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As Provas do
Colombo Português
29.
Patriotismo
a)
D. João II, o principe perfeito
1. Amizade ou Inimizade ?
Rui
de Pina e Garcia de Resende esforçaram-se por mostrar que as relações entre Colombo
e D. João II eram as piores possíveis.
O rei sentiu-se de algum modo traído
quando este chegou a Lisboa vindo das Indias (América), que alguns dos seus
conselheiros mostraram-se mesmo dispostos a matá-lo. Esta versão de
animosidade foi repetida por Hernando Colon (I, 74), cuja obra, como vimos, foi
publicada em Itália.
Las
Casas e o próprio Colombo apresentam uma versão contrária destas
relações.
Recepção entusiástica
Colombo foi recebido em Lisboa de
forma entusiástica."Todos davam infinitissimas graças a nosso senhor por tanto bem e
acrescentamento da cristandade" (Diário de Bordo, 7/3/1493).
Em Vale do Paraíso,
D.João
II, mostrou-se igualmente agradado com as suas descobertas, embora lhe disse-se que pensava
que as ilhas que descobrira eram suas de acordo com o Tratado de Alcaçovas-Toledo (1480). Colombo apresentou as reis espanhóis cálculos
completamente errados, mas o rei português foi capaz de imediato de os
identificar. O rei, na descrição do Memorial de la Mejorada (1497),
mostrou-se espantado com o número de ilhas e riquezas que Colombo afirma ter
descoberto (p.334), mais uma vez não se deixando enganar.
No
entanto, disse-se-lhe graciosamente ("graçiosamente") que o assunto
ser resolvido entre ele e os reis espanhóis, e não através de terceiros
(idem, 9/3/1493). As atenções para com Colombo foram constantes, ao ponto de
no dia 11 de Março, quando se despediu do rei ter escrito que este lhe mostrou
sempre muito amor ("mucho amor").O Almirante afirma ter recebido em
Portugal muitas honras e favores (idem, 9/3/1493).
O rei mandou pelos seus "fazedores" que dessem tudo o que Colombo e tripulação
necessitasse, sem dinheiro e se
fizesse tudo conforme este quisesse (Idem, 8/3/1493). Quando este partiu de
Vale do Paraíso, mandou dar-lhe uma mula se o mesmo quisesse fazer o trajecto
por terra para Espanha, tendo também presenteado o piloto que levava consigo.
Em Santo António da Castanheira,
a Rainha Dona Leonor, D.Manuel (Duque de Beja) e o Duque de Vila Real, fizeram
questão de também o receberem de forma igualmente entusiástica, num encontro que
durou um dia.
2. Uma Longa Amizade
Colombo, ao contrário do que
procuraram mostrar os cronistas portugueses, afirma que tinha uma longa amizade
com D. João II, o que parece demonstrado pelos factos.
Muitas Conversas
Afirma que durante 14 anos
tentou convencer D. João II a atingir a India navegando para Ocidente (Textos, p.530).
Não se tratou de uma conversa, mas de muitas ao longo de muito anos.
Se tivermos em conta que Colombo foi para
Castela, em 1485, as conversas terão começado por volta de 1471. Uma data que não corresponde à que a maioria
dos historiadores apontam (1480).
As conversas começaram, portanto,
quando o principe e futuro rei D.João, ainda não havia assumido a direcção dos
assuntos da Guiné, a investigação dos mares, terras, gentes e coisas que nelas
existiam. Esta transferência de poderes ocorreu a 3/5/1474, quando D. João
completou 19 anos de idade. Os navegadores portugueses na altura já haviam
chegado ao cabo de Santa Catarina, pouco a sul do Equador.
Ensinamentos reais
Ao longo dos anos D. João II não se limitou a
conversar com Colombo, procurou entusiasmá-lo a prosseguir o seu projecto de
atingir a India (Asia), navegando para ocidente. Conforme afirma nos seus
escritos:
Permitiu-lhe o acesso à
correspondência trocada com Toscanelli. Colombo transcreveu uma carta de
Toscanelli, datada de 25/6/1474, dirigida a Fernando Martins, cónego da Sé de
Lisboa (2). Tratava-se de um pedido de D.Afonso V, mais correctamente do
principe D. João, sobre a possibilidade de atingir a Ásia navegando para
Ocidente.
Autorizou-o a participar na
expedição luso-dinamarquesa, em 1477, à Gronelândia, mas também a fazer várias
viagens à Guiné e a S.
Jorge da Mina (1481).
O próprio rei, segundo afirma
José Manuel Garcia, mostrou-lhe as canas vindas de
terras a Ocidente haviam chegado à Ilha da Madeira e a do Faial nos Açores, e
que estavam expostas na Igreja de Carnide, em Lisboa. D. João II, em Junho de 1483,
deslocou-se propositadamente a Lisboa, para ter nesta Igreja, na presença destas
canas, ter mais uma conversa com Colombo sobre estas terras a ocidente (3).
