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As Provas do
Colombo Português |
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14.
Espiões e Manobras Internacionais
Se as potências
europeias tinham espiões em Portugal, para saberem os segredos das
explorações marítimas, também este tinha uma rede de espiões e
praticava uma política activa de desinformação.
A
missão de Colombo, como veremos, até à assinatura do Tratado de Tordesilhas pelos
espanhóis, em 1494, só foi possível derivado a este poderoso sistema de
espionagem.
A
) Infante D. Pedro, o
pioneiro
O
infante D. Pedro ( 1393-1449), Duque de Coimbra e regente de Portugal
(1439-1449). A
informação que recolheu entre 1418 e 1428, na sua viagem pela Europa, África
e Ásia continua a alimentar inúmeras especulações. Para além de Espanha,
esteve em França, na Hungria onde combateu os hussitas e recebeu o feudo de
Treviso, em Inglaterra foi investido como cavaleiro na Ordem de Jarreteira,
visitou a Flandres, Alemanha, Itália, Egipto,
Chipre, Turquia, Dinamarca, Palestina e muitos outros lugares.
Não
se tratou de uma simples viagem de ilustração ou de cariz religioso, por
exemplo, para visitar a
Terra Santa. O seu objectivo parece ter sido outro. O
seu irmão - o Infante D. Henrique - ter-lhe-á pedido para recolher
informações sobre o Oriente, as rotas comerciais, e que trouxesse mapas do
mundo. Em Veneza,
onde foi recebido com grande pompa, em 1427, ofereceram-lhe o livro de Marco
Polo, mapas do oriente ou de proveniência oriental. Não é de excluir a
hipótese esta investigação tenha partido do próprio Infante D. Pedro. Como
sabemos, foi durante a sua regência (1439-1449) que os descobrimentos e a
colonização das ilhas atlânticas tiveram um formidável impulso.
O
capitão António Galvão (1490-1557), filho do cronista Duarte
Galvão, em 1563, foi o primeiro a chamar a
atenção para a importância de um mapa mundo que o infante D. Pedro trouxe das
suas viagens (13).
"No
ano de 1428, diz que foi o Infante Don Pedro a Inglaterra, França, Alemanha à
Terra Santa, e a outras de aquela banda, tornou por Itália, esteve em Roma, e
em Veneza, trouxe de lá um mapa do mundo que tinha todo o âmbito da terra, e
o estreito do Magalhães se chamava "Cola do dragam" (cauda do
dragão), o cabo da Boa Esperança, fronteira de África, e deste
padrão se ajudara o infante Don Henrique em seu descobrimento.
"Francisco de
Sousa Tavares me disse que no ano de 1528 o infante dom Fernando lhe mostrara um
mapa que se achara no cartório de Alcobaça que havia mais de cento e vinte
anos que era feito, o qual tinha toda a navegação da India, com o cabo da Boa
Esperança, como as de agora. Se assim é isto, já em tempo passado era como
agora, ou mais descoberto." António Galvão, Tratado dos Descobrimentos, Lisboa. 1563,
p.18. (Edição electrónica da BNP).
A
acreditar nesta história, por volta de 1408 já havia em Portugal um mapa do
mundo com tudo aquilo que os portugueses vieram a descobrir. O infante D. Pedro
trouxe, por sua vez, um outro mapa do mundo com novos elementos sobre a América
e o Oriente (15).
Muitos
historiadores actuais, ao lerem estas afirmações, encontraram nas mesmas uma
explicação para o conhecimento dos mares pelos portugueses (15),
nomeadamente da
América antes de 1492, das redes fluviais da América do Sul (16), e do próprio
Oriente.
Cristovão
Colombo, que durante 14 anos andou a tentar convencer D. João II do seu
projecto, teve igualmente acesso a estes mapas em Portugal.
B) Infante D. Henrique, o organizador
A exploração sistemática que entre
1415 e 1460 o Infante D. Henrique, mestre da Ordem Militar de Cristo,
organiza e promove, só podia ser mantida através de um eficaz sistema de
informação. Uma das suas principais preocupações era localizar e estabelecer
contactos com o Reino de Prestes João, com o qual pretendia fazer uma aliança
para atacar os muçulmanos, entrando pelo Mar Vermelho e atacando Meca.
Em Itália, por exemplo, os
seus agentes reuniam informações, livros e mapas do mundo, que
regularmente lhe faziam chegar. O mapa encomendado a Fra Mauro, em 1457-1459 é
disso uma exemplo. De Maiorca, mandou vir o mais notável
cartógrafo e cosmógrafo desta ilha do Mediterrâneo.
Temos conhecimento que já em 1446,
enviava os seus homens para espiar o Oriente e obter informações
sobre a localização das terras do mítico "Prestes João" (19).
Zurara, na Crónica da Guiné, dá-nos
conta que, em 1453, garamantes, tiópios e indios vieram a Portugal e
receberam muitas mercês do Infante.
O papa Nicolau V reconhece este
domínio da informação que os portugueses tinham haviam adquirido sobre o
Oriente, quando em 1454, concede a D. Afonso V, a jurisdição espiritual
das terras desde o cabo Não até à India. Seis meses depois, este rei concedeu,
por sua vez, à Ordem de Cristo, governada pelo infante D. Henrique, a
espiritualidade da Guiné, Núbia e Etiópia (20).
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C ) D. João II, mestre de Espionagem
A
ideia de chegar à India por via marítima foi claramente enunciada em meados do século XV.
A célebre bula Romanus Pontifex (8/1/1455) menciona o objectivo
prosseguido pelo Infante D. Henrique: "navegar para as partes do sul e
Oriente (...) até aos indios que, segundo se diz adoram o nome de
Cristo" (10). Que India era esta ?
