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As Provas do Colombo Português
.
32.
Manobrador
Entre 1492 e
1497 Colombo, servindo os interesses de Portugal, teve a seu cargo uma das mais
difíceis missões que um homem pode ter: - afastar os espanhóis da Rota da India,
levando-os para uma imaginária Ásia, povoada de canibais.
A
) Logro Global
Ao divulgar a partir de Lisboa para toda a Europa, em Março de 1493, que o Japão
(Cipango) e a China (Cataio) poderiam ser atingidos navegando para Ocidente em
33 dias, o logro tornou-se global.
A sua ação foi tudo menos isolada.
Enquanto Colombo actua em Espanha (1484-1506), o seu irmão Bartoloméu promove a
mesma ideia nas cortes
de Inglaterra e França (1489-1493) e Martim da Bohemia faz o mesmo na Alemanha (1485). A
rede de espiões portugueses envolvidos nesta missão é muito vasta. Mais
A partir de 1493, um número crescente de potenciais europeias vão disputar uma suposta
"Índia" descoberta por Colombo, enquanto Portugal prossegue sozinho
o seu projecto de atingir a Índia contornando África.
Comandando
os acontecimentos em Espanha, Colombo vai fornecendo ao rei de Portugal, as
informações necessárias para este negociar os tratados que lhe permitem
assegurar os seus domínios em África, no Oriente e no
Brasil (América do Sul).
Colombo
não se limita a prestar informações, pressiona também os reis de Espanha.
Primeiro,
entre 1488-1491, apresenta-lhes "cartas" dos reis de Portugal,
Inglaterra e França onde estes supostamente manifestam interesse em apoiá-lo.
Mas garante-lhe que só eles seriam os escolhidos.
Depois
da "descoberta" da
India ( América - 1493), e de a ter fantasiado, numa acção de grande mestria
em termos de espionagem empurra-os para um Tratado com Portugal ( Tratado
de Tordesilhas -1494 ), sugerindo-lhes medidas e dando-lhes
coordenadas marítimas para uma partilha do mundo que excluía
desde logo os territórios do Brasil que ficavam para Portugal. O papa
consagrou depois o Tratado feito pelo rei D. João II e conforme o mesmo
pretendia.
B )
Acção Persistente e Coordenada
É falsa a
imagem que durante séculos se procurou construir de Colombo de que o mesmo
actuava sozinho, movido por uma enorme obsessão de atingir a India navegando
para Ocidente. Quando o mesmo chegou a Castela
(Espanha) nunca esteve sozinho, nem lhe faltaram recursos financeiros e apoios
ao mais alto nível na Corte Espanhola.
Quando saiu de Portugal (fins de 1484? princípios de 1485? 1486?), dirigiu-se para
Moguer (Huelva) onde residia dois dos seus cunhados, tendo ficado alojado na casa de
Violante Moniz Perestrelo (6),
em casa da qual sempre viveu em Espanha.
Os senhores de Moguer - os Portocarrero - eram nobres de origem
portuguesa.
Em Palos (Huelva), no convento de la
Rábida contou com o apoio de outro português -
João Peres Marchena-
decisivo nas negociações com a corte espanhola depois do falecimento do
príncipe português - D. Afonso (Julho de 1491) .
Em Sevilha, Colombo tinha um grupo
de familiares que desfrutavam uma elevada posição, como a sua sobrinha - a
marquesa de
Montemor. Entre os seus amigos destacava-se
Alvaro de Bragança e os
Condes de Faro, exilados
portugueses.
A suposta
fuga
para Castela, relatada por Hernando Colon e Las Casas, coincide com
uma feroz perseguição do rei D. João II contra conspiradores pró-castelhanos
que o pretendiam matar. Fazia Colombo parte desta conspiração ? Não sabemos.
Mas a verdade é que em Espanha vivia rodeado destes nobres portugueses
que haviam conspirado contra o rei.
Durante dois anos
(1490-1491) ficou na casa do duque de Medinacelli
(carta de 19/3/1493), primo do Duque de Medina Sidónia. Estes duques haviam estado envolvidos numa conspiração
contra Castela, quando tomaram o partido do rei de Portugal.
Embora
Colombo tenha saído de Portugal secretamente, em 1484, continuou a
visitar o país regularmente. No ano seguinte estava em Lisboa, para
assistir à apresentação de um estudo do matemático e cosmógrafo e José
Vizinho. Em 1488, o rei D. João II concede-lhe um salvo-conduto para
regressar, onde assiste à chegada de Bartolomeu
Dias vindo do Cabo da Boa Esperança. No Arquivo das Índias, em
Sevilha, há uma carta escrita a Cristóvão Colombo, datada de 1488, na
qual o próprio rei o trata como "meu especial amigo",
uma forma de tratamento impensável
entre um rei e um plebeu, ainda por cima sendo ele "estrangeiro".
A
partir de 1488 D. João II parece ter assumido uma nova posição em relação a
Colombo. A sua "traição", se alguma vez houve, deixou de fazer
sentido. De "traidor" passou a "colaborador"
do rei. Nesta altura Portugal sabia como
atingir a Índia contornando África. Apesar de ter navegadores, meios técnicos
e financeiros mais do que suficientes para o fazer, a verdade é que só o fez quase
cinco anos depois de Colombo ter chegado à
América. O facto é da máxima importância, pois revela o sentido da
missão em Castela.