Nestas longas conversas, o rei, disse-lhe inclusive, que
sabia da existência de um continente a oeste no Hemisfério Sul, o actual Brasil.
O que foi "confirmado" por Colombo em 1498.
D. João II foi ao ponto de
discutir com Colombo, em 1485, os resultados das
medições da altura do sol feitas na Guiné pelo mestre José Vizinho.
Mesmo sabendo que Colombo, andava
desde 1485 a convencer os reis espanhóis a aceitarem o projecto que ambos
discutiram durante 14 anos, o rei continuou a tratá-lo como "especial
amigo", permitindo, em 1488, que viesse a Portugal em segurança para assistir,
em Dezembro, na cidade ducal de Beja (12) à apresentação dos resultados
da viagem de
Bartolomeu Dias. Colombo assistiu, junto a D. João II, à apresentação dos
cálculos efectuados por este navegador (11).
Bartolomeu de las Casas afirma que o irmão de Colombo, terá também
participado nesta viagem ao cabo da Boa Esperança.
Por tudo isto, não admira que D.
João II tenha ficado especialmente contente com a viagem de Colombo a Cipango
(Japão), em 1492/93, recebendo-o com enorme alegria em Vale do Paraíso. Trata-se
de um quadro muito distinto daquele que os cronistas, como Rui de Pina -Garcia
de Resende procuraram apresentar.
Corsário do rei
A documentação existente em
Portugal e em Veneza mostra que entre 1470 e 1485, por diversas vezes Colombo
andou ao serviço dos reis de Portugal, nomeadamente atacando barcos genoveses e
venezianos. Mais
Mestre de Santiago
Filipa Moniz de Perestrelo,
esposa de Colombo, era comendadeira no Convento de Santos da Ordem de Santiago.
A sua saída do convento para se casar só foi possível porque D. João II, então
mestre desta Ordem Militar, o permitiu. Um facto que a maioria dos historiadores
omite.
A verdade é que D. João II, em
Março de 1493, faz questão de se deslocar a Vale do Paraiso (Aveiras), para se
encontrar com Colombo. O local era tudo menos desprovido de significado para as
comendadeiras do Convento de Santos, as quais tinham aqui a sua principal fonte
de rendimentos.
3. Especial Amigo de Sevilha
Colombo
foi para Espanha, mas manteve-se em contacto com D. João II. Não conhecemos as cartas que enviou
ao rei, mas
possuímos uma que este lhe enviou, datada de 20 de Março de 1488 . Foi
encontrada em Espanha no inicio do século XIX, onde ainda hoje se conserva. A
carta foi escrita e assinada pelo próprio rei, algo que levantou durante
algum tempo o problema da sua autenticidade (4).
O
rei trata-o por "Especial Amigo", um tratamento impensável entre um
rei e alguém que não lhe fosse próximo.
Começa
por assinalar a "boa vontade" e "afeiçam" que ele
revela para com a sua pessoa, mostrada pelo serviço que lhe fez. A carta não
diz que serviço Colombo fez ao rei em Castela. O que andava ele a fazer ? A
convencer os reis espanhóis.
O rei mostra-se particularmente
agradecido, reconhecendo que "a vossa industria e bõo engenho" lhe
seriam muito úteis.
A carta revela que Colombo tinha
pendente um problema com a justiça em Portugal. Apesar de saber disto, o rei
autoriza-o a regressar, dando-lhe um salvo-conduto. Qual seria o problema
?
Hernando Colon, afirma que
Colombo fugiu à pressa de Portugal, logo após uma conspiração contra D.
João II. Estaria envolvido nesta conspiração ? Tudo leva a crer que de algum
modo terá participado nesta conspiração, pois em Sevilha vivia entre
exilados portugueses.
A situação seria certamente
muito grave, pois Colombo ao longo da vida afirma que se viu obrigado a deixar
"mulher e filhos". Uma coisa sabemos: Colombo regressou a Castela, e a
sua mulher -Filipa Moniz Perestrelo - permaneceu no Convento de Santos.
A carta foi escrita em Avis, sede
de Ordem militar de Aviz, cuja cruz verde Colombo fez questão de erguer quando
aportou à América.
4. "Pescarias"
Uma das principais preocupações
de D. João II era afastar os castelhanos da região das "pescarias entre o Cabo
do Bojador e o Rio do Ouro", por onde passava o caminho marítimo para India.
Conseguiu que lhes fosse vedado o acesso através do Tratado de Alcaçovas-Toledo
(1479-1480), mas os andaluzes acabaram por exigir o acesso a esta região. De
novo D. João II conseguiu que uma nova proibição constasse no Tratado de
Tordesilhas (1494).
Colombo, em sintonia com D. João
II, em Outubro de 1495, escreve aos reis espanhóis dizendo-lhes que havia
encontrado nas Indias, uma alternativa para as pescarias do Bojador-Rio do Ouro.