Provavelmente,
como sustenta Vitorino Magalhães Godinho, trata-se apenas do Reino de Prestes
João, situado algures a oriente do continente africano. Desde
a antiguidade que persistia a tradição de fundir numa mesma denominação de
"ìndias", o conjunto dos países ribeirinhos do Oceano Indico,
compreendendo portanto, a India e a África Oriental ou
"Etiópia", onde se pensava existir um reino cristão.O
objectivo estratégico do Infante, era comunicar com este reino cristão, a fim
de encontrar para cercar pelo sul os reinos muçulmanos do Norte de África.
A
noção que a India asiática era distinta das Indias africanas (Etiópia) só é verdadeiramente assumida em Portugal no início da década de
70 do século XV. Para D. João II já não havia qualquer confusão. A sua
estratégia geopolítica envolve pela primeira vez quatro continentes (Europa,
Africa, Asia e América).
Na
primeira metade do século XV, os reis portugueses assumem como um necessidade
vital reunirem o máximo de
informações sobre o mundo, e em particular sobre as Indias, de modo a determinar a sua posição num mapa-mundi. Existem
múltiplas referências a este mapa que estava nas alcaçovas de Lisboa, onde
vivia D. João II:
"Vimos
umas canas das que tormentas marinhas trazem desde o oriente até às ilhas da
Madeira e Faial ... e um mapa do mundo muito bem pintado, numa tábua muito
grande e dourada, cujo diâmetro era de catorze palmos", Jeronimo de Munzer,
1493
O
êxito da missão dos portugueses estava dependente da informação que conseguiam
reunir sobre a geografia da Terra.
1.
Espiões em Itália
Em
Itália, que dominava na Europa o comércio com o Oriente, e reuniu durante
muito tempo importante informações sobre a Ásia, os seus produtos e rotas
comerciais. Para tentar obter esta informação, a corte portuguesa, depois de
1415, cria em Itália uma rede de agentes e espiões.
1.1.
Florença
Entre
as republicas italianas, os portugueses deram uma especial atenção aos
florentinos, uma vez que não os encararam como seus concorrentes directos. Mais
Nesse
sentido, encomendaram as seus cartógrafos mapas que lhes permitissem não
apenas saber a extensão dos conhecimentos geográficos dos italianos, como
aperfeiçoar as suas técnicas de cartografia. Entre os florentinos que
trabalharam para a corte portuguesa, destacam-se Toscanelli (1457) e Fra Mauro (1459). Mais
Os
descobrimentos dos portugueses rapidamente tornaram obsoletos estes mapas
italianos, assim como as técnicas usadas na sua feitura. As novas técnicas
introduzidas, como cartas baseadas nas latitudes, a cartografia
portuguesa coloca-se na dianteira a nível mundial.
1.2.
Milão
A
rivalidade com Veneza e Génova, levou os portugueses a aproximaram-se do
milaneses. Perestrelo, que usou o
nome falso de Marcial Barroso,
foi
enviado pelo rei D. João II a Itália para um encontro secreto com o Duque de Milão. Perestrelo era parente de Colombo.
1.3.
Santa Sé
Em Roma, junto do papa, os espiões portugueses também não faltavam.
Mas a o principal agente de informação, era o célebre Cardeal Alpedrinha. A
permanência a partir de 1480 do cardeal Jorge da Costa na Santa Sé,
permite a Portugal ter aqui um agente fundamental na sua estratégia
internacional. O cardeal é informado de tudo o que de relevante se passava nas
explorações marítimas.
2.
Espiões em Castela e Aragão
As
continuas disputas com Castela das Canárias e na costa ocidental de África,
obrigou os reis portugueses a terem em permanência, neste reino, uma poderosa rede de
espiões.
O
cronista Garcia Resende (1470? - 1536) informa-nos que nada se passava na
corte de Castela que o rei de Portugal não soubesse. D. João II tinha uma poderosa rede
de espiões ao seu serviço, contando com portugueses infiltrados, mas também
estrangeiros ao seu serviço e traidores espanhóis.
- Pêro da Covilhãé enviado, em 1484, para
Castela afim de espiar os conspiradores portugueses que aí se exilaram. Não foi
certamente o único envolvido nesta missão.
- Frei Jorge de Sousa. Natural da Ilha da Madeira. Em 1494 foi enviado para
Espanha numa missão diplomática, mas foi denunciado por traidores portugueses
a soldo da rainha espanhola.
D.
João II contava em Castela/Espanha com uma importantíssima fonte de
informação: os milhares de nobres, mercadores, cosmógrafos, cartógrafos,
capitães, marinheiros, soldados e tantos outros que aí exerciam as suas
actividades ou se haviam fixado ou exilado. Em locais estratégicos como
Sevilha, Málaga, Moguer, Palos ou Huelva existiam importantes e influentes
comunidades portuguesas. Para além disso, contava com a cumplicidade de muitos
nobres espanhóis.
Em
Aragão, os portugueses possuíam uma poderosa rede de cumplicidades,
nomeadamente entre todos os que haviam apoiado D. Pedro I (1429-1466,Condestável
de Portugal e Duque de Coimbra) quando este foi rei de Aragão.
Colombo,
neste contexto, seria apenas mais um entre
outros espiões ao serviço de Portugal, e nem sequer era o único na sua
família. Las Casas dá-nos uma informação complementar: ele e o
seu irmão Bartolomeu usavam um alfabeto secreto para comunicarem entre si (1
). Outras fontes confirmam esta
informação.
