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4. Estranho Filho de Itália
Colombo
não tinha qualquer ligação com a Italia, com excepção de meros negócios
com o Banco de S. Jorge de Génova. Não revela qualquer ligação afectiva a
qualquer cidade italiana, desconhece a língua e dedica quase toda a sua vida a
combater os italianos e os seus interesses. O pior insulto que lhe podiam fazer
era associarem-no a Itália.
a) Desconhece a Língua
Materna
Não deixa de ser estranho que Colombo não soubesse falar ou escrever em
italiano, ou num qualquer dos seus dialectos. Segundo das Atas Genovesas saiu da
cidade com 22 anos, chegou a Portugal com 25 anos, voltou a Génova com 27 anos.
Convivia com italianos e, supostamente mantinha uma activa
correspondência com Itália, devido às suas alegadas atividades de mercador. A
verdade é que se esqueceu de TUDO o sabia desta lingua, ou de qualquer um dos
seus dialectos, sendo incapaz de a usar para falar ou escrever.
Terá tentado traduzir um texto para
italiano por volta de 1501, quando andava preocupado em encontrar uma garantia
internacional para a transmissão do seu morgadio e privilégios para o seu filho
Diego Colon (nascido em Lisboa). O texto muito confuso que escreveu tem apenas 57 palavras, e está
repleto de palavras portuguesas e castelhanas, próprias de quem não sabia nada
de italiano, nem de nenhum dos seus dialectos (14).
As cartas que escreveu com o seu próprio punho, e não as que ditou,
estão escritas em latim, português espanholado e espanhol aportuguesado.
Chegou a recorrer a tradutores para se fazer compreender pelos italianos.
Nunca se correspondeu em italiano,
toscano ou genovês com os seus irmãos, o Banco de S. Jorge (Génova), o
embaixador genovês em Castela Nicoló Oderigo , o padre frei Gaspar Gorrício
(milanês) e o seu cunhado florentino Francisco Bardi quando lhe enviou uma carta
intima em 1505. Fê-lo sempre numa mistura de castelhano e português.
Este
estranho fenómeno ocorreu também com os seus irmão - Bartolomé e Giacomo (Diego) - também eles não sabiam italiano, nem conheciam qualquer palavra desta
língua ou de qualquer um dos dialectos regionais.
Os
historiadores italianos e espanhóis tem dado explicações absurdas: Colombo só sabia falar genovês, dilecto falado e não escrita, mas nunca
aprendeu a falar italiano. Era completamente analfabeto quando chegou
a Portugal com 26 anos de idade.
Estudos
actuais rigorosos e sérios, não deixam dúvidas que a sua língua padrão era o português não o
italiano.
Nos
21 anos que passou em Espanha, embora se tenha esforçado por falar e escrever
correctamente o espanhol, nunca o conseguiu completamente. A esmagadora maioria
dos erros que dava em castelhano deviam-se à persistência da língua
portuguesa na sua mente. Procura
frequentemente castelhanizar palavras portuguesas.
Juan
Gil demonstrou que a cosmovisão de Colombo era portuguesa (11), a terminologia
nautica que utilizava também o era, assim como as palavras que empregou para
descrever as Indias (América) e se referir por exemplo a alimentos. A própria terminologia que usa para descrever
fenómenos naturais, acidentes geográficos é portuguesa. Mais
b ) Corsário especializado em
barcos italianos
A sua biografia italiana regista um facto estranho: Entre 1469 e 1476, ano em
que se fixou em Lisboa, Colombo foi um corsário especializado a atacar navios genoveses
e venezianos ao largo da costa portuguesa.
Para
além do saque destes navios, dedicou-se também a pilhar os que
pertenciam aos
reinos de Castela e de Aragão (espanhóis). Não consta que alguma vez
tivesse atacado navios portugueses.
Os
venezianos queixaram-se várias vezes ao rei de Portugal (D.
Afonso V) dos ataques de "Colombo", afirmando que o mesmo era
português. O jovem Colombo tinha então 18 anos de idade, nas
contas italianas.