Desta foma retirava qualquer sentido às pretensões dos andaluzes, afastando-os
do caminho português para a India.
5. "Paraíso
Terreal"
Na
sua terceira viagem, em 1498,depois de ter visitado a Madeira, as Canárias e
Cabo Verde, resolve dirigir-se para a linha do equador, para então seguir para
Ocidente.
Las
Casas, afirma claramente que a sua razão era apenas uma: "quire ver cuál
era la intención del rey don Juan de Portogal, que dezía que al austro (a sul)
avia tierra firme (um continente); y, por esto dize que tuvo differencia con los
reyes de Castilla, y, en fin, dize que concluyó que el rey de Portogal oviese
trizientas y setenta leguas de las islas de los Açores y cabo verde, al ueste,
de norte a sur de polo a polo;" (textos,p.388).
Colombo
confirma que D. João II sabia que existia um continente a Ocidente,
"cosas y tierras famosas", razão pela
qual reservou para Portugal 370 milhas a Ocidente do Açores e Cabo Verde no
Tratado de Tordesilhas, de modo ficar com uma parte das mesmas. Foi para o encontrar
este continente que o rei sabia existir a sudoeste que, em 1498, com a permissão de
D.Manuel I se dirigiu nessa direcção.
No
paralelo de 5 graus norte, em linha com a Ilha dos Idolos/Serra Leoa, dirigiu-se para Ocidente, como D. João II lhe havia
dito, e descobriu a Ilha da Trindade e ali perto os
bocas da serpente (boca de la sierpe) e do dragão (boca del
dragón), na Venezuela, as entradas do "Paraíso Torreal" (13). Imaginou
que o mesmo se situava numa elevação, conforme os teologos cristãos haviam previsto. Deste
facto, concluiu que a terra, ao contrário do que se acreditava, não seria
esférica, mas parecia-se como uma pera.
Esta
espantosa descoberta que, em 1502, comunicou ao próprio papa, foi-lhe desta
forma indicada pelo próprio rei de Portugal.
A
preocupação de Colombo com a localização do Paraíso, eram partilhada pelos
navegadores portugueses. Na Crónica do Descobrimento e Conquista da Guiné,
de Azurara (1410-1474), Alvaro de Freitas declara-se disposto a seguir o seu
capitão nos descobrimentos até ao Paraíso Terreal.
Descobertas
Colombo
refere vários reis da cristandade, mas o ÚNICO a quem faz rasgados elogios é
a D. João II. Numa
comparação que faz com os reis espanhóis, nomeadamente Fernando de Aragão,
apresenta o rei português como exemplo para toda a cristandade, cumpridor da
palavra dada e dos compromissos assumidos. O rei espanhol é apontado como uma
pessoa de má fé, em quem não se podia confiar. Estas considerações são
transmitidas ao arcebispo de Sevilha.
D.
João II era, nas suas palavras, o ÚNICO que entendia de descobrimentos entre
todos os principes (Textos, p.530). Nos seus
apontamentos, mostra-nos um rei a discutir com os cosmógrafos e navegadores da
corte em 1485 e 1488. Afirma que esteve presente nestas discussões.
Compara
também D.João II com D.Manuel I, e mais um vez o primeiro é digno de todos os
elogios, o segundo é criticado por não cumprir os compromissos acordados no
Tratado de Tordesilhas..
6. Plano
Secreto
A
sua relação com o rei português, que o tratava por "especial
amigo", é tudo menos circunstancial. Colombo afirma claramente que existia
algo mais entre eles.
Há
uma frase perfeitamente enigmática sobre D.João II, que indicia um plano. Ao lamentar a morte do rei, ocorrida em 1496, afirma que a mesma impediu o monarca de realizar a sua obra,
isto é, o seu plano. ("añide más que luego
sucedió la muerte del rey don juan, antes que pudiese aquello poner en
obra...") (9).
Las
Casas que copiou o texto de Colombo censurou deliberadamente as suas últimas
palavras impedindo que fosse revelado o plano do rei.
b)
D. Manuel I
A
relação de Colombo com D.Manuel, irmão do Duque de Viseu-Beja e Mestre da
Ordem de Cristo, assassinado em 1484, não perece ter sido pacífica.
Após
o seu regresso das Indias, em Março de 1493, fez questão de se encontrar, no
Convento de Santo António da Castanheira, com a irmã de ambos - Dona Leonor,
rainha de Portugal. No seu Diário de Bordo, assinala que D.Manuel (então Duque
de Beja e já mestre da Ordem de Cristo) estava também presente,na companhia do
Marques de Vila Real.
Colombo esteve no Monasterio
de La Mejorada, durante o verão de 1497, sendo-lhe atribuida a autoria de
um conhecido memorando onde critica ferozmente D.Manuel I, por não estar a
cumprir o acordo entre D. João II e os reis espanhóis: Não navegar para
poente, nem enviar uma esquadra para a India contornando África. Não é seguro
que o texto seja da sua autoria. O tom das suas duras críticas não se coadunam
com o que, na mesma altura, escrevia sobre Portugal.