Da acção destes espiões, darão conta a Colombo os próprios reis espanhóis em
várias cartas que lhe dirigem. Recorde-se que na primeira viagem à America,
seguiram dois espiões portugueses que desembarcaram em Lisboa (4/3/1493). Mais
3. Espiões enviados para o Caucaso (Geórgia)
O objectivo de atingir a India por
Terra levou D. João II a enviar para oriente em diferentes rotas.
- Doutor Martin Lopes.
Em 1491 saiu de Roma, um dos menos conhecidos espiões portugueses. Dirigiu-se
para o Caucaso (Geórgia), provavelmente com o objectivo de através da Russia
atingir a Ásia e chegar à India. Acabou por percorrer as estepes russas,
atingindo o Mar Artico, percorrendo os reinos do Báltico. Ao fim de 9 anos
viagens e observações, regressou a Roma, e daqui entrou em contactou o novo rei
de Portugal - D. Manuel I - enviando-lhe uma carta dando conta do que vira, e
mostrando-se dispostos a fazer uma relação minuciosa (17).
4.
Espiões enviados para a India
Para
além das explorações marítimas, as mais conhecidas, de forma sistemática foram também enviados
por terra espiões para obterem informações sobre a India:
- Frei António de Lisboa e Pêro de Montarroio. Foram enviados por
D.João II para o Médio Oriente, para recolherem informações sobre a
India, mas não terão passado de Jerusalém. O fracasso da sua missão ficou a
dever-se ao facto de não dominarem a língua árabe.
- Pêro da Covilhã. O mais famoso dos espiões portugueses. Nasceu em
Portugal. Na sua juventude viveu na Andaluzia com os duque de Sevilha (Duque de
Medina Sidónia), onde aprendeu a falar espanhol e árabe. Na guerra da
sucessão, em 1474, regressou a Portugal, ficando ao serviço de D. Afonso V,
que acompanhou na invasão de Castela e na viagem a França. Passou depois a
serviço de D. João II, tendo sido enviado a Castela, em 1484, para espiar os
nobres portugueses que aí se haviam exilado. Foi enviado, pelos menos duas
vezes, em missões ao Norte de África.
Em 1487 é enviado, com Afonso Paiva,
natural de Castelo Branco, para o Oriente para recolher informações sobre a
India, rotas comerciais e acessos por mar. Passou por Valência, Barcelona,
seguiu para Nápoles, Rodes e Alexandria (Egipto). Foi ao Cairo, integrou uma
caravana de mercadores que seguia para Adém, na entrada do mar Vermelho. Nesta
cidade, separou-se de Afonso Paiva, que se dirigiu para a Etiópia. Pero da
Covilhã seguiu para Cananor, atingindo depois Calecute (Dez.1488 - Jan 1489).Visitou
depois Goa (1489), e em seguida partiu para Ormuz. Desconhece-se a razão porque
percorreu depois a costa oriental de Africa até Sofala.
No
Cairo, foi informado por dois espiões portugueses enviados por D. João II da
morte de Afonso Paiva. Depois de passar as informações que recolheu a
Mestre José, que as trouxe para Lisboa, conduziu Abraão de Beja a Ormuz.
Concluída esta missão partiu para a Etiópia, onde chegou em 1491 ou
1492. Foi recebido na corte em Eskender, mas não lhe permitiram regressar a
Portugal. Uma embaixada portuguesa
à Etiópia, em 1521, descobriu este espião português (8).
As
suas informações foram preciosas para a Viagem de Vasco da Gama.
<
- Mestre José (Josef). Judeu português, nascido em Lamego. Espiava em Bagdade, Bsra e
Ormuz, sobre o comércio do Oriente. Estava no Cairo, onde encontrou Pêro da
Covilhã no regresso da India.
- Abraão de Beja. Judeu português, rabi. Estava no Cairo, onde encontrou
Pêro da Covilhã no regresso da India.
A notícia da chegada dos portugueses
à India, por volta de 1488, provocou poucos anos depois um enorme sobressalto em
Veneza e Génova. Dominico Malipero, nos Annali Veneti, regista em 1491 uma informação enviada pelo embaixador veneziano em Roma, Jerónimo Donato, que o rei português avisara o Papa do desejo de um rei
de Calecute se converter ao cristianismo. Cinco frades sacerdotes
portugueses haviam seguido para a India, com o necessário para celebrarem missa,
tendo sido recebidos com muita honra e edificado já uma igreja. O rei indiano,
todavia, não permitiu que os pobres se convertessem ao cristianismo por os
considerar indignos (18).
5.
Espiões enviados para o interior de África
Desde
muito cedo, foram enviados portugueses para o interior de África, a fim de
obterem informações sobre o Reino de Prestes João.
Uma
das primeiras expedições portuguesas que partir da costa ocidental de África
procurou explorar o interior deste continente, oi realizada, em 1435, por Afonso Gonçalves
Baldaia (Zurara, Crónica dos Feitos da Guiné, cap.IX). As
tentativas de penetração terrestre não pararam. João Fernandes, em 1444, foi
o mais célebre dos lançados. Foi deixado na região do Rio do Ouro (actual
Mauritânea), durante mais de sete meses, tendo se relacionado com as tribos da
região e aprendido a sua língua. Diogo Gomes de Sintra, em
1456, que penetrou pela Gâmbia atingindo Cantor (Kuntaur).
Durante
o reinado de D. João II (1481-1495), os portugueses penetram pelo interior de
África a partir da Guiné e do Congo, nomeadamente através dos célebres
lançados. O objectivo era atingir o Reino de Prestes João e obter
informações sobre a costa oriental de África. Informações vitais na rota
para a India contornando África.
João
Afonso Paiva de Aveiro, em 1484 ou 1485, foi enviado para o Benin.