Em
1470, o Senado de Veneza recebe a notícia que um navio veneziano havia sido apresado
"por Colombo e por portugueses", registando o documento: "...dicese
esser el corsaro portogalex..." (...) "...diz-se que o corsário é
português" . O navio fora apressado na Galiza.
Os
ataques prosseguiram, levando em 1474, Veneza num apelo desesperado a pedir a D.
Afonso V para controlar a actividade deste corsário, com o qual o rei tinha uma
ligação especial (10).
Las
Casas e Hernando Colón apresentam-no como um corsário envolvido em ferozes
batalhas, uma das quais, em 1476, foram mortos cerca de 800 genoveses
ao largo das costas de Portugal. O alegado envolvimento de Colombo nesta
matança, horrorizou de tal forma estes historiadores que resolveram confundir
esta batalha com a que ocorreu, em 1485, na qual as vítimas eram venezianos. A
matança de italianos não terminou aqui, prosseguiu ao longo da sua vida. Este
é o herói de Itália ! Mais
C)
Defendeu a Guiné portuguesa de Espanhóis e Italianos
Colombo
de forma inequívoca afirma que durante 14 anos andou a serviço dos reis de
Portugal, isto é, entre (1470/1-1484/5). Foi muitas vezes à Guiné, assistiu
à construção do Castelo da Mina, não se cansou de elogiar a acção dos
portugueses na sua defesa.
Não
restam dúvidas que participou na guerra contra aqueles que tentaram violar
portuguesa de estrangeiros navegarem nos mares da Guiné, como os castelhanos,
aragoneses e os italianos (genoveses, florentinos, venezianos).
Os
italianos, como mostrou Peter E. Russel (12), não só pressionaram os
espanhóis a prosseguirem a guerra, como estavam particularmente interessados no
fim do monopólio português. Colombo não só lutou contra os interesses dos
italianos, mas contribuiu, em 1492, para desviar as atenções de África, como
afirma este Historiador.
D)
Espoliador de Genoveses
Em
1476 Colombo, segundo os seus biógrafos italianos fixou-se em Lisboa, onde se
dedicou à actividade de mercador. A verdade é que não se lhe conhecem
negócios que tenha realizado, mas apenas empréstimos que contraiu a genoveses
até ter fugido para Castela (1484). Pediu dinheiro emprestado a todos os
que encontrou, mas a nenhum fez questão de lhe pagar. Os estúpidos dos
genoveses, depois de terem sido saqueados por "Colombo corsário",
continuaram a sê-lo por Colombo mercador".
Um
dos italianos que deixou na miséria foi Juanoto Berardi, que lhe vendia os
escravos indios. Em Fevereiro de 1496, como veremos, Americo Vespúcio, deu
estas dividas por incobráveis.
No
final da vida, quando estava "pobre" e quase a morrer (1506) é
que Colombo se lembrou das dívidas que fez entre 1476 e 1484. Nesta altura já
os credores tinham morrido, e restava apenas os seus presumíveis herdeiros.
Registou então as suas dividas num apêndice ao seu Testamento para que os seus
herdeiros se entendessem com os herdeiros dos ditos credores genoveses.
Prosseguindo
a sua prática de espoliador de genoveses, as referências que deixou dos seus
credores são de tal forma vagas, que não permitiam a ninguém pagar o que quer
que fosse. Faz ainda questão que o dinheiro para saldar as mesmas fosse
português ! Mais
E
) Estranho Comportamento
Colombo
em 1495 manda para Espanha o seu irmão Diego Colón, trazia um importante
carregamento de escravos e ouro, uma autêntica fortuna. Ao Bispo de Badajoz -
Juan Rodríguez de Fonseca - que então dirigia a política espanhola das
Indias, alguém lhe terá feito constar que Diego era italiano.
Nesse
sentido, escreve aos reis espanhóis para saber como devia proceder. Se devia ou
não de ficar com o ouro e os escravos, e como devia de agir no caso do mesmo
querer ir a Itália.