Os
italianos que se relacionam com ele em Espanha, vêm que todos de Portugal. As suas famílias estão
aqui radicadas, onde prosseguem os seus negócios. Mais
Colombo não tem qualquer relação com
a Itália e só
esteve interessado na
protecção bancária que o Banco de S. Jorge de Génova, poderia dar aos seus
direitos e privilégios a troco de 10% dos seus rendimentos.
Nunca se correspondeu com qualquer familiar em Itália, muito menos deu apoio ao seu
suposto pai genovês que morreu na miséria (1499), o mesmo aconteceu à sua
hipotética irmã genovesa (1516)
A
sua acção em Espanha é conduzida por portugueses e dirigida a
partir de Lisboa.
O apoio financeiro necessário
para a sua comparticipação nas despesas da primeira viagem, é-lhe dado por
Isaac Abravanel , outro dos exilados
portugueses em Espanha.
O
porto escolhido - Palos (Huelva), pertencia também a uma família de nobres de origem portuguesa - os
Condes de Cifuentes - que desde
1482 tinham também uma posição de destaque em Sevilha. Portugal tinha na
Andaluzia uma poderosa rede de espiões, necessária para assegurar a defesa das
praças-fortes do Norte de África.
Colombo
chega aqui a 20 de Maio de 1492. Os reis ordenaram que aos habitantes de Palos
fornecessem 2 navios, mas não foi preciso.
Escolheu duas caravelas
portuguesas (Nina e Pinta), que por "acaso" estavam no porto. O mestre
Juan de la
Cosa que durante anos andou ao serviço de Portugal, forneceu o terceiro navio
- a Santa Maria.
Na hora de embarcarem, a resistência por parte dos espanhóis, é prontamente
vencida com a intervenção de um português que por "acaso" estava em Palos -
Pedro Vasques de Fronteira . Este
navegador garante-lhes que as ditas Indias existiam e em
1452 já estiveram perto das mesmas, numa viagem ao serviço de um Infante de Portugal (D.
Fernando, Duque de Beja, mestre da Ordem de Aviz e de Santiago). Convencida a tripulação os três navios
acabaram finalmente por partir para a India.
C
) Entretenimento
O
génio de Colombo prosseguiu nos anos seguintes, entretendo os espanhóis
enquanto os portugueses se instalavam na verdadeira India. As suas expedições
foram meticulosamente pensadas para não interferir com os interesses de
Portugal. Colombo nunca manifestou interesse em explorar a suposta India.
.1ª.
Viagem (Palos,3/08/14921492-
Palos, 15/3/1493). Três navios, com um total de 89 homens, uma boa
parte dos quais eram criminosos.
Colombo era o único que tinha mapas
ou cartas de navegação. Tinha advertido os seu capitães que não esperava
encontrar terra sem que tivessem navegado 750 léguas a Ocidente das Canárias
(Hernando Colon, Hist. Almirante). Esta era a distância das Canárias ao Japão
(Cipango), e andando mais 375 léguas para Ocidente chegariam à China (Cataio).
-
Na nau ligeira "Santa
Maria", de cerca de 60 toneladas de Sevilha, o mestre e proprietário Juan de la
Cosa, vizinho do Puerto de Santa Maria (Cádiz). Construída na Galiza para o
comércio com a Flandres teve o nome de Gallega. Colombo era o comandante. O piloto
era Pero Alonso Nino. Tripulação: 40 pessoas. Encontrava-se de
passagem em Palos, quando foi fretada.
-
Na caravela "Pinta", de quarenta toneladas de Sevilha, era
propriedade de Cristobal Quintero, vizinho de Palos, que embarcou como
marinheiro. O capitão era Martin Alonso Pinzon, o
mestre Francisco Martín Pinzon, tendo como piloto Cristóbal García Sarmiento.
Tripulação: 30 pessoas.
-
Na caravela "Nina", de 30 toneladas de Sevilha, era propriedade
de Juan Niño, vizinho de Moguer. O capitão era Vicente Yáñes Pinzón, o
mestre Juan Niño e o piloto Sancho Ruiz de Gama (português). Tripulação: 20
pessoas
Colombo,
nesta viagem, limita-se a visitar as ilhas de S. Salvador, Fernandina, Isabel,
Cuba e Hispaniola. Em relação a Cuba nunca a contornou.
A
viagem foi simbolicamente
iniciada no mesmo dia em que os judeus foram expulsos de Espanha. A esquadra saiu de
Huelva, e não de Palos como se afirma, a 3 de Agosto, tendo-se
dirigido para o arquipélago das Canárias. Trata-se de um percurso aparentemente
absurdo, para quem "defendia" que a Ásia estava no outro lado do Atlântico. Ao
navegar para sul até às Canárias representava um longo desvio de 1.125 km.