Missionários-astrónomos foram também para aqui enviados, com o fito de
alcançar o Ogané (1486). Outros foram enviados até junto dos reis do Songo e
dos Mosses a partir de S. Jorge da Mina. Fizeram-se tentativas de subir o
Senegal e o Gâmbia, destruindo inclusive os rápidos que punham obstáculos à
navegação fluvial. Gonçalo Antas, Gil e Vicente Anes atingiram Felu. Diogo
Cão percorre o rio Zaire (7).
Gonçalo
Eanes, acompanhado e Pêro de Évora, em 1487, exploraram o interior da África,
aproveitando as rotas comerciais através do Sara e do Sudão, tendo chegado a
Tekrur (interior da Mauritânea) e a Tombuctu (interior do Mali).
A Crónica da Guiné de Rui de Pina
regista que por volta de 1490, o
rei do Congo passara a apoiar a estas expedições terrestres portuguesas, as
quais haviam assumido um carácter permanente.
Esta
rede de espionagem em África, era apoiada pela formação de
"línguas" (interpretes nas várias línguas africanas), de
"lançados" ou "tangomaus" (homens e mulheres largados de
navios no continente para espalharem
ou recolherem informações), assim como na formação de bolsas cristãs em
vários pontos estratégicos ao longo da costa africana. Colombo, na sua
primeira viagem, levava consigo um destes "línguas" portugueses,
oriundo da Guiné. |
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D ) Manobras Internacionais
A tomada de Ceuta, em 1415,
mostrou que Portugal era capaz de organizar manobras de diversão envolvendo
vários reinos europeus.
D. João II no apoio que deu à
missão de Colombo, realizou também uma operação idêntica, de forma a
pressionar os reis espanhóis a aceitarem o seu projecto de atingir a India
navegando para Ocidente.
Nesta
operação com alguns dos seus principais aliados em termos internacional - a Inglaterra e o Alemanha (Sacro-Império) -, para em momentos diferentes conduzirem a
Espanha para uma falsa India, deixando o caminho livre para os navegadores
portugueses puderem prosseguir as suas explorações marítimas.
1. Inglaterra
Desde o século XIV que Portugal tinha uma aliança militar com a Inglaterra. As
ligações não eram apenas políticas e económicas, mas também familiares
entre as duas Cortes. A Dinastia de Aviz (1385-1580), estava desde a origem
ligada aos Duques
de Lencastre.
A Inglaterra até 1493 não
manifestou nenhum firme interesse nas explorações marítimas. Tradicional aliada de Portugal, limitava-se a negociar as mercadorias que os
portugueses traziam de África.
1.1. Ameaça. Os ingleses apenas, em 1480,
chegaram a constituir um perigo para o domínio português em África. Alguns
mercadores de Bristol tentaram ir à Guiné. D. João II, prontamente informado
das suas intenções, conseguiu que o rei de Inglaterra impedisse a expedição.
1.2. Charlatões ?.Um ano depois de Colombo
partir para Castela, aparece em Lisboa uma misteriosa personagem - "Monseor Duarte,
Senhor d`Escalhas em Inglaterra, irmão da Raynha de Inglaterra, molher que foy
d`El-Rey Duarte" (4).
Trata-se de Lord Edward Woodville (de Wydville,
de Erarl of Scales, 1455-1488), irmão da célebre Elisabet Woodville
(1437-1492), mulher de Jonh Gray e que acabou por se casar com Eduardo IV,
rei de Inglaterra (1442-1483). O pai teve o título de Lord Rivers, um irmão
foi Duque de Norfoldy, uma irmã Condessa de Arundel e outra condessa de
Penbroke.
Estaria em Lisboa de passagem
para Castela, onde pretenderia tomar parte da conquista de Granada, o que só
veio a ocorrer em 1492, seis anos depois. Foi recebido no Tejo por Fernão
Lourenço, Tesoureiro e Feitor da Guiné. Após uma intensa vida social na
cidade, dirigiu-se finalmente para Castela, onde depois de cumprir uma enigmática
missão, não tardou a regressar a Portugal (1486).
Após esta curta viagem em terras
castelhanas D. João II recebeu-o com grande pompa, mostrando-se muito agradado
dos seus serviços. No regresso a Inglaterra o rei deu-lhe uma boa nau,
aparelhada com tudo o que necessitava para fazer uma viagem com o conforto, em
paga do trabalho prestado.
Em 1488 Edward Woodwille, com
seus quatrocentos homens, morreu na batalha de Saint Aubin du Cormier, quando
prestava auxílio a Francis II, Duque da Bretanha que lutava contra Carlos VIII
rei da França, defendendo a independência da Bretenha. D. João II quando
soube da sua morte demonstrou uma enorme tristeza "por perder nelle
hu bom servidor" (por perder um bom servidor) (5 ).
Continua a ser um mistério os
serviços que Lord
Woodwille prestou a D. João II em Castela e em Inglaterra.
Uma coisa é certa: Colombo em
1486 passa a relacionar-se com a alta nobreza castelhana, recebendo a partir
daí uma tença sem nada ter descoberto.
1.3. Portugueses em
Londres. Em
Fevereiro de 1488, Bartolomé Colon vindo de Lisboa, segundo próprio
afirma, chegou a Londres, onde foi logo recebido na corte do rei Henrique VII de Inglaterra. O seu objectivo era vender-lhe o projecto do seu irmão de atingir a
India, navegando para Ocidente. O rei inglês, apesar de não se manifestar
interessado no projecto, não deixou de financiar a sua estadia e viagens.
