Carlos Fontes

 

 

     

Cristovão Colombo, português ?

 

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As Provas do Colombo Português

 

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32. Manobrador

 

Entre 1492 e 1497 Colombo, servindo os interesses de Portugal, teve a seu cargo uma das mais difíceis missões que um homem pode ter: - afastar os espanhóis da Rota da India, levando-os para uma imaginária Ásia, povoada de canibais. 

 

 

A ) Logro Global 

 

Ao divulgar a partir de Lisboa para toda a Europa, em Março de 1493, que o Japão (Cipango) e a China (Cataio) poderiam ser atingidos navegando para Ocidente em 33 dias, o logro tornou-se global.

 

A sua ação foi tudo menos isolada. Enquanto Colombo actua em Espanha (1484-1506), o seu irmão Bartoloméu promove a mesma ideia nas cortes de Inglaterra e França (1489-1493) e Martim da Bohemia faz o mesmo na Alemanha (1485). A rede de espiões portugueses envolvidos nesta missão é muito vasta. Mais

 

A partir de 1493, um número crescente de potenciais europeias vão disputar uma suposta "Índia" descoberta por Colombo, enquanto Portugal prossegue sozinho o seu projecto de atingir a Índia contornando África. 

 

Comandando os acontecimentos em Espanha, Colombo vai fornecendo ao rei de Portugal, as informações necessárias para este negociar os tratados que lhe permitem assegurar os seus domínios em África, no Oriente e no Brasil (América do Sul).

 

Colombo não se limita a prestar informações, pressiona também os reis de Espanha

 

Primeiro, entre 1488-1491, apresenta-lhes "cartas" dos reis de Portugal, Inglaterra e França onde estes supostamente manifestam interesse em apoiá-lo. Mas garante-lhe que só eles seriam os escolhidos.

 

Depois  da "descoberta" da India ( América - 1493), e de a ter fantasiado, numa acção de grande mestria em termos de espionagem empurra-os para um Tratado com Portugal ( Tratado de Tordesilhas -1494 ), sugerindo-lhes medidas e dando-lhes coordenadas marítimas para uma partilha do mundo que excluía desde logo os territórios do Brasil que ficavam para Portugal. O papa  consagrou depois o Tratado feito pelo rei D. João II e conforme o mesmo pretendia. 

 

 

B ) Acção Persistente e Coordenada

 

É falsa a imagem que durante séculos se procurou construir de Colombo de que o mesmo actuava sozinho, movido por uma enorme obsessão de atingir a India navegando para Ocidente. Quando o mesmo chegou a Castela (Espanha) nunca esteve sozinho, nem lhe faltaram recursos financeiros e apoios ao mais alto nível na Corte Espanhola.

 

Quando saiu de Portugal (fins de 1484? princípios de 1485? 1486?), dirigiu-se para Moguer (Huelva) onde residia dois dos seus cunhados, tendo ficado alojado na casa de Violante Moniz Perestrelo (6), em casa da qual sempre viveu em Espanha. Os senhores de Moguer - os Portocarrero - eram nobres de origem portuguesa.

 

Em Palos (Huelva), no convento de la Rábida  contou com o apoio de outro português - João Peres Marchena- decisivo nas negociações com a corte espanhola depois do falecimento do príncipe português - D. Afonso (Julho de 1491) .

 

Em Sevilha, Colombo tinha um grupo de familiares que desfrutavam uma elevada posição, como a sua sobrinha - a  marquesa de Montemor. Entre os seus amigos destacava-se Alvaro de Bragança e os Condes de Faro, exilados portugueses.

 

A suposta fuga para Castela, relatada por Hernando Colon e Las Casas, coincide com uma feroz perseguição do rei D. João II contra conspiradores pró-castelhanos que o pretendiam matar. Fazia Colombo parte desta conspiração ? Não sabemos. Mas a verdade é que em Espanha vivia rodeado destes nobres portugueses que haviam conspirado contra o rei.

 

Durante dois anos (1490-1491) ficou na casa do duque de Medinacelli (carta de 19/3/1493), primo do Duque de Medina Sidónia. Estes duques haviam estado envolvidos numa conspiração contra Castela, quando tomaram o partido do rei de Portugal. 

 

Embora Colombo tenha saído de Portugal secretamente, em 1484, continuou a visitar o país regularmente. No ano seguinte estava em Lisboa, para assistir à apresentação de um estudo do matemático e cosmógrafo e José Vizinho. Em 1488, o rei D. João II concede-lhe um salvo-conduto para regressar, onde assiste à chegada de Bartolomeu Dias vindo do Cabo da Boa Esperança. No Arquivo das Índias, em Sevilha, há uma carta escrita a Cristóvão Colombo, datada de 1488, na qual o próprio rei o  trata como "meu especial amigo", uma forma de tratamento impensável entre um rei e um plebeu, ainda por cima sendo ele "estrangeiro". 

 

A partir de 1488 D. João II parece ter assumido uma nova posição em relação a Colombo. A sua "traição", se alguma vez houve, deixou de fazer sentido. De "traidor" passou a "colaborador" do rei. Nesta altura Portugal sabia como atingir a Índia contornando África. Apesar de ter navegadores, meios técnicos e financeiros mais do que suficientes para o fazer, a verdade é que só o fez quase cinco anos depois de Colombo ter chegado à América. O facto é da máxima importância, pois revela o sentido da missão em Castela.