Os
reis rapidamente se apressam a escrever-lhe duas cartas (cartas datadas de
5/5/1495 e 1/6/1495), onde lhe dizem para deixar Diego Colón com o ouro e os
escravos que trazia, fosse qual fosse a quantia. Quando à visita a Itália,
não devia sequer colocar a questão. Ele devia ter inteira liberdade para ir
onde entendesse.
A
questão é que Diego Colón nada tinha qualquer relação com Itália, onde a
sua suposta família atravessava enormes dificuldades, o seu alegado pai genovês
era vivo em 1498 e a sua irmã em 1516.
Estes factos mostram que
a mentira sobre a origem italiana de Colombo já então circulava, mas que a
corte espanhola procurava logo agir para não levantar suspeitas sobre a sua
alegada identidade.
F)
Despreza a sua alegada família genovesa
Colombo
e os seus irmãos ao longo dos anos mostraram-se sempre indiferentes face à
situação da sua alegada família genovesa. A acreditar na versão italiana
todos os seus membros morreram na mais completa miséria, sem que os seus irmão
em Espanha se mostrassem incomodados com o facto.
Terão
sido convocados pelos tribunais a comparecerem em Génova, nomeadamente para
pagarem dívidas da familia, mas estes ignoraram os pedidos, as dividas e as
decisões dos tribunais. Mais
Colombo
entre 1502 e1504,andou em conversações com Banco de S. Jorge, em Génova, mas
fez questão de nunca usar o suposto apelido "Colombo" ou mesmo "Colón", para não o confundirem
com o tecelão- taberneiro genovês com o mesmo nome.
G
) Mudança de Nomes
Se
levarmos a sério a tese genovesa, temos que admitir que o desprezo que Colombo
e os seus irmãos manifestavam por Itália era tão grande, que mudaram
rapidamente de nome para não serem confundidos com italianos.
Colombo,
mal chegou a
Portugal, adopta o nome de Cristovão Colom, e é assim que D. João II o trata em
1488.
Espanha, desde 1486, também não é
conhecido pelo seu suposto apelido italiano, mas sim por Colom ou Colon. NUNCA usou o apelido Colombo.
A verdade que nunca assinou nenhum documento com o seu nome de guerra:
Cristobal Cólon. Desde
1492 assina "Xpo Ferens", "El Amirante", "Virrey",
e a partir de 1498 passa a usar também um anagra em forma piramidal. O
corte é radical com o seu suposto apelido italiano.
Quando entre
1502 e 1504, tenta obter do Banco de S. Jorge (Genovês) protecção internacional
do seu morgadio a favor do seu filho Diego (português), escreve apenas o primeiro
nome - Cristovão,
omitindo o último. Faz o mesmo em relação ao seu filho Diego. Nunca se quis confundir com um apelido
- Colón - com que muitos o passaram a associar
a Itália.
Bartolomé
Colombo, mudou também o apelido para Colon, distanciando-se da versão italiana
(Colombo).
Jacome ou
Giacomo Colombo, teoricamente o último a chegar, mudou o nome para
Diego Colon desfazendo-se igualmente da sua suposta origem italiana.
No entanto, quando os seus supostos
familiares - Juan António e Andrea Colombo - foram para Espanha,
nunca mudaram os seus nomes para Colón.
Foram sempre tratados como Colombo
(13), e nunca por Colón. Tratavam-se efectivamente dois nomes muito diferentes.
Cai assim por terra, a ideia que os Colombo (italianos) quando chegam a Espanha
mudavam o seu nome para Colón ou Colom.
H
) Perseguidor e Assassino de Italianos
Os
falsários italianos nunca conseguiram esconder o facto de Colombo ter
perseguido e matado italianos espanhóis. Não consta que tivesse a um
português. Os exemplos são múltiplos:
- Jacome, el Rico. Foi o único genovês que participou na 1ª. viagem às
Indias (1492-1493), na companhia de dois outros italianos, um veneziano e outro
da calábria ( 3 ), ambos criados de Martín Alonso Pinzón, o principal
inimigo de Colombo. Ao todo embarcaram 87 pessoas. Este facto diz tudo sobre o envolvimento dos italianos
nestas expedições de Colombo às Indias.