Nesta mesma altura, Lopo de
Albuquerque estava também em Londres para tentar organizar uma expedição
de mercadores ingleses á Guiné. Desconhece-se a relação entre Bartolomeu e
Lopo. Seriam a mesma pessoa ?
2. Alemanha
Maximiliano I, imperador da
Alemanha era filho de Dona Leonor, irmã de D. Afonso V. Era portanto primo de D. João II e da
Rainha Dona Leonor de Lencastre. A julgar pelos dados que conhecemos parece ter
jogado um papel decisivo nas manobras destinadas a empurrar Castela para o logro
das Indias (Ásia) ( 2 ).
Tendo em conta estas relações
de Maximiliano I com a família real de Portugal, a sua intervenção tem
que se ser enquadrada em distintos planos.
2.1. Interesses económicos
Os mercadores alemães durante
os reinados de D. Afonso V, D. João II e D. Manuel I usufruíram de
privilégios especiais em Portugal. Neste sentido, sempre se mostraram
disponíveis a apoiarem as explorações portuguesas.
Durante a guerra contra Carlos VIII, rei da França, em Maio de
1488,
Maximiliano I foi traído pelos governadores da cidade de Bruges, a sua guarda
foi assassinada e ele acabou metido numa prisão.
D. João II mal soube do sucedido
ordenou luto nacional, mandou Duarte Galvão à Flandres, declarando que Portugal entraria em guerra contra quem
fosse necessário até à libertação de Maximiliano I, mostrando-se também
disposto a pagar um elevadíssimo resgate (9). A própria feitoria portuguesa em Bruges entrou desde logo em acção, pressionado os governadores a libertarem-no.
D. João II mandou igualmente constituir uma
poderosa armada para ser enviada para Bruges. Duarte Galvão quando chegou a
Bruges já o imperador tinha sido libertado, o que foi efusivamente
festejado em Portugal.
A retaliação portuguesa pela
prisão de Maximiliano não tardou acontecer.Em 1499 a poderosa colónia de
mercadores portugueses já se havia fixado em Antuérpia, entrando Bruges
em completa decadência. A 24/11/1501 aportava a Antuérpia o 1º. navio
português carregado de especiarias. Portugal, em 1511, passou a ser neste porto
uma nação com privilégios especiais, a cidade iniciava a sua época de
Ouro.
Este apoio imediato concedido
pelos reis de Portugal, estará talvez na origem da profunda ligação de
Maximiliano com os reis de Portugal e em particular com a Rainha Dona Leonor de
Lencastre.
2.2. Aliança Política
A Alemanha afirmava-se como o
bastião da Europa Oriental na luta contra a expansão turca. Uma dos objectivos
fundamentais da Ordem do Tosão de Ouro da qual Maximiliano I era
grão-mestre, e à qual pertenciam os reis de Portugal desde a fundação desta
Ordem.
2.2.1. Dimensão esotérica
A Ordem do Tosão de Ouro nos séculos XV e XVI foi identificada
com os segredos dos alquimistas.
Maximiliano I procurou transmitir à Corte portuguesa, através de Dona Leonor
de Lencastre, uma interpretação esotérica da expansão portuguesa. A
pintura e as relíquias que lhes ofereceu, assim como as misteriosas personagens
que lhe enviou a partir de 1484 (2) , transmitem todas uma visão escatológico
da história e a necessidade dos reinos cristãos reconquistarem Jerusalém. Mais
Este tipo de discurso era na
época muito popular em Portugal.
2.3. Mapas, Globos e Projectos
de Expedições Marítimas
Entre 1488 e 1493 destacam-se
quatro personagens, que comungavam destas ideias escatológicas, e que possuem uma relação ainda não
totalmente explicada com Colombo.
O seu objectivo comum,
parece ter sido o de produzirem mapas e globos de forma a demonstrarem que a
Ásia era alcançável navegando para ocidente a partir de Lisboa.
a) Lopo de Calvos
Continua a ser um enigma a vida
deste português, mercador da cidade do Porto, que foi para Bruges (Flandres)
ainda no reino do de D. João II. O certo é que em 1496, Maximiliano I , em
Imnsbruck, passa-lhe uma carta de nobreza e dá-lhe um brasão pelos serviços que
prestados, ao Sacro Império Germânico, como navegador. D. Manuel I apressou,
logo em 1496, a confirmar as suas armas.
b) Duarte Galvão na Alemanha e
em Espanha
No ano decisivo para a missão de
Colombo em Castela (1488) é enviado, como vimos, como embaixador
para a Alemanha, onde recebe uma alta condecoração.A sua biografia oficial
regista o seu regresso pouco depois a Lisboa.
No entanto, sem haver nenhuma
explicação plausível, em 1492 encontrava-se em Espanha, onde fazia parte
do grupo dos exilados portugueses. Recebe então 100 mil maravedis dos reis espanhóis. (consultar).
No ano seguinte vem para Portugal, sendo nomeado por D. João II para o seu
conselho, passando a receber uma fabulosa tença ("por padrão") de
25.000 reis. D. Manuel I confirmou-a em 1496.
O que andou a
fazer na Alemanha ? O que o terá levado a Espanha ? Porque é que lhe foi
abonado com uma quantia tão elevada de dinheiro pelos reis católicos ? Quais
foram os serviços que D. João II o recompensou ?
