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Colombo começou a
andar no mar por volta dos 14 anos, provavelmente num navio de corsários. A
partir de 1469 passou a andar ao serviço do
rei de Portugal, em saques no Mediterrâneo, Atlântico e na costa ocidental
de África.
A documentação
existente revela que atacou de forma sistemática navios italianos (genoveses,
venezianos, milaneses, florentinos, etc) e espanhóis (castelhanos, aragoneses e bascos). Trata-se de um facto
histórico que as biografias italianas procuram esconder ou secundarizar.
Andou com alguns dos
mais famosos corsários do seu tempo, tendo mudado inclusive o seu nome para não ser
identificado, uma prática comum à maioria dos corsários, muitas vezes conhecidos
apenas pelas suas
alcunhas (8).
O nome ou alcunha de Coulão, Colom, Colon, Colombo era comum a alguns dos mais sanguinários corsários do
tempo, umas vezes é identificado como português, outras francês, grego ou
italiano.
Protestos de Veneza
Os
venezianos queixaram-se várias vezes ao rei de Portugal (D.
Afonso V) dos ataques de "Colombo", afirmando que o mesmo era
português.
Em
1470, o Senado de Veneza recebe a notícia que um navio veneziano havia sido apresado
"por Colombo e por portugueses", registando o documento: "...dicese
esser el corsaro portogalex..." ( "...diz-se que o corsário é
português" . O navio fora apresado na Galiza (2).
Os
ataques prosseguiram, levando em 1474, Veneza a fazer um apelo desesperado a D.
Afonso V pedindo-lhe para controlar a actividade deste corsário, com o qual o rei tinha uma
ligação especial (2).
Nesta
altura, isto é, entre 1470 e 1473, um corsário português chamado "Coulão" recebeu do rei D.
Afonso V a fabulosa quantia de 22.000 dobras, por 4 expedições. Mais
b)
A Confusão dos Colombos
Hernando Colón e Las
Casas quando escreveram a biografia de Colombo deparam-se com
um terrível problema: como poderiam sustentar a sua identidade genovesa quando
o mesmo assaltou de forma sistemática navios genoveses ?
Um
das soluções encontradas foi a de atribuir parte das suas acções a outros
corsários com a alcunha "Colombo", chegando a afirmar que se tratavam
de seus familiares.
A
outra solução, mais conhecida, foi a de confundirem datas de saques e
matanças de italianos, de modo a ocultarem a matança de genoveses.
Reina a mais
completa confusão sobre corsários que comandaram os ataques de
1476 e 1485, apenas sabemos que se chamavam "colombo".
O problema é que
entre 1469 e 1485 foram vários os corsários que
ao longo da costa portuguesa e ao serviço dos reis de Portugal usaram o apelido
"Coulão", "Cullan", "Colom" ou Colombo.
1.
Mistério
da "Batalha de 1476"
Um
dos episódios mais conhecidos da biografia de Colombo, é a sua alegada chegada
a Portugal na sequência de uma feroz ataque de corsários, em Setembro de 1476, onde foram mortos cerca de 800 genoveses.
Colombo fazia parte dos corsários que realizaram este ataque.
O
seu envolvimento nesta
matança, horrorizou de tal forma o seu filho Hernando Colon que resolveu
mudar as vítimas do ataque corsário, de forma fossem venezianos e não
genovesas. Neste sentido, começa por indicar a batalha que ocorreu em Agosto de 1485, mas depois descreve a batalha que teve lugar em 1476. Os leitores pouco informados são deste modo
deliberadamente enganados.
Hernando Colón aponta o corsário da batalha de 1485
(Colombo, o Moço), como sendo parente do seu pai, de modo a ocultar o nome do
corsário que esteve envolvido na batalha de 1476 (Colombo, o velho).
Na batalha de 1485,
os quatro navios venezianos vinham da Flandres. As embarcações venezianas aprisionadas foram trazidas para Lisboa, onde a tripulação foi despejada. D. João II ficou
com os
navios e colocou-os em segurança no Rio Tejo, tendo-os depois devolvido a Veneza. Mais
A Crónica de el- Rei D. Afonso V (cap. CXCIV), de Rui de Pina, permite-nos esclarecer o que
aconteceu na batalha de 1476, em que esteve envolvido Cristovão Colombo.
Na versão deste cronista, a batalha ocorreu depois de um encontro com D. Afonso
V, em que o rei lhes agradeceu terem ajudado a libertarem Ceuta de um cerco
combinado de castelhanos e mouros.
A batalha ocorreu entre o Cabo de S. Vicente e o
Cabo de Santa Maria, perto de Olhão no Algarve. Os navios que foram assaltados -
quatro genoveses e um flamengo - haviam saído de Cádiz e dirigiam-se para a
Flandres. Portugal, recorde-se, estava em guerra com Castela e Aragão,
governados pelos reis catóicos. Génova era aliada de França.
A
descrição da batalha feita por Hernando
Colón, na sua obra "Historia del Almirante" (capítulo
V), não deixa de causar alguma perplexidade, se tivermos em conta a
hipotética origem genovesa de Colombo.
Começa por afirmar que este durante anos
o seu pai andara ao serviço de um
seu familiar corsário ( Colón, el Mozo). Colombo era portanto,
parente de um corsário.
O navio onde seguia
foi um dos sete que se incendiou, tendo a maioria dos tripulantes
morrido.
Colombo, segundo
Hernando Colón, era um corsário robusto e bom nadador (nadou duas léguas em
pleno mar), razão pela qual conseguiu atingir a costa nado.
A população local
protegeu-o e alimentou-o, sabendo certamente que era um corsário e que havia
participado no roubo e na matança de genoveses e flamengos. Após alguns dias de
esmerados
cuidados que lhe foram prestados conseguiu recuperar,
dirigindo-se para Lisboa, onde já sabia
que existia uma comunidade genovesa.
"Como era de comportamento honrado, de agradável presença e não se
separava do verdadeiro caminho" (sic),a combater infiéis e
atacar, roubar e matar italianos, abriu-se-lhe o caminho para
uma verdadeira ascensão social ao casar com uma portuguesa - "uma senhora
chamada Dona Filipa Moniz, de sangue nobre e comendadeira do Mosteiro de
Santos", em Lisboa.(sic).
Conclusão
deste episódio é paradoxal: Colombo, é apresentado como um
corsário especializado na luta contra
navios da sua suposta "pátria" (Génova). Foi apoiado pela
população portuguesa e pelo próprio rei que lhe permitiu
aceder à alta nobreza em Portugal. Estamos perante um corsário que durante largos anos
foi um feroz inimigo de Itália, e que tudo irá fazer para prejudicar os seus
estados.
Um aspecto que foi omitido por falsários italianos como Giustiniani,
quando afirmam que o mesmo era natural de Génova. A farsa do Colombo Italiano não podia ser
maior.
2. Colombo,
el Mozo
Hernando Colón não lançou a confusão
apenas trocando as batalhas, mas também o nome dos corsários. Na batalha de Agosto
de 1485, esteve envolvido um corsário com a alcunha
"Colombo el mozo" (Colombo, o Moço), na batalha de 1476 esteve envolvido um corsário, que os historiadores insistem em chamar "Colombo, o velho".
Colombo, o moço
esteve de facto envolvido na batalha de 1485, mas não na batalha de 1476. Este
corsário também não era parente de Cristovão Colombo.
A maioria dos
autores aceita que "Colombo el Mozo" fosse George Palaeologus Dissipatos ou Byssypatt (c.1430 - 1496), conhecido em França como "Georges de Bissipat
le Grec".