No trajecto desengonçou-se o leme
da "Pinta", comandada pelo espanhol Martin Alonzo Pizon. No dia 11
Agosto estando em frente à Ilha da Grã Canária (Gran Canaria), onde se
situava a capital das Canárias (Real de Las Palmas), resolveu separar-se de Pizon, enviando-o à ilha para consertar o leme. Recusando-se dialogar com as
autoridades espanholas, dirigiu-se para as ilhas de Tenerife e Gomera.
A primeira ainda não havia sido conquistada pelos espanhóis e a segunda
tinha uma enorme colónia de portugueses. Só no dia 23 de Agosto, perante
a ausência de Pizon é que resolveu ir procurá-lo na Gran Canária. No dia 1
de Setembro estava de novo na IIha de Gomera, de onde partiu no dia 6 de Setembro
para o Novo Mundo. Colombo
revela perfeito conhecimento das Canárias, ao ponto de saber conhecer melhor as
posições do que os próprios espanhóis que seguiam na expedição.
O rota que seguiu foi ocultada. No
Diário de Bordo escreve que se dirigiu para Oeste, mas uma análise minuciosa do
mesmo revela que se dirigiu para Cabo Verde, e só depois rumou para noroeste,
uma rota que aparece já assinalada num roteiro português anterior a 1485.
Mais
Colombo tem um objectivo
definido: chegar a uma dada ilha. É por esta razão que se recusa explorar os
indícios de 3 avistamentos. Os investigadores não conseguem explicar como é que
entre 29/5 e 12/10 navegando de oeste para sudoeste, não tenham visto uma única
ilhas das muitas do arquipélago das Bahamas antes de chegar a Guanahamí.
Após
33 dias viagem, mais precisamente a 12 de Outubro de 1492, chega uma das ilhas das
Lucaias (Lucayas) das Bahamas, a Guanahaní. Seis destas ilhas disputam
esta primazia: Gato, Watling, Samaná, Mariguana, Caicos e a Gran Turco.
Vestindo o uniforme escarlate de
Almirante (7) vai a terra, para tomar oficialmente posse da "India".
Leva consigo o estandarte real dos reis católicos e três bandeiras com uma Cruz
Verde, a cruz da Ordem de Aviz, da dinastia real portuguesa e que
figurava também na bandeira de Portugal. Um facto que tem sido omitido. Dois
dias depois já está a raptar 7 indios para os usar, mais tarde como interpretes.
A primeira a ilha a que deu nome foi São Salvador.
Para Oeste? Não
para Sul !
Colombo
anunciou que para atingir a "Ásia", a partir da Europa, bastava navegar
sempre para Oeste. A verdade é que depois de ter chegado a uma pequena
ilha nas caraíbas (12/10/1492), começou a navegar para sul e sudoeste
(de frente para o vento).
No dia 21
de Outubro de 1492, continua a dizer que o seu objectivo era o Oriente,
a rota normal teria sido navegar para oeste ou noroeste, com ventos
habitualmente favoráveis, mas em vez disso o seu percurso foi em sentido
contrário, navegou para sul e a seguir para leste. Depois de deixar Cuba
(5/12/1492) tomou a direcção de La Hispaniola, e a partir desta ilha
dirigiu-se para os Açores. O seu objectivo não era a Ásia, mas ficar-se
por umas ilhas no Atlântico, dizendo aos espanhóis que faziam parte da
Ásia.
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A 27 de Outubro avista Cuba, que não
tarda a identificar como fazendo parte do continente asiático. Está em terras do
Gran Khan e de ferozes canibais. A 21 de Novembro, Martín Pinzon separa-se de
Colombo, e só volta a aparecer a 6 de Janeiro de 1493. Entretanto chega ao Haiti
(Hispaniola). A 25 de Dezembro a Santa Maria afunda-se ou é afundada.
Colombo, que passa a comandar a Niña, encontra aqui um excelente pretexto
para deixar nas Indias 39 incómodos espanhóis, no recém criado Forte de la
Natividad.
A 8 de Janeiro de 1493 resolve
regressas a Espanha, não voltando pela mesma rota, mas dirigindo-se
para os Açores (16 de Janeiro). Martin Pinzon, a 12 de Fevereiro, volta a separar-se de Colombo,
que a 17 de Fevereiro chega à Ilha de Santa Maria. Após se ter reabastecido nesta Ilha,
dirigiu-se para Lisboa, a fim de comunicar ao rei D. João II a sua descoberta (4
de Março de 1493). A sua prioridade foi informar Portugal e não a Espanha.
Martin Pinzon foi parar a Baiona/Bayona,
na Galiza, onde aportou em fins de Fevereiro ou princípios de Março. Escreveu
aos reis espanhóis para solicitar um encontro com a Corte, mas os reis recusaram
encontrar com Martin Pizon, alegando que haviam feito um contrato com Colombo e
não com ele. Pelo que o mesmo foi mandado dirigir-se para Palos.
As
informações de Colombo eram cruciais para as negociações de Portugal com a
Espanha. Estava em jogo a partilha do mundo, concretizada no ano seguinte no Tratado
de Tordesilhas. O resultado concreto da sua viagem foi afastar os
espanhóis do verdadeiro caminho par a India.