Por ordem de D. Manuel I, em 1496 começa a escrever a Chronica do Muito
Alto e Muito Esclarecido Príncipe D. Afonso Henriques, Primeiro Rey de Portugal. Crónica
de D. Afonso Henriques, na qual atribuiu a Portugal uma missão divina. Foi
o grande ideólogo deste reinado. Era adepto das ideias de Joaquim de Fiori.
c) Henricus Martellus
Poucos
meses depois de Bartolomeu Dias ter chegado a Lisboa (Dezembro de 1488), este
cosmógrafo alemão , edita o seu célebre planisfério onde regista não só
este feito, mas outras recentes descobertas portuguesas. Quem lhe forneceu a
informação? Duarte Galvão ? Ou Bartolomeu Colón, como sustentou Jaime
Cortesão? Mais
Este planisfério, baseado em
mapas portugueses, contém uma informação da maior importância: fixa em cerca
de 3.000 km a distância entre a Europa e a ilha de Cipango (Japão), que ficava
por sua vez a cerca de 1.500 km do Catayo (China), navegando pelo Trópico de
Câncer.
Martin de Behaín, no seu
globo, fixou também a mesma distância. A sintonia é total.
Foi esta a distância e um
mapa semelhante que Colombo se serviu, para convencer os reis de Espanha a
apoiarem a sua viagem até ao Japão !...
d) Martin Behaím (Martinho
da Bohemia)
Este célebre cosmógrafo alemão vivia em Portugal desde 1482. A 18/2/1485 foi
armado cavaleiro por D. João II, o que revela uma ligação muito próxima com
o mesmo. Em 1488 casa-se com Joana de Macedo, filha de Josse
van Hurter, capitão das ilhas do Faial e do Pico (Açores).
Em 1490 deixou Portugal,
numa missão secreta, e parte para a Alemanha. Dois anos depois cria o conhecido globo
terrestre que
se encontra no Museu Germânico de Nuremberga.
Um dos factos mais interessantes
do globo, como dissemos, é que a distância entre a Europa e a India (Ásia) é
mínima, estando de acordo com a carta e o suposto mapa de Toscanelli e aquilo que Colombo afirmou junto dos reis católicos.
O globo contém dados
aparentemente inexplicáveis, como a distância da ilha do Faial (Açores), onde
Martin Behaim vivia, e que é mais do dobro da realidade (50º. em vez de 20º). É dificil explicar
semelhante erro, até porque na altura conhecia-se a distancia exacta. A única explicação
plausível é que procurou reforçar os cálculos
apresentados por Colombo aos reis espanhóis.
Após ter realizado o Globo voltou para Portugal, onde
morreu, em 1507, no Hospício
alemão de São Bartolomeu, em Lisboa.
e ) Expedição dos Fugger e
Gossembrot
D. João II procurava na altura,
por todos os meios, envolver várias potencias europeias em expedições para
ocidente, me particular a Inglaterra e a Alemanha. Era a forma de afastar a concorrência do caminho maritimo para a India
que estava a seguir.
Neste sentido, o português Diogo Fernandes Correia, por sugestão de Maximiliano I, dirigiu-se aos Fugger e a Gossembrot para que subsidiassem uma
viagem ao Catai (China). A rota estava definida no globo que Martin Behaim havia
realizado e que constava no mapas que levara de Portugal.
As duas casas comerciais de
Augsburgo, após uma longa análise da proposta, acabaram por se mostrar dispostas a financiar a expedição,
mas a mesma não se
realizou devido à antecipação de Colombo (14), que a realizou à serviço de
Espanha.
f) Jerónimo Munzer em Espanha
e Portugal
Martin
Behaim voltou para Portugal, em 1493, trazendo consigo uma carta do alemão
Jerónimo Munzer, datada de 14 de Julho de 1493, isto é,
quatro meses depois de Colombo ser recebido por D. João II. Nesta carta propõe
ao rei português que faça uma expedição ao Catay (China), semelhante à que
Colombo havia realizado. O navegador indicado era Martin Behaim. A
carta não faz aparentemente qualquer sentido (6).
Jerónimo Munzer, acabou por
viajar da Alemanha até Sevilha
(Espanha), onde observou os indios que Colombo trouxera das Indias (Ásia). A seguir foi para Évora (Portugal) afim de se encontrar com D.
João II, o qual concedeu-lhe uma longa entrevista a 16 de Novembro de
1494. Visitou depois em Lisboa o mapa de Fra Mauro no Paço das Alcáçovas e as
célebres canas na Igreja de Carnidade (30/11/1494), dirigindo-se depois para a corte espanhola em Madrid.
Qual foi o discurso que
pronunciou, em Janeiro de 1494, a Isabel e Fernando ? Uma mensagem
esotérica: Fez um discurso escatológico, mostrando que chegara o momento
histórico da para a descoberta ter acontecido, assim como para a reconquista de
Jerusalém, fundando-se o Império do Espírito Santo. Joaquim de Fiori (Gioacchino
da Fiore) é apresentado como o profeta dos novos tempos. Colombo teria
certamente subscrito este discurso.
Assumiu implicitamente como
conveniente que Portugal e a Espanha se entenderem nas explorações marítimas,
numa altura em que se estavam a concluir as negociações sobre o Tratado
de Tordesilhas.
Evocando Maximiliano I dava desta
forma explicitamente o apoio às ideias de Colombo, mas também apelava à
assinatura do Tratado que dividia o mundo entre dois reinos peninsulares.
Joahnes Ruysch
Anos
depois destes acontecimentos, os cartógrafos alemães continuavam a produzir
mapas com base em informações portuguesas. Ruysch viveu e trabalhou em
Portugal, como cartógrafo e iluminador (12) tendo, em 1507, produzido o seu célebre
planisfério. Uma legenda nas Antilhas continua a evocar o facto de terem sido
descobertas por portugueses ...
3. França
A França limitou-se nos séculos
XV e XVI á pirataria nos mares. As explorações marítimas francesas só
começam no século XVI, com a ajuda dos portugueses.