Pertencia à família
real bizantina. Vivia em Bordéus e era
chefe de várias esquadras de Luis XI. Foi nomeado visconde de Falaise (1461), senhor de
Hannaches (França), onde se encontra sepultado. Em 1477 naturalizou-se francês e casou com Marguerita de Poix, herdeira do castelo de Troissereux. O
alegado familiar de Colombo, neste caso, era grego e não italiano.
O corsário Jorge
Grego, sabemos que Julho de 1475, com Casenove, apresou
uma nau do papa, uma nau genovesa e mais outros 18 navios, mas não sabemos
aonde.
Em Agosto de 1476,
não certo que tenha andado no corso no estreito de Gibraltar,
com Colombo, o Velho, ao serviço
de D. Afonso V, algo que apavorou os venezianos.
"Misser Gorje" ou
"Micer Jorge", como é chamado, em fins de Setembro de 1477, escoltou D. Afonso V no seu regresso de França
(Southampton),
tendo chegado a Cascais a 15 de Novembro. Estamos perante um corsário que prestou
relevantes serviço aos reis portugueses.
Em 1483 foi
enviado de Honfleur às Ilhas de Cabo Verde, cujo domínio pertencia aos Duques de Viseu-Beja,
para buscar sangue de tartaruga para Luis XI que
sofria de lepra.
Em Agosto de 1485, participou
com um dos seus navios na
batalha a 21 de Agosto, entre o cabo de S. Vicente e Lisboa, na qual foram apresadas
4 navios venezianos que se dirigiam para o mar do norte. Mais
2.1. Parentes Portugueses
de "Colombo, el Mozo"
Hernando Colón tinha razão
num ponto muito importante: Colombo, o Moço, ou melhor George Palaeologus Dissipatos era aparentado com nobres
portugueses, e indirectamente familiar da esposa portuguesa do seu pai ( 15).
Como vimos, na
primeira metade do século XV, Portugal procurou conhecer as rotas que do Oriente
atravessavam o Mediterrâneo. Para além da acção própria dos espiões, o Infante
D. Pedro, Duque de Coimbra teve
neste domínio um papel de fundamental ao percorrer todo o Mediterrâneo Oriental,
incluindo o Egipto e a Terra Santa.
Em resultado desta acção diplomática
e comercial, o seu filho João de
Coimbra (c.1431-1457), casou-se a 21/12/1456, com Charlotte de Lusignan
(1444-1487), filha de João II rei de Chipre e de Helena Paléologue.
O seu vedor - Vasco
Gil Moniz ( ? -1497), casou-se
com Eleanor de Lusignan, filha do
Senhor de Saìda, filho ilegitimo do Rei do Chipre - João II.
Foi casada em primeiras núpcias com Soffredo Crispo ( ?-1458), Senhor de Nysiros.<>Recorde-se que Vasco Gil Moniz
era parente de Filipa Moniz Perestrelo, esposa de Cristovão Colombo.
As ligações a familias portuguesas não
terminaram. A familia do Bissipat, como escreve Manuel da Silva Rosa, ligou-se
do Conde de Monsanto de Portugal, através de Louis de Dommartin, senhor
de Fontenoy-le-Château , descendente de Margarida de Castro, irmã de Alvaro de
Castro, 1º. conde de Monsanto (20), casado com Philippa de la Mark, neta
de "Colombo, el Mozo" e filha de Hélene de Bissipat, viscondessa de Falaise
(19).
Deste modo, membros de familias como os bragança,
monizes, albuquerques ou ataídes poderiam afirmar que eram parentes de "Colombo,
el mozo".
Hernando Colon desta
vez tinha razão ao afirmar que o seu pai era parente de "Colombo El Mozo", com o
qual andara a atacar barcos genoveses.
A ligação aos
paleologos de bizâncio
ainda poderia ser ainda mais recuada, pois em pleno Alentejo, numa terra da Ordem de Santiago e de muitos corsários encontramos também uma princesa
bizantina: Dona Vataça Lascaris (c.1268-1336), neta do imperador Teodoro
II - Lucas Lascaris de Niceia. Veio para Portugal, em 1288, integrada na corte
de Dona Isabel, esposa de D. Dinis. Este rei deu-lhe a vila e castelo de
Santiago do Cacém e Panóias. Foi justamente para esta região que se dirigiu
Colombo, no regresso da sua segunda viagem à América. Mais
Hernando
Colón, Las Casas, Jerónimo Zurita e o filho do Capitão Colon
Se Hernando Colon,
fala de um "Colombo, o Moço", Las Casas faz referência
a um corsário que dá pelo nome de "Colón Junior", o qual tem sido
identificado com Guillaume de Casenove dito Coulon ou Coullon.
A explicação para
esta enorme confusão encontra-se no cronista de Aragão - Jerónimo
Zurita, que nos "Anales de Aragon, Livro XX, cap. 64", escreve o
seguinte :
"Pérdida de cuatro
galeazas venecianas. Por este tiempo salieron cuatro galeazas de
venecianos de la isla de Cádiz que llevaban la vía de Flandes; y
iban cargadas de mercadería de Levante, señaladamente de la isla de
Sicilia. Y pasando del cabo de Sant Vicente fueron combatidas por un cosario francés, hijo del capitán Colón, que llevaba siete
naves de armada; y fueron ganadas las galeazas a 21 de agosto"
(1485).
Zurita desconhecendo
a identidade dos corsários que usavam a alcunha de "Colombo",
resolve a questão dizendo que o que participou na batalha de 1485,
era francês e filho do enigmático "capitão Colon", supostamente
francês ou que andava ao serviço do rei da França.
Hernando Colón tratou
de chamar a este novo "Colombo" de "moço", Las Casas de "Junior"... |
3. Enigma de "Colombo,
el Velho"
A referência de Hernando
Colón a um Colombo, moço, consagrou o nome de "Colombo, o Velho", para aqueles
corsários mais antigos que tinham a alcunha de Colombo. Um destes corsários
"Colombo" esteve envolvido na célebre
batalha de 1476.
Quem era este corsário ?. Os
historiadores portugueses, como vimos, têm ajudado a lançar a confusão. Estamos
provavelmente perante dois ou mais corsários foram conhecidos por esta alcunha,
e que andaram ao serviço dos reis de Portugal.
A documentação portuguesa e os
cronistas do tempo (Rui de Pina e Garcia de Resende), referem a existência de
vários corsários "colombos", não estabelecendo uma ligação entre os mesmos.
Procuram todavia associar Colombo a França.
Perante a diversidade de corsários
com o nome "Colombo", a quase totalidade dos historiadores portugueses
resolveram a questão atribuindo as suas acções, entre 1469 e 1485, a um mesmo indivíduo - Colombo, o velho -, alimentado desta
forma a confusão (16) .
Fernando Pedrosa, quando começa a
estudar a ampla documentação existente sobre estes corsários, descobre desde
logo a confusão que estava instalada nos meios académicos (2).
3.1. Guillaume
de Casenove (c.1425-1483)
Este corsário francês,
nascido na Gasconha,
foi nomeado por Luis XI - vice-almirante da Normandia (1461 ?-1483), "maitre des
eaux et forets de Normandie e Picardie".
A actividade de um corsário
com o nome Casenove, com excepção da acção punitiva de Setembro de 1473, contra
Aragão, está apenas está documentada no mar do norte, tendo como base o Porto de Honfleur.
Não
existem referências documentais que atestem a sua actuação nas costas de
Portugal. Nenhum
documento o identifica com "colombo, o velho". Faleceu em 1483.
Nos vários reinos
da Península Ibérica no século XV , como Castela e Aragão, foi-lhe posta
a alcunha de Coulon, Coullon ou Coulomp. Alcunha que não lhe foi dada em França.