No
ano seguinte, Colombo ter-se-á encontrado com D.Manuel I, quando este foi
jurado e Toledo, herdeiro do trono de Castela e Leão. A rota que seguiu na sua
terceira viagem às Indias só foi possível porque D. Manuel I a autorizou,
pois a mesma violava de forma clamorosa o estabelecido no Tratado de
Tordesilhas.
As
críticas a D.Manuel I parecem decorrer do facto deste ter abandonado o
"Plano"que ele afirma que D. João II possuía, e que a sua morte (por
envenenamento) em 1495 o impediu de concretizar.
C)
Imagem de Portugal
Lendo os escritos de
Colombo, como o Diário de Bordo, cartas e outros documentos percebe-se
claramente porque a sua identidade continua a ser um mistério, se se continuar
a afirmar que era italiano. Ele não
se cansa elogiar Portugal e os seus reis.
A Itália nada
significava para ele, como está bem patente nos seus escritos onde são raras e
inócuas as referências que lhe faz. A Espanha, identificada com Castela e Leão,
é reduzida a uma terra de ingratos e gente apenas preocupada com o saque das
Indias.
As suas observações
e reflexões apresenta-nos um visão muito interessante de Portugal no final do
século XV.
O facto de viver
fora de Portugal permitiu-lhe um olhar distanciado sobre as
"descobertas" e a sociedade portuguesa, a partir de um confronto com a
forma como a Espanha conduzia a exploração das Indias.
"O Grande
Coração dos Principes de Portugal"
"Nem falar
do presente dos reis de Portugal, que tiveram coração para suster a Guiné e
descobrir dela, e que gastaram tanto ouro e tanta gente que, quem,
contasse toda a do reino, acharia que outra como a metade morreram na Guiné, e
porém a continuarem até que lhes saiu dele o que aparece; o qual tudo começaram
há muito tempo, e só há pouco tempo lhes dá recompensa" ( 1 ).
"(...)
grande coração tem os princípes de Portugal, que há tanto tempo prosseguem a
empresa da Guiné e continuam aquela de África, aonde gastaram metade da gente
do reino, e agora está o rei mais determinado a isso que nunca"( 2 )
A política
expansionista de Portugal, prosseguida de forma sistemática em África desde
1415, não foi fruto de um impulso momentâneo. Foi uma missão assumida
pelos vários reis ao longo dos tempos de séculos.
A conquista da Guiné
é o melhor exemplo desta obra colectiva. Em 1446 que Alvaro Fernandes
chegou a norte da actual Guiné-Bissau, mas dezenas de anos depois ainda os
portugueses lutavam pela sua sua posse contra todas as potências do tempo.
A mortandade nestas
explorações era elevadissima. Metade da população portuguesa, segundo
Colombo, teria perecido nas mesmas. Os demografos estão de acordo num ponto: ao
longo de todo o século XV a população portuguesa não aumentou, tendo
diminuido inclusive nas décadas de 80 e 90. O número apontado por Colombo é certamente exagerado, mas
traduz bem a sangria que as descobertas e conquistas provocaram na população.
Ele próprio foi testemunha destes factos, quando afirma que navegou muitas
vezes entre Lisboa e a Guiné, deixando-nos um retrato impressionante não
apenas da Guine, mas também da Serra Leoa e Cabo Verde.
As suas afirmações
mostram a estreita ligação entre as explorações marítimas e a Corte
Portuguesa, sendo as mesmas conduzidas pelos próprios reis como
"coisa" de principes para sua Honra e Glória, na qual estavam
envolvidos pelo "coração".
A Memória do
Futuro
"( ... )
seria grandissima grandeza canalizar algum dinheiro em Espanha para gastar nesta
empresa (as Indias). Que nenhuma coisa deixarão Vossas Altezas (os reis de
Espanha) de maior memória". ( 3 ).
Colombo critica os
principes espanhóis, pois estavam confinados à Peninsula Ibérica e nunca
haviam dela saído. Mostra-lhes o exemplo dos gregos e dos romanos
e dos portugueses seus continuadores, os únicos europeus que depois da
Antiguidade se aventuraram a descobrir mundo fazendo obra de "principes".
Se os "principes"
de Portugal estavam empenhados em dilatarem o conhecimento, como os gregos e os
romanos, como "cristãos" estavam decidos a difundirem a fé cristã não
olhando a sacrificios para o fazerem.
Os lucros desta
empresa não se podiam reduzir a aspectos puramente materiais, mas tinham uma
outra dimensão: a memória que um monarca e um povo deixa de si mesmo para o
futuro.
Espírito de
Cruzada
"Os quais
(reis de Portugal) também ousaram conquistar em África e suster a empresa de
Ceuta, Tanger e Arzila e Alcazer, e de continuamente dar guerra aos mouros, e
tudo isto com grande gasto, só para fazer coisa de príncipe e servir a Deus e
acrescentar seu senhorio" ( 4 ).