3.1. Portugueses em França.
Bartolomeu Colon, não tendo conseguido vender o seu projecto a Henrique VII de
Inglaterra segue para França, onde é recebido na casa de Anne de Beaujeau, primogénita de Luis
XI, numa altura que era regente de França. Continuou a ser
mantido por Anne de Beaujeau, na casa da qual se encontrava quando em
1493 Carlos VIII o chama para lhe dar conhecimento da descoberta do seu irmão.
Recorde-se que nesta altura, a França era aliada de Portugal.
Na mesma altura que Bartolomeu
chega a França, chega também Lopo de Albuquerque. Quando um foi para Espanha,
outro também.
Dois factos
estranhos:
-
Portugal parece interessado que uma qualquer potência europeia avance para
Ocidente rumo à India, e por isso não impede mas antes facilita e promove os
contactos internacionais de Bartolomeu Colon na Inglaterra e França.
- Colombo e os seus irmãos, não
consideram sequer a hipótese de proporem a viagem a qualquer cidade ou senhor
italiano. A Itália, assim como os italianos não fazem parte dos seus
projectos. Colombo nunca visitou a Itália !
4. Repúblicas Italianas
No século XV a Itália continua
a ser um mosaico de pequenas repúblicas e territórios de outros reinos
europeus.
Das três grandes republicas
italianas - Veneza, Génova e Florença -, apenas os mercadores da última foram
claramente privilegiados pelos reis portugueses. As duas primeiras foram sendo
assumidas como rivais nas explorações marítimas.
Portugal manteve ao longo de todo
o século XV intensos contactos com Florença (11). Não admira que o célebre
florentino Marchione, naturalizado português, em 1482, esteja ligado ao financiamento da primeira viagem
à América.
Após a saída de
Colombo de Portugal, em 1485, D. João II envia também para a Espanha um grupo de
mercadores de origem florentina, que passam acompanhar este navegador.
Todos saíram de Lisboa,
onde estavam ligados ao comércio de escravos. Era também do seu interesse,
como vimos, afastar os espanhóis das costas de África e da rota para a
verdadeira India. Mais.
E ) Apoio dos
Judeus
O apoio dos judeus
Espanha foi fundamental para a viagem de Colombo. Porque o fariam ? O destino
dos judeus neste país estava traçado: - a morte ou a fuga. Aparentemente pouco
tinham a lucrar com a operação,
mas Portugal surgia-lhe como a sua salvação.
Se os reis
espanhóis expulsavam, perseguiam, matavam e roubavam os judeus, o rei
português tinha nesta época uma política activa no seu
acolhimento.
Judeus, com
ligações directas Portugal, surgem em todas as operações de Colombo em
Espanha Mais. |
|
F
) Contra-Informação
Os
portugueses nos séculos XV e XVI foram verdadeiros mestres na
contra-informação, produzindo mapas
falsos, atribuindo falsos cálculos às distâncias marítimas e efectuando
espantosas manobras de diversão. A sua
pequena dimensão face aos
seus principais inimigos na altura, exigia-lhes muita inteligência para lidarem
com as diversas situações.
O
primeiro exemplo paradigmático desta arte foi a celebrada conquista de Ceuta,
em 1415, onde foram postas à prova estas capacidades, numa estratégia que
envolveu outras potências europeias. |
|
Mapas, Roteiros e
Crónicas Portuguesas no Estrangeiro
Desde o século XV
milhares de documentos onde constavam informações sobre descobertas geográficas
de Portugal foram roubados ou vendidos a outros países. Esta documentação está
hoje espalhada por todo o mundo. Mais |
|
Carlos Fontes |
|
Notas:
(
1 )(cfr.
Las Casas, Historia.., Cap. VII).
(2
)
Desde 1484 que se regista a presença de personagens alemãs enigmáticas em
Portugal:
- Christian Rosenkreuz (1378-1484). No
mesmo ano que foi assassinado na cidade de Setúbal - D. Diogo, mestre da Ordem
de Cristo -, Colombo fugiu secretamente para Castela. Coincidência, ou talvez não,
a Alemanha, morreu também neste ano, Christian Rosenkreuz (1378-1484),
enigmático cavaleiro a quem se atribui a criação de uma
"Fraternidade" mistica - a Ordem Rosacruz - ligada aos alquimistas
e astrólogos.
Christian
Rosenkreutz, nasceu em 1378 na Alemanha, visitou Damasco, a Terra Santa, Egipto
e Marrocos, onde estudou com vários mestres das artes ocultas. É inevitável
que nesta última viagem, contacta-se com os portugueses que dominavam desde
1415 as principais cidades da costa de Marrocos como Ceuta, Tanger, Arzila, Alcácer
Seguer, Safim, etc.
- Misterioso
Cavaleiro Alemão. A sucessão de
estranhas coincidências ocorridas em 1484 envolvem outro cavaleiro alemão. Os
acontecimentos que rodearam a morte de D. Diogo, Mestre da Ordem de Cristo,
foram testemunhados por Nicolaus Von Popplau - natural da Silésia
(região que está hoje dividida entre a Alemanha, Polónia e a República
Checa).
Trata-se de uma enigmática
personagem que andava por toda a Europa num
carro atrelado a um cavalo de combate, sobre o qual colocou uma enorme lança.
Em 1484 estava na cidade de Setúbal, por razões que se ignoram. Pretendia
encontrar-se com a Rainha Dona Leonor de Lencastre, tendo D. Diogo, se oferecido
para o levar junto da sua irmã, mas este recusou para não levantar falsas
ideias em D. João II.
Regressou a Lisboa, onde teve
conhecimento do "assassinato" que ocorreram no dia anterior. Não teve
dúvidas em afirmar que eram fantasiosas as descrições que então foram feitas
dos trágicos acontecimentos (1 ).