Este facto
levou alguns
historiadores a identificarem Casenove com o famoso Colombo, o velho, e por
consequência que o mesmo teria participado na batalha do cabo de S. Vicente em
Setembro de 1476 (17). Leibnitz, numa completo delírio, confunde-o com o
próprio Cristovão Colombo.
3.2. Pedro João Coulão (Colom)
A documentação
portuguesa refere a existência de um temível corsário - Pedro João Coulão (Colom,
Colombo) -, que tem sido também identificado como enigmático "colombo, o
velho".
No início é identificado como "francês", o que poderia
significar que estava ao
serviço do rei de França (21).Seria francês? É provável, mas também poderia ser
de outra nacionalidade.
A senhoria de Veneza,
em 1470, identifica-o como
um "corsário português" (corsaro portogalex), e em 1474
apela a D. Afonso V para controlar a atividade deste corsário.
Estamos perante o
mítico "colombo, o velho", com o qual cristovão Colombo andou no corso durante
muitos anos ? Tudo nos leva a crer que sim.
O seu primeiro
grande ataque ocorreu em 1469, quando pilhou 3 navios venezianos no Canal
da Mancha. Em Julho deste ano
terá ameaçado atacar navios da cidade do Porto que vinham de torna-viagem da
Irlanda. Ao encontro deste corsário partiu um navio comandado por André
Pires. O confronto não se deu, mas o português aproveitou o pretexto para
assaltar e roubar navios franceses (1).
No ano seguinte, D. Afonso V, concedeu a
2 de Janeiro uma tença anual de 8 mil reais brancos, a Fernando Alvares Baldaia,
mercador do Porto, por ter combatido "culam frances" que andava no mar
nas costas de Portugal.
A verdade é que D. Afonso V
não tardou a contratar este corsário, aparecendo o seu nome entre 1470 e 1473 nas contas da Fazenda Real
de pagamentos que lhe foram feitos pelos seus serviços.
A
partir de 1470 Colombo não deu descanso aos navios italianos e espanhóis
(castelhanos, aragoneses e biscainhos). Quem era Colombo, o Velho ? O
próprio Colombo ?
A actividade de
um corsário com a alcunha de Colombo está bem documentada na
Península Ibérica e no Mediterrâneo. Foi certamente o grande companheiro e
mestre de muitos corsários portugueses, nomeadamente de Cristovão Colombo.
Cerco de Ceuta
A chave para a
identificação de Colombo, o velho e do próprio Cristovão Colombo, está num dos cercos que
foram
feitos à cidade de Ceuta (1476). O cronista Rui de Pina é muito claro
quando afirma que ambos estiveram envolvidos na sua libertação. O problema é
saber qual o cerco em que estiveram envolvidos (13).
A guerra que se
desencadeou entre Portugal e Castela-Aragão, em 1475, obrigou D. Afonso V, a
mobilizar um grande exercito para invadir Castela, o que implicou desguarnecer
fortalezas, como Ceuta.
Enquanto decorria a
guerra (1475-1479), sobretudo por alturas da célebre batalha de Toro (2
Março de 1476), as forças portuguesas realizam continuam incursões em Castela, e no mar corsários ao serviço
de Portugal atacam os portos de Castela e Aragão.
Os "espanhóis" por sua vez atacam a
fronteira de Portugal (22) e os seus domínios em África. Ceuta é então alvo de dois
cercos.
Fernando de Aragão,
ao ser informado que Ceuta estava desguarnecida, mandou
cercá-la por mar.
Tratou-se de uma acção combinada com o rei
de Fez (muçulmano) que cercou a cidade por terra (27). O Duque de Medina
Sidónia (26), a 7 de Agosto de 1476, pretendendo mostrar alguma acção
militar consistente contra os portugueses, obriga alguns milhares de castelhanos
de Gibraltar a cercarem Ceuta. A maior parte deles eram conversos (25).
O capitão e governador
de Ceuta na altura era Rui Mendes de Vasconcelos
Ribeiro (10) foi atempadamente informado do ataque que se estava em preparação pelo
alcaide de Gibraltar (23).
O principe D. João , nomeia a
23 de Julho de 1476, Pedro de Ataíde,
comandante de uma armada que parte para o estreito de Gibraltar, para socorrer
esta praça portuguesa do Norte de África.
Os aragoneses e os
mouros acabaram derrotados pelos portugueses, tendo-se destacado pela sua
bravura a esposa do próprio capitão - Isabel Galvão (grávida) - que participa nos próprios combates matando muitos inimigos.
Foi nesta altura que
chegam a Ceuta - Colombo, o Velho, Pedro de Ataíde e Cristovão
Colombo -, e ajudam o governador a libertar a cidade. Atacam os espanhóis
e matam largas
dezenas logo nos primeiros combates.
O Duque Medina
Sidónia face ao fracasso do cerco, depois de ordenar a retirada
das suas forças, aproveita
mais esta ocasião para espoliar os
conversos, expulsando-os de Gibraltar (24 ).
Ataque
corsário. Entretanto, D. Afonso V, que havia
resolvido regressar a Portugal, a 23 de Junho de 1476, está na cidade do
Porto, onde projecta dirigir-se por mar para a Bretanha, para convencer Luis XI,
rei de França, a apoiá-lo na guerra contra Castela-Aragão (7). Colombo, o
velho, andava na altura a patrulhar a costa norte de Portugal, e aproveita em
fins de Junho para atacar os castelhanos em Ribadeo na Galiza, onde sofreu
muitas baixas. Os reis espanhóis, em Julho, posicionam então uma esquadra na
Galiza e no Golfo da Biscaia, de forma impedir esta viagem, o que obriga o
rei português a dirigir-se para Lisboa (7/8 e Agosto).
D. Afonso V, no dia
27/28 de Agosto sai de Lisboa para o Algarve, com uma esquadra com 16 navios e 5
caravelas, 2.200 homens e 480 cavaleiros.
Colombo, o velho,
Pedro de Ataíde e Cristovão Colombo, entre 28 e 31 de Agosto, encontram-se
com D. Afonso V, em Lagos, vindos de Ceuta. Foi então decidido que estes e outros corsários ficassem na
costa algarvia a fazer guerra aos espanhóis.
Rui de Pina na Crónica de D.
Afonso V ((cap. CXCIV), afirma que poucos dias depois deste
encontro dos corsários com D. Afonso V, estes atacaram quatro navios
genoveses e um flamengo que saiam do porto de Cádiz. Cristovão Colombo participa nesta acção corsária e acaba por
naufragar (18). Pedro de Ataíde, que seguia na nau Lopiana, e que
morreu nesta batalha. Confirma a origem
dos navios assaltados, e assim como a alcunha do comandante dos atacantes - "Cullam
famoso cossairo Francês."
A versão
tradicional aponta para que batalha tenha ocorrido entre 7 e 13 de Agosto, mas
tudo aponta para que tenha sido em principio de Setembro de 1476.
D. Afonso V, na sua
viagem para França, faz escala em Ceuta, tendo chegado a Collioure (Rousilhão),
a 16 de Setembro de 1476, onde era aguardado por um capitão enviado por Luis XI.
Colombo, o velho,
assim como Cristovão Colombo, depois do
brutal ataque contra os navios genoveses regressam a Lisboa, em Outubro de 1476, para se rearmarem
para novos ataques aos castelhanos e aragoneses, sem descurarem as ricas presas
que eram os navios genoveses e venezianos.
Em Fevereiro de 1477,
com nove navios já estava à espera no Cabo de S. Vicente da passagem de navios
venezianos. Em 1478 este corsário, identificado como francês, continuava ao
serviço de Portugal numa acção de defesa da sua costa. Neste ano os espanhóis
sofrem um duro golpe no mar, perdendo a batalha das Canárias e da Guiné (6).
