Carlos Fontes

 

 

   

Cristovão Colombo, português ?

 

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As Provas do Colombo Português

 

 

 

18. Descobridores e Conquistadores em Espanha

 

A expansão marítima dos portugueses foi desde o inicio fruto de uma obra colectiva. Os reis desde muito cedo perceberam que a única alternativa que lhes restava era expandirem o reino para além mar.  Na Península Ibérica estavam limitados pelos reinos de Castela e Aragão.

 

O reino de Portugal a partir do século XIV sonda a possibilidade de se expandir para as Canárias, mas é a partir da conquista de Ceuta, em 1415, que se assumiu o projecto de o fazer através da descoberta de novos mares e terras. Os

descobrimentos foram desde então assumidos como um projecto político da corte portuguesa.

 

Os reinos de Castela e Aragão permaneceram centrados na conquista do reino de Granada e em territórios já conhecidos, em torno do Mediterrâneo.

 

Colombo viveu, aprendeu, constituiu família em Portugal. Aqui concebeu, com qualquer português do seu tempo, a ideia de descobrir novas terras.

 

A novidade da sua acção foi ter, em 1485, ido oferecer à rainha - Isabel, a Católica -, a possibilidade de também chegar a mares e terras desconhecidas - as Indias (Antilhas, a América). Não foi todavia um caso único. Muitos outros portugueses também o fizeram. Na verdade, milhares de portugueses tiveram um papel decisivo na construção do Império Espanhol, um facto sistematicamente ignorado.

 

Diego Colon quando o seu pai faleceu, em 1506, mandou escrever junto ao brasão de Colombo, o seguinte lema: "A Castilla y a Leon Nuevo Mundo dio Colon" (39) . Esta terá sido a vontade expressa de Colombo de a mostrar que foi ele que deu a Castela e Leão as Indias, sem ele nada tinham descoberto. Muitos outros portugueses foram para Castela/Espanha oferecer os seus serviços prometendo-lhe darem-lhes novas terras a troco de privilégios, que a Corte em Portugal lhes recusava.

 

 

a ) Português

 

Colombo foi para Castela em fins de 1484 ou princípios de 1485, na sequência de uma conspiração contra D. João II, protagonizada pelo Duque de Viseu-Beja, senhor das ilhas do Atlântico e mestre da Ordem de Cristo. Três anos depois, a 18 de Outubro de 1487, num documento oficial da Corte espanhola é identificado como "português":

:

"Dei também a (nome deixado em branco ) Português, neste dia trinta doblas (moedas de ouro) castelhanas, que Sua Alteza lhe mandou dar na presença do doutor De Talavera; Deu-lhas por mim Alonso De Quintanilla; Este é o Português que estava em El Real; isto foi à partida de Linares, e Sua Alteza mandou-me em pessoa" ( 1 )..

 

Alguns historiadores tem levantado a hipótese de Pedro Diaz de Toledo se ter enganado, não sabendo reconhecer a lingua portuguesa. Trata-se de um afirmação de todo improvável se tivermos em conta a sua formação e experiência em latim, estudos clássicos, italianos e mesmos os contactos com portugueses e a cultura portuguesa da época. 

 

Os restantes membros da corte que participaram neste acto oficial, sabiam também distinguir um português de outro estrageiro.

 O Doutor de Talavera - Rodrigo Maldonado de Talavera (?-1517) -, era chanceler da Ordem de Santiago, reitor da Universidade de Salamanca. Entre outras missões relacionadas com Portugal, interveio nas conversações dos reis católicos com Afonso V, sobre as questões relacionadas com a guerra de sucessão ao trono de Castela. Maldonado participou também nas conversações e assinatura dos Tratados de Alcáçovas (1479) e de Tordesilhas (1494). Poderia não perceber nada de navegações ou cosmografia, mas era dificil encontrar na Corte de Castela, uma pessoa que melhor pudesse identificar um português (Colombo).

 

Isabel, a católica, cuja mãe era portuguesa, sabia português e Alonso de Quintanilla (consultar) estava intimamente ligado a portugueses. Estamos perante um grupo de pessoas que sabia facilmente distinguir um português de um italiano, um nobre em fuga de um charlatão. Conheciam e eram parte activa nas grandes questões políticas dos reinos peninsulares. A solução encontrada poderá ter sido a de mantê-lo no anonimato, tendo este adoptado um nome falso.

 

 

Porque não mencionou o nome deste Português (Colombo) ? O que procurava ocultar? A explicação levanta duas hipóteses  interessantes:

 

1.Português, sinónimo de Cristão-Novo

 

Pedro Diaz de Toledo era um converso ou cristão-novo ( 2 ), vivia numa altura em que os mesmos eram perseguidos em Castela. O seu tio - Fernán Diaz de Toledo (também converso) foi um dos principais defensores dos judeus e dos conversos.

 

Em 1449 foi o autor da célebre "Instrucción del Relator", no qual denuncia as perseguições que eram vítimas, apela a que se ponha fim à questão da limpeza de sangue e à proibição dos conversos exercerem ofícios públicos, por último solicita a intervenção do rei (Enrique IV). Estamos perante alguém que procurava apoiar os cristãos-novos.

 

Como é sabido, em Espanha, a partir do século XV, todos os portugueses são sumariamente identificados como judeus ou de origem judaica. O que irá justificar até ao século XVIII uma brutal perseguição aos portugueses em Espanha e nas Indias espanholas. Mais

 

Ao escrever Português em vez de Colombo, era o mesmo que dizer que se tratava de um português cristão-novo (converso), ocultando de certa forma a sua identidade.. Esta é uma das explicações possíveis, mas não a única.

 

 

2. Português fugitivo

 

Hernando Colon afirma claramente que Colombo fugiu de Portugal, mas nunca explicitou os motivos. A célebre carta de D. João II, em Março de 1488, deixa transparecer que havia um qualquer problema com o mesmo.  Para além disto, sabemos que vivia rodeado de exilados portugueses e em casa de portugueses.

 

Para a Corte Castelhana era, no mínimo, mais um dos conspiradores que haviam atentado contra D. João II de Portugal, e que tinham prometido servir os interesses de Castela. O seu nome numa folha de registos de pagamentos deste reino era a prova da sua traição ao rei de Portugal. Estava aparentemente inserido na categoria dos proscritos, com a vida em perigo.  A forma encontrada por alguns deles, como foi o caso de Lopo de Albuquerque ( consultar ), foi mudarem de nome no estrangeiro.

 

O Português (Colombo) referido no documento de Outubro de 1487, poderá ter sido um dos que foi aconselhado a mudarem de nome.

 

Depois deste encontro passou a ser mencionado como "estrangeiro", mas nunca como italiano ou genovês.

Durante oito anos o espanhóis chamaram-lhe de Colomo. Só em 1492 lhe chamaram Colon, e já depois da sua morte em 1506 lhe colocaram um acento no nome (Colón). Foi também conhecido em Espanha pelo nome de Pedro e pelo apelido de Guiarra ou GuerraConsultar ).Muitos nomes para uma mesma pessoa.

 

3. Natural de Portugal

 

Hernando Colón, nunca afirmou explicitamente que o seu pai era genovês, mas disse claramente que o seu pai se tinha como natural dos reinos de Portugal e de Espanha que eram as pátrias dos seus filhos (Hist.Almirante, cap.II).

 

Las Casas, baseado em João de Barros afirma que era genovês, para logo dizer que era "cuasi natural de Portugal" (Hist. Indias, T.I, cap. 4).

 

Oviedo, na mesma linha, afirma que Colombo fez-se vassalo de Portugal quando se casou com Filipa Moniz Perestrelo.

 

Não era a primeira vez que era identificado como Português. Em 1474, por exemplo, a acreditarmos no próprio Colombo, o florentino Toscanelli trata-o como tal. 