 

Os italianos que se relacionam com ele em Espanha, vêm que todos de Portugal. As suas famílias estão aqui radicadas, onde prosseguem os seus negócios. Mais

 

Colombo não tem qualquer relação com a Itália e só esteve interessado na protecção bancária que o Banco de S. Jorge de Génova, poderia dar aos seus direitos e privilégios a troco de 10% dos seus rendimentos. Nunca se correspondeu com qualquer familiar em Itália, muito menos deu apoio ao seu suposto pai genovês que morreu na miséria (1499), o mesmo aconteceu à sua hipotética irmã genovesa (1516)

 

A sua acção em Espanha é conduzida por portugueses e dirigida a partir de Lisboa.

 

O apoio financeiro necessário para a sua comparticipação nas despesas da primeira viagem, é-lhe dado por Isaac Abravanel , outro dos exilados portugueses em Espanha.

 

O porto escolhido - Palos (Huelva), pertencia também a uma família de nobres de origem portuguesa - os Condes de Cifuentes - que desde 1482 tinham também uma posição de destaque em Sevilha. Portugal tinha na Andaluzia uma poderosa rede de espiões, necessária para assegurar a defesa das praças-fortes do Norte de África.

 

Colombo chega aqui a 20 de Maio de 1492. Os reis ordenaram que aos habitantes de Palos fornecessem 2 navios, mas não foi preciso. Escolheu duas caravelas portuguesas (Nina e Pinta), que por "acaso" estavam no porto. O mestre Juan de la Cosa que durante anos andou ao serviço de Portugal, forneceu o terceiro navio - a Santa Maria.      

 

Na hora de embarcarem, a resistência por parte dos espanhóis, é prontamente vencida com a intervenção de um português que por "acaso" estava em Palos - Pedro Vasques de Fronteira . Este navegador garante-lhes que as ditas Indias existiam e em 1452 já estiveram perto das mesmas, numa viagem ao serviço de um Infante de Portugal (D. Fernando, Duque de Beja, mestre da Ordem de Aviz e de Santiago). Convencida a tripulação os três navios acabaram finalmente por partir para a India.

 

 

C ) Entretenimento

 

O génio de Colombo prosseguiu nos anos seguintes, entretendo os espanhóis enquanto os portugueses se instalavam na verdadeira India. As suas expedições foram meticulosamente pensadas para não interferir com os interesses de Portugal. Colombo nunca manifestou interesse em explorar a suposta India.

 

 

 

.1ª. Viagem (Palos,3/08/14921492- Palos, 15/3/1493). Três navios, com um total de 89 homens, uma boa parte dos quais eram criminosos

 

Colombo era o único que tinha mapas ou cartas de navegação. Tinha advertido os seu capitães que não esperava encontrar terra sem que tivessem navegado 750 léguas a Ocidente das Canárias (Hernando Colon, Hist. Almirante). Esta era a distância das Canárias ao Japão (Cipango), e andando mais 375 léguas para Ocidente chegariam à China (Cataio).

 

- Na nau ligeira "Santa Maria", de cerca de 60 toneladas de Sevilha, o mestre e proprietário Juan de la Cosa, vizinho do Puerto de Santa Maria (Cádiz). Construída na Galiza para o comércio com a Flandres teve o nome de Gallega. Colombo era o comandante. O piloto era Pero Alonso Nino. Tripulação: 40 pessoas.  Encontrava-se de passagem em Palos, quando foi fretada.

 

- Na caravela "Pinta", de quarenta toneladas de Sevilha, era propriedade de Cristobal Quintero, vizinho de Palos, que embarcou como marinheiro. O capitão era Martin Alonso Pinzon, o mestre Francisco Martín Pinzon, tendo como piloto Cristóbal García Sarmiento. Tripulação: 30 pessoas.

 

- Na caravela "Nina", de 30 toneladas de Sevilha, era propriedade de Juan Niño, vizinho de Moguer. O capitão era Vicente Yáñes Pinzón, o mestre Juan Niño e o piloto Sancho Ruiz de Gama (português). Tripulação: 20 pessoas

 

Colombo, nesta viagem, limita-se a visitar as ilhas de S. Salvador, Fernandina, Isabel, Cuba e Hispaniola. Em relação a Cuba nunca a contornou.

 

A viagem foi simbolicamente iniciada no mesmo dia em que os judeus foram expulsos de Espanha. A esquadra saiu de Huelva, e não de Palos como se afirma, a 3 de Agosto, tendo-se dirigido para o arquipélago das Canárias. Trata-se de um percurso aparentemente absurdo, para quem "defendia" que a Ásia estava no outro lado do Atlântico. Ao navegar para sul até às Canárias representava um longo desvio de 1.125 km.

 

No trajecto desengonçou-se o leme da "Pinta", comandada pelo espanhol Martin Alonzo Pizon. No dia 11 Agosto estando em frente à Ilha da Grã Canária (Gran Canaria), onde se situava a capital das Canárias (Real de Las Palmas), resolveu separar-se de Pizon, enviando-o à ilha para consertar o leme. Recusando-se dialogar com as autoridades espanholas, dirigiu-se para as ilhas de Tenerife e Gomera. A primeira ainda não havia sido conquistada pelos espanhóis e a segunda tinha uma enorme colónia de portugueses. Só no dia 23 de Agosto, perante a ausência de Pizon é que resolveu ir procurá-lo na Gran Canária. No dia 1 de Setembro estava de novo na IIha de Gomera, de onde partiu no dia 6 de Setembro para o Novo Mundo. Colombo revela perfeito conhecimento das Canárias, ao ponto de saber conhecer melhor as posições do que os próprios espanhóis que seguiam na expedição. 

