Génova
Em
todos os textos possuímos de Colombo, apenas uma única vez se refere a Génova.
A nome que utiliza é a designação portuguesa do século XV: "Génoa".
Trata-se de um fragmento de uma carta escrita aos reis espanhóis, pouco antes
de 18/10/1498. Nela dá conta dos dois principais produtos que podiam ser
exportados a partir da Ilha da Trinidade ("Sancta Trinidad"): escravos e pau brasil.
Quanto aos escravos inúmera os principais mercados: Castela,
Portugal, Aragão, Itália e Sícilia, as ilhas de Portugal e de Aragão e as
Canárias. Em relação ao pau brasil menciona os mercados de maior consumo:
França, Flandres, Inglaterra, Castela, Aragão, "Génoa" e "Venecia".
(cfr.textos, p.408).
Génova
reduz-se a um mero mercado para a exportação de pau brasil e eventual tráfico
de escravos.
Os
dois outros documentos nos quais alegadamente refere Génova são, como vimos,
comprovadamente falsos:
-
O conhecido "Mayorazgo (1498). Os falsários ao darem-se conta que Colombo
não sabia escrever correctamente o nome da sua suposta cidade natal,
escreveram-na num mesmo documento de duas formas: " Génoba" e "Génoa".
-
Uma folha solta que foi anexada ao Testamento de 1506. O nome da cidade aparece
escrita de forma diferente, em vez de "Génoa" surge como
"Génova". Os falsários resolveram corrigir Colombo (Textos,
p.536).
1.
Casa de Colombo em Génova
Seria
um absurdo a cidade que se reclamava ser o berço de Colombo
não ter uma casa que lhe pudesse ser atribuída. Os falsários trataram de
arranjar quatro casas para a alegada família de Colombo junto às quatros
entradas da cidade.
Num
bairro histórico de Génova, junto à Porta Soprana, foi escolhida uma antiga que se mostrava adequada
à encenação pretendida. Para turistas ouvirem afirma-se que um "Cristoforo
Colombo" (Cristovão Colombo) filho de "Domenico Colombo" e
"Susanna Fontanarossa" habitou esta casa em tenra idade entre 1455 e
1470.
Com
base em documentos, ao que tudo indica falsificados, que um Doménico
Colombo e Susanna Fontanarrosa, tecedores de lã, alugaram uma casa em Vico
Dritto di Ponticello, na cidade de Génova. O contrato de aluguer, datado de 18
de Janeiro de 1455, teria sido firmado entre os supostos pais de Colombo e Don
Giacomo Fiesci, filho do falecido Don Etore, irmão e procurador do
Reverendo bispo Fiesci, comendador do convento de San Esteban da ordem de São
Bento.
Não existem provas que qualquer
membro da família do tecelão Domenico Colombo e Susanna Fontanarrosa tenha
vivido nesta casa, nem que os mesmos tenham sido os pais de navegador que viveu
em Portugal e andou ao serviço de Castela/Espanha.
Tudo não passa de uma acção de propaganda italiana para consumo de
turistas.
2.
Portugueses
em Génova
Se
as provas da ligação de Colombo a Génova são falsas ou duvidosas, está bem
documentada a presença de marinheiros e mercadores portugueses desde o século
XIV. Em finais do século XV foi aqui criada uma Feitoria portuguesa.
3.
Arquivos de Génova
Os
seus arquivos são depositários de uma grande quantidade de documentos falsos,
que desde o século XVI os genoveses têm produzido para se apropriarem da
fortuna, títulos e identidade de Colombo. Alguns são exibidos publicamente
para distracção de turistas ignorantes.
Conclusão:
"Se Génova foi a terra onde nasceu,
não deixou nenhum sinal na sua alma" (1): Em parte alguma refere o local onde
nasceu, a sua infância. Nunca fez qualquer comparação com as estações, o clima,
a vegetação da região onde supostamente nasceu. Nunca mencionou a família em que
cresceu (pai, mãe, irmãos), nem o que aprendeu em Génova ou em qualquer outra
região de Itália.
Ao longo da vida não manifesta a
mais pequena recordação nostálgica do seu passado genovês. A sua única
preocupação, no final da vida é que o seu filho Diogo Colon, natural de Lisboa,
não se esquecesse das suas origens portuguesas...
Desconhece em absoluto qualquer
dialecto italiano, incluindo o genovês. A terminologia nautica que utiliza é
portuguesa, nem uma palavra é genovesa.
Mostra-se incapaz de identificar um
governante, um artista ou escritor "italiano". Na suposta correspondência que
manteve com o Banco de S. Jorge de Génova chega ao ponto de omitir o apelido
"Colon", para não ser confundido com nenhuma família genovesa. Nas Antilhas
mandava arrancar a língua a quem o identificasse como genovês...
Nos seus escritos não existe a mais
pequena referência às actividades profissionais que supostamente exerceu em
Génova até vir para Portugal: tecelão, taberneiro e alfaiate.
A forma que os genoveses a
arranjaram por ultrapassar este "obstáculo" foi inventarem ou falsificarem
documentos, como o "Codicilo Militar". |