 

Em 1493, por exemplo, numa carta aos reis de Espanha escreve: " Vossa Alteza sabe que eu deixei a minha pátria, mulher e filhos para servir-vos".  A pátria a que se refere só podia ser Portugal. 

 

 

4. Almirante Português

 

Em 1492 os reis espanhóis fazem um enigmático pagamento de 60 mil maravedis a um "almirante português". O seu nome é ocultado, como aconteceu em 1487. Estamos perante mais uma prova da identidade portuguesa de Colombo ? ( Consultar ).

 

A duplicidade e o secretismo que Colombo rodeou toda a sua vida e impôs à sua família, só faz sentido à luz da sua identidade portuguesa. Não era caso único.

 

 

b ) Motivações e estratégias dos Portugueses em Espanha 

 

Entre os séculos XV e XVIII milhares de Portugueses ligados às explorações marítimas e conquistas emigraram para o estrangeiro. 

 

O centralismo da Corte em tudo o que dissesse respeito às explorações marítimas, impedia-os de obterem os ganhos a que individualmente aspiravam. 

 

Fernão de Magalhães foi um dos muitos descontentes que abandonou Portugal e foi oferecer a um rei estrangeiro os seus serviços de navegador. 

 

Um estudo recente dos portugueses que entre 1492 e 1557 foram para Espanha (4), é elucidativo das estratégias que seguirem para se fixarem neste país, a fim de puderem participar nas suas explorações e conquistas: 

 

- A maioria ocultava frequentemente a sua naturalidade e nacionalidade e até o seu estado civil. Em muitos casos só foi possível conhecer estes dados, lendo os processos instaurados pelos seus familiares junto da Corte espanhola a reclamarem os seus bens quando souberam da sua morte.

 

- Apresentavam uma vizinhança (morada) falsa ou adquirida por casamento. Após alguns tempo a morarem numa localidade espanhola passam a afirmar que eram originários da mesma.

 

- Os que eram originários de regiões fronteiriças, como o Alentejo ou o Algarve, tinham a vida facilitada devido aos contactos transfronteiriços. Na expedição de Fernando Souto, em 1538, à Florida, 9 portugueses são registados na Casa da Contratação de Sevilha como sendo vizinhos em Badajoz (Espanha).Não se tratam de simples soldados, pois 8 deles eram fidalgos. Um outro português afirma que era de Guadalcanal (Sevilha). 

 

- Os algarvios quando eram descobertos por estarem a dar uma falsa identidade, era vulgar afirmarem: "Não sou português, mas algarvio" (35).

 

- Muitos faziam-se passar por serem de outros Estados, como foi caso de António Genovês (1503), um português natural de Chaves. Mais

 

- Os próprios espanhóis acabam por registar os portugueses com nomes espanholados, isto é, conforme soavam neste idioma, contribuindo desta forma para ocultar a sua identidade.  

 

No século XVI, comerciantes, feitores, mestres, pilotos e marinheiros portugueses, ligados ao tráfico negreiro, adoptaram a mesma estratégia, ocultando a sua nacionalidade, castelhanizando o nome, dando-se como vizinhos de terras espanholas, exigindo dos historiadores actuais que realizem uma verdadeira investigação policial para identificar a sua nacionalidade(26). 

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O secretismo de Colombo e dos seus irmãos sobre a sua identidade, foi comum a milhares de outros portugueses em Espanha. 

 

c ) Perseguição de Portugueses nas Indias Espanholas

 

Os reis espanhóis sempre se manifestaram  inseguros em relação à familia Colombo, mas também quanto à forte presença de portugueses nas Indias. O seu objectivo era o de garantir a exclusividade das Indias apenas para os naturais de Espanha. Uma tarefa que não era fácil, dado que os espanhóis estavam fortemente dependentes dos portugueses nas navegações, e depois de 1510, no abastecimento de mão-de-obra escrava.  

 

Após a vinda de Vasco da India, em 1499, os espanhóis sentiram-se enganados e passaram a proibir a participação de estrangeiros nas suas expedições às Indias. Uma medida que se revelou ineficaz contra os portugueses, os principais visados. Novas leis foram publicadas no mesmo sentido em 1505 e 1510, quando o governador de Hispaniola (D. Diego  Moniz Perestrelo ) recebeu instruções para expulsar todos os estrangeiros, o que não fez. Em 1522 Carlos V torna a ordenar a expulsão de todos os estrangeiros das Indias, e em particular dos portugueses. Quando se constatou, em 1531 que os portugueses dominavam directamente o comércio negreiro das Caraíbas, o governo espanhol ordenou a expulsão de todos os portugueses (27). Incapazes de dominaram a situação, optaram por tentarem limitar a sua presença nos navios ou permanência nas Indias (28).  Os resultados práticos  foram nulos. 

 

Os portugueses, subornado funcionários, ocultando a sua nacionalidade e fazendo-se passar por espanhóis ou genoveses, negociavam directamente com os grandes senhores locais, fixando-se onde bem entendiam.

 

Algumas destes documentos oficiais espanhóis, manifestando a total impotência da Corte, insultavam os portugueses, integrando-os no mesmo grupo dos ciganos. Em 1568, um vez mais, proíbem a entrada de ambos nas Indias(29).

 

Ao contrário do que se possa pensar, a situação não abrandou entre 1580 e 1640, quando Portugal foi "integrado" na Espanha. Em 1596 Filipe II volta exigir a expulsão dos estrangeiros. Em 1614 Filipe II esclarecia que nas Indias espanholas, um português era um "Extrangeiro" e a sua presença era proibida (8). O combate contra os portugueses nunca abrandou.

 

Quais as razões para esta desconfiança?

 

1. Os portugueses, como veremos, foram os grandes descobridores das Indias espanholas e participavam activamente na sua conquista e povoamento.  

 

2. Os espanhóis temiam que os portugueses se aproveitassem do seu melhor conhecimento das Indias para expandirem os seus territórios no Brasil (o que aconteceu), ou entregasse partes das mesmas a estrangeiros, o que igualmente procuraram fazer.

 

3.  Os espanhóis consideravam a população portuguesa maioritariamente constituída por judeus, temendo desta forma que o judaísmo acabasse por contaminar as Indias espanholas. Foi brutal a repressão que a Inquisição espanhola fez aos portugueses, nomeadamente no México, Peru, Chile e na Colômbia. 

 

México: Os portugueses foram as principais vítimas da Inquisição no México. Em cerca de 80 processos instaurados no final do século XVI, 72 eram de portugueses ou seus descendentes (18). Em Dezembro de 1596 - 120 portugueses familiares e companheiros do português Luis de Carvalhal são assassinados no auto de Fé em Monterrey (11); Em 1649 - 109 foram penitenciados, sendo 13 queimados. 

 

Peru e Chile: No Tribunal da Inquisição de Lima, entre 1569 e 1820, dos 32 condenados à pena de morte, a maioria eram portugueses (15),  dos 7 espanhóis, 4 eram filhos de portugueses, 1 crioulo era também filho de portugueses. A partir dos anos 30 do século XVII sucedem-se os autos de fé contra portugueses. Um dos grupos visados era o dos mercadores que dominavam o comércio em Lima. Em 1639, por exemplo, muitos deles foram acusados de judaísmo e de estarem ligados à Companhia das Indias Orientais (Holandesa). Uma ocasião que outros comerciantes locais aproveitam para anular a concorrência que os portugueses lhes faziam. Entre os executados, conta-se Maldonado Silva, médico de Concepción (Chile) morto na fogueira a 23 de Janeiro de 1639, e a mesma sorte teve Manuel Batista Pérez. As perseguições e matanças de portugueses prolongaram-se até ao século XVIII (14 ). 