Colombo faz aqui uma
história das conquista portuguesas do norte de Africa: Ceuta,
conquistada em 1415; Tanger, em 1437 e Arzila em 1471. Alcácer
Ceguer, conquista em 1458 foi colocada em último lugar. Na verdade depois
da conquista de Arzila, esta praça forte perdeu grande parte da sua
importância estratégica. Noutra passagem dos seus textos menciona a fortaleza
de Arguim, construída em 1449, para indicar que a partir daí os
portugueses entraram na África Negra e na terra mais queimada. Noutras
passagens refere a fortaleza-feitoria de S. Jorge da Mina, cuja
construção foi iniciada em 1482, e onde afirma ter estado.
Esta conquistas,
como aponta tinham um objectivo: dilatar a fé cristã.
A lógica a que
presidia às descobertas dos portugueses não era o mero saque, como praticaram em larga
escala os espanhóis nas Indias, mas tratava-se de um investimento a longo
prazo em obras abençoadas por Deus.
Colombo retoma neste
ponto um dos mitos centrais de Portugal dos séculos XV e XVI, o célebre
"Milagre de Ourique", segundo o qual o país fora criado para cumprir
uma missão divina - a difusão do cristianismo, a civilização ocidental.
d
) Ao Serviço do Rei Desde
1469 servia como corsário os reis de Portugal, tendo atacado navios
castelhanos, aragoneses, genoveses, venezianos e outros, mas ao que se sabe
nenhum navio português. A
narrativa de Las Casas e de Hernando Colón, sobre o seu alegado "naufrágio", em
1476, na costa
portuguesa quando andava a atacar navios italianos, omitem propositadamente o
facto dos corsários estarem ao serviço de Portugal na guerra contra Castela e
Leão. Esta revelação era incómoda para a Espanha e a família de Colombo no
século XVI. Outros
factos são apenas referidos de forma vaga e descontextualizada com idênticos
motivos. Colombo,
por exemplo, afirma que foi à Guiné diversas vezes. Trata-se de uma
região da costa africana que Portugal proibira, em 1474, o comércio a
barcos estrangeiros sem a sua autorização. A exclusividade implicava uma
guerra continua contra todos os intrusos. O
que andaria a fazer nestas viagens ?
No tráfico de escravos (resgate) ? A proteger o transporte de ouro ? Ou a combater as incursões
de barcos italianos
e espanhóis ? Estamos em crer que esta foi a sua actividade. É
muito provável que em 1478, tenha participado no ataque contra 35
navios espanhóis e italianos que partiram de Sevilha e outros portos com
destino à Mina do Ouro, actual Gana. A região era controlada por Portugal. A matança foi enorme tendo os portugueses
aprisionado todos os navios espanhóis e ficado com o ouro e outros bens que
traziam ( 5 ). Os italianos que financiaram
esta expedição ficaram arruinados. Foi provavelmente esta batalha que
serviu de inspiração à narrativa de Las Casas e Hernando Colón. No
ano seguinte foi firmado o Tratado de Alcaçovas. A Espanha concordava que
Portugal ficasse com o monopólio do comércio nestas regiões de África, cancelando as licenças
atribuídas aos italianos.
A última acção de "cristoforo
colombo corsaro" (Cristovão Colombo corsário) ao serviço de
Portugal, ocorreu em 1485, quando ao largo do Cabo de São Vicente atacou
e aprisionou 2 galeras venezianas. Esta republica italiana mandou um embaixador
a Portugal para tentar reavê-las através do rei.
e
) Estratega.
Após a chegada da sua 1ª. Viagem à
"India" (América), Colombo dá sugestões aos reis espanhóis
interferindo directamente nos Tratados entre Portugal e a Espanha, que
conduziram ao Tratado de Tordesilhas (1494).
Em
1493 sugere à Rainha Isabel de Espanha que faça um novo
Tratado de divisão do Mundo com Portugal, propondo uma linha de demarcação de
100 léguas a oeste dos Açores. Esta linha meridiana atribuía a posse do
Brasil a Portugal, impossibilitando os espanhóis de navegarem para sul atingindo
a India por via marítima.
Um
dos factos mais importantes deste Tratado é o dele confinar a partilha do mundo
a apenas dois reinos - Portugal e Espanha-, excluindo todos os restantes,
nomeadamente qualquer republica italiana.
f ) Portugal:
Pátria de Afeição ?
A única terra que
Colombo assumiu como sua foi Portugal.
Em 1493, numa carta
aos reis espanhóis, escrevia: "Agora, serenísimos príncipes, acuerde V.
Al. que yo dexé muger y hijos y vine de mi Tierra a les servir, adonde
gasté lo que yo tenía y gaste siete años de tiempo y recebí mill aprovios
con disfama y çofri muiltas neçesidades" (Textos, p.233). Portugal é de
forma explicita e inequivoca identificado como a sua terra. A Espanha, como a
terra que se mudou e onde durante sete (1485-1492) anos procurou convencer os
seus reis a realizar a sua expedição.