Jacome
ganhava um pouco mais do que um grumete, e menos que um marinheiro. Colombo armou-lhe uma cilada para o matar, deixando-o nas Antilhas
com outros 38 espanhóis, a maioria dos quais espiões dos reis de Espanha. O
genovês não tardou a ser morto pelos espanhóis, os quais também apareceram mortos no ano seguinte.
Quando regressou em 1493 e presenciou a matança, recusou-se a castigar os assassinos. O seu objectivo
era eliminar espanhóis e italianos..
- Bernal de Pisa. Embarcou como vedor nomeado pela Corte, na 2ª. viagem de
Colombo, a 26 de Setembro de 1493. Tinha como função arrecadar o ouro
descoberto. Bernal desde o inicio que se havia tornado uma fonte de conflitos.
Pouco antes do regresso forçado de 12 navios (2 de Fevereiro de 1494), António
de Torres ( 1 ) descobre que tinha um plano
para matar Colombo e apoderar-se de três caravelas. Colombo prendeu-o, ficou
com as armas e equipamentos dos navios envolvidos denunciando aos reis a
traição. Estes mais tarde autorizam que este esbirro voltasse a
Espanha. Colombo viu-se livre de mais um italiano.
- Francisco de Bardi. Casou-se por volta de 1505 com a cunhada de Colombo -
Violante Moniz Perestrelo. A sua familia estava estabelecida em Portugal, entre
outros negócios, explorava o das cartas de jogar (Vermelhinha). Andava nas transferências
clandestinas de capitais entre Lisboa e
Sevilha. Ter-se-á envolvido com os falsários italianos.
Um mês depois de Colombo morrer, os falsários italianos, alegam que este
navegador embora estivesse morto lhe terá passado uma procuração fazendo dele o fiel depositário de todos os seus bens
das "Indias" e dando amplos poderes a um banco italiano pertencente
aos Medicis. Em Dezembro de 1508 aparece morto, e espoliado de todos os seus
bens.
I
) Matava quem lhe Chamasse Genovês
O
pior insulto que lhe poderiam fazer era afirmarem que o mesmo era genovês e
filho de tecelões. Nas Indias Colombo com os seus irmãos, não hesitavam em
matar e a cortar a língua aos que se atravessem a afirmar as suas alegadas
origens genovesas. A sua alegada identidade genovesa era assumida, por Colombo,
como um verdadeiro insulto !
«VIII
testigo. Juan de Salaya [...]
Yten, dize que el Adelantado, andando de noche azechando por las casas, [e]
que oyó dezir a dos mugeres, que la una se dezía Teresa de Baeça e la otra Ynés
de Malaver, que el Almirante e el Adelantado heran de baxa suerte e que don
Diego, su hermano, aprendyó texedor de seda, e que por ésto les mandó
cortar las lenguas e açotallas, e que lo sabe porque lo vió. [À
margem:] Que Teresa de Baeça e Ynés de Malaver dezíam que el Almirante e
el Adelantado eran de vaxa suerte» (inquirições, fl. 19/19v, p. 196). Os
relatos são vários e com cenas horríveis como esta. (2).
Perante
um comportamento tão bizarro deste suposto italiano, alguns historiadores como
Varela Consuelo, conceberam a ideia que Colombo tinha vergonha do seu
passado italiano
(genovês, veneziano, milanês, etc) e de ter sido durante 15 anos corsário aos
serviço dos reis de Portugal (1469-1484).
J
) Cruz da Bandeira
Quando
em Outubro de 1492 Colombo chega às Indias, para além do estandarte real de
Espanha levava em cada um dos navios a sua própria bandeira que tinha ao centro
uma cruz.
Era
natural que escolhesse uma cruz vermelha como a da república e da cidade de
Génova. Muito pelo contrário, escolheu a Cruz Verde que no século XV
era cruz da Ordem de
Aviz, mas também da dinastia real portuguesa que se
iniciou em 1385 com o mestre desta ordem militar.
A bandeira portuguesa e até
algumas moedas do tempo, tinham esta cruz. A cor que escolheu é um símbolo inconfundível
da sua nacionalidade portuguesa.