 

O rota que seguiu foi ocultada. No Diário de Bordo escreve que se dirigiu para Oeste, mas uma análise minuciosa do mesmo revela que se dirigiu para Cabo Verde, e só depois rumou para noroeste, uma rota que aparece já assinalada num roteiro português anterior a 1485. Mais

 

Colombo tem um objectivo definido: chegar a uma dada ilha. É por esta razão que se recusa explorar os indícios de 3 avistamentos. Os investigadores não conseguem explicar como é que entre 29/5 e 12/10 navegando de oeste para sudoeste, não tenham visto uma única ilhas das muitas do arquipélago das Bahamas antes de chegar a Guanahamí.

 

Após 33 dias viagem, mais precisamente a 12 de Outubro de 1492, chega uma das ilhas das Lucaias (Lucayas) das Bahamas, a Guanahaní. Seis destas ilhas disputam esta primazia: Gato, Watling, Samaná, Mariguana, Caicos e a Gran Turco.

 

Vestindo o uniforme escarlate de Almirante (7) vai a terra, para tomar oficialmente posse da "India". Leva consigo o estandarte real dos reis católicos e três bandeiras com uma Cruz Verde, a cruz da Ordem de Aviz, da dinastia real portuguesa e que figurava também na bandeira de Portugal. Um facto que tem sido omitido. Dois dias depois já está a raptar 7 indios para os usar, mais tarde como interpretes. A primeira a ilha a que deu nome foi São Salvador.

 

 

Para Oeste? Não para Sul !

Colombo anunciou que para atingir a "Ásia", a partir da Europa, bastava navegar sempre para Oeste. A verdade é que depois de ter chegado a uma pequena ilha nas caraíbas (12/10/1492), começou a navegar para sul e sudoeste (de frente para o vento).

No dia 21 de Outubro de 1492, continua a dizer que o seu objectivo era o Oriente, a rota normal teria sido navegar para oeste ou noroeste, com ventos habitualmente favoráveis, mas em vez disso o seu percurso foi em sentido contrário, navegou para sul e a seguir para leste. Depois de deixar Cuba (5/12/1492) tomou a direcção de La Hispaniola, e a partir desta ilha dirigiu-se para os Açores. O seu objectivo não era a Ásia, mas ficar-se por umas ilhas no Atlântico, dizendo aos espanhóis que faziam parte da Ásia.

 

 

A 27 de Outubro avista Cuba, que não tarda a identificar como fazendo parte do continente asiático. Está em terras do Gran Khan e de ferozes canibais. A 21 de Novembro, Martín Pinzon separa-se de Colombo, e só volta a aparecer a 6 de Janeiro de 1493. Entretanto chega ao Haiti (Hispaniola). A 25 de Dezembro a Santa Maria afunda-se ou é afundada. Colombo, que passa a comandar a Niña, encontra aqui um excelente pretexto para deixar nas Indias 39 incómodos espanhóis, no recém criado Forte de la Natividad.

 

A 8 de Janeiro de 1493 resolve regressas a Espanha, não voltando pela mesma rota, mas dirigindo-se para os Açores (16 de Janeiro). Martin Pinzon, a 12 de Fevereiro, volta a separar-se de Colombo, que a 17 de Fevereiro chega à Ilha de Santa Maria. Após se ter reabastecido nesta Ilha, dirigiu-se para Lisboa, a fim de comunicar ao rei D. João II a sua descoberta (4 de Março de 1493). A sua prioridade foi informar Portugal e não a Espanha.

 

Martin Pinzon foi parar a Baiona/Bayona, na Galiza, onde aportou em fins de Fevereiro ou princípios de Março. Escreveu aos reis espanhóis para solicitar um encontro com a Corte, mas os reis recusaram encontrar com Martin Pizon, alegando que haviam feito um contrato com Colombo e não com ele. Pelo que o mesmo foi mandado dirigir-se para Palos.

 

As informações de Colombo eram cruciais para as negociações de Portugal com a Espanha. Estava em jogo a partilha do mundo, concretizada no ano seguinte no Tratado de Tordesilhas. O resultado concreto da sua viagem foi afastar os espanhóis do verdadeiro caminho par a India.

 

Colombo, após dez dias de permanência em Portugal e já devidamente instruído regressou finalmente a Espanha, onde chegou a 15 de Março. Horas depois chegava Martin Pinzon, desgostoso pelo tratamento que a corte lhe havia dado. Mais

 

A viagem à India contornando a Àfrica só agora poderia ser realizada, pois Portugal tinha assegurado que os espanhóis estavam completamente envolvidos nas Antilhas, continuando a julgar que estavam na verdadeira India. 

 

Qual foi a participação de Colombo nesta operação ?

 

Após ter regressado da primeira viagem à América, em 1493, propõe aos reis de Espanha que fizessem um tratado com Portugal para dividirem o mundo entre si.  D. João II, em 1494, no célebre Tratado de Tordesilhas, oferece-lhes sem hesitação a "Índia" descoberta por Colombo. O objectivo do rei português era convencer espanhóis e outros concorrentes que Colombo havia de facto chegado à "India" (América). 

 

 

 

2ª. Viagem ( Cádis, 26/09/1493 - Cádis,11/06/1496), com três naus e 14 caravelas, ao todo foram 1.200 homens.