4. A Versão de Alfonso de
Palencia, Diego de Valera e Jerónimo Zurita
O cerco de Ceuta, em
1476, realizado por castelhanos, aragoneses e mouros, em que todos foram
derrotados pelos portugueses, apoiados por corsários como Pedro de Ataíde,
Cristovão Colombo e Colombo, o velho tinha que ser omitido (27).
Na impossibilidade
de reconhecerem estes factos Alfonso Fernandez de Palencia (28) e Mosén Diego de Valera (29)
trataram de lançar a confusão, inventado uma outra história dos acontecimentos. Ambos omitem a participação conjunta de castelhanos,
aragoneses e mouros (muçulmanos) no cerco de Ceuta.
4.1. Alfonso
Fernandez de Palencia
Palencia escreveu
uma completa história de Colombo (Colón) ao serviço de Portugal (30).
Palencia e Valera afirmam, por
exemplo, que os mouros cercaram sozinhos Ceuta, em Maio de 1476. Palencia
diz que eram 20.000 entre "maometanos e tunisinos" tendo morrido mais de 5.000.
Acrescenta um pormenor curioso: os andaluzes ficaram apiedados do portugueses e
lavaram-lhes comida... (Livro XXVI, cap. IX).
Depois do cerco dos mouros,
ainda segundo Palencia,
seguiu-se o cerco do Duque de Medina Sidónia, a 7 de Agosto, com cerca 5.000
andaluzes (Livro XXVII, cap.V), mas rapidamente começam a ser exterminados pelos portugueses..
Colombo, segundo
Palencia, chega nesta altura ao Lagos (Algarve) com D. Afonso V, que havia
trazido do Porto. Uma vez chegado aqui resolve vingar-se do que os galegos lhe
haviam feito em Ribadeo (fins de Junho), ao destruírem-lhe um navio, e
obrigando-o a refugiar-se em Portugal (Livro XXVII, cap.IV).
Ao comando de 13
navios, a maioria dos quais portugueses, no dia 7 de Agosto, interpela os
3 navios genoveses, 1 galera grande e 1 navio flamengo (Pesquerio) que saiam do
porto de Cádiz com destino à Inglaterra. Palencia, afirma que os genoveses
traziam a bordo experimentados marinheiros, pois conheciam o ódio que este lhes
tinha.
Os genoveses
informam-no que tinham uma firme aliança com a França, uma questão que este se
mostra indiferente (Livro XXVII, cap.V). Colombo, com a galera portuguesa "Real"
atacam três navios genoveses. A outra galera portuguesa "Lope Yañez" ataca outro
navio. Uma terceira lança o arpão à urca flamenga. A batalha durou 10 horas.
Perderam-se 7 navios: 4 portugueses e de Colon, 1 genovês e 1 flamengo.
Palencia afirma que
morreram todos os genoveses e alemães, com excepção de 150 que se salvaram a
nado foram recolhidos por caravelas portuguesas. O balanço dos atacantes
igualmente foi trágico: morreram 500 nobres portugueses, devido ao peso das
armaduras, para além de 2.000 franceses e portugueses nas chamas.
Colombo perante este
massacre que abalou a nobreza portuguesa, lamenta-se da aliança que havia feito
com os portugueses: " El malvado Colón, arrancádose los cabellos, mesándose la
hirsuta barba, entre aullidos, llantos y lamentaciones mujeriles, maldecía la
desdichada alianza portuguesa, causa de la terrible derrota".
D. Afonso V perante
esta derrota, temendo que a mesma pudesse dar animo aos castelhanos e aragoneses
que cercavam Ceuta, com os navios que lhe restavam, acompanhado de Colombo segue
para Ceuta, obrigado as forças do Duque de Medina Sidónia a fugirem (Livro XXIV,
cap.VI). Colombo levou o rei até França, tendo-se retirado para a costa
portuguesa, onde lançou novos ataques aos galegos. Em 1477, estava em Harfleur
(Normandia) tendo D. Afonso V ponderado a hipótese de regressar a Portugal a
partir deste porto francês (Livro XXX, cap. X).
Palencia, numa
verdadeira acção de propaganda, lança a
confusão sobre o corsário Colombo "francês". Baralha datas,
confunde factos de modo a mostrar que Colombo desde 1470 era o principal
almirante ao serviço
de D. Afonso V. O seu objectivo era denegrir a importância da armada portuguesa
e dos seus almirantes.
4.2. Mosén Diego de
Valera
Durante a guerra com
Portugal (1475-1479) fez questão de afirmar a Isabel, rainha de Castela que
tinha armado duas caravelas, e que mandara o seu filho - Charles de Valera -
atacar uma nau portuguesa (Borralha) que vinha carregada com mercadorias de
Itália (Milão), e pouco depois enviou-o à Guiné para roubar ouro e escravos
(Carta XX) (30).
Como Alfonso de
Palencia foi um grande inimigo de Enrique IV. Era defensor de uma concepção
imperial de Espanha. Neste sentido, procurou em tudo o que escreveu menorizar
Portugal e o portugueses.
Na carta que escreveu
a Fernando de Aragão (carta VII), diz que três carracas genovesas, uma urca
(flamenga?) e uma galé genovesa, que haviam saído de Cádiz a 10 de Agosto de
1476, foram
atacadas no dia 12 no cabo de Santa Maria. A frota que as atacou, era constituída
por 30 grandes navios franceses e portugueses, contando com mais de 5.000
combatentes. Saiu de Lisboa com o objectivo de arrasar as costas da Andaluzia.
Durante a noite os franceses resolveram deitar fogo aos navios aferrados. Da
tripulação dos
oitos navios envolvidos na batalha salvaram-se apenas 50 pessoas.
Morreram cerca de 5.000 pessoas, a maior parte portugueses. Os navios das forças
atacantes e que haviam escapado, durante dois meses não puderam fazer-se ao mar (carta
IX).
Na resposta,
Fernando de Aragão começa por enquadrar a batalha de 1476 num confronto entre
Colon e os portugueses contra os "ginoveses" (Carta VIII), mas pouco adianta
sobre o assunto.
Diego Valera baralha
datas, omite factos de modo a mostrar a superioridade dos "espanhóis" sobre o
portugueses.
4.3 Jerónimo Zurita y
Castro
Zurita (1512 -1580), embora seja um historiador
muito tardio em relação aos acontecimentos, foi uma das
principais fontes de informação sobre Colombo.
Sobre o corsário Colombo omite os factos mais incómodos. Diz-nos que em fins de
Junho de 1476 fez um novo cerco a Fuenterrabia (Vizcaia, Biscaia), defendida
pelo capitão português Estevão Gago (Esteban Gago) (32), o grande herói para Zurita. Colombo em Bermeo (Vizcaia) foi
apanhado por uma tormenta, tendo perdido a nau capitana. Dirigiu-se depois para
as costas da Galiza, tendo aqui atacado Ribadeo, onde perdeu grande parte da
tripulação. Com os navios que lhe restavam dirigiu-se para a cidade do Porto,
onde o esperava D. Afonso V, para que o levasse até França.
A
frota de Colombo que saiu de Lisboa, segundo Zurita, era composta por 12 naus e
5 caravelas. Levava 1200 soldados, a maioria dos quais se destinavam às
guarnições de Tanger, Arzila e Alcácer Ceguer. A bordo seguiam também 470
cavalos. Chegaram a França a 1 de Setembro de 1476.