Em 1502 (?), volta a
reafirmar mesma ideia: "Señores: ya son XVII años que yo vine a servir
estos Princípes con la impresa de las Indias" (...) "y desé mujer y
fijos, que jamás vi por ello." (Textos, 438).
É natural que tendo
vivido tantos anos em Portugal, pelo menos 14 anos (1470-1484), tivesse assumido
este país como a sua pátria. O próprio casamento com uma comendadeira da
Ordem de Santiago, não apenas carecia de autorização do próprio rei, mas
terá implicado a sua naturalização.
Estes factos
poderão justificar a sua afeição a Portugal, mas só por si, não esclarecem
a questão da sua origem.
g)
Fidelidade Durante
anos andou a entreter os espanhóis nas Antilhas, saltando de ilha para ilha,
sem nunca mostrar a intenção de procurar a "Terra Firma", o
continente americano. Apenas em 1498 resolve dar-lhes a conhecer o continente
americano. As razões desta decisão são reveladoras da sua enorme fidelidade a
Portugal: 1. Havia um
ano que Vasco da Gama partira para a verdadeira India, numa rota que os
portugueses já conheciam. Só realiza a viagem quando calcula que estes estão
a regressar. 2. O
facto mais relevante é todavia outro. O rei D. Manuel II no dia 24 de Abril de
1498,em Toledo, foi jurado legítimo herdeiro do trono de Leão e Castela. Uma
cerimónia a que Colombo terá assistido e jurado fidelidade a este rei. A
3 de Maio deste ano, quando partiu para sua 3ª. viagem, estava naturalmente
convencido que as terras que viesse a descobrir seriam para um rei português e
nunca para um rei espanhol. É
neste sentido que se dirige para a Ilha da Madeira, onde é recebido
triunfalmente e depois para Cabo Verde, avançou para sul e após chegar ao
paralelo da Serra Leoa (9º N ), avançando para Ocidente, atingindo pela primeira vez o continente americano. 3.
A região a que aportou no continente americano - Ilha da Trinidad (10,5 º
N), situava-se em pleno domínio espanhol segundo o Tratado de Tordesilhas. A
distância é considerável em relação ao meridiano representado no Planisfério dito de Cantino
(1500-1502). A precisão como atingiu este local, revela que Colombo recebeu dos portugueses a latitude a que devia navegar para
chegar onde chegou. 4. Colombo
na Relação da Terceira Viagem faz questão de afirmar que D. João II já conhecia este
continente, e que iria confirmar o que este lhe dissera. Apesar de tudo,
conforme sempre afirmou, não pretendia navegar nos domínios de Portugal. 5. Quando foi informado que a esposa de D. Manuel I havia falecido e este
não ficaria com o trono de Espanha, demorou o mais pode a prestar a
informação das novas descobertas aos reis espanhóis. Foi de novo acusado de traição. Após saber
que os espanhóis aproveitarem a informação para realizarem expedições à
sua revelia, inicia uma brutal perseguição dos mesmos que conduziu à sua
prisão e dos seus irmãos (1500).. É
extraordinária a coincidência de datas e acontecimentos, o que revela a forma
coordenada como toda a sua missão foi cumprida.
Preocupação
Colombo manifesta num grau
extremo a preocupação em nunca invadir os domínios de Portugal. Nos seus
escritos refere este facto várias vezes.
h
) Prova de Confiança Há
muitas coisas que os historiadores não conseguem explicar no comportamento de
Colombo, pela simples razão não colocarem a hipótese do mesmo ser português. 1.
Traição de Ojeda. Em
fins de 1499 Alonso Ojeda faz uma expedição à revelia de Colombo às Indias.
Este jamais o perdoa, acusando-o de traição, roubo, desobediência, etc. A
análise dos inquéritos que mandou realizar a Ojeda, em Março de 1500, revelam
que estava preocupado com duas coisas: a
) Saber se este teria vendido pólvora aos mouros de Safim
(6). Porquê esta
questão ? A explicação é simples: Safim era um protectorado português no norte de
África, cujo posse levantava para Espanha grandes desconfianças devido à sua
proximidade das Ilhas Canárias. Acontece que ele estava preocupado
com a segurança dos portugueses nestas praças africanas. b)
As consequências para Portugal destas explorações espanholas. D. Manuel ao ser
informado das mesmas tratou logo de apressar o "achamento" do Brasil, o que aconteceu poucos meses
depois. Estas
viagens de Hojeda foram vistas como uma traição imperdoável,
o que não acontecerá meses depois com outra traição muito mais grave, a de Américo Vespúcio. 2.
Traição de Vespucio. Em
1499 Vaspucio saiu de Espanha e veio para Lisboa, onde
durante 5 anos terá andado, segundo próprio, ao serviço do rei de
Portugal. Ainda segundo o próprio terá participado em duas das viagens ao Novo Mundo (América),
expedições comandadas por Gonçalo Coelho em 1501 e 1503 respectivamente.