 

Colombo, fazia-se acompanhar do seu irmão Diego Colon. Entre a tripulação contavam-se, frades, cavaleiros e fidalgos e outras figuras importantes, como Fray Bernardo Boyl, Antonio Torres, Bernal Diáz de Pisa, Alvaro de Acosta, Diego Márquez, Diego Alvarez Chanca, Juan de Aguado, Alonso de Ojeda, Pedro Margarit, Ginés de Gorvalán, Melchor Maldonado, Juan Ponce de León, Pedro Hernández Coronel, Juan de Esquivel, Francisco de Peñalosa, Juan de la Cosa, Pedro de Terreros, Pedro de Villacorta, Pedro Alonso Niño, Juan Niño e tantos outros. Todos esperavam enriquecer rapidamente, sem grande trabalho. Ninguém imagina o inferno para onde seriam conduzidos.

 

Colombo não dá nenhum mapa aos pilotos dos vários navios, obriga-os a seguirem-no. Uma vez nas Indias limita-se  visitar ilhas, oferecendo aos espanhóis mais do mesmo.

 

Desta vez visita as Ilhas de Porto Rico, Hispaniola, Jamaica e a costa sul de Cuba. Quem o acompanha nestas viagens acaba por ficar sem uma noção precisa da dimensão das terras descobertas. Para lançar mais a confusão nos cosmógrafos espanhóis, afirma que está muito perto da Arábia. Obriga a tripulação de três navios a jurarem por escrito a continentalidade de Cuba (12/6/1494).

 

Sem grandes surpresas encontra mortos os 39 espanhóis do forte da Natividad (26/11/1493).

 

As condições que os espanhóis encontram são absolutamente miseráveis e doentias. A escassez de alimentos provoca contínuas mortes e enfermidades. Os problemas acumulam-se.  A revolta instala-se. O capitão Pedro Margarit e o beneditino Bernando Boyl aproveitam a ocasião para roubarem, escravizarem e matarem indios. Quando regressam a Espanha, desenvolvem uma intensa campanha junto a Corte para denunciarem as mentiras de Colombo. A 24/6/1494 Bartolomeu Colón chega a Isabela, permitindo ao seu irmão uma eficaz repressão dos descontentes.

 

A população indigena de La Hispaniola é então alvo de uma brutal violência. Calcula-se que dois terços da mesma tenha sido morta, nomeadamente à fome. Os sobreviventes passam a ser obrigados a pagarem pesados tributos.

 

Perante a noticia que estava a ser alvo de uma campanha de descredibilização na Corte, resolve regressar a Espanha.

 

No regresso, em Março de 1496, trouxe consigo, nas duas caravelas (Niña e India), 225 tripulantes e 30 escravos indios, entre os quais se contava o kaseke Caonabó, algemado. Numa manobra "inovadora" tomou a direcção do Leste, apanhou de frente com ventos alísios contrários. Durante um mês apenas conseguiu chegar a Guadalupe, onde se reabasteceu, e apanhou mais dois indios como escravos. Em pleno mar alto a falta de alimentos cedo se fez sentir. A tripulação chegou a pensar comer os indios, tanta era a fome a bordo.

 

Veio uma vez mais pelos Açores, dirigindo-se depois para as costas do Alentejo (Portugal), onde aportou em Vila Nova de Milfontes (Odemira), com duas caravelas, a 8 de Junho de 1496. Ficou aqui  2 ou 3 dias, e só depois se dirigiu para Cádiz, onde surge vestido com o hábito de franciscano, e é desta forma que se apresentará na corte.

 

Colombo, em 1496, tem plena consciência que a sua situação é insustentável. É neste contexto que em 1497 intervém outro português ao serviço dos reis de Espanha -  Álvaro de Portugal - que confirma os seus privilégios. O seu futuro e o da sua família estavam aparentemente assegurados.

 

Só quando, em 1497, os portugueses estavam seguros que o embuste funcionou, é que as naus comandadas por Vasco da Gama, sem concorrência, partiram para a verdadeira Índia. Em 1498, Duarte Pacheco Pereira é enviado para Ocidente, para toda a linha do Tratado de Tordesilhas, verificando as terras que pertenciam a Portugal.

 

Estas viagens provocam uma enorme sobressalto em Espanha, sendo Colombo, obrigado a escrever o conhecido "Memorial de la Mejorada", onde ataca D. Manuel I por não estar a cumprir o plano de  D. João II...

 

 

3ª. Viagem ( San Lucar de Barrameda, 30/05/1498 - 10/10/1500), com seis navios parte de novo para as India, com cerca de 600 homens, entre os quais 10 condenados e duas mulheres ciganas. Foi à Ilha de Trinidad e Costa de Paria (Terra Firme).

 

Os espanhóis estão inquietos. Se não tivermos em conta a missão de Colombo seria inconcebível pensar-se que um navegador tão experiente havia perdido tantos anos a navegar por entre ilhotas.

 

Desde a antiguidade clássica que gregos e romanos  sabiam que a India não era nenhuma Ilha, muito menos habitada por populações primitivas que desconheciam a agricultura e o uso de metais. Estes eram os Indios com que Colombo andava a entreter os espanhóis durante oito anos.

 

Colombo só inicia esta viagem um ano depois de Vasco da Gama ter partido para a verdadeira India, e de D. Manuel I ter sido jurado herdeiro do trono de Espanha (Maio de 1498). Só nesta altura assume alguma liberdade nas suas explorações. 

 

De Espanha dirige-se para a Ilha da Madeira (Portugal) onde é recebido de forma apoteótica pela população local e os seus familiares. É tratado como um herói.