As
fontes de Zurita são mais variadas, nomeadamente portuguesas, por isso é mais
comedido no que escreve. Nada diz sobre o cerco de Ceuta, ou a batalha de 1476
entre Colombo e os genoveses (33). Apenas refere, como vimos, a batalha de 1485,
um assunto mais pacífico para o genoveses.
5.
A Versão de Colombo
Colombo no
fragmento de uma carta que escreveu ao rei Fernando de Aragão (Textos, p.530), parece evocar a farsa do naufrágio ocorrido em
1476.
Não refere origem dos navios
atacados, nem as
vítimas, mas o milagre de ter chegado a Portugal onde o rei (D. Afonso
V ou D João II) era o mais empenhado
e entendido de todos a descobrir.
"Fui
(a ) aportar a Portugal, adonde el Rey de allí entendía en el descubrir más
que otro".
Afirma que de forma paradoxal, que
antes de 1476 já estava em Portugal, pois levou 14
anos (5) a tentar convencer os reis de Portugal (D. Afonso V e D. João II) a
apoiarem a sua expedição para Ocidente, mas foi um esforço em vão, porque os
mesmos tinham os sentidos bloqueados.
"
Et le atojó la vista, oído y todos los sentidos, que en catorze anos no le
pude hazer entender lo que yo dix".
Colombo afirma, desta forma, que "chegou" a Portugal
antes de 1470, mas sem precisar a data.
Este
facto revela que Las Casas e Hernando Colon, não apenas procuraram confundir os
leitores sobre a batalha em que esteve envolvido, mas também tentaram
confundi-los sobre a questão de se saber quando é que o mesmo chegou a
Portugal.
O
ano de 1470 coincide com o início da sua actividade como corsário ao serviço
de Portugal, uma data que não podia esconder, pois consta em documentos
oficiais, como acima demos conta. Las Casas e Hernando Colon, pelo contrário, deliberadamente
procuraram ocultar este facto.
6. Portugal e os
Corsários.
Em termos
oficiais D. Afonso V não tinha dúvidas em admitir que Portugal tinha corsários.
D. João II nega
semelhante prática em Portugal, afirmando ao rei de França: "Nunca os
marinheiros portugueses conheceram que cousa era a rapina nem pilhagem, nem
executarem nunca com infames latrocínios o ofício de piratas" (4).
Trata-se como é
obvio de uma completa mentira, cuja finalidade é acusar a França de viver do
assalto de navios, nomeadamente dos portugueses.
Os corsários
portugueses, seguindo as instruções reais, ocultavam a sua identidade,
adoptando nomes e identidades falsas, uma prática seguida também por Cristovão Colombo
( nome de guerra?).
d) "Cristoforo
Colombo", corsário
Cristovão Colombo
começou a sua vida no mar como corsário à semelhança de muitos nobres portugueses da
sua época. Mais
Era genovês ?
Português ? Ninguém tem a certeza, apenas sabemos que andou com outros corsários
que estavam ao serviço do rei de Portugal, atacou navios genoveses,
venezianos, florentinos, castelhanos, aragoneses e flamengos.
Terá iniciado a sua
actividade como corsário, por volta de 1470, na companhia de um corsário alcunhado "Cullan"
(Pedro João Coulão, Colom), que a senhoria de Veneza,
identifica como um "corsário português". Quatro anos depois, recorde-se,
Veneza apelou a D.
Afonso V para o controlar.
Com este corsário,
em 1476, participa na libertação da cidade de Ceuta, cercada pelos mouros,
auxiliados pelos castelhanos. Andou então envolvido na guerra contra os
castelhanos e aragoneses sustentada por D. Afonso V. Reúne-se com este
rei, em Lagos, antes do mesmo partir para França. Mais
Pouco depois do
encontro com D. Afonso V, em Agosto de 1476, participa no célebre ataque contra
quatro navios genoveses e um flamengo, no qual foram mortos 800 genoveses.
Depois desta batalha, onde morre o corsário Pedro de Ataíde, vem para Lisboa, com Colombo,
o velho (Pedro João Coulão).
Prossegue a sua
actividade de corsário ao serviço do rei de Portugal e da Casa dos Duques de
Beja-Viseu.
A sua última referência como corsário conhecida data de 1485. Neste ano,
Veneza sustentou que um "famoso corsário" - "Cristoforo
Colombo" - ao largo do cabo de S. Vicente lhe aprisionara duas
galeras, uma de conserva. O embaixador que foi enviado ao rei de Portugal
apontou-lhe a responsabilidade por mais este ataque.
1.
Ataques
de Colombo Contra Italianos (2)
Entre
1469 e 1485, um ou mais corsários com o nome de Colombo (9 ), andaram a atacar
com especial dedicação navios italianos.
Alguns
Ataques dos Corsários "Colombo" contra navios italianos
1469-1485
Ano |
Origem
do Navio
Saqueado |
Descrição
do Ataque |
1469 |
Veneza |
3 navios
pilhados no Canal da Mancha (15/3). |
|
Veneza |
Navios
pilhados ao largo da costa portuguesa (23/10-17/12) |
1470 |
Veneza |
1
navio pilhado ao largo da costa da Galiza. Colombo é identificado como
português (19/7) pelos venezianos. |
1471 |
Génova |
1 nau de
mercadorias de Di Negro é pilhada (16/11). |
1472/3 |
Génova |
Corsário ao
serviço de Renato, Duque de Anjou (1409-1480), inimigo de Génova. Terá
andado a pilhar as costas do Reino de Aragão (a). |
1473 |
Veneza |
Navios
atacados (7/11) |
|
Florença |
1
navio de Lourenço Medicis é apresado (Out./Nov.) |
1474 |
Génova |
Navios
atacados (21/1) |
|
Veneza |
Navios
atacados.O senado de Veneza pede a D. Afonso V para controlar "Columbum
pyratam". (12/5) |
|
? |
7 navios
italianos são apresados ao largo de Vivero, na Galiza. (1/10). |
1475 |
Génova |
1
navio genovês, outro do papa e 18 outros não identificados. |
1476 |
Génova |
4 navios apresados e
cerca de 800 genoveses são mortos ao largo do Cabo de S.
Vicente/Algarve (Setembro 1476). Foi atacado também 1 navio da Flandres.
Nesta batalha morreu o célebre capitão português - Pedro
Ataíde, o "Corsário" ou o "Inferno", parente de
Colombo. |
1485 |
Veneza |
Dois
saques de navios, em diferentes ocasiões. No último, o corsário é
claramente identificado como "Cristoforo Colombo". |
A
listagem é muito incompleta e não tem em conta acções punitivas e de
pilhagem contra esquadras castelhanas e aragonesas, onde se incluíam navios
também italianos.
2. Controlo do reino de Aragão (Catalunha, Valência e Maiorca).
Portugal, como é sabido,
empenhou-se na ascensão ao trono de Aragão, em 1464, do condestável e mestre da Ordem
de Aviz -D. Pedro de Coimbra.
D. Pedro levou consigo para
a Catalunha um importante grupo de experimentados corsários.
Após a sua morte (1466),
muitos portugueses ficaram na Catalunha para apoiarem a causa de Renato d`Anjou (12) como candidato ao trono
da Aragão, em oposição a
Juan II de Aragão (1398-1479) e ao seu filho Fernando.
O
apoio a Renato de Anjou, decorria também do facto da sua
filha Marguerite d'Anjou ser rainha consorte de Inglaterra, através do
seu casamento com Henrique VI (1445). Acontece que a mesma chefiava a
facção de Lencaster, a cuja casa estava ligada a dinastia real de
Portugal.
2.1. Ataques de Colombo contra castelhanos e aragoneses (2 )
Entre
1468 e 1485, um ou mais corsários com a alcunha Colombo atacaram sem descanso
castelhanos, galegos e aragoneses.