É
curioso verificar que ao longos dos séculos, as pinturas espanholas e italianas
sempre que retratam esta cena, pintam normalmente bandeiras com cruzes
vermelhas, apesar de toda a documentação sobre o assunto, ser muito clara, a
cor da Cruz da bandeira de Colombo era Verde.
Colombo
mostra claramente que as suas ligações são todas com Portugal, e pretende
manter enormes distâncias em relação aos italianos.
|
|
Cruz vermelha da
cidade e da República de Génova |
Cruz Verde
de Cristovão Colombo, mas também da Ordem de Aviz (Portugal), da Dinastia de Aviz
e da bandeira portuguesa entre 1385 e 1492. |
A
bandeira de Colombo
L
) Não Aprendeu Nada Com os Italianos
Na suas cartas e no Diário de Bordo, nunca afirmou que tivesse
aprendido qualquer coisa com qualquer italiano. Ignora-os por completo. Face aos
espanhóis, manifesta idêntica posição, apesar de ter vivido 21 anos entre
eles.
Em
relação aos portugueses, muito pelo contrário, não se cansa de referir os
múltiplos ensinamentos que aprendeu. Mais
Nunca
referiu um único navegador italiano ou espanhol, os únicos que indica são
portugueses.
M
) Ignora a sua alegada Pátria
Colombo
não deu qualquer importância à Itália, nem a qualquer uma das suas
repúblicas ou regiões.
Este
facto está bem patente, nas escolhas dos nomes que deu às ilhas que descobriu. Nenhum dos nomes que atribuiu é italiano. A esmagadora maioria são nomes
de origem portuguesa referentes a localidades e sítios de Portugal ou das suas
possessões africanas, vindo depois a grande distância nomes espanhóis. Mais
Durante
os 21 anos em que viveu em Espanha nunca visitou a Itália. Apenas se
correspondeu com banqueiros, mas sempre num castelhano aportuguesado.
As únicas relações que manteve com Itália eram apenas financeiras,
envolvendo empréstimos
e garantias bancárias,
nomeadamente (?) com o
Banco de S. Jorge em
Génova. Era apenas um cliente !
Não deixa de ser curioso que, apenas
o tenha feito, só na altura que Portugal criou uma feitoria nesta cidade, nunca
lhe ocorreu tal coisa antes..
Ao
contrário do que seria de esperar, Colombo não confia nos banqueiros genoveses,
prefere os florentinos estabelecidos em Portugal. Os únicos genoveses com os
quais se relacionou em Castela e Aragão, foram-lhe impostos pela corte
espanhola. Nunca negociou com os Centurione, Di Negro ou Spinola,
estes grandes banqueiros genoveses não lhe mereciam confiança. Os reis de Portugal tinham
as mesmas preferências, também procuraram afastar os banqueiros
genoveses das expedições e comercio marítimo, encarando-os como concorrentes. Mais
O
) Exclui a Itália das Indias e da partilha do Mundo
1.
Proposta
Colombo
de forma persistente durante 14 anos tentou convencer os reis de Portugal a
apoiarem a sua expedição. Durante os 7 anos seguintes, tentou convencer de
novo o rei de Portugal, mas também os de Inglaterra, França e Espanha (Castela
e Leão) (cfr. Textos p.530).
O seu irmão Bartolomeu Colon faz o mesmo
junto dos reis da
Inglaterra e França, entre 1489 e 1493. Foram anos e anos de trabalho, para convencer estes monarcas a aceitarem a
sua 1ª.
Viagem.
O
mais espantoso é que NUNCA se dirigiu a Itália para
propor esta viagem aos experimentados navegadores e ricos mercadores das suas
cidades. A cidade onde alegadamente nasceu - Génova -, tinha tudo para realizar
a viagem, mas é como não existisse.
A
única conclusão que podemos retirar é que nunca a considerou qualquer república italiana como uma mera
hipótese para apresentar a sua proposta. A Itália não
contava nada na sua vida, nem na dos seus irmãos.