A joia da coroa destes portugueses foi Garciloso de la Vega, baptizado como o nome de Gomes Soares de Figueiroa (1539-1616), filho de uma princesa inca e muito provavelmente de um mercenário português. Após a morte do seu pai foi adoptado por uma família espanhola. Trata de primeiro poeta e historiador do novo mundo, que procurou criar um outro olhar sobre a história das américas, tendo em conta a perspectiva dos povos dizimados. Quando veio para Europa, fixou-se em Portugal, onde publicou em Lisboa a quase totalidade das suas obras (23).

Colômbia. Os portugueses, sobretudo de religião judaica, cedo se estabeleceram na Colômbia, onde criaram uma rede comercial entre Cartagena das Indias e o Panamá, entre a região mineira de Zaragoza em Antioquia e Bogotá, com ramificações a Cali, Popayan a Quito e Lima. Dominavam o comercio nas caraibas, e estavam envolvidos na mineração e tráfico de escravos africanos. O seu poder era enorme não apenas em Cartagena, mas também em toda a América espanhola, apoiada numa rede comercial mundial (33).

De 1580 a 1635, judeus portugueses desempenharam um importante papel no comércio de Cartagena, mas não tardaram a ser brutalmente perseguidos pela Inquisição Espanhola, sedeada em Cartagena. Entre 1635 e 1645, muitos deles foram aprisionados por práticas de judaismo.Em 1535, ocorre uma brutal perseguição sendo presos muitos portugueses ( Juan Rodríguez Mesa, Juan del Campo, Álvarez Manuel Prieto, Francisco Piñero, Blas de Paz Pinto, Blas de Paz Pinto, etc, etc). Entre os portugueses mais estudados, destaca-se Domingo de Sosa (Souza), preso em 1650.

Apesar destas proibições e perseguições, a presença portuguesa nas Indias espanholas foi sempre muito numerosa e influente. Em todas as expedições espanholas estiveram sempre portugueses. Um facto que só agora começa a ser estudado. os reis de Portugal controlavam desta maneira tudo o que se passava no Império Espanhol. Mais

 

 

d ) Governadores, Navegadores, Cosmógrafos, Cartógrafos e Conquistadores Portugueses ao Serviço de Espanha

Cristoval Colon não foi o único navegador português ao serviço dos reis de Espanha, mas milhares foram os que o fizeram ao longo dos anos. Os seus nomes só agora começa a ser conhecido de forma sistemática. A título de exemplo tenha-se em conta os seguintes:

1. Governadores

- Diogo Colón Moniz Perestrelo, natural de Lisboa, foi o segundo vice-rei das Indias espanholas.

- Luís de Carabajal de la Cueva, natural de Mogadouro (Trás-os-Montes), foi o fundador do Reino de Nuevo Léon (México).

- João Fernandes de Leão e Pacheco, natural de Portimão, alcaide de carabelleda, rigidor do cabildo de Caracas. etc. (Venezuela).

- Gaspar de Rodas. Filho de Florêncio de Rodas, alcaide-mor de Loulé e de Guiomar Coelho, natural de Lamego. Andou na conquista do Perú (1540) e Reino de Quito. Ao serviço de Belalcázar , assumiu o governo de Popayán. Em 1569 subjugou a ferro e fogo a Antioquia (Colombia). Criou várias cidades: San-Juan de Rodas (1571), Zaragoza de las Palmas (1581), etc.  

2. Navegadores

Dezenas de navegadores (capitães e pilotos), conduziram ou tiveram um papel fundamental nas expedições espanholas no mundo. Alguns exemplos:

a) Antilhas (Caraíbas) 

- As quatro viagens de Colombo contaram sempre com a presença de portugueses. A primeira contou com pelo menos seis, dois dos quais desembarcaram em Lisboa (Março de 1493). A última, contava com o célebre Diego Mendes de Segura.

Os portugueses não apenas integraram as expedições de Colombo, mas também realizaram antes e depois expedições próprias às Indias ditas espanholas. Mais

b) Oceano Pacífico

A exploração do pacífico pelos espanhóis ficou-se a dever ao descontentamento de muitos portugueses em relação à política monopolista da coroa portuguesa, que se acentuou depois de 1506. A coroa reservava para si o comércio da Rota do Cabo, e em particular certas especiarias como a pimenta, cravo, maça, noz-moscada, etc. 

A alternativa que se lhes oferecia era procurarem uma rota marítima alternativa a poente, o que implicava entrarem nos domínios de Espanha. Esta foi a razão pela qual se transferiram de Lisboa para Sevilha, navegadores portugueses como Magalhães, mas também pilotos, mestres, armadores, comerciantes que se envolveram em expedições às Molucas navegando a partir da costa ocidental da América..

- Fernão de Magalhães. Na primeira viagem à volta do mundo (1519-22), projectada e comandada por este navegador português participaram pelo menos trinta portugueses, cinco dos quais eram experimentados pilotos. O Mar Pacífico (Oceano Pacífico), nome dado por Magalhães, era percorrido pelos portugueses desde 1511. 

Esta expedição só foi possível, devido ao financiamento de Cristovão Haro, um mercador-banqueiro português  que também se  incompatibilizou com D.Manuel I e que, por essa razão, se transferiu de Lisboa para Sevilha (1516):  Este mercador, de originário de Burgos (Flandres), financiou igualmente a expedição de Loayaza (1525).

- Francisco Serrão (?-Tidore,1522). Após participar na conquista de Malaca (1511), é enviado para as Molucas, à procura da "Ilha das Especiarias", acabando por se fixar em Ternate (Indonésia), onde se tornou conselheiro do sultão local. Familiar de Magalhães, enviou-lhe para Espanha informações sobre a Ilha das Especiarias, e a rota para a atingir através das ilhas da Indonésia. Uma informação que ajudou a Magalhães convencer Carlos V a financiar a sua expedição às Molucas. Terá sido morto pelos seus companheiros portugueses, quando souberam do sucedido.

- Duarte Barbosa. Comendador da Ordem de Santiago de Portugal, foi para a India na Armada de João da Nova (1501), na nau de Alvaro de Bragança. Depois de 1506 muda-se para Sevilha. Em 1515 é nomeado alcaide dos Reais Alcazares de Sevilha, estando ao serviço também de D. Fradique, filho dos Condes de Faro. É na sua casa que fica a residir Fernão de Magalhães, que se casa com sua filha. Embarca na viagem de circum-navegação deste navegador. Depois morte de Magalhães, assume com outro português (João Serrão) o comando da expedição. Morre a 1/5/1521.

- Jorge Reinel, cartógrafo, em 1519, realiza um importante Planisfério, onde para além de uma representação do Oceano Pacífico, localiza com precisão as Molucas. Este Planisfério, que se encontra na Wehrkreisbucherci (Munique), serviu a Magalhães para apresentar o seu projecto a Carlos V.

- Rui Faleiro e o seu irmão Francisco foram dois dos geniais cosmógrafos portugueses que se mudaram também para Espanha, tendo calculado e planeado toda a viagem de Fernão de Magalhães.

- Simão de Alcaçovas Sottomayor (fidalgo). Um traidor português que ao serviço de D. Manuel I explorou as Ilhas Molucas. Em 1521 ofereceu os seus serviços a Carlos V, para atravessar o Oceano Pacífico, levando os espanhóis às Molucas, cuja domínio considerava pertencer à Espanha. Carlos V procurou que fosse comandante das Armada que iria verificar os limites de Tordesilhas. Devido à influência de D. João III é afastado do comando da expedição. Em 1534/5, explora o Estreito de Magalhães, cujo domínio lhe havia sido dado pela corte espanhola.

- A célebre expedição de Fray Juan García de Loayza (1525), às Molucas, na qual perderá a vida o Juan Sebastián de Elcano, só foi possível porque foi financiada por portugueses (Cristovão Haro). Os sobreviventes desta expedição regressaram à Europa em navios portugueses (1536).

- A expedição do espanhol Alvaro Saavedra Ceron (1527/8) que se dirigiu do México às Molucas, para reclamar a sua posse, como era de esperar, contou com pelo menos um piloto português. Após a sua morte, os espanhóis revelam-se incapazes de efectuarem a rota de regresso pelo Pacífico. Este feito os espanhóis só o conseguiram, em 1564, com a expedição de Frei Andrés de Urdaneta.