 

Na Ilha da Madeira resolve dividir a expedição, três navios são enviados para La Hispaniola, onde se irão juntar aso rebeldes. Os restantes, sob o seu comando, dirigem-se para as Ilhas de Cabo Verde, onde ficam entre 27/6 e 5/7/1498. Parte então FINALMENTE à  procura da "Terra Firme" que lhe havia falado D. João II. Passa pela foz do Rio Orinoco, Ilha da Trindade ( Trinidad ) e atinge o Golfo de Paria, na costa norte da actual Venezuela (sem a explorar). 

 

A descoberta da existência de pérolas no Golfo de Pária, leva-o a interromper a exploração (15/8/1498), dirigindo-se para La Hispaniola. O seu objectivo foi claramente o de ocultar a descoberta (cfr. Bernáldez, Cura de Los Palacios), o que provocou logo uma reacção dos espanhóis a bordo. A descoberta só foi comunicada apenas a 18/10/1498, tendo a noticia chegado a Espanha a 10/12/1498. A sua intenção era enviar o seu irmão Bartolomeu a recolher as pérolas, e só depois fazer a comunicação.

 

Repare-se neste importante facto: Cristovão Colombo, não avança para Ocidente onde se encontrava a "India", mas depois de uma curta incursão na Terra Firme que D. João II lhe falara, dirige-se para uma ilha já conhecida - La Hispaniola.

 

Nas Indias espanholas não tarda a saber-se que os portugueses haviam chegado à Índia contornando África. A viagem de Vasco da Gama (8/7/1497- Julho de 1499) fora um enorme sucesso ( 1 ).

 

O ambiente é de revolta generalizada contra Colombo e os seus irmãos, que usam de uma brutal violência contra os espanhóis, matando às centenas. Entre os rebeldes destaca-se Francisco Roldán. Face às matanças de espanhóis, os reis, nomeiam Francisco Bobadilla, comendador da Ordem de Calatrava, juiz investigador e governador das Indias, tendo partido para a Hispaniola, em Julho de 1500.

 

Quando Bobadilla chega à Hispaniola depara-se com um espectáculo terrifico: 7 espanhóis haviam sido enforcados na semana anterior, e cinco aguardavam a sua vez de serem mortos...

 

Em Outubro de 1500 Cristovão Colombo é preso com os seus irmãos e enviados para Espanha. A rainha Isabel de Espanha acaba por o libertar, mas a protecção real está perto do fim. É a hora dos abutres genoveses atacarem, sob o pretexto de garantirem a transmissão dos seus privilégios para o seu filho Diego Colon. 

 

 

4ª. Viagem ( Cádiz,11/5/1502 a 7/11/1504). A expedição é composta por 4 navios (Capitana, Bermuda ou Santiago de Palos,  Vizcaína e Gallega) com cerca de 140 homens, a maioria dos quais rapazes. Colombo leva consigo o seu irmão Bartolomeu e o seu filho Hernando, para além de Diego Mendez. Partiram de Sevilha a 3/4/1502, dirigindo-se para Cádiz.

 

Ficou a dever-se a Alvaro de Bragança a rapidez da autorização da viagem. Foram apenas 16 dias, entre o pedido e a autorização (26/2/1502). Foi-lhe pedido muito pressa na organização e na partida: "Devereis partir imediatamente, sem qualquer demora"; "Deveis iniciar a viagem com os vossos navios, com toda a rapidez possível." Alvaro de Bragança procurava retirar o mais depressa possível Colombo da Espanha.

 

Colombo estava obrigado a responder às viagens à India de Vasco da Gama (1497-1499) e de Pedro Alvares Cabral (1500-1501), encontrando a verdadeira India. O seu objectivo era encontrar uma passagem para o mar da India, e depois de a alcançar dar a volta ao mundo regressando pelo Cabo da Boa Esperança. Uma questão que irá omitir na relação Quarta Viagem, dada a impossibilidade de o fazer.

 

Nesta altura, tem conhecimento que os portugueses estavam a divulgar a ideia que existia o novo continente deste se estendia desde a Terra Nova ao Brasil, como está espalhado no Mapa de Cantino (1500-1502). Era cada vez mais disparatado continuar a afirmar que chegara à Ásia, mas afirmar outra coisa era confirmar o logro a que conduzira os espanhóis.

 

No inicio da expedição, num acto de puro patriotismo, em vez de se dirigir directamente para a América, muda a trajectória e avança com os seus barcos na direcção de Marrocos. Qual o objectivo? - Ajudar os portugueses que estavam cercados pelos mouros na Fortaleza de Arzila. Como escreveu a um seu amigo italiano (Padre Gaspar Gorricio ), residente em Espanha, fazia questão de ser o "primeiro" neste socorro.   

 

Dirige-se depois para a Grã Canária onde chega a 26/5/1502. Os reis espanhóis proíbem-no de aportar à ilha La Hispaniola, uma mediada que o irá salvar. Quando chega a Santo Domingo (29/6/1502) está de partida para Espanha uma enorme frota com 30 0u 31 navios, onde seguiam entre outros comendador o Bobadilla, Francisco Roldan, António de Torres, Pero Alonso Niño e o rei Guarionex. Todos acabam por morrer vítima de um violento furacão. O único navio que não terá naufragado foi justamente o que tinham um carregamento de ouro de Colombo. O fato deste não poder aportar à ilha acabou por o salvar.