Em
Fevereiro de 1502, numa carta que escreve ao papa, lamenta-se de não ter tido
tempo, antes de 1492, propor esta expedição a um papa, o que confirma o seu
distanciamento da Itália e dos Italianos.
2.Tratado
de Partilha do Mundo
Depois
de regressar das Indias, em Março de 1493, dirigiu-se directamente para Lisboa para
conferenciar com D. João II. A partir daqui envolve-se numa nova missão:
propor aos reis espanhóis um novo Tratado para a divisão do mundo entre Portugal e Espanha - Tratado de
Tordesilhas (1494).
Uma
vez mais, coerente com as suas posições anteriores, exclui
a Itália e os
italianos da possibilidade de no presente e no futuro puderem vir a ter uma
parte do mundo. Este
Tratado, em qualquer umas das versões por si propostas, exclui desde logo, esta
possibilidade.
É difícil
assumir uma atitude mais clara contra os interesses presentes ou
futuros de qualquer cidade, região ou república italiana.
A
sua principal preocupação, como vimos, foi sempre ter em conta os domínios de Portugal,
salvaguardando as terras que D. João II lhe afirmou existirem a Ocidente e que
não abdicava da sua posse.
P
) Destruidor da Economia Italiana
A
relação de inimizade de Colombo para com a Itália alarga-se toda a sua
economia.
O seu projecto
de chegar à India navegando para Ocidente tinha como objectivo acabar com o
domínio que os italianos tinham no comércio com o Oriente, arruinando desta
forma as suas cidades marítimas italianas, como Génova ou Veneza.
As cidades italianas no século XV olhavam com temor as navegações dos
portugueses. Estava em jogo o monopólio que tinham do comércio com o Oriente.
Nesse sentido sempre tiveram em Portugal espiões para os informarem das suas expedições marítimas.
Quando os portugueses chegaram à India (1498), os
italianos não tardaram a incentivarem os árabes a combatê-los no Índico.
Fizeram tudo o que podiam para os derrotar.
Ora
o projecto de Colombo de atingir a India através do Ocidente, interessava a todos
menos aos italianos. Ditava o fim do comercio marítimo com o Oriente,
provocando a decadência da prosperidade económica das suas cidades,
nomeadamente de Génova.
A
sua acção visava por último, secundarizar a
importância do mediterrâneo, transferindo o centro de poder mundial para o Atlântico. Colombo
aos olhos dos italianos só poderia ser um traidor, alguém que trabalhava para
a ruína da Itália. A decadência das cidades italianas foi ditada por estas
expedições marítimas dos portugueses.
É
difícil acreditar que tivesse alguma vez nascido em Itália, tantas
são as suas manifestações anti-italianas.
.
Herança,
Beatificação e Protagonismo Internacional
Entre os
séculos XVI e XVIII, os italianos estavam interessados em Colombo,
porque sabendo do seu segredo, descobriram uma possibilidade de se
apropriarem, sem grandes trabalhos, da sua herança (títulos e fortuna).
Não hesitaram em falsificarem documentos. Mais
No século
XIX, dois papas italianos - papa Pio IX e Leon XIII, viram em Colombo o
primeiro santo que fazia a ligação entre a Europa e as Américas. Colombo
era apresentado como um servidor de Deus e obediente à Santa Sé.
Nesse
sentido, o Vaticano envolveu-se ao longo de todo o século XIX na sua beatificação. Mais
A Igreja
Católica para atingirem este objectivo não hesitou em inventar uma
biografia totalmente mistificada de Colombo, falsificando documentos e
fazendo desaparecer outros.
A Itália,
recentemente unificada, descobriu na figura de Colombo, a possibilidade
de reclamar para si um enorme protagonismo nas antigas colónias
espanholas e nos EUA. Os italianos não se cansam de afirma que foi um "italiano" que as descobriu, portanto tudo
deviam à Itália... Muitas das narrativas da historia da América passaram
a iniciar-se em Génova...