Cristovão
Colombo afirma andou ao serviço de Renato d`Anjou. Numa carta datada
de 1495, trata-o significativamente por "Rei Reinel", o que
nos leva a depreender que este serviço terá ocorrido entre Julho de
1466 e Outubro de 1472 (34).
- 1471 e 1º. Semestre de 1472. Colombo,
afirma com orgulho que o "Rei" Renato d`Anjou, o enviou a Tunes para
capturar a
galera aragonesa - Fernandina, tendo ardilosamente enganado a própria
tripulação do navio que comandava (34). O facto de tratar Renato
d`Anjou por Rei revela a sua ligação à causa deste Conde de Provença
(1434-1480), mas sobretudo o ódio que tinha a Fernando de Aragão contra
o qual combatera.
"Ami acaeció que el
Rey Reynel (Renato de Anjou), que Dios tiene, me envió á Tunez para
prender la galaeza Fernandina..." (Colon, Textos, p. 285, Carta a los
Reys, La Espanõla, Janeiro de 1495; Las Casas, Hist. das Indias, Livro
I, cap.III; Hernando Colón, ob.cit. cap.IV).
- Setembro de 1473.
Colombo terá participado na destruição da frota aragonesa (as galeras do conde de Prades
e Cardona ), sob o comando do almirante Guillaume
de Casenove Coulon, que Luis XI havia enviado para Marselha para ajudar René
d`Anjou. Foi no seu regresso ao porto de de Honfleur que destruiu da
frota catalã ao largo de Alacant (Alicante) (35). Terá sido então que
Colombo regressou a Portugal. Hernando
Colon, afirma que o seu pai andou no corso vários anos com Casenove Coulon.
2.2. Ataques de Corsários Portugueses
Na mesma altura que Colombo apoia Renato Anjou, outros
corsários portugueses atacam sem descanso a Catalunha e a Andaluzia.
- Pedro João Coulão, por exemplo, entre 1470 e 1473 fez pelo menos 4 expedições pagas por D.Afonso V, uma delas às Canárias, numa altura que Portugal disputava a sua
posse aos castelhanos.
O Juan II, rei de Aragão, a 20 de Junho de 1472, queixa-se
que muitos corsários portugueses andavam a atacar navios comerciais
aragoneses provocando enormes danos: "... molts portuguesos
navegants per la mar sens alguna justa causa han presos e levats navilis
de vassalls nostres e donats grans dans" (14).
Nestas
acções, os corsários portugueses actuam juntamente com os franceses. Os portos de
Marselha e Génova serviram, neste contexto, como uma base para
atacar as costas da Catalunha e Valência.
2.3. Domínio do trono de Castela
D.
Afonso V, desde 1464, que está envolvido numa estratégia de conquista
do trono de Castela, nomeadamente através do casamento com Joana,
"a beltraneja". Este estratégia que havia sido acordada com a
França (3), acabou por conduzir D. Afonso V a
um confronto com Isabel e Fernando. A guerra entre Portugal e Castela
acabou por ocorrer entre 1475-1479. |
- 1475 (fins), apresa 7 navios comerciais bascos no cabo de S. Vicente (p.81). Luta
contra uma armada basca no porto da Corunha (p.81).
Os ataques
redobraram de intensidade, entre 1476 e 1479, durante a guerra entre Portugal e
Castela. A França tomou partido de Portugal, e nesse sentido Colombo passa a
ser identificado quase sempre como corsário francês.
- Junho de
1476, ajudou a levantar o cerco que espanhóis e mouros estavam a fazer à
cidade de Ceuta (portuguesa). Participava na altura na defesa do Estreito
de Gibraltar e a costa sul de Portugal contra as investidas dos inimigos de
Portugal. Neste mês, atacou Ribadeo na Galiza, onde sofreu muitas baixas
(p.88 e 89)
- Julho de 1476,
entrou no porto de Brest (Inglaterra) e massacrou as tripulações de 4 navios
espanhóis (p.88)
- 28/31
de Agosto de
1476 encontrou-se com D. Afonso V que seguia a caminho
de França. Dias depois ao largo do cabo de S. Vicente são assaltados quatro
navios genoveses e um da Flandres (Setembro ?)..
- Setembro de
1476, Fernando de Aragão, temendo um ataque de Colombo à Andaluzia, manda
aparelhar uma esquadra e transfere outra para a região (idem, p.91), A 10 de
Outubro, dá ordens à armada de Ladron de Guevara em Baiona (Galiza), para
atacar "Colom, capitão francês". (p,92), o que resulta num fracasso.
- A 27 de Outubro
de 1476, estava em Lisboa com sete navios (p.94).Em Dezembro continuava
nesta cidade, onde terá conversado com alguns dos genoveses que sobreviveram à
batalha de Agosto ao largo de S. Vicente (p.94).
Em 1478, Colombo e
outros portugueses, atacam três navios castelhanos que haviam saído de Sanlúcar
de Barrameda. Nesta altura a França havia já deixado de apoiar Portugal (p.96),
o que mostra claramente que a identificação de Colombo, o velho como francês é mais outro embuste.
Recorde-se que neste
ano, Bartolomeu Dias andava no Corso no Mediterrâneo. Em Julho, D.
João II, prescindiu do quinto das presas, porque este navegador pagara uma
elevada soma para resgatar um português escravizado em Génova.
Os seus ataques
contra Castela e Aragão "terminam" quando é estabelecido o Tratado
de Alcáçovas (1479), mas continua a atacar navios italianos. Um facto que demonstra
o ódio que nutria para com os italianos.
Apesar de algumas
destas acções puderem corresponderem a corsários diferentes, todos eles
usavam a alcunha de "Colombo" (9) e estavam inequivocamente ao serviço
do rei de Portugal.
Lisboa, Lagos e
Odemira (Vila Nova de Mil Fontes) eram três dos seus principais portos de
abrigo.
Ceuta,
à entrada do Mediterrâneo era desde 1415, a principal base para as actividades
dos piratas e corsários portugueses neste mar. Mais
Colombo
e os Corsários
A documentação
italiana sobre Colombo e os corsários aponta para conclusões
surpreendentes:
Colombo só
andou com corsários que estavam ao serviço do rei de Portugal ou que
participavam em expedições de defesa dos interesses.
Entre 1469
e 1485 especializou-se a atacar navios italianos e espanhóis no Mediterrâneo,
costas de Portugal e da Andaluzia. Entre 1475 e 1479 andou na guerra naval
contra os reis católicos, na defesa da causa de D. Afonso V.
O seu
mestre no corso terá sido um (?) corsário dito "Colombo",
o qual o terá inspirado na alcunha "Colom" que adoptou quando foi
para Castela.
A
biografia italiana de Colombo, na maior parte dos casos não passa de histórias
inventadas aproveitando acontecimentos reais, nos quais se procurou
estabelecer uma ligação de Colombo com Portugal, onde efectivamente se
encontram as suas raízes.. |
1 )
Carlos
Fontes |
|
Notas:
(1 ) Barros, Amândio Morais - O
Porto contra os corsários ( A Expedição de 1469), in Revista da Faculdade de
Letras, História, III Serie. Vol.I, 2000, pp.11-27.
(2 )Pedrosa, Fernando - Cristovão
Colombo. Corsário em Portugal. 1469-1485. Lisboa. 1989. Academia da Marinha.
Este autor sistematizou as referências documentais da actividade de colombo
como corsário, indicando as referidas fontes documentais.
(3) Gomes, Saul António - D.
Afonso V (1432-1481). Lisboa. 2009. Temas e Debates. pp.277 e segs.