Colombo,
após dez dias de
permanência em Portugal e já devidamente instruído regressou finalmente a
Espanha, onde chegou a 15 de Março. Horas depois chegava Martin Pinzon,
desgostoso pelo tratamento que a corte lhe havia dado.
Mais
A
viagem à India contornando a Àfrica só agora poderia ser realizada, pois
Portugal tinha assegurado que os espanhóis estavam completamente envolvidos nas
Antilhas, continuando a julgar que estavam na verdadeira India.
Qual
foi a participação de Colombo nesta operação ?
Após
ter regressado da primeira viagem à América, em 1493, propõe aos reis
de Espanha que fizessem um tratado com Portugal para dividirem o mundo entre si.
D. João II, em 1494, no célebre Tratado de Tordesilhas, oferece-lhes sem
hesitação a "Índia" descoberta por Colombo. O objectivo do rei
português era convencer espanhóis e outros concorrentes que Colombo havia de
facto chegado à "India" (América).
2ª. Viagem
( Cádis,
26/09/1493 - Cádis,11/06/1496), com três naus e 14 caravelas, ao
todo foram 1.200 homens.
Colombo, fazia-se acompanhar do seu
irmão Diego Colon. Entre a tripulação contavam-se, frades, cavaleiros e fidalgos
e outras figuras importantes, como Fray Bernardo Boyl, Antonio Torres, Bernal
Diáz de Pisa, Alvaro de Acosta, Diego Márquez, Diego Alvarez Chanca, Juan de
Aguado, Alonso de Ojeda, Pedro Margarit, Ginés de Gorvalán, Melchor Maldonado,
Juan Ponce de León, Pedro Hernández Coronel, Juan de Esquivel, Francisco de
Peñalosa, Juan de la Cosa, Pedro de Terreros, Pedro de Villacorta, Pedro Alonso
Niño, Juan Niño e tantos outros. Todos esperavam enriquecer rapidamente, sem
grande trabalho. Ninguém imagina o inferno para onde seriam conduzidos.
Colombo
não dá nenhum mapa aos pilotos dos vários navios, obriga-os a seguirem-no. Uma
vez nas Indias limita-se visitar ilhas, oferecendo
aos espanhóis mais do mesmo.
Desta
vez visita as Ilhas de Porto Rico, Hispaniola, Jamaica e a costa sul de Cuba.
Quem o acompanha nestas viagens acaba por ficar sem uma noção precisa da
dimensão das terras descobertas. Para lançar mais a confusão nos cosmógrafos
espanhóis, afirma que está muito perto da Arábia. Obriga a tripulação de três
navios a jurarem por escrito a continentalidade de Cuba (12/6/1494).
Sem grandes surpresas encontra
mortos os 39 espanhóis do forte da Natividad (26/11/1493).
As condições que os espanhóis
encontram são absolutamente miseráveis e doentias. A escassez de alimentos
provoca contínuas mortes e enfermidades. Os problemas acumulam-se. A
revolta instala-se. O capitão Pedro Margarit e o beneditino Bernando Boyl
aproveitam a ocasião para roubarem, escravizarem e matarem indios. Quando
regressam a Espanha, desenvolvem uma intensa campanha junto a Corte para
denunciarem as mentiras de Colombo. A 24/6/1494 Bartolomeu Colón chega a
Isabela, permitindo ao seu irmão uma eficaz repressão dos descontentes.
A população indigena de La
Hispaniola é então alvo de uma brutal violência. Calcula-se que dois terços da
mesma tenha sido morta, nomeadamente à fome. Os sobreviventes passam a ser
obrigados a pagarem pesados tributos.
Perante a noticia que estava a ser
alvo de uma campanha de descredibilização na Corte, resolve regressar a Espanha.
No regresso, em Março de 1496, trouxe consigo, nas duas
caravelas (Niña e India), 225 tripulantes e 30 escravos indios, entre os quais
se contava o kaseke Caonabó, algemado. Numa manobra "inovadora" tomou a
direcção do Leste, apanhou de frente com ventos alísios contrários. Durante um
mês apenas conseguiu chegar a Guadalupe, onde se reabasteceu, e apanhou mais
dois indios como escravos. Em pleno mar alto a falta de alimentos cedo se fez
sentir. A tripulação
chegou a pensar comer os indios, tanta era a fome a bordo.
Veio uma vez mais pelos Açores,
dirigindo-se depois para as costas do Alentejo (Portugal), onde aportou em
Vila Nova de Milfontes (Odemira), com duas caravelas, a 8 de Junho de
1496. Ficou aqui 2 ou 3 dias, e só depois se dirigiu para Cádiz, onde
surge vestido com o hábito de franciscano, e é desta forma que se apresentará na
corte.
Colombo,
em 1496, tem plena consciência que a sua situação é insustentável. É neste
contexto que em 1497 intervém outro português ao serviço dos reis de
Espanha - Álvaro de Portugal - que confirma os seus privilégios.
O seu futuro e o da sua família estavam aparentemente assegurados.
Só
quando, em 1497, os portugueses estavam seguros que o embuste funcionou,
é que as naus comandadas por Vasco da Gama, sem concorrência, partiram
para a verdadeira Índia. Em 1498, Duarte Pacheco Pereira é
enviado para Ocidente, para toda a linha do Tratado de Tordesilhas, verificando
as terras que pertenciam a Portugal.