A descoberta da Nova Guiné tem sido atribuída a este espanhol, conduzido por um piloto português. A verdade é que  a descoberta ocorreu, em 1526, quando D. Jorge de Meneses, se dirigia para as Molucas, a fim de tomar posse como capitão da fortaleza. Uma tempestade obrigou-o a invernar na Ilha de Versiga (actual Weijeo), vizinha da Península Noroeste da Nova Guiné. O feito foi relatado por Barros, Castanheda e Gaspar Correia. 

- Pedro Afonso de Aguiar. O comandante da armada espanhola às ilhas Molucas, em 1530. 

- João Pacheco, piloto e cartógrafo português. Em 26/2/1526, foi encarregado por Carlos V de fazer a exploração do Pacífico. Em 1535, assina uma capitulação com a corte espanhola para explorar o mar do sul (Oceano Pacífico), a qual o armou cavaleiro da Ordem de Alcantara, Trabalhou também para Francisco I, rei de França. 

- Luís Vaz de Torres (c.1565-1613), descobriu o estreito entre a Nova Guiné e a Austrália. Em sua homenagem foi denominado "Estreito de Torres". Em 1606, às ordens de Pedro Fernandes Queirós, fez a primeira travessia directa entre o Perú e as Filipinas.

Pedro Fernandes Queirós (Évora, 1589- 1614). Chegou ao Perú em 1589. Em 1595, ainda piloto, explora o sudoeste do Pacífico, levando o que restava da expedição de Alvaro Mendonza até às Filipinas. Em 1506, como comandante descobre o arquipelago de Tuamotu, ilhas de Manihiky, Tokelau, Novas Hébridas  e as Ilhas Marquesas. Foi ele que deu o nome à  Austrália já conhecida dos portugueses.

- João Fernandes, Almirante (1532), na frota de Pedro de Alvarado que chegou ao México com Cortez. Foi um dos conquistadores da Guatemala. Ainda em 1532, partiu desta cidade numa expedição para a conquista do Peru, sob o comando de Sebastián de Belalcázar. Este piloto participou também na conquista de Tumbes e de Cajamarca, com Pizarro. Noutra expedição com Pedro Alvarado (1534) foi à costa do Equador, tendo subido até Quito. 

- João Fernandes. Leva os espanhóis à Nova Zelândia.

- Gaspar Rico. Em 1543 descobre as ilhas do arquipélago vulcânico de Schouten, a norte da micronésia.

bb) Resgates de espanhóis no pacífico

Apesar de todas as expedições espanholas no pacífico contarem sempre com portugueses a bordo, na sua maioria terminaram em completos desastres, devido à incompetência dos seus comandantes. Os sobreviventes eram resgatados por navios portugueses que patrulhavam todo o oceano pacífico e que dessa forma os encontram, e os acabam por trazer para Lisboa. Alguns exemplos:

- Expedição de Fernão de Magalhães, os sobreviventes do navio "Trindad" sob o comando de Gonzalo Goméz de Espinosa, acompanhado pelo piloto Mafra e o mestre Ance,  foram resgatados e presos. Em Lisboa estes três sobreviventes (provavelmente todos portugueses) ficaram retidos na cadeia do Limoeiro, tendo o último falecido. Foram de libertados em 1527, tendo Espinosa sido pouco depois assassinado em Sevilha (a mando de D. João III ?).

- Expedição de Frei García Jofré de Loayza (1526), os sobreviventes foram trazidos numa armada portuguesa, que aportou a Lisboa (1536).

- Expedição de Alvaro Saavedra (1527), os sobreviventes são trazidos por portugueses para Lisboa (1536).

- Expedição de Hernando Grijalva , os sobreviventes são trazidos por portugueses para Lisboa (1539).

- Expedição de Ruy Lopez de Villalobos (1542-1543), um piloto português (Mafra) ainda consegue levar um navio às filipinas. Os sobreviventes são resgatados por portugueses, que os trazem para Lisboa (1548).

c) Costa Leste dos EUA

Os portugueses conheciam e exploravam a costa dos actuais EUA desde o século XV. Depois da assinatura do Tratado de Tordesilhas (1494), centram-se apenas na região norte, onde pescavam bacalhau e chegaram a reclamar a sua posse. Na exploração desta costa ao serviço de Espanha, destacaram-se os seguintes navegadores portugueses:

- Estevão Gomes. Piloto e cartógrafo. Em 1518 aparece nos registo da casa da contratação de Sevilha. Participou como piloto na viagem de Circun-navegação de Fernão de Magalhães (1519-1522). Foi nomeado por Carlos V, para encontrar uma passagem marítima para a Índia no Atlântico Norte. Em 1524 partindo da Terra Nova (Canadá) explora e cartografa a costa Leste dos actuais EUA até à Florida. Em 1535 participou na expedição de Pedro de Mendonza no rio da Prata.

d) Costa Oeste do EUA

- Martim da Costa, piloto português. Em 1533, comanda uma expedição a partir que da costa oeste do México se dirigiu para o norte, atingindo a terra (Califórnia) que mais tarde seria explorada por Cabrilho.

- João Rodrigues de Cabrilho (Juan Rodriguez Cabrillo). Em 1518 estava em Cuba. Dois anos depois comanda uma expedição de Pánfilo de Narváez ao México, acompanhado de 15 pelo menos portugueses. Participou na conquista da  Tenochtitlan (capital Azteca). 

Explorou entre 27/6/1542 e 3/1/1543 a costa Oeste dos actuais EUA, entre os muitos topónimos portugueses que deu, registe-se o de Baia de S. Miguel (depois rebaptizada de S. Diego) e Califórnia (nome de uma praia em Sesimbra, uma ribeira em Palmela, etc) e a Baia de Santa Barbara, onde faleceu. Esta expedição contou com outros pilotos portugueses.

- Sebastião Rodrigues Sermenho. Piloto-mor nos Mares da China e das Índias Ocidentais e Orientais. A 21/3/1594 partiu de Acapulco com a incumbência de descobrir um posto adequado para o abastecimento dos navios provenientes de Manila, nas Filipinas. A 4/11/1595 descobriu um cabo na actual costa da Califórnia, que baptizou de Cabo de Mendocino (4/11/1595). Seguiu para Sul, tendo ancorado na baía a que deu o nome de S. Francisco. Foi o primeiro navegador, depois de Cabrilho, a efectuar o primeiro roteiro preciso da costa Ocidental dos E.U.A. No seu testamento, feito na cidade do México (1602), deixou metade dos seus bens à Santa Casa da Misericórdia de Sesimbra. Levou consigo vários portugueses, como o capitão Francisco de Chaves.

- A terceira expedição de Sebastían Vizcaino (1602), contava também como vários portugueses. Um dos que faleceu nesta expedição foi o alferes João Azevedo Teixeira.

e) América do Sul e Central

As três grandes viagens de exploração que tiveram início, em 1499, capitaneadas respectivamente por Niño- Cristobal Guerra, Alonso Hojeda e Vicente Yanes Pizon, contaram sempre com portugueses. Participaram igualmente no seu  financiamento.

Foram os portugueses iniciaram a exploração da actual região da Argentina, em 1501, tendo atingido e ultrapassado o Rio da Prata. As duas primeiras expedições foram comandadas por Gonçalo Coelho. Conhecemos o nome de dois pilotos que exploram depois a região do Rio da Prata: Estevão Frois (Froes) e João de Lisboa (1511-1512). 

- João Biscainho, piloto português. Em 1509 integra uma expedição à Nova Andaluzia, onde participam Francisco Pizarro e Nunez Balboa. 

A região da Argentina passou a fazer parte da carreira do Brasil. Não admira que fossem portugueses cerca de 80% dos pilotos que navegaram no Rio da Prata durante o século XVI (25).