(4) D. João II : Carta para o
Rei de França, in Cartas aos Grandes do Mundo. Coimbra. Imprensa da
Universidade. 1934. p.24-27.
(5 ) Se
tivermos em conta que em 1484
fugiu para Castela, a data do inicio destes trabalhos só pode ser em 1470.
(6) Hernando Pulgar, Crónica parte 2, cap. 88 .
Os portugueses aprisionaram navios e fizeram muitos de prisioneiros que
trouxeram para Lisboa, mas sobretudo ficaram com um rico saque que lhes permitiu
relançarem a guerra.
(7) Em França, D. Afonso V, rapidamente percebeu
que Luis XI estava apenas interessado em dominar Carlos, o Temerário, Duque da
Borgonha, que acabou por ser morte enquanto o rei português estava em França.
(8) O passado corsário de Cristovão Colombo foi
aceite sem grandes problemas morais até ao século XIX, quando começou a ser
ocultado. Entre os primeiros que voltaram a recolocar a questão, destaca-se A. Salvagnini.
( 9) Columbum, Coulão, Collom, Collam, Culam...
(10) Desta família o primeiro a ter este cargo
foi João Rodrigues de Vasconcelos Ribeiro, senhor de Figueiro e Pedrógão, casado
com Branca da Silva, filha de Rui Gomes da Silva, alcaide-mor de Campo Maior e
Ouguela e de Isabel de Meneses.Foi
capitão governador de Ceuta entre 1464 e 1475.
Sucedeu-lhe no mesmo cargo
o seu filho Rui Mendes de Vasconcelos Ribeiro (1475-1481), casado com Isabel
Galvão, irmão de Duarte Galvão e do arcebispo de Braga João Galvão. Rui Mendes
regressou a Portugal, em 1481, recebendo pouco depois de D. João II a alcaidaria
de Penamacor que fora de Pedro de Albuquerque.
A forma como Rui Mendes combateu as forças do rei
Fernando de Aragão coligadas com as do Rei de Fez, passaram a constituir um dos
grandes feitos desta família:
- António Pereira Marramaque, senhor de Basto.
Subsídios para o estudo da sua vida e da sua obra, António Dias Miguel, in,
Arquivo do Centro Cultural Português. XV. Sep. FCG. Paris. 1980.
- Le Latim et L`Astrolabe, Jean Aubin. vol. I.
Paris. 1996.p. 15
- Sumario de la Família Ilustrissima de
Vasconcelos, Historiada, Y com elogios, João Salgado de Araújo, Madrid. 1638.
11) Gil, Juan - Introdução
aos Textos y Documentos Completos de Cristóbal Colón, p. 13 a 79. Alianza
Editorial.
(12) Renato de Anjou
(1409-1480), conde de Anjou, Conde de Provença (1434-1480), Duque
de Bar (1430-1480), duque de Lorena (1431-1453), rei de Nápoles
(1438-1480), Rei de Aragão (1466-1472) e titular de Jerusalém
(1438-1480).
Entre 1466 e 1469 delegou o trono no seu filho -
João, Duque de Lorena -, mas quando este faleceu continuou a lutar pelo trono de
Aragão até 1472, quando a Catalunha reconheceu João II de Aragão.
(13) Oliveira Marques, afirma que os dois cercos
ocorreram em anos diferentes:
O primeiro cerco teria sido, em 1475, envolvendo
uma coligação entre castelhanos-aragoneses e o rei de Fez (muçulmano) (p.322). O segundo cerco ocorreu, em 1476 (p.322). cfr. Nova
História da Expansão - A Expansão Quatrocentista. Editorial Estampa. 1998.
(14) L. Adão da Fonseca, Navegación
y corso en el Mediterraneo Occidental a mediados el siglo XV, Pamplona. 1978.pp.
102-104.
(15) Rosa, Coelho (Colombo
Português. Lisboa. Ésquilo. 2009) refere também a ligação de Bissipat ao célebre Mapa de Waldseemuller,
pois o mesmo foi feito em Saint-Die,
França, onde o Grande Provost era Louis de Dommartin.
(16) Vários historiadores
portugueses resolveram o problema dos vários corsários que usaram a alcunha Colombo,
identificam-nos a todos como "Colombo, o Velho". Três exemplos:
- Armando da Silva Saturnino Monteiro, Batalhas e
Combates da marinha Portuguesa, 1139-1975. Sá da Costa. Lisboa. 2009. 2ª. edição
corrigida e aumentada. Vol 1. Nesta obra afirma que D. Afonso V, em Agosto de
1476, se encontrou com o "corsário genovês Colombo, o velho" (p.116). Cristovão Colombo era seu parente, e com o qual andou a navegar desde muito
novo (p.111).
- Quirino da Fonseca, Os
Portugueses no Mar, baseado em Rui de Pina, refere as circunstâncias da morte de
Pedro de Ataíde, na batalha de Agosto de 1476 (p.119).
- Maria Bello, A Costa dos
Tesouros. Esta altura cita os dois autores anteriores, sem qualquer comentário
crítico.
Desta forma a confusão dos
"colombos" foi instalada na historiografia em Portugal.
(17) Entre os que confundiram
Casenove com Colomb, o velho, destaca-se Charles de la Roncière.
(18) O célebre naufrágio de
Cristovão Colombo é provável que seja mais uma invenção de Hernando Colón - Las
Casas para justificar a sua vinda para Lisboa, na companhia de Colombo, o
velho, depois da matança e saque que fizeram aos genoveses e flamengos.
(19) Rosa, Manuel da Silva - Colombo Português.
Esquilo. p.154
(20) Louis de Dommarti era filho de
Ferdinand de Neufchatel (1452-1522), senhor de Montaigu, e de Margarida de
Castro. Era portanto, neto de D. Fernando de Castro, 1º senhor do Paul do
Boquilobo, Governador da casa do Infante D. Henrique e pai do Conde de Monsanto
e tio da 2ª Duquesa de Bragança -.D. Joana de Castro, casada com D. Fernando I,
2º duque de Bragança.
21) Colombo, o velho era francês? Não sabemos,
mas tudo leva a crer que andou ao serviço do rei de França. Fernando Pedrosa,
sistematizou estas referências:
- 1469: A 18 de Maio, Veneza apela ao rei de
França, contra um "columbo vice-almirante. Veneza, na Carta de 8 de Setembro,
afirma-se que "Colombo, era um homem do mar do rei de França e estava à espera
de navios venezianos no canal de Inglaterra. Veneza, aa carta de 23 de Outubro e
17 de Dezembro, continua a afirmar-se que era francês, e que tinha atacado oito
navios venezianos ao longo da costa portuguesa. Portugal, a 8 de Outubro, diz-se
que "Collon" ou "Collam" era um corsário francês.
- 1470: Na chancelaria da Câmara de Lisboa, a
1 de Janeiro, diz-se "Culam francês corsário". D. Afonso V, escreve que "Culam"
era francês. A 19 de Julho, o senado de Veneza, identifica-o como
português. Colombo passa a estar ao serviço de Portugal sendo identificado
nos documentos de recebimento como Pedro João Cullão".
- 1471: a 4 de Outubro, o senado de Veneza, manda
um embaixador a França pedir um salvo conduto para evitar ataques do "Colombo
Corsário". A 16 de Novembro, Veneza, diz que Colombo navega ao serviço do rei de
França, mas não diz que era vice-almirante.
-1473: a 7 de Novembro, Veneza identifica-o como
Colombo homem do rei de França.
-1474: A 21 de Janeiro, a senhoria de Génova,
pede ao duque de Milão, para interceder junto do rei de França contra o corsário
Colombo. A 12 de Maio, Veneza apela a D. Afonso V para providenciar contra o
"colombo pirata" (Columbum pyratam). A 1 de Outubro, o rei de Napoles,
identifica Colombo como súbdito do rei de França.