Estas viagens provocam uma enorme
sobressalto em Espanha, sendo Colombo, obrigado a escrever o conhecido "Memorial
de la Mejorada", onde ataca D. Manuel I por não estar a cumprir o plano de
D. João II...
3ª. Viagem
( San Lucar de
Barrameda, 30/05/1498 - 10/10/1500), com seis navios parte de novo para as
India, com cerca de 600 homens, entre os quais 10 condenados e duas mulheres
ciganas. Foi à Ilha de Trinidad e Costa de Paria (Terra Firme).
Os espanhóis estão inquietos. Se
não tivermos em conta a missão de Colombo seria inconcebível pensar-se que um
navegador tão experiente havia perdido tantos anos a navegar por entre ilhotas.
Desde
a antiguidade clássica que gregos e romanos sabiam que a India não era
nenhuma Ilha, muito menos habitada por populações primitivas que desconheciam
a agricultura e o uso de metais. Estes eram os Indios com que Colombo
andava a entreter os espanhóis
durante
oito anos.
Colombo
só inicia esta viagem um ano depois de Vasco da Gama ter partido para a
verdadeira India, e de D. Manuel I ter sido jurado herdeiro do trono de Espanha
(Maio de 1498). Só nesta altura assume alguma liberdade nas suas
explorações.
De
Espanha dirige-se para a Ilha da Madeira (Portugal) onde é recebido de forma
apoteótica pela população local e os seus familiares. É tratado como
um herói.
Na Ilha da Madeira resolve dividir a
expedição, três navios são enviados para La Hispaniola, onde se irão juntar aso
rebeldes. Os restantes, sob o seu comando,
dirigem-se para as Ilhas de Cabo
Verde, onde ficam entre 27/6 e 5/7/1498. Parte então FINALMENTE à procura da "Terra
Firme" que lhe havia falado D. João II. Passa pela foz do Rio Orinoco, Ilha da Trindade (
Trinidad ) e atinge o Golfo de Paria, na costa norte da actual Venezuela (sem a explorar).
A descoberta da existência de
pérolas no Golfo de Pária, leva-o a interromper a exploração (15/8/1498),
dirigindo-se para La Hispaniola. O seu objectivo foi claramente o de ocultar a
descoberta (cfr. Bernáldez, Cura de Los Palacios), o que provocou logo uma
reacção dos espanhóis a bordo. A descoberta só foi comunicada apenas a
18/10/1498, tendo a noticia chegado a Espanha a 10/12/1498. A sua intenção era
enviar o seu irmão Bartolomeu a recolher as pérolas, e só depois fazer a
comunicação.
Repare-se
neste importante facto: Cristovão Colombo, não avança para Ocidente onde se encontrava a
"India", mas
depois de uma curta incursão na Terra Firme que D. João II lhe falara, dirige-se para
uma ilha já conhecida - La Hispaniola.
Nas
Indias espanholas não
tarda a saber-se que os portugueses haviam chegado à Índia contornando África.
A viagem de Vasco da Gama (8/7/1497- Julho de 1499) fora um
enorme sucesso ( 1 ).
O ambiente é de revolta generalizada
contra Colombo e os seus irmãos, que usam de uma brutal violência contra os
espanhóis, matando às centenas. Entre os rebeldes destaca-se Francisco
Roldán. Face às matanças de espanhóis, os reis, nomeiam Francisco Bobadilla,
comendador da Ordem de Calatrava, juiz investigador e governador das Indias,
tendo partido para a Hispaniola, em Julho de 1500.
Quando Bobadilla chega à Hispaniola
depara-se com um espectáculo terrifico: 7 espanhóis haviam sido enforcados na
semana anterior, e cinco aguardavam a sua vez de serem mortos...
Em Outubro
de 1500 Cristovão Colombo é preso com os seus irmãos e enviados para Espanha. A rainha Isabel de Espanha acaba por o libertar, mas a protecção
real está perto do fim. É a hora dos abutres genoveses atacarem, sob o
pretexto de garantirem a transmissão dos seus privilégios para o seu filho
Diego Colon.
4ª.
Viagem
( Cádiz,11/5/1502 a 7/11/1504).
A expedição é composta por 4 navios (Capitana, Bermuda ou Santiago de Palos, Vizcaína e
Gallega) com cerca de 140 homens, a maioria dos quais rapazes. Colombo leva consigo o seu irmão Bartolomeu e
o seu filho Hernando, para além de Diego Mendez. Partiram de Sevilha a 3/4/1502,
dirigindo-se para Cádiz.
Ficou a dever-se a
Alvaro de Bragança a rapidez da
autorização da viagem. Foram apenas 16 dias, entre o pedido e a autorização
(26/2/1502). Foi-lhe pedido muito pressa na organização e na partida: "Devereis
partir imediatamente, sem qualquer demora"; "Deveis iniciar a viagem com os
vossos navios, com toda a rapidez possível." Alvaro de Bragança procurava
retirar o mais depressa possível Colombo da Espanha.