- João Dias de Solis (Juan Díaz de Solís , c.1470-1516). Piloto português muito experiente. Trabalhou até 1505 como cartógrafo ao serviço da Casa da India, em Portugal. Depois de ter assassinado a mulher (1506), fugiu para  Espanha, tendo participado com Vicente Yáñez Pinzón e Américo Vespucio na Junta de Burgos (1508). Uma das primeiras acções de Solis foi ensinar os espanhóis a navegação astronómica (1508), utilizando o Regimento do Astrolábio (29) desenvolvido em Portugal.

No ano seguinte, comanda com Vicente Yanes Pinzon uma expedição à América Central para procurar um estreito de ligação ao Oceano Pacífico (1509). No regresso, os espanhóis prendem-no, devido a intrigas de Pinzon.O embaixador português, em 1510, revela que vivia com o seu irmão João Henriques, outro experiente navegador.

Reabilitado, em 1512, sucede a Vespúcio como Piloto-Maior na Casa da Contratação, conseguindo que fossem para Espanha excelentes pilotos portugueses, tais como Francisco Coto ( Real Cédula, Valladolid, 5/9/1513), João Henriques ( R.C., 24/2/1513) ou António Mariano (Real Cédula, 14/3/1514) que foi na expedição de Pedrarias.

É encarregado preparar uma expedição de determinar a fronteira dos domínios de Portugal e de Espanha, nomeadamente para saber a quem pertencia a Ilhas das Especiarias (Molucas).

Em 1515 comanda a expedição espanhola ao extremo sul do continente, numa reacção à expedição anterior que os portugueses haviam feito sob o comando de João de Lisboa (1511/2).

Explorou o estuário até à Ilha Martín García e o Rio  Solís, onde morreu. Os sobreviventes desta expedição foram depois resgatados por uma expedição portuguesa que andava a explorar o mesmo rio... Mais

- Simão de Alcaçova (Simon de Alcazaba) y Sotomayor. Carlos V autorizou-o a explorar a Patagónia (Argentina) (1534/5). Nesta expedição levava consigo vários portugueses, como Nuno Alvares. Chegado á patagónia fez-se jurar governador e capitão general, tendo acabado assassinado. 

- Aleixo Garcia, descobridor do Paraguai. Entre 1521 e 1525 percorreu o Rio do Paraguai chegando até aos limites do Tawantinsuyu, passando pela região de Cochabamba na actual Bolívia, atravessando a parte norte do Chaco. Encontra-se enterrado na cidade de São Pedro de Ycuamanyju (Paraguai).

- Diogo Garcia, participou na expedição de 1515, e comandou outra ao Rio da Prata em 1526-1530. Entre os muitos pilotos portugueses que exploraram este rio e deixaram os seus nomes ligados à toponímia local, destacam-se, entre outros Martin Garcia e Rodrigo Alvares.  

Não está feita uma investigação completa destes navegadores (capitães e pilotos), que ao serviço da Espanha, exploraram tudo o que a mesma veio a reclamar como sendo dos seus domínios. Muitos deles são identificados erradamente como espanhóis, como é o caso de João Sólis, Aleixo Garcia ou Diogo Garcia.

3. Exploradores Terrestres

Portugal desde o século XV produziu uma enorme quantidade de exploradores terrestres, cuja história está ainda por fazer, nomeadamente na sua actividade no Império Espanhol. Eles surgem nos locais mais inesperados. 

- Fernando Gonçalves de Saa (Hernán Gonzalez de Sáa), por exemplo, em 1606, com um espanhol explorou a selva de Esmeralda, no Equador, onde descobriu uma saída para o mar. 

Uma das mais extraordinárias viagens de exploração terrestre realizada por - Pedro Teixeira (Texeira Molato-, capitão,natural de Castanheda (Coimbra). Explora todo o Rio Amazonas, numa viagem de 10.000 km entre Belém e Quito (Equador), entre 1637-1639. Os territórios que percorreu declara-os pertencentes a Portugal, conseguindo desta forma uma notável expansão do território do Brasil. Fundou a cidade de Franciscana no Peru (1539). 

4.  Casa da Contratação

A célebre Casa de Contratación de Sevilla, é uma iniciativa de um português -  D. Alvaro de Bragança -, que foi justamente o seu primeiro responsável em 1503-1504 (3 ). Tratava-se de uma imitação da Casa da Guiné e da India de Lisboa. 

Alguns dos seus pilotos maiores eram italianos, mas a maioria eram portugueses ou seus descendentes. O primeiro piloto maior foi  Américo Vespucio (1508), cargo que ocupou depois de ter vivido 5 anos  em Lisboa, sucedeu-lhe no posto o já citado português - Juan Díaz de Solís.

5. Cosmógrafos e Cartógrafos

Para além destes e muitos outros navegadores, Portugal forneceu também à Espanha um grande número de cosmógrafos, cartógrafos para as suas explorações marítimas. Alguns exemplos:

- João Peres de Marchena. Cosmógrafo e frade no Convento de La Rábida. Foi quem apoiou Colombo desde finais de 1484 e acabou por convencer a Corte Espanhola a autorizar a 1ª. Viagem.

Na Casa de Contratación de Sevilha, os principais cosmógrafos eram quase todos portugueses, inaugurando uma tradição na cartografia espanhola que se manteve até finais do século XVII. Entre os mais famosos destaca-se:

- Diogo Ribeiro (Diego Ribero) . Esteve ao serviço de Espanha nas negociações com Portugal sobre as Molucas. Em 1525 fez a primeira carta da circum-navegação do mundo, incluindo o contorno do extremo sul do continente americano e o estreito de Magalhães (cujos navios tinham regressado em 1521). Este mapa tornou-se no mapa padrão da Casa de Contratación de Sevilha. 

Diogo Ribeiro era cosmógrafo, cartógrafo e fabricante de engenhos náuticos, para além de um profundo conhecedor da construção naval fora contratado em 1523 para a Casa de Contratación. Foi o criador da cartografia moderna espanhola. 

- Alonso de Chaves, cosmógrafo e piloto maior (1528) e depois Jerónimo (Gerónimo) de Chaves (c.1523-1573) já nascido em Sevilha.

- Vasco de Pina, notável cosmógrafo, profundo conhecedor de Copérnico cujos cálculos corrige na sua obra "Tratado del seguimiento y declinaciones solísticas y polares" (1582), tendo como referência a Ilha de Santo Domingo.

- Francisco Domingues, Cartógrafo. Em 1570 ocupava o cargo de cosmógrafo de Filipe II. Seis anos depois foi encarregado de cartografar o Iucatão, na América Central.

- João Baptista Lavanha (Juan Bautista Lavaña, em espanhol) (1555-1624),  o cosmógrafo maior. Mandou estudar para Lisboa vários dos seus discípulos para aprenderem cosmografia e cartografia. 

- Bartolomeu Lasso. Notável cartógrafo, para além de servir os espanhóis, esteve na base da cartografia dos holandeses. 

A família Teixeira dominou a cartografia deste país no século XVII. No ano 2000, numa biblioteca da Austria, descobriu-se a maior obra de cartografia realizada em Espanha - "El Atlas del Rey Planeta". Foi realizada pelo célebre cartógrafo e cosmógrafo português Pedro Teixeira Albernas ou Albornoz (1595-1662), no reinando de Filipe IV, durante 11 anos. Texeira Albernas traçou os mapas de Aragão - Catalunha (1650), Valência (1661) e realizou o mapa mais importante de Madrid do século XVII, gravado por Salomon Savery de Amesterdão e publicado em Antuérpia (1656).