O que andaria a fazer em Setúbal em conversões com D. Diogo ? Qual o seu interesse em
falar com a Rainha Dona Leonor ?
(3 )
(4) Rui de Pina,
(5) Rui de Pina,
(6 ) Viagens de Estranjeros por Españ y
Portugal en los siglos XV-XVI-XVII. Colleccion de Javier de Liske - Nocolas de
Puppielas (Nicolaus Von Popplau). Año de 1484. Traduzidas em castelhano por F.R.
(7) Thomaz, Luis F.R. Fílipe - De Ceuta a Timor.
Lisboa.Difel. 1994. p.163
(8) Conde Ficalho - Viagens de Pero da
Covilhã. reedição da Imprensa Nacional – Casa da Moeda, 1988; 1ª ed.
1898.
( 9 ) Rui de Pina - Crónica,
cap. XXXII.
(10) A crença que na India existiam cristãos ainda aparece na
carta que D. Manuel I envia ao papa comunicando a descoberta do caminho
marítimo (1499).
(11) As relações entre Portugal
e Florença, no século XV,eram muito diversificadas: cartografia (Toascanelli,
Fra Mauro), comerciais (Marchioni enre outros), militares (importação de
armas), religiosas (D Leonor e o Convento da Anunciada), artistíticas (La Robia,
etc). A presença de portugueses em Florença também se fez assinalar (túmulo
do cardeal). Os florentinos criaram também os seus locais próprios de culto em
Portugal (Igreja dos Italianos em Lisboa).
(12 ) A historiadora Sylvie
Deswarte-Rosa, da Universidade de Lumière de Lyon, sem descartar a hipótese de
em Portugal terem trabalhado duas pessoas com o mesmo nome, um cartógrafo e
outro iluminador, identificou três trabalhos de Jan Ruysch iluminador,
referentes ao período de 1536-1539.
(13) António Galvão, foi
administrador das ilhas Molucas. Escreveu a primeira obra sobre as descobertas
maritimas dos portugueses e espanhóis - Tratado dos Descobrimentos - editada em
Lisboa, no ano de 1563..
(14) Gotz Freiherr von Polnitz - Jakob Fugger,
Tubingen.Mohr. 1949-1951. Vol. I, p.48 e vol. II, p.18, citado por José Manuel Garcia, D. João II vs. Colombo, p.51
(15) O historiador inglês -
Gavin Menzies-, autor da obra - "1421 - O ano em que a China Descobriu o
Mundo" (1421- the year China Discovered The Word, 2002), defende a tese que
o mapa que D. Pedro trouxe para Portugal era de origem chinesa. Entre 1405
e 1433, o almirante chinês Zheng He (c.1371-c.1435), efectuou seis viagens pelo
Oriente, e uma que terá chegado à costa sudoeste de África. Esta é
a razão porque o seu mapa não regista qualquer topónimo de África
Atlântica.
Com
grande imaginação, Menzies inventou uma viagem chinesa à volta do mundo, em
1421. O delírio é completo. Uma coisa é certa: em 1433 é decretado o fim destas expedições
maritimas chinesas.
(16)
Paul Gallez, historiador argentino, mostra que os portugueses já tinham um mapa
da rede fluvial da América do Sul, na sua obra "La Cola del
Dragón.América del Sur en los mapas antiguos, medievales y renascentistas. B.
Blanca. Instituto Patagónico.1990. Vários outras historiadores têm
desenvolvido a mesma tese.
(17) Viterbo, F. de Sousa - Noticia sobre alguns
Médicos, Imprensa Nacional. Portugueses. Lisboa. 1893, p.43; Marques, João
Martins da Silva - Descobrimentos Portugueses. Lisboa. Inst. Alta Cultura.1971.
vol.III;, Sérgio, António- Breve Interpretação da História de Portugal.
Lisboa. Livraria Sá da Costa.1972, p. 54
(18) Citado por Andrade, A. A. Banha de - Mundos Novos do Mundo, vol. I, p.209
(19) Thomaz, Luis Filipe F. - Gaspar da Gama e a
Génese de Estratégia Portuguesa da India, in, IX Simpósio de História Maritima.
D. Francisco de Almeida, 1º. Vice-Rei Português. 22 - 24 de Outubro de 2005.
Academia da Marinha. Lisboa. 2007.
(20) Cortesão, Armando - Esparsos. Volume 1. |
|
Continuação:
15. Missão Espanhola
16. Nobre em
Fuga 17. Lugares em Espanha 18. Descobridores e Conquistadores
19. Castelhanos
20. Portugueses em Espanha. 21. Apoio de
Judeus
22. Negociante
Oportuno de Miragens
23. A Bandeira de
Colombo 24. Nomes
de Terras
25. Regresso
da primeira viagem 26. Significado de um reencontro
27. Partilha
do Mundo
28.Defensor de
Portugueses 29. Patriotismo
30. Mentiroso e Desleal 31. Regresso
da segunda viagem 32. Manobrador
33. Assassino de Espanhóis
34. Impacto da Viagem de Vasco da Gama 35. Perseguido 36. Ocultação
37. Armadilha
Genovesa 38. Mercadores-Negreiros Italianos
39. Genoveses
a Bordo
40. Descendentes de Colombo 41. Descendentes (cont. ) 42. Descendentes (concl.)
43. Historiadores Portugueses. 44. Lugares do Navegador em Portugal
45. Cronologia
da Vida de Colombo |
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As
Provas de Colombo Italiano
As
Provas de Colombo Espanhol
. |
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Carlos Fontes |
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