 

A expedição colombiana salda-se num completo desastre, apenas percorre as Honduras, Costa Rica e Panamá. A 26 de Novembro de 1502, chega a um local que denomina "El Retrete" (latrina, pia, fossa, cloca), onde permanece durante nove dias, e aí desiste de procurar procurar o estreito lhe permitiria chegar à India. Pelo caminho perde metade da frota.

 

Inicia então a viagem de regresso, passa ainda por Verágua (Panamá), e acaba por encalhar os dois únicos navios  que lhe restavam - a Capitana e a Bermuda - na Baia de Santa Ana a norte da Jamaica (25/6/1503). Só sairá desta baia, um ano depois (28/6/1504), graças a um navio que fretou Diego Mendes de Segura, e onde fará a viagem de regresso a Espanha, com o seu  filho Hernando e o irmão Bartolomeu .

 

Enquanto esteve retido na Jamaica, quem o salva várias vezes é Diego Mendez de Segura e o seu irmão Bartolomeu, que mata sem piedade os rebeldes que acompanham os irmãos Francisco e Diego Porras (19/5/1504), agentes dos reis espanhóis.

 

Nesta expedição morreram 32 marinheiros, meia duzia desertaram, e dos sobreviventes a maioria contraiu graves doenças.  Para evitar os espanhóis pudessem chegar às alegadas riquezas que encontrou, mandou recolher todos os mapas dos pilotos, inclusive o livro de Pedro Mateos.

 

Quando chega a Espanha, a 7/11/1504, tem conhecimento da morte de Alvaro de Bragança. Isabel, a católica, morre a 26/11/1504, o que o deixa sem apoios.

 

A corte não quer saber do que tem a dizer, e apenas o aceita receber em Maio de 1505. Tem inclusive que adiantar o pagamento do soldo aos poucos marinheiros que regressaram, pois a corte foi-se atrasando nos pagamentos. Que novidades tinha para oferecer? Muito poucas. As terras que andara a "descobrir", e que julgara só ele conhecer estavam já em 1502/3 a ser exploradas por navios portugueses que aí andavam a resgatar indios e pérolas o que irá levar Juan de la Cosa a Lisboa. Mais

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Nesta altura era acusado pelos espanhóis de os ter enganado. Todo o mundo já sabia que Portugal havia chegado à India, ao Brasil, Canadá (Terra Nova) , etc. No Oriente as naus portuguesas já andavam à procura de destinos mais longínquos, como a China, Malaca ou o Japão. 

 

O que continua a fazer Cristovão Colombo ? Depois de ter andado em ilhas já conhecidas nas Caraíbas, em vez de se dirigir na direcção do Ocidente, como seria de esperar para atingir a India, avança na direcção do sul.  Alguns historiadores tem afirmado que, ao tomar esta estranha direcção, revela que pretendia evitar encontrar-se com os portugueses que "sabia" encontrarem-se algures a Ocidente. Estamos convencidos que o seu objectivo era simplesmente afastar os espanhóis da verdadeira India, atolando-os numa região que denominou  sugestivamente "retrete".

 

Nesta viagem, como nas outras anteriores, continua a proibir que os pilotos tenham cartas de navegação, o único que as podia possuir era ele. O seu objectivo, era uma vez mais confundir os espanhóis. Como se não bastasse, continua afirmar que andava a percorrer a Ásia.

 

No dia 29/2/1509, estando retido na Jamaica, calcula a longitude da mesma, com um erro colossal de 2 horas e 38,5 minutos, equivalente a 39º 37`. O seu objectivo, era neste caso, como refere Morison, afirmar que as indias espanholas se encontravam algures na Ásia Oriental.

 

A carta que envia através de Diego Mendes de Segura (português) para entregar aos reis de Espanha, é uma completa fantasia sobre o que viram nas terras que percorreram. Havia que prolongar a mentira, e para que não restasse dúvidas foi de todas as viagens aquela em que foram mais italianos. O objectivo era afastar qualquer possível acusação de traição.

 

Colombo não se contenta com estas afirmações fantasiosas, acusa os espanhóis de terem roubado e matado tanta gente nas terras de Paria e ilhas da comarca, que durante gerações serão olhados como criminosos pela população (Textos, 500). Acusa os espanhóis de serem um povo de grosseiro, vil, que foi para as Indias para roubarem, enriquecerem rapidamente, e não para trabalharem (Textos, 501). Os governadores que foram nomeados depois dele, levaram à ruina as Indias (idem, p.501). Estamos perante aquilo que será mais tarde chamado de "Leyenda Negra", popularizada por Las Casas.

 

A sua principal preocupação é agora sobreviver e garantir a segurança da sua família. 

 

 

 

D ) Ocultação 

 

Colombo recusou-se sempre a entregar aos reis de Espanha as posições exactas das terras descobertas. Para contornarem a situação, em Junho de 1494, tiveram que enviar para as Indias um astrónomo e cosmógrafo- o Abade de Lucerna. As informações imprecisas continuarem a persistir. 

 

Na 3ª. Viagem, Colombo divide na Ilha Gomera (19/21 de Junho de 1498) a frota de 6 navios em dois grupos de 3 navios cada: Um foi  enviado para Hispaniola comandado por pessoas que não eram da sua total confiança, nomeadamente um seu suposto primo italiano. O outro, comandado pelo próprio Colombo foi descobrir o continente que D. João II lhe falara existir a Ocidente. 