Colombo estava obrigado a responder
às viagens à India de Vasco da Gama (1497-1499) e de Pedro Alvares Cabral
(1500-1501), encontrando a verdadeira India. O seu objectivo era encontrar uma passagem
para o mar da India, e depois de a alcançar dar a volta ao mundo regressando
pelo Cabo da Boa Esperança. Uma questão que irá omitir na relação Quarta
Viagem, dada a impossibilidade de o fazer.
Nesta altura, tem conhecimento que
os portugueses estavam a divulgar a ideia que existia o novo continente deste se
estendia desde a
Terra Nova ao Brasil, como está espalhado no Mapa de Cantino (1500-1502).
Era cada vez mais disparatado continuar a afirmar que chegara à Ásia, mas
afirmar outra coisa era confirmar o logro a que conduzira os espanhóis.
No
inicio da expedição, num acto de puro patriotismo,
em vez de se dirigir directamente para a América, muda a trajectória e avança
com os seus barcos na direcção de Marrocos. Qual o objectivo? - Ajudar os
portugueses que estavam cercados pelos mouros na Fortaleza de Arzila. Como
escreveu a um seu amigo italiano (Padre Gaspar Gorricio ), residente em Espanha,
fazia questão de ser o "primeiro" neste socorro.
Dirige-se depois para a Grã Canária
onde chega a 26/5/1502. Os reis espanhóis proíbem-no de
aportar à ilha La Hispaniola, uma mediada que o irá salvar. Quando chega a Santo
Domingo (29/6/1502) está de partida para Espanha uma enorme frota com 30 0u 31
navios, onde seguiam entre outros comendador o Bobadilla, Francisco Roldan,
António de Torres, Pero Alonso Niño e o rei Guarionex. Todos acabam por morrer
vítima de um violento furacão. O único navio que não terá naufragado foi
justamente o que tinham um carregamento de ouro de Colombo. O fato deste não poder aportar à ilha acabou
por o salvar.
A expedição colombiana salda-se num completo desastre, apenas
percorre as Honduras, Costa Rica e Panamá. A 26 de Novembro de 1502, chega a um
local que denomina "El Retrete" (latrina, pia, fossa, cloca), onde permanece durante nove dias, e aí
desiste de procurar procurar o estreito lhe permitiria chegar à India. Pelo
caminho perde metade da frota.
Inicia
então a viagem de regresso, passa ainda por Verágua (Panamá), e acaba por encalhar os
dois únicos navios que lhe restavam - a Capitana e a Bermuda - na Baia de Santa
Ana a norte da Jamaica
(25/6/1503). Só sairá desta baia, um ano depois (28/6/1504), graças a um navio
que fretou Diego Mendes de Segura, e onde fará a viagem de regresso a Espanha, com o seu filho Hernando e
o irmão Bartolomeu .
Enquanto esteve retido na Jamaica, quem o salva várias vezes é
Diego Mendez de Segura e o seu
irmão Bartolomeu, que mata sem piedade os rebeldes que acompanham os irmãos
Francisco e Diego Porras (19/5/1504), agentes dos reis espanhóis.
Nesta expedição morreram 32 marinheiros, meia duzia desertaram, e dos
sobreviventes a maioria contraiu graves doenças. Para evitar os
espanhóis pudessem chegar às alegadas riquezas que encontrou, mandou recolher
todos os mapas dos pilotos, inclusive o livro de Pedro Mateos.
Quando chega a Espanha, a 7/11/1504, tem conhecimento da morte
de Alvaro de Bragança. Isabel, a católica, morre a 26/11/1504, o que o deixa sem apoios.
A corte não quer saber do que
tem a dizer, e apenas o aceita receber em Maio de 1505. Tem inclusive que
adiantar o pagamento do soldo aos poucos marinheiros que regressaram, pois a
corte foi-se atrasando nos pagamentos. Que novidades tinha para oferecer? Muito
poucas. As terras que andara a "descobrir", e que julgara só ele conhecer
estavam já em 1502/3 a ser exploradas por navios portugueses que aí andavam a
resgatar indios e pérolas o que irá levar Juan de la Cosa a Lisboa.
Mais
,
Nesta altura
era acusado pelos espanhóis de os ter enganado. Todo o mundo já
sabia que Portugal havia chegado à India, ao Brasil, Canadá (Terra Nova) ,
etc. No Oriente as naus portuguesas já andavam à procura de destinos mais longínquos,
como a China, Malaca ou o Japão.
O
que continua a fazer Cristovão Colombo ? Depois de ter andado em ilhas já
conhecidas nas Caraíbas, em vez de se dirigir na direcção do Ocidente, como
seria de esperar para atingir a India, avança na direcção do sul. Alguns
historiadores tem afirmado que, ao tomar esta estranha direcção, revela que
pretendia evitar encontrar-se com os portugueses que "sabia"
encontrarem-se algures a Ocidente. Estamos convencidos que o seu objectivo era
simplesmente
afastar os espanhóis da verdadeira India, atolando-os numa região que denominou
sugestivamente "retrete".