Espanha tinha em Portugal muitos espiões, entre eles figura o cosmógrafo Luis Jorge de Barbuda, natural de Lisboa. Foi o primeiro a europeu a desenhar o mapa da China (1558). Em 1575 foi preso por andar a copiar cartas de navegação para vender aos espanhóis. Quatro anos depois, um espião italiano ( Guiovani Battista Gésio) , consegue fazê-lo sair de Portugal. Em 1596 aparece já ao serviço da casa da contratação de Sevilha na correcção de cartas e instrumentos de navegação.   Pediu depois para regressar a Lisboa.  

6. Livros Nauticos

Nas artes do mar, dado o enorme atraso que os espanhóis possuíam face aos portugueses, não admira que até ao grandes obras da antiguidade, como o Livro de Marco Polo, tenham sido primeiro traduzidas para português e depois para Castelhano, muitas vezes com o apoio de portugueses. 

Colombo preferia as edições portuguesas às espanholas. A obra de Marco Polo, editada em Lisboa, no ano de 1502, por Valentim Fernandes, incluia a história de uma mítica viagem para Ocidente. Colombo que a leu, faz questão de a incluir, no ano seguinte, na relação da quarta viagem (Textos, p.497). 

7. Contrabandistas, Negreiros e Piratas

Desde que Colombo chegou a Portugal vindo das Indias, em 1493, que existem relatos de navegadores portugueses que andavam no contrabando de escravos e outros produtos, como ouro, prata, pérolas e açúcar. Uma parte dos produtos das expedições espanholas vinha directamente para Portugal. Mais

Colombo, mas também os seus alegados banqueiros todos andam no contrabando. Jorge de Sosa (ou Souza), capitão. comanda uma expedição financiada por Juanoto Berardi cujo destino eram as Indias. A frota era composta por 4 navios, sendo o piloto maior Pedro Alonso Niño, provavelmente também português. A frota naufragou a 3/2/1496 junto ao porto de Sanlucar de Barrameda.  Ao que tudo indica, o seu objectivo era furar o controlo da corte espanhola.

Protestos. A rapina dos contrabandistas portugueses na costa norte da América do Sul, incrementada em 1499, prosseguiu ao longo dos anos. Em 1500-1502, Rodrigo de Bastidas comandou uma expedição às Indias, tendo atingido as costas Colombia e do Panamá. Na região encontrou barcos portugueses que andavam a resgatar escravos Indios e vários produtos (17 ). Em 1503, Juan de La Cosa, alega que veio a Lisboa para protestar contra estas acções lusas e acaba por ser preso. 

Nesta época afirmava-se que em 1505, os portugueses havia realizado uma expedição para fazerem o reconhecimento do litoral de "Coquibacoa", no oeste da Costa da Venezuela  (24). 

Fernando de Aragão, queixa-se que em 1510, nas terras de Vrabá, Verágua e de Pária andavam caravelas portuguesas. Neste ano é preso, em Sevilha, o português Afonso Alvares (Alonso Alvares), por andar a recrutar pilotos portugueses que andavam ao serviço dos espanhóis, para virem servir o rei de Portugal no saque de Verágua. O primeiro a ser contactado foi o piloto João Rodrigues de Mafra, que adoptou o nome de contacto "Juan Barbero". Este por sua vez devia contactar outro português - Juan Diaz Solís... (41). Mafra, irmão do célebre  Diego de Lepe, acabou também preso, a 13/12/1510, às ordens de Fernando de Aragão, e só dois anos depois foi reabilitado.

No verão de 1513, o rei Fernando de Espanha continuava a protestar pelo facto de Portugal não estar a cumprir o estipulado no Tratado de Tordesilhas. Navios portugueses estavam a explorar " a terra que até aqui se chamou Terra Firme e que agora mandamos chamar Castela do Ouro". Fernando solicitava a D. Manuel I que fizesse justiça (16) . A presença dos portugueses na região em vez de diminuir aumentou.

Estamos perante uma rede clandestina que operava entre as Indias espanholas e Portugal e que envolve ao mais alto nível portugueses.

 

Tráfico de Negros. Os espanhóis à medida que exterminavam os povos indigenas nas Antilhas (Caraíbas), foram ficando na dependência dos negreiros portugueses para o fornecimento de mão-de-obra escrava, pois os mesmos detinham o monopólio dos escravos negros. 

 

Os comerciantes podiam ser genoveses ou alemães, mas como se tornou depressa evidente, os fornecedores, a maioria dos navios, mestres, pilotos e marinheiros que andavam neste sórdido tráfico eram portugueses. Foi por esta razão que os negreiros portugueses, onde predominavam o judeus, não tardaram dominar de forma monopolista este negócio, montando uma poderosa rede em todo o Império Espanhol. Mais 

 

Uma parte de tráfico era legal, mas a maior parte era clandestina. O número de escravos transportados vivos, por exemplo, era muito superior aos declarados ao fisco. Os navios destes negreiros portugueses, percorriam todos os domínios espanhóis. Ninguém os conhecia melhor que eles. 

 

O próprio rei de Portugal, sem ter dado conhecimento aos monarcas espanhóis, em 1535, tinha um agente para o tráfico de escravos em La Hispaniola (Haiti/Rep.Dominicana) (37).

 

Não é pois de estranhar que, em 1518, nos primeiros contratos que a Corte Espanhola realizou para o fornecimento de escravos negros, surja logo um português, o filho de Alvaro de Bragança - Jorge de Portugal, casado com a neta de Colombo (30). 

 

Pirataria portuguesa. Aos contrabandistas temos que juntar, os piratas portugueses que atacaram, desde o início as indias espanholas, rapidamente dominando os seus mares. Na segunda metade do século XVI tornam-se cada vez mais frequentes os relatos de piratas portugueses actuando por contra própria ou ao serviço de outros piratas e corsários. A sua longa experiência dos mares permite-lhes levá-los ao coração do Império Espanhol, não apnas no Atlântico, mas também no Pacífico. Nada lhes escapa. Uma pequena ilha como a de Cozumel, na costa do México, em 1579, era "visitada" pelo navio de um obscuro pirata português (João Gonçalves). Mais

 

No Ducado da Jamaica, atribuído aos descendentes de Cristovão Colombo, os portugueses eram em tal número que as ilhas passaram a ser conhecidas por "Portugals". Os corsários portugueses estabeleceram nelas uma base para atacarem os barcos espanhóis que vinham das Indias, e depois de 1580, colaboraram activamente na sua entrega ao ingleses.

 

8. Conquistadores

Ao longo do século XVI milhares de portugueses, incluindo muitos fidalgos participaram na conquista do continente americano. A sua história só agora começou a ser escrita.  Alguns exemplos: 

a) América Central. 

Região limitada ao norte pela Península de Iucatã, no México e ao sul pela Colombia, limitada a Oeste com o Oceano Pacífico e a Leste pelo mar das Caraíbas (Oceano Atlântico).

Os portugueses estão presentes nesta região desde o inicio da conquista espanhola. Entre as muitas expedições que participaram destacamos duas: 

A sua presença far-se-á sentir sobretudo depois de 1509, aquando da expedição à Nova Andaluzia que incluía Francisco Pizarro e Balboa, onde já foi identificado o português João Biscainho.

- João Português e Pedro Escobar foram dois dos portugueses que, em 1513, integraram a expedição de Vasco Nunez de Balboa que atingiu o Oceano Pacífico.  Outro numeroso grupo instalou-se entre 1514 e 1517 no Panamá (4). A expedição Pedrárias Dávila (1514,Terra Firme) regista também a presença vários de portugueses, nomeadamente do citado piloto - António Mariano. Os exemplos multiplicam-se nesta região, como em todas as outras.

- Um português "viejo"  (velho), em Fevereiro de 1517, foi feito prisioneiro pelos maias no primeiro confronto deste povo com os espanhóis, durante a expedição de Fernando Cordoba, na região de Catoche, Campeche e Potonchán (5), (México ). Foi este facto que o fez sair do anonimato.

b ) Costa Norte da América do Sul.   