 

Entre 11 e 31 de Agosto de 1498, Colombo navega junto à Verágua. Tem a nítida percepção que está num Continente (Terra Firme) e das enormes riquezas que o local encerra, nomeadamente os bancos de pérolas da IIha Margarita. Em vez de prosseguir a exploração da "Terra Firma" e do "Paraíso" que acabava de descobrir dá por finda as explorações e regressa a Hispaniola. A descoberta acabou por saber-se, pela tripulação que restava. Alonso Hojeda e outros espanhóis há muito descontentes pressionam Colombo para dar-lhes detalhes e posições exactas, o que este recusa.   

 

Colombo só informa Espanha das novas descobertas, em Novembro de 1498, mas de um  modo tão confuso que ninguém se podia orientar pelo seu relato. Alonso Ojeda volta à carga e após inúmeras insistências consegue um esboço destas terras.

 

Não tardou a obter a autorização da Corte para as explorar, em fins de 1499, levando consigo um cartógrafo (Juan de la Cosa), tendo ambos confirmado aquilo que há muito se suspeitava: Colombo andara ocultar o verdadeiro Continente, entretendo o espanhóis com Ilhas. A partir daqui Colombo foi desligado das explorações marítimas. Informado do sucedido, Portugal manda de imediato Pedro Alvares Cabral para o Brasil, afim de comunicar o seu achamento.   

 

Durante a quarta e última viagem às Indias (1502-1504), assume uma atitude de aberto confronto com a Coroa Espanhola, recusando-se divulgar a localização das terras que havia descoberto. Manda inclusive retirar a todos os pilotos e marinheiros qualquer informação que pudessem orientar os espanhóis: "los marineros no traían ya carta de navegar, que se les avía el Amirante (Colombo) tomado a todos" (8).

 

Não se limita a esconder a informação, gaba-se desse facto aos próprios reis espanhóis na Lettera Rarissima (7/7/1503):

 

"De mi viaje que fueron ciento y cincuenta personas conmigo, en que ay hartos suficientes para pilotos y grandes marineros; ninguno puede dar razón çierta por dónde fuí yo ni vine... Responden, si saben, adónde es el sitio de Veragua. Digo que no pueden dar razon ni cuenta, salvo que fueron a unas tierras adonde ay mucho oro, y certificarle, mas para volver a ella el camino tienen ignoto; seria necessario para ir a ella descubrirla como de primero".

 

Estava absolutamente convencido que sem ele os espanhóis não iriam ficar com o ouro que afirmava existir em Veragua.

Em 1508 partiu para as Indias, uma expedição comandada pelo português João Dias de Solís e pelo espanhol Vicente Yanes Pinzon, que localizou as terras que Colombo afirmara serem impossíveis de reencontrar... Mais

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Colombo, um Vice-Rei Português

Colombo tinha uma formação portuguesa, e neste sentido governou as Indias espanholas segundo um modelo que vira aplicado por Portugal em África, Ilha da Madeira, Açores e Cabo Verde. 

1. Feitorias Portuguesas. O seu modelo de administração das Indias não assentava na colonização das ilhas, como ocorreu na Madeira ou nos Açores, mas sim na criação de Feitorias como a de S. Jorge da Mina.

A função destas feitorias era funcionarem como entreposto para a troca comercial e exploração de recursos locais . Nesse sentido, evitou distribuir terras aos potenciais colonos espanhóis, e modo a que estes não fixassem nas Indias. "La Isabel", criada por Colombo, a 1/1/1494, foi a primeira das feitorias criada no Novo Mundo, segundo um modelo português (4).

Juan Gil , calcula que a administração das indias espanholas, segundo um modelo português, começou em meados de 1495: "el modelo que Colón había visto emplear a los portugueses en la Mina." (5)

2.  Administração centralizada. Em 1493 propôs a criação de "casas" sediadas em Sevilha para administrar os rendimentos provenientes das Indias, segundo um modelo existente em Lisboa. Seguindo a mesma fonte de inspiração, mais tarde, o português Alvaro de Bragança criará, em 1503, a célebre Casa da Contração de Sevilha, da qual foi o primeiro responsável.  

3. Pactos com os caciques locais. Esta foi uma das suas grandes preocupações de forma a criar uma base de apoio dos chefes indigenas locais (2). o historiador István Szászdi León-Borja, sugere que Colombo tenha aprendido com os portugueses, a estabelecer estes pactos de "domínio pacífico dos indigenas", na costa ocidental de África (2).

4. Interpretes. Seguindo uma prática portuguesa enviou para Espanha nativos para aprenderem castelhano para depois poderem servir de interpretes locais utilizando-os nos próprios descobrimentos. (3)

5. Fortes de Madeira. O primeiro forte que Colombo construiu nas Indias - o Forte de Natividad - foi em madeira, utilizando os restos da nau Santa Maria que ardilosamente afundou. A construção de castelos ou fortalezas de madeira foi desde 1415 largamente utilizado pelos portugueses nas guerras de África, e mais tarde na India. Colombo observou muitos destes castelos ou fortalezas de madeira nas suas viagens à Guiné. Os elementos para estas construções militares eram frequentemente pré-fabricados em Portugal e depois levados para África ou a India, onde eram montados (9).

Não deixa de ser curioso assinalar que - Rodrigo de Melo, o sogro de Alvaro de Bragança -  tivesse como empresa uma destas construções pré-fabricadas (10).

6. Redes de fortalezas instaladas junto à foz dos rios. Entre 1492 e 1500 construiu na ilha "Hispaniola" (Haiti e Rep. Dominicana) 7 fortalezas.  