Nesta viagem, como nas outras
anteriores, continua a proibir que os pilotos tenham cartas de navegação, o
único que as podia possuir era ele. O seu objectivo, era uma vez mais confundir
os espanhóis. Como se não bastasse, continua afirmar que andava a percorrer a
Ásia.
No dia 29/2/1509, estando retido na
Jamaica, calcula a longitude da mesma, com um erro colossal de 2 horas e 38,5
minutos, equivalente a 39º 37`. O seu objectivo, era neste caso, como refere
Morison, afirmar que as indias espanholas se encontravam algures na Ásia
Oriental.
A carta que envia através de Diego Mendes de Segura (português) para entregar
aos reis de Espanha, é uma completa fantasia
sobre o que viram nas terras que percorreram. Havia que prolongar a mentira, e para que não
restasse dúvidas foi de todas as viagens aquela em que foram mais italianos. O
objectivo era afastar qualquer possível acusação de traição.
Colombo não se contenta com estas
afirmações fantasiosas, acusa os espanhóis de terem roubado e matado tanta gente
nas terras de Paria e ilhas da comarca, que durante gerações serão olhados como
criminosos pela população (Textos, 500). Acusa os espanhóis de serem um povo de
grosseiro, vil, que foi para as Indias para roubarem, enriquecerem rapidamente,
e não para trabalharem (Textos, 501). Os governadores que foram nomeados depois
dele, levaram à ruina as Indias (idem, p.501). Estamos perante aquilo que será
mais tarde chamado de "Leyenda Negra", popularizada por Las Casas.
A sua principal
preocupação é agora sobreviver e garantir a segurança da sua família.
D
) Ocultação
Colombo
recusou-se sempre a entregar aos reis de Espanha as posições exactas das
terras descobertas. Para contornarem a situação, em Junho de 1494, tiveram que
enviar para as Indias um astrónomo e cosmógrafo- o Abade de Lucerna. As
informações imprecisas continuarem a persistir.
Na
3ª. Viagem, Colombo divide na Ilha Gomera (19/21 de Junho de 1498) a frota de 6
navios em dois grupos de 3 navios cada: Um
foi enviado para Hispaniola comandado por pessoas que não eram da
sua total confiança, nomeadamente um seu suposto primo italiano. O outro, comandado pelo próprio Colombo foi descobrir
o continente que D. João II lhe falara existir a Ocidente.
Entre
11 e 31 de Agosto de 1498, Colombo navega junto à Verágua. Tem a nítida
percepção que está num Continente (Terra Firme) e das enormes riquezas que o local encerra, nomeadamente os bancos de
pérolas da IIha Margarita. Em vez de prosseguir a exploração da "Terra
Firma" e do "Paraíso" que acabava de descobrir dá por
finda as explorações e regressa a Hispaniola. A descoberta acabou por
saber-se, pela tripulação que restava. Alonso Hojeda e
outros espanhóis há muito descontentes pressionam Colombo para dar-lhes detalhes e posições exactas, o que
este recusa.
Colombo
só informa Espanha das novas descobertas, em Novembro de 1498, mas de um
modo tão confuso que ninguém se podia orientar pelo seu relato. Alonso Ojeda volta à carga e após inúmeras insistências consegue um esboço destas terras.
Não tardou a
obter a autorização da Corte para as explorar, em fins de 1499, levando consigo um
cartógrafo (Juan de la Cosa), tendo ambos confirmado aquilo que há muito se
suspeitava: Colombo andara ocultar o verdadeiro Continente, entretendo o
espanhóis com Ilhas. A partir daqui Colombo foi desligado das explorações
marítimas. Informado do sucedido, Portugal manda de imediato Pedro Alvares Cabral
para o Brasil, afim de comunicar o seu achamento.
Durante a
quarta e última viagem às Indias
(1502-1504), assume uma
atitude de aberto confronto com a Coroa Espanhola, recusando-se divulgar a
localização das terras que havia descoberto. Manda inclusive retirar a todos os
pilotos e marinheiros qualquer informação que pudessem orientar os espanhóis:
"los marineros no traían ya carta de navegar, que se les avía el Amirante
(Colombo) tomado a todos" (8).
Não se limita a esconder a
informação, gaba-se desse facto aos próprios reis espanhóis na Lettera
Rarissima (7/7/1503):
"De mi viaje que fueron ciento y
cincuenta personas conmigo, en que ay hartos suficientes para pilotos y grandes
marineros; ninguno puede dar razón çierta por dónde fuí yo ni vine... Responden,
si saben, adónde es el sitio de Veragua. Digo que no pueden dar razon ni cuenta,
salvo que fueron a unas tierras adonde ay mucho oro, y certificarle, mas para
volver a ella el camino tienen ignoto; seria necessario para ir a ella
descubrirla como de primero".
Estava absolutamente convencido que
sem ele os espanhóis não iriam ficar com o ouro que afirmava existir em Veragua.
Em 1508 partiu para as Indias, uma
expedição comandada pelo português João Dias de Solís e pelo espanhol
Vicente Yanes Pinzon, que localizou as terras que Colombo afirmara serem
impossíveis de reencontrar... Mais
.
.