-1475: Em fins de 1475, uma ordem do rei de
França, escreve: "Jehan Coullon, notre visaadmiral". O nome de Colombo
era portanto João (Pedro João Coulão ou Colombo), e não Guillaume. O Arquivo do
Estado de Florença, em 1475, identifica-se como corsário do rei de França. O
cronista Alonso de Palêncio afirma que Colombo estava ao serviço do rei de
França e de Portugal. Os reis católicos, a 16 de Fevereiro, escrevem que "Colón
cosairo, natural del reino de Francia".
-1476: O cronista Rui de Pina identifica-o como "Cullam
famoso cossairo Francês". Cristovão Rodrigues Acenheiro como "Culão cosairo".
Não é possível dizer com segurança se Pedro João Colombo era
ou não francês. A única coisa que sabemos é que andou
muitos anos ao serviço do rei de França, mas também do rei e Portugal. Poderia
ser português? A senhoria de Veneza em 1470 identifica-o como tal.
(22) Isabel de Castela e Fernando de Aragão ao
longo a fronteira de Portugal, sobretudo no Alentejo, mandam realizar várias
incursões militares e de saque. Entre as dezenas de povoações tomadas ou
atacadas destaca-se Ouguela, Noudar, Alegrete, Alcoutim, Segura, etc. Cfr.
Moreno, Humberto Baquero - A Contenda entre D. Afonso V e os reis católicos:
incursões castelhanas no solo português de 1475-1478.Academia Portuguesa da
História. Sep. dos Anais. II Série. Vol. 25. LIsboa. 1979
(23) Jerónimo de Mascarenhas - Historia de la
Ciudad de Ceuta. Sus Sucessos Militares, y Politicos; memoria de sus santos u
prelados, y Elogios de sus capitanes generales. Escrita em 1648. Edição da
Academia das Ciências de L3sboa. Coimbra. 1918. p.249
(24) Cohen, Rica Amran - Apuntes sobre los
conversos asentados en Gibraltar, in, En La España Medieval, nº. 12- 1989.
Universidade Complutense. Madrid. Esta investigadora afirma que a expulsão
ocorreu em fins de Julho de 1476 (p.250).
(25) O Duque de Medina Sidónia a troco de enormes
somas de dinheiro permitiu, em 1474, a instalação em Gibraltar dos conversos que
fugiam da Inquisição e dos movimentos anti-judaicos que grassavam por Córdova e
Sevilha.. Ao todo fixaram-se em Gibraltar um total de 4.350 cordobeses e sevilhanos. Pedro de Córdova ou Pedro de Herrera, era o
seu chefe
dos converso, assumindo a missão de financiar a defesa deste ponto estratégico.
Muitos destes conversos pensavam passar de
Gibraltar para uma praça-forte portuguesa, como Ceuta ou Arzila, onde
desfrutavam de grande liberdade.
Os sevilhanos conversos não tardaram perceber o
engodo em que caíram e fugiram, preferindo regressar à sua cidade natal. Os
cordobeses ficaram, mas em 1476 foram obrigados a participar no
cerco de Ceuta, terminando roubados e expulsos pelo Duque.
(26) O Duque de Medina Sidónia foi acusado pelos
castelhanos de tomar o partido de Portugal, acusando os rei católicos de
pretenderem afastar os nobres andaluzes da administração (cfr. Alonso de
Palencia, Crónica de Enrique IV, III 45 ).
O Duque de Medina
Sidónia, assumindo uma posição dúbia ataca sem êxito a fronteira de Portugal.
Monta um cerco a Tanger, mas os espanhóis acabam por serem atacados pelos
mouros e socorridos pelos portugueses...
(27) Os cronistas e historiadores espanhóis mais
recentes têm omitido este cerco, no qual se aliaram aos muçulmanos para atacarem
Ceuta, a primeira e única cidade que os cristãos no século XV tinham em África.
Alguns exemplos desta omissão:
- Pedro de Medina, Crónica de los Duques de
Medina Sidonia. 1561. Cópia de Martin Fernandez Navarrete. Existe cópia na BNP.
- José Marquez do Prado - Recuerdos de África.
Historia de la Plaza de Ceuta, describiendo los sitios que ha sofrido en
distintos epocas por las huestes del imperio de marrocos. Madrid. 1859
(28) Alfonso Fernandez de Palencia - Crónica de
Enrique IV, tradução de A. Paz y Melia; Crónica da Guerra de Granada: Lib. V
(29) As mais importantes referências à batalha de
1476 de Mosén Diego de Valera, estão nas suas cartas: "Epistolas Mosén Diego de
Varela enbíadas en diversos tiempos e a diversas personas". Sociedad de
Bibliofilos Españoles. Madrid. 1878. Cartas: VII, VIII,IX e X.
Na sua obra - Crónica de lo Reys Católicos -
, uma cópia de Alfonso de Palencia, continua a deturpar os factos, numa verdadeira guerra propagandísta.
(30) Palencia afirma que Colombo (Colón) era
natural da Gasconha. Muito cedo veio atacar nas costas de Portugal, tendo sido
combatido por D. Afonso V ( Estes factos estão documentados em Portugal em
relação a 1469). Quando Luis XI fez as pazes com D. Afonso V, Colombo foi
mandado para Portugal, estabelecendo a sua base em Lisboa.
Em Lisboa, não tardou a atacar aprisionar 7
navios da Viscaia, junto ao Cabo de S. Vicente, vendendo a sua carga na
Inglaterra (Hampton). Este facto conduziu, segundo Palencia, à guerra entre a
França e Castela.
Uma coisa é segura: Colombo nunca deixou de andar
ao serviço de D. Afonso V, atacando navios de aliados de França.
(32) Jerónimo Zurita - Anales de Aragón. Livro
XIX . cap. XL. Ver também, os capitulos 50 51; Livro XX: cap.12 e 64.
(33) As referências à identidade de Colombo são
muito lacónica, seguindo os cronistas portugueses. A "Historia del
Rey Don Fernando el católico: de las empresas y ligas de italia", possui o
maior número de referências a este navegador:. Livro I,
cap. 13.: era genovês, e
descobriu "las islas del oceano ocidental que llamaron Indias"; Cap.
25; Cap. 29, refere aqui a prisão de dois marinheiros portugueses que vinham com
Colombo; Livro III, cap. 16, menciona o facto de ser estrangeiro, de ser odiado
em Espanha e de se queixar dos reis espanhóis estarem a desviar-se diz que as
explorações marítimas, envolvendo-se nas guerras de África (1498); Livro IV:
cap. 54, Colombo foi enviado para poente para se encontrar com os
portugueses... em Meca !; Livro VII cap. 41, regista a morte de Colombo em maio
(1506), na cidade de Valladolid.
Zurita, nesta obra, deixa passar a ideia que
Colombo actuava sozinho, nunca referindo sequer os seus irmãos.
(34) Francesc Albardaner i Llorens-
Columbus, Corsair, and the Pinzón brothers, Pirates, in the Mediterranean before
1492, in, The Northern Mariner/le marin du nord, XXI No. 3, (July 2011),
263-278. Um texto fundamental sobre esta questão.
(35) Um aviso da Confederação das Cidades
Catalãs, datado de 3/10/1473, dá conta que um corsário "Colom", com sete navios,
perseguiu e afundou várias galés do conde de Prades (Arxiu Històric Municipal de
Barcelona, Consolat de Mar, Llibre de Deliberacions, 1-I,I-2, pp.19r-19v.). A
fotografia do aviso foi publicada por Francesc Albardaner i Llorens. |