7. Avanço do litoral para o interior. Uma vez consolida as posições no litoral e garantida as linhas de abastecimento, procedia-se à expansão para o interior, utilizado sempre que possível os cursos dos rios. 

8. Padrões (cruzes) assinalando as descobertas. Seguindo uma prática portuguesa, Colombo em cada local onde lançava ferro, faz questão de colocar uma cruz.(Diário de Bordo -12/11/1492 Las Casas)

9. Exclusividade. Portugal na primeira metade do século XV fez questão de defender o exclusivo de mares e de terras a sul do Cabo do Bojador, a célebre política do "Mar Fechado". Colombo seguindo esta política, assim que chegou às Indias (Antilhas, Caraíbas, América) fez logo questão de defender o exclusivo das terras que encontrou para os "bons católicos", excluindo todos os outros (Diário de Bordo, 27 de Novembro de 1492). Como veremos, a partir de 1500 passou a considerar os próprios espanhóis maus católicos, defendendo junto do papa a sua expulsão das indias...

10. Esclavagismo. Colombo encarava todos os indigenas como potenciais escravos ao serviço dos conquistadores nas colónias, mas também como mercadorias susceptíveis de serem exportadas para os mercados europeus.

Os reis católicos, devido a questões teológicas, viram-se forçados a limitar a importação de escravos indios, o que diminui as receitas que Colombo esperava obter do tráfico. É neste contexto que resolve inovar, por volta de 1499, de modo a contentar um crescente número de espanhóis que se fixavam nas Indias, ao estabelecer o sistema das "encomiendas": - em vez de dar terras aos colonos para cultivarem, dava-lhes indios para s servirem como escravos.  

O resultado foi a matança indiscriminada de milhares de indios pelos espanhóis, fazendo em poucos anos diminuir de forma dramática a mão-de-obra local disponível, obrigando à importação de escravos negros (africanos).

11. Mestiçagem. Ao contrário do que se afirma, a proibição dos casamentos mistos não se deve a Colombo, mas era uma imposição dos reis espanhóis que ainda vigorava no século XVII.   

O problema de Colombo é que estava a lidar com espanhóis e não com portugueses, o que fazia toda a diferença.

 

Carlos Fontes

  Notas:

(1 ) Apesar disso os cartógrafos portugueses ainda em 1521 continuavam a produzir mapas falsos do mundo de forma a iludir os seus concorrentes.

(2) Sobre o assunto consultar:

- Szászdi, István - Los precedentes portugueses a los acuerdos hispano-taínos y el valor de los pactos de guatio, in,  Colonial Latin American Review, Vol. 13, Issue 2, 2004.

- León-Borja, István Szászdi - Los pactos de hermandad entre los indios taínos y los conquistadores españoles, in,Clio 165.

- Levaggi, Abelardo - Los Tratados entre la Corona y los indios, y el plan de conquista pacífica, Revista Compluense de Historia de America, nº.19, 81-91. Edit. Complutense. Madrid.1993

 

(3) Consultar:

- Caballos, Esteban Mira - Caciques guatiaos e los inicios da le colonización: el caso del indio Diego Colón (1492-1514), in, in, Iberoamericana, Ano IV, nº.16. pp.7-16.

- Adam Szászdi, Os guias de Guanahani e a chegada de Pinzon para Puerto Rico,1995

- Szászdi, István, Frey Nicolás de Ovando y la Organizacion esclesiástica indiana,2001

 

(4) Sobre o modelo de feitoria português adoptado por Colombo, consultar: Céspedes, Ricardo Piqueras - Episódios de Hambre Urbana Colonial: Las Hambrunas de La Isabela (1494), Santa María La Antigua del Darién (1514) y Santa María del Buen Aire (1536), in, Boletin americanista....,   p.213 e seguintes

 

(5) Gil, Juan - Mitos y Utopias del Descubrimiento. 1. Colón y su tiempo.  p. 114 e segs

 

(6) A casa de Violante Moniz Perestrelo terá sido alugada ao duque de Medina Sidonia, um dos grandes aliados de Portugal na Guerra da Sucessão (1474-1479).

 

(7) Gould, ob. cit., p.413

 

(8) Cfr. Varela, Consuelo - Cartas de Particulares a Colon y Realciones Coetáneas. Edicion de Juan Gil y Consuelo Varela. Madrid. 1984, p. 304; Navarrete, ob. cit., Tomo I, p.228.

 

(9) Sobre o assunto consultar: Pereira, Paulo - Arte Portuguesa. Circulo dos Leitores. Lisboa. 2011. pp. 456 a 461.

 

(10) Pereira, Paulo - Arte Portuguesa...,p.458. Reproduz a empresa: Convento da Conceição em Beja ou dos Loios em Évora?; Vieira da Silva, José Custódio - Efémero - Construções de Madeira no final da Idade Média, in, Revista da Faculdade de Letras...

 

 

 

Continuação:

 

33. Assassino de Espanhóis

34. Impacto da Viagem de Vasco da Gama 35. Perseguido 36. Ocultação

37.  Armadilha Genovesa  38 Mercadores-Negreiros Italianos  39.  Genoveses a Bordo 

40. Descendentes de Colombo 41. Descendentes (cont. ) 42. Descendentes (concl.)

43. Historiadores Portugueses. 44. Lugares do Navegador em Portugal

45. Cronologia da Vida de Colombo

 

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As Provas do Colombo Português

As Provas de Colombo Italiano

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  Carlos Fontes
 
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