Colombo em 1498 quando aportou a esta região (Península Pária e Rio Orinaco), levava consigo pelo menos dois portugueses: João Castanho e Diogo de Évora, ambos balesteiros. 

No século XVI muitos são os portugueses que se instalam no litoral norte da América do Sul, por Santa Marta, Novo Reino de Granada, etc. Fundaram muitas cidades e participaram expedições espanholas de conquista da região. A partir do Brasil exploram também os territórios da actual Venezuela, Colombia e as Guianas. 

- A Expedição de Rodrigo Galvan de Bastidas (1524), contou logo com portugueses. Nas que se seguiram, a sua presença foi sempre uma constante, sendo de destacar as de García Lerna (1528), Federman (1530), Pedro de Heredia (1533), Jerónimo de Ortal (1533), Jorge Espira (1534), Jorge de Robledo (1535), Antonio de Sedeño (1536), G. Jimenez de Quesada (1536), Jerónimo de Lébron (1541). 

É praticamente infindável as referências a portugueses que participaram na conquista e povoamento desta região do império espanhol. 

c ) México

A presença de portugueses nesta região data pelo menos de 1518, quando a expedição de Juan de Grijalva a Tabasco. Entre os portugueses estava o célebre piloto João Rodrigues Cabrilho. 

- Na expedição de Fernando Cortéz, em 1519, de San Juan de Ullúan à cidade de Tnotchitlán, integrava pelo menos 23 portugueses. Entre as mulheres portugueses que participaram também na expedição estava Filipa Araújo, mulher do capitão Cristobal de Olia, mestre de campo de Cortéz. Entre os portugueses que se destacaram conta-se Sebastião Rodrigues, um dos conquistadores da cidade do México, e Lourenço Soares, fidalgo, a quem foi dado o povo de talhoocopán.

Ainda a mando de Cortéz, entre 1521 e 1534, são muitos os portugueses que estão identificados nas várias expedições.

- Na expedição Panfilo de Marvaéz, em 1520, ao México, foram pelo pelos 15 portugueses. Entre eles contava-se Afonso Gonçalves de Portugal ( fidalgo e soldado) e João Rodrigues Cabrilho (capitão).   

- Nas expedições à Nova Espanha a mando de Cortéz, entre 1521 e 1535, foram já identificados dezenas de portugueses.

d) Flórida

Os portugueses chegaram à Florida entre 1493 e 1498, aparecendo a mesma representada no Mapa de Cantino (1500), com topónimos portugueses.

Não é de estranhar que na primeira expedição que penetrou no interior da América do Norte, a partir da Florida -  a expedição de Fernando de Souto, de 1537 a 1543, contasse com pelo menos 23 portugueses, 8 dos quais eram fidalgos. 

Um deles, o "fidalgo de Elvas"  elaborou em português uma preciosa relação da expedição, a primeira a ser publicada. Entre os portugueses destacou-se o capitão André Gonçalves,  descobridor da província de Apalache, tendo morrido em Aminoya, nas margens do Mississipi (1550).

e ) Interior dos EUA

A região que constitui actualmente os EUA foi explorada no seu interior por muitos portugueses, cujo identificação só muito recentemente se começou a fazer (15). Dois exemplos: 

- André do Campo (Andres del Campo). Integrou com vários outros portugueses a expedição de Francisco Vasquez de Coronado, em Fevereiro de 1540, que a partir de Compostela penetrou pelo interior dos EUA .  Após o fim da mesma prosseguiu durante 9 anos a exploração deste região do mundo (Quivira, Kansas). 

- André Gonçalves, em 1542, com um grupo de portugueses percorreu a região ocidental dos EUA.

f ) Peru e Chile

A ideia da conquista do Perú pelos espanhóis foi obra de portugueses. Como é sabido, Pedro de Alvarado y Contreras, em 1532, escreveu a Carlos V, informando-o que dois pilotos portugueses já lhe haviam proposto,  antes de 1530, conduzi-lo ao Perú e participarem na sua conquista. Afirmam também que a partir do Perú, podiam ajudar os espanhóis a conquistar as Molucas, na posse do Rei de Portugal desde 1511. 

- A expedição de Sebastián de Belalcázar (1532), contava entre outros com a participação de piloto português chamado João Fernandes. Assiste à conquista de Tumbes e de Cajamarca, em companhia de Pizarro. Em 1534 integra como piloto a expedição de Alvarado. Dois anos depois desembarca na costa do Equador, dirigindo-se até Quito, onde parece que terá morrido. Alvarado teve também como piloto maior outro português: Genes de Mafra.

- As sanguinárias expedições ao Peru e Chile de Francisco Pizarro e seus irmãos, mas também as de Diego Almagro (1534), Pedro de valdivia (1541), Garcia H. Mondonza (1557), contaram com centenas de portugueses, os quais estiveram directamente envolvidos nos vários conflitos que aí se deram entre os conquistadores espanhóis. 

Entre os companheiros de Pizarro contarem-se entre outros portugueses Frei Pedro Português, Lope Martim Pereira, Ximón Portugues, um dos fundadores de Cuzco.

 

Entre os nobres portugueses, envolvidos nas matanças que ocorreram no Perú e no Chile, destacam-se os seguintes:

1. O capitão Nuño de Castro (português), apesar da sua importante acção na conquista do Peru, quando pretendeu deixar aos seus descendentes os bens que havia adquirido, não pode fazer por não estar em situação legal nas Indias  espanholas (40).

2. O comendador Mascarenhas, cavaleiro da Ordem de Cristo. Foi com Juan de Joffre ao Chile (1549), entre outras missões foi encarregado de prender o capitão Francisco Ulloa. Acompanhou Pedro de Valdivia na sua expedição ao sul, tendo morrido numa escaramuça contra os indios no rio Vergara (1560).  Era membro de uma das mais importantes familias de Portugal nos séculos XVI e XVII. Entre os seus ilustres descendentes é apontado o próprio Simón Bolivar.

Nesta altura, um seu familiar - Gaspar de Figueiredo Mascarenhas - foi nomeado regente de Portugal pela rainha Dona Catarina (1559), e anos depois Filipe II de Espanha nomeia-o alcaide de Faro (1580).  

3. Francisco Barreto, filho do alcaide-mor de Faro - Rui Barreto, cognominado o "Bigodes" -  andou também na conquista do Peru e por lá terá morrido. 

- A expedição de Francisco de Orellane, em 1541, a partir de Quito em que desceu o Maranhão até ao "mar do Norte", contou com pelo menos dois portugueses: António Fernandes  e Fernando Gonçalves. A viagem já havia sido realizada em 1538 por Diogo Gomes, navegador português, acompanhado por uma mercador espanhol (5 ). 

Em 1544, Orellana volta ao Amazonas, com 4 navios e 400 homens, mas desta vez a corte espanhola não  o autorizou a levar pilotos portugueses. Não parou de insistir para que o autorizassem a fazer, indicado inclusive sugestões de nomes ("Renteria" e "Francisco Sanches"). Nas suas palavras eram os únicos experientes e conhecedores daqueles rios e mares (34). Como a corte não consentiu que os levasse, Orellana acabou por morrer no Amazonas e com ele grande parte da tripulação.

A partir do século XVI os portugueses realizam expedições sistemáticas no Rio Amazonas e seus afluentes, implantando povoações  e fortes no seu interior. Não é por acaso que, em 1744, um sacerdote jesuita, Manuel Ramón, quando explorava a partir da Venezuela o canal Cassiquiare, que interliga o rio Amazonas ao rio Orinoco, depara-se com um grupo de portugueses que há muito navegavam através destes rios.

g ) Argentina, Paraguai e Uruguai 

Gonçalo Coelho, em 1501 e 1503, como dissemos, foi enviado para a América do Sul para explorar região, tendo chegado até ao extremo sul do continente. Em 1511/12, uma nova expedição percorre toda a costa da argentina, explorando o rio da Prata. Outros portugueses ao serviço dos reis de Espanha, como João Dias de Solis (1515, 1526) , Martin Garcia, Aleixo Garcia, Gonçalo da Costa ou Fernão de Magalhães continuam e aprofundam estas explorações.  Mais dois exemplos:

A própria expedição do genovês  Sebastian Cabot (1526-1530), ao Rio da Prata, contou pelos menos 8 portugueses, entre os quais se destacam: Jorge Gomes (piloto), Rodrigo Alvarez (piloto), ou Francisco César, mais tarde conquistador da Antioquia (Colombia), tenente general de Pedro Heredia.  