Estas expedições confirmaram a existência de um novo continente e exploraram
secretamente os domínios de Espanha, em particular os que a sul ficavam dentro dos
limites do Tratado de Tordesilhas. O
conhecimento mais preciso deste vasto território levam D. Manuel I a desenvolver,
várias estratégias para o seu domínio, nomeadamente obrigado a que as
naus que vinham da India aportassem ao Brasil, criando capitanias e realizando
expedições sistemáticas ao novo continente, etc. Vespucio
tenha ou não realizado estas viagens secretas, a verdade é que a partir de Lisboa enviou cartas para Itália e
Alemanha onde afirma que as fez a mando e ao serviço de D. Manuel I (8),
comunicando os resultados do que vira, os quais confirmavam internacionalmente
os domínios de Portugal sobre o novo continente, tanto a sul (Brasil), como a
norte (Canadá). Fez também uma coisa que agradou a Colombo: em 1503 publica uma
carta em latim onde D. Manuel I é apresentado como o descobridor do
Novo Mundo . Capa
da versão alemã de Mundus Novus, de Américo Vespúcio. O Rei D.Manuel
I é apresentado como o descobridor do Novo Mundo. Era
de esperar que Vespúcio
fosse considerado por Colombo um traidor, mas aconteceu justamente o contrário.
Em 1505 recebeu-o em Espanha de braços
abertos, e passou a considerá-lo como uma pessoa de total confiança,
ao ponto de o recomendar ao seu filho Diego Colon (português) e combinar com
ele uma estratégia para enganar a Corte Espanhola sobre as Indias
( 7 ). A
principal razão para semelhante mudança de atitude era simples: Vespúcio alegadamente andara a
servir o rei de Portugal e por isso merecia a sua confiança ((consultar
).
Colombo
segue este mesmo padrão em relação a outros italianos: para negócios apenas
confia naqueles que tinham vindo para Espanha de Portugal ou aí continuavam a
ter negócios (consultar). Poder-se-á
ainda apresentar outra justificação. Em fins de 1495, o negreiro italiano para
quem Vespúcio trabalhava em Sevilha - Juanoto Berardi -, nomeou-o seu executor
testamentário. Colombo havia-lhe pedido emprestado ao mesmo, mas nunca lhe
pagou. Berardi morreu poucos meses depois. Vespúcio, em vez de exigir o
pagamento da dividas, em Fevereiro de 1496, deu-as por incobráveis, deixando na
miséria a família do italiano. Uma
das pessoas a quem chegou a informação de Vespúcio foi o cartógrafo Martin
Waldseemuller (c. 1470 – c. 1521/1522), o qual em 1507 realiza o célebre
mapa do mundo onde aparece pela primeira vez a palavra América, justamente
sobre o território brasileiro. . Pormenor
do mapa de Martin
Waldseemuller, 1507. A
primeira vez que foi escrita a palavra América para designar o novo continente,
a mesma é situada no Brasil, tendo ao lado sobre o mar uma caravela com a
bandeira das cinco quinas (símbolos portugueses ). Neste
mapa, sobre o continente americano, surgem várias bandeiras de Portugal: uma ao lado da palavra
América no Brasil, outra sobre o Rio da Prata (Argentina) e outra mais a
norte sobre a Terra Nova
(Canadá). O cartógrafo ainda que de modo imperfeito, na marcação dos
domínios de Portugal teve a preocupação em respeitar a linha do Tratado de
Tordesilhas. As
costas atlânticas da América do Sul estão todas cartografas até perto do
Cabo Horn, na fronteira entre a Argentina e o Chile. Estas
informações são todas resultado das expedições portuguesas. Outro
facto muito interessante deste mapa é que o mesmo, não possui qualquer
elemento novo sobre os domínios espanhóis. A informação que Vespúcio sabia
sobre os mesmo foi obtida, nas expedições que alegadamente realizou ao seu
serviço em 1497 e 1499.
i
)
Defesa das Praças Portuguesas em África A
situação das praças portuguesas no Norte de África era uma questão que o
preocupava. Temos conhecimento de duas das suas intervenções a favor das
mesmas. Entre 1498 e 1500 perseguiu os espanhóis suspeitava de terem vendido
arma aos mouros para as atacarem. Em 1502 chegou ao ponto de adiar uma
expedição às Indias para os socorrer quando estavam cercados por mouros em
Arzila. Faz questão de afirmar que queria ser o primeiro a socorrê-los. Mais
j )
Historiador dos Descobrimentos Portugueses
A
missão de Colombo implicava ter que mentir aos reis de Espanha e fê-lo como
ninguém, no entanto sempre foi dizendo que antes dele já os portugueses haviam
feito as suas "descobertas" e aprendera com eles tudo o sabia.
