribunal do Santo Ofício de Cádiz.
Uma perseguição que lhes foi movida até ao fim da Inquisição em Espanha.
Mais
Carlos
Fontes
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