A grande expedição de Pedro de mendonza , o primeiro governado do Rio da Prata, em 1535,  contou com pelo menos 38 portugueses, entre os quais 4 eram pilotos (Estevão Gomes, João de Leão, Jacome de Paiva e João Parias).

A listagem é infindável e abrange todas as expedições espanholas neste continente, o que mostram o envolvimento dos portugueses na construção do Império espanhol, e nas suas atrozes matanças de indios. 

h) Outras regiões do Mundo

- João Rodrigues Coutinho. Descobridor das célebres minas de prata das Serras de Cambambe (1602), em Kwanza Norte (Angola).

 

9. Renegados 

No século XVI e XVII, os espanhóis contrataram traidores portugueses para comandarem esquadras contra outros portugueses (patriotas). Entre estes renegados, na expressão corrente do tempo, destacam-se os seguintes:

- Ambrósio d`Aguiar. Este navegador português comandou a armada de Felipe II de Espanha que tomou a fortaleza da Ilha de S. Miguel (Açores).

Muitos destes renegados procuram vender aos reis de Portugal, informações obtidas nas suas expedições ao serviço de Espanha,. 

10. Navios

A construção naval espanhola era muito pouco desenvolvida em comparação com a portuguesa, não admira que muitas das caravelas e naus que foram usadas nas expedições espanholas tenham sido adquiridas em Portugal, ou construídas por portugueses. Fernando de Aragão foi um dos primeiros reis a solicitá-las aos monarcas de Portugal.

11. Financiadores

Desde o inicio das viagens espanholas à América, em 1492, que os portugueses aparecem a financiá-las. Os dois casos tem sido os mais estudados são os das famílias nobres exiladas e os das famílias nobres de origem portuguesa. Alguns exemplos:

- A expedição de Cristobal Guerra (1499-1500) foi financiada por D. Alvaro de Bragança. O rol de pagamentos deste nobre português é muito extenso.

- A Expedição de Juan de la Cosa, em 1504, foi financiada pela marquesa de Montemor-o-Novo, tendo como testa de ferro Juan de Barahona, cunhado de Colombo (19). 

- As famílias de nobres portugueses radicadas em Espanha são das primeiras a financiar as expedições espanholas, mas procuram fazê-lo utilizando os seus serviçais. Os Portocarreiro (Pedro Portocarrero) servem-se dos seus camareiros Alonso Alvarez de Toledo e Francisco Escobar, com testas de ferro, para servirem como armadores das frotas de Pinzon (1499-1500) e Rodrigo de Bastidas (1500-1502). Os Condes de Cifuentes servem-se do seu criado Juan Velázquez também para financiarem Bastidas (20). Os exemplos são muitos.

12. Difusão do Cristianismo e Judaísmo

No século XVI, ser português nas Indias espanholas era sinónimo de ser judeu. A generalização era muito abusiva, mas não deixa de traduzir uma realidade: as primeiras sinagogas nas Américas, incluindo a dos EUA foram fundadas por portugueses.

Menos estudada é todavia a difusão do cristianismo por portugueses em domínios espanhóis. Os exemplos são muitos e alguns verdadeiramente espantosos, como o do Frade Nicolau de Melo (1550-1616), natural de Belmonte. Após ingressar na Ordem dos Agostinhos foi evangelizar para o México, daqui foi para as Filipinas (1476), onde se destacou. Percorreu depois outras regiões do Oriente (Malaca, India), dirigindo-se a seguir para a Pérsia, terminando na cidade de Astracão na Rússia, onde foi preso e após anos de cativeiro queimado vivo. 

13. Comércio Internacional

Os portugueses conheciam melhor as indias espanholas que os próprios espanhóis. Os seus  navios percorriam-nas constantemente, nomeadamente a partir do inicio do século XVI, para venderem escravos que as colónias espanholas careciam (consultar). 

As redes comerciais dominadas pelos portugueses abrangiam todo o Império espanhol, em particular as que estavam ligadas às minas de minas de prata e ouro no Peru e no México. Esta foi a razão da longa luta que tiveram para controlarem o tráfego no Rio da Prata.

Os portugueses careciam de metais, em especial o ouro e a prata, para puderem comprar produtos na India e na China.

Começaram por adquirir cobre e prata aos alemães, provenientes de Schwarz (Tirol), Ioachimsthal (Boémia) e de Schneeberg (saxónia). A partir de meados do século XVI, os centros abastecedores da Europa foram substituídos pela prata do México (Zacatecas, Guanajuato, etc) e do Peru (Potosí). Os portugueses conseguiram ainda obter muita prata no Japão.

Escravos africanos eram trocados por prata. Para assegurarem a quantidade suficiente para as suas transacções comerciais no Oriente, montaram uma eficiente rede de contrabando e de corrupção das autoridades espanholas que lhes permitia desviarem importantes quantidades da prata que era extraída nas minas.

No Oceano pacífico também criarem um circuito comercial entre Macau, Filipinas e o Peru, que sugava a prata de Potosi (Peru).Foi graças a este sistema que contribuíram para tornarem a moeda espanhola, o "real de a ocho" (em prata), na moeda usada nas transacções comerciais internacionais. Muitas toneladas da prata espanhola foram parar desta maneira à India e China através dos portugueses (36).

Esta rede de comércio internacional foi seriamente abalado com as perseguições da Inquisição espanhola, o abandono do Império Português (1580-1640) e a guerra que se seguiu à restauração de independência de Portugal (1640).

 

14. Protecção Contra Corsários e Piratas

O transporte de pessoas e mercadorias entre a Espanha e as Indias, desde 1494 só foi possível devido ao apoio portugueses, que possuíam excelentes bases no Algarve e no Atlântico. Os portugueses não se limitaram a ceder experientes marinheiros, mas também navios, armamento e comandantes.

Quando aumentou de forma exponencial os ataques corsários,  a Casa da Contratação de Sevilha, passou a contar desde 1537 nos Açores, com uma escolta para protecção dos navios espanhóis. No Algarve, a protecção dos navios espanhóis entre  Rio Guadiana e o cabo de S. Vicente, foi entre 1566 e 1595 confiada a um português - Duarte Fernandes -, sediado em Lagos. Trata-se de uma questão que tem sido pouco estudada.

15. Comunidades e Povoadores

Não era apenas na Andaluzia que existiam importantes comunidades de portugueses, mas também nas Indias (América) espanhola, os quais fundaram igualmente muitas cidades nestes territórios. Alguns exemplos:

Hispaniola (Haiti/República Dominicana). Apesar de todas as proibições da Corte Espanhola, os portugueses estavam presentes em todas as povoações da ilha. As autoridades locais não apenas se recusaram a expulsá-los, como recomendaram que viessem em mais.

Numa carta ao cardeal Cisneros, em 1517, reclamam a necessidade de mais portugueses, porque "se ha visto que los são grandes pobladores y granjeros". No ano seguinte, Fray Bernardino de Manzenedo volta a insistir junto da Corte Espanhola da necessidade de mais portugueses. A Junta de Procuradores da ilha, no mesmo ano, insiste no mesmo sentido, e recomenda que venham já casados com as respectivas mulheres. Embora os portugueses solteiros fossem expressamente proibidos o seu número foi sempre muito elevado. Na Audiência de Santo Domingo ao rei de Espanha, em