É
verdadeira impressionante a quantidade e dimensão das notas que deixou sobre as
descobertas e expedições portuguesas antes e depois de 1492, nomeadamente à América.
1.
Historiou, como vimos, as conquistas e descobertas portuguesas em África, para
além do Cabo da Boa Esperança. Em 1497, afirmava que D.Manuel I já havia
enviado naus para o Indico contornando este continente.
2.
Descreveu como nenhum cronista o fez no seu tempo, as expedições portuguesas
para Ocidente, não apenas para sul (Brasil), mas também para as Caraíbas e
para norte (EUA, Canadá). Mais
Fez
inclusive uma recolha de vestígios locais da presença dos portugueses no Novo
Mundo, do qual nos deixou testemunho. As suas notas eram tantas
que o seu filho Hernando Colón e Las Casas foram obrigados a inclui-las na sua biografia.
Mais
do que afirmar que havia descoberto o Novo Mundo (América), fez questão de
realçar que o havia dado aos reis
espanhóis.
|
L
) Segredos de Família
Sem puderem revelar
a sua verdadeira identidade, Colombo, o seu filho Diego Colon e irmãos deram
provas mais do que suficientes que eram portugueses, embora nunca o pudessem
afirmar, pois seriam
acusados de traidores :
1. Embora
tenha vivido em Espanha entre 1484
e 1506, Colombo nunca se
naturalizou espanhol. Registe-se
o facto dos únicos documentos oficiais espanhóis que mencionam a sua
nacionalidade consta que o mesmo é "português" (1486) ou "Almirante de Portugal" (1492). 2. O filho de Colombo - Diego Colon -, sempre se assumiu como
português, natural de Lisboa. A 16/10/1523 escolheu para administrar os
seus assuntos por procuração, um
frade português: Cristovão
Moniz, superior no Convento dos Carmelistas no Carmo em Lisboa. Diego
não confia nem em espanhóis, muito menos em italianos. A
sua filha Isabel Colon
retoma as ligações à Alta Nobreza Portuguesa casando-se com D. Jorge Alberto
de Portugal y Melo, filho de um exilado português (D. Alvaro de Bragança) que
fugiu em 1483 para Espanha. Colombo
nos
últimos anos de vida, como veremos, nunca se cansou de insistir a este filho para que não se esquecesse das suas origens
portuguesas. 3. Diego Colón, irmão de Colombo, foi o único a naturalizar-se
espanhol (1504), mas os documentos omitem a sua origem. Esta naturalização
não foi bem aceite na família, razão pela qual quando faleceu (1515), nenhum
dos seus familiares assistiu ao seu enterramento na Cartuxa de Sevilha. O
único que assistiu à cerimónia foi Simão Verde, o florentino que saiu de
Lisboa e se fixou em Gelves (Sevilha). 4. Bartolomeu Colon, nunca se naturalizou
espanhol. Um caso
único em Espanha e sem razão aparente. As relações deste país com Génova eram excelentes e nada impedia
Colombo e os seus irmãos de afirmarem a sua nacionalidade. No caso de serem portugueses,
a situação seria outra, pois seriam de imediato acusados de
espiões. Diego Segura, como veremos, viu por esta razão os seus bens
confiscados.
A família de Colombo, apesar de
todos os desvios, durante bastante tempo terá procurado manter-se fiel a
Portugal.
m) Diego Colon e a disputa das
Ilhas Molucas
Diego Colón mostrou-se sempre
fiel ao pedido do seu pai para que não esquecesse as suas origens. O facto mais
importante não foi ter casado a sua filha -
Isabel Colon - com um descendente
directa dos reis de Portugal, mas em ter interferido directamente a favor de
Portugal, quando das negociações sobre a pertença da ilhas Molucas.
O seu irmão, Hernando Colón,
revelava uma atitude muito dúbia sobre a questão, tendo em 1523
atacado abertamente
os interesses de Portugal.
A resposta de Diego Colón desde
início foi muito firme, impondo o seu afastamento do morgadio instituído pelo seu pai,
a troco de uma apreciável quantia - 200.000 maravedis (Corunha, 12/5/1520). Hernando Colón persistiu na sua atitude em
relação a Portugal, e este deixou de lhe pagar. A discórdia instalou-se entre
os dois irmãos, e o espanhol teve que apelar para a intervenção de
Carlos V (Madrid, 3/3/1525), que se limitou a exigir o cumprimento do acordado.
Diego Colon, em 1524,
combinado com a Condessa Lemos passa ao
rei de Portugal, D. João III, as manuscritos Colombo com informações sobre os
limites do Tratado das Tordesilhas e outras informações relevantes sobre as Ilhas Molucas.
Só depois do rei português consultar esta documentação é que os mesmos
foram entregues a Carlos V, na altura rei de Espanha. A fidelidade a Portugal
continuava no clã familiar. Mais
Estas
foram apenas algumas das vezes que Colombo esteve em Portugal depois de 1484,
outras certamente terão ocorrido.
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