Colombo,
um Vice-Rei Português Colombo
tinha uma formação portuguesa, e neste sentido governou as Indias espanholas segundo um
modelo que vira aplicado por Portugal em África, Ilha da Madeira, Açores
e Cabo Verde.
1.
Feitorias Portuguesas. O seu
modelo de administração das Indias não assentava na colonização das ilhas,
como ocorreu na Madeira ou nos Açores, mas sim na criação de Feitorias como a
de S. Jorge da Mina.
A função destas feitorias era funcionarem como entreposto
para a troca comercial e exploração de recursos locais . Nesse sentido, evitou
distribuir terras aos potenciais colonos espanhóis, e modo a que estes não
fixassem nas Indias. "La Isabel", criada por Colombo, a
1/1/1494, foi a primeira das feitorias criada no Novo Mundo, segundo um modelo
português (4).
Juan Gil , calcula
que a administração das indias espanholas, segundo um modelo português, começou
em meados de 1495: "el modelo que Colón había visto emplear a los portugueses en
la Mina." (5)
2. Administração centralizada.
Em 1493 propôs a criação de "casas" sediadas em Sevilha
para administrar os rendimentos provenientes das Indias, segundo um modelo
existente em Lisboa. Seguindo a mesma fonte de inspiração, mais tarde, o
português Alvaro de Bragança criará, em 1503, a célebre Casa da
Contração de Sevilha, da qual foi o primeiro responsável.
3. Pactos com os caciques locais. Esta
foi uma das suas grandes preocupações de forma a criar uma base de
apoio dos chefes indigenas locais (2). o historiador István
Szászdi León-Borja, sugere
que Colombo tenha aprendido com os portugueses, a estabelecer estes pactos de
"domínio pacífico dos indigenas", na costa ocidental de África (2).
4.
Interpretes. Seguindo
uma prática portuguesa enviou para Espanha nativos para aprenderem
castelhano para depois poderem servir de interpretes locais utilizando-os nos
próprios descobrimentos. (3)
5. Fortes de
Madeira. O primeiro forte
que Colombo construiu nas Indias - o Forte de Natividad - foi em madeira,
utilizando os restos da nau Santa Maria que ardilosamente afundou. A construção
de castelos ou fortalezas de madeira foi desde 1415 largamente utilizado
pelos portugueses nas guerras de África, e mais tarde na India. Colombo observou
muitos destes castelos ou fortalezas de madeira nas suas viagens à Guiné. Os
elementos para estas construções militares eram frequentemente pré-fabricados em
Portugal e depois levados para África ou a India, onde eram montados (9).
Não deixa de ser
curioso assinalar que - Rodrigo de Melo, o sogro de
Alvaro de Bragança -
tivesse como empresa uma destas construções pré-fabricadas (10).
6. Redes de
fortalezas instaladas junto à foz dos rios.
Entre 1492 e 1500 construiu na ilha "Hispaniola" (Haiti e Rep. Dominicana) 7 fortalezas.
7. Avanço
do litoral para o interior.
Uma vez consolida as posições no litoral e garantida as linhas de
abastecimento, procedia-se à expansão para o interior, utilizado
sempre que possível os cursos dos rios.
8. Padrões
(cruzes) assinalando as descobertas.
Seguindo uma prática portuguesa, Colombo em cada local onde lançava ferro, faz
questão de colocar uma cruz.(Diário
de Bordo -12/11/1492 Las
Casas)
9. Exclusividade.
Portugal na primeira metade
do século XV fez questão de defender o exclusivo de mares e de terras a sul do
Cabo do Bojador, a célebre política do "Mar Fechado". Colombo seguindo esta
política, assim que chegou às Indias (Antilhas, Caraíbas, América) fez logo
questão de defender o exclusivo das terras que encontrou para os "bons
católicos", excluindo todos os outros (Diário de Bordo, 27 de Novembro de 1492).
Como veremos, a partir de 1500 passou a considerar os próprios espanhóis maus
católicos, defendendo junto do papa a sua expulsão das indias...
10. Esclavagismo.
Colombo encarava todos os indigenas como potenciais escravos ao serviço dos
conquistadores nas colónias, mas também como mercadorias susceptíveis de
serem exportadas para os mercados europeus.
Os reis católicos,
devido a questões teológicas, viram-se forçados a limitar a importação de
escravos indios, o que diminui as receitas que Colombo esperava obter do
tráfico. É neste contexto que resolve inovar, por volta de 1499, de modo a
contentar um crescente número de espanhóis que se fixavam nas Indias, ao
estabelecer o sistema das "encomiendas": - em vez de
dar terras aos colonos para cultivarem, dava-lhes indios para s servirem como
escravos.
O resultado foi a matança
indiscriminada de milhares de indios pelos espanhóis, fazendo em poucos anos
diminuir de forma dramática a mão-de-obra local disponível, obrigando à
importação de escravos negros (africanos).
11. Mestiçagem.
Ao contrário do que se afirma, a proibição dos casamentos mistos não
se deve a Colombo, mas era uma imposição dos reis espanhóis que ainda
vigorava no século XVII.
O problema
de Colombo é que estava a lidar com espanhóis e não com portugueses,
o que fazia toda a diferença. |
Carlos
Fontes
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