Dia de
Colombo
Nos EUA,
a numerosa comunidade de emigrantes italianos começou a organizar uma
festa, no dia 12 de Outubro, primeiro em Nova Iorque (1866) e depois em
S. Francisco (1868), a que se seguiram outras cidades norte-americanas.
Estas festa ganharam um enorme impulso a partir de
1892, graças ao apoio do presidente Benjamin Harrison, passando a ser
conhecidas por "Dia da descoberta
da América" ou "Dia de Colombo" .
O
Estado do Colorado, em 1905, oficializa a comemoração, no que foi
seguido por outros estados norte-americanos. Em 1937 o presidente
Franklin Roosevelt decretou que o dia 12 de Outubro, feriado nacional -
Columbus Day.
A
Espanha neste processo, habilmente conduzido pelos italianos, acaba por
ser
totalmente secundarizada, e o que é mais grave, passou apenas a ser associada ao lado negro
da descoberta: extermínio dos indios, destruição de culturas e à
escravatura.
Día de la
Raza
Para
contrariar o protagonismo que os italianos haviam adquirido,
instrumentalizando a figura de Colombo, os espanhóis transformam o dia 12 de Outubro no Dia da Raça, dando-lhe todavia um conteúdo
racista, xenófobo e imperial.
As
comemorações em Espanha e nas suas antigas colónias americanas,
tinham como objectivo:
- Afirmação
da filiação espanhola das classes dominantes;
-
Glorificação da empresa conquistadora espanhola, como iniciadora da
civilização, progresso e redenção das "raças inferiores na América";
-
Reafirmação da "pátria mãe" (30).
A data das
comemorações do Día de la Raza foi sendo oficializada nas antigas
colónias espanholas, como o Uruguai (1915), Argentina (1917), Venezuela
(1921), Chile (1922), México (1928), Colombia (1935) ou a Costa Rica (1968).
Desde os
anos 60 do século XX, o Dia de la Raza, devido ao seu conteúdo racista e
imperial espanhol, tem vindo a ser substituído por outros conceitos
ideológicos mais recentes, como Dia do Respeito pela Diversidade
Cultural, Dia das Culturas, Dia da Resistência Indigena, etc.
Columbus
Day ?
Nos EUA, o
Dia de Colombo tem sido alvo de uma crescente contestação, por por dois
motivos essenciais:
Os
movimentos de defesa dos povos indígenas, saíram da
marginalização a que sempre estiveram votados, e mostraram o outro lado
do 12 de Outubro de 1492: a violência, etnocídio e genocídio a que foram
sujeitos os milhões de habitantes que existiam na América depois da
chegada de Colombo.
O melhor
conhecimento da documentação histórica sobre Colombo, revelou a muitos
historiadores americanos que estavam perante uma gigantesca
falsificação. A maior parte dos documentos de que se tinham servido,
para escreverem e divulgarem a biografia de Colombo, eram falsos ou
tinham sido em grande parte falsificados.
Cada novo
volume do - Repertorium Columbianum -, publicado por Geoffrey Symcox, provocou um verdadeiro sobressalto na comunidade de
historiadores, tantas eram as falsificações encontradas na documentação
dita oficial sobre Colombo. A personagem que era objecto das
comemorações, pouco relação tinha com personagem histórica.
Antonio Gramsci
e a pátria de Cristovão Colombo
No final
do século XIX e princípios do século XX, os intelectuais italianos
estevam particularmente envolvidos numa intensa propaganda e na
falsificação de documentos para reclamarem a origem de Colombo.
Gramsci,
com enorme frontalidade, afirmou então que toda a literatura que havia
sido produzida com esta intenção era "completamente inútil e ociosa."
Colombo não tinha qualquer relação com a Itália, nem com os
italianos.
A questão
que deveria ser colocada, segundo Gramsci, era a seguinte: "porque
nenhum Estado (italiano) ajudou Cristovão Colombo, ou porque que Colombo
não se dirigiu a nenhum Estado italiano?"
A sua
conclusão era apenas uma: "Colombo não se sentia ligado a um
Estado italiano."
Antonio
Gramsci - Os intelectuais e a Organização da Cultura, Civilização
Brasileira, Rio de Janeiro, 1982, 4ª. Edição, p.70- 71. |
|
Carlos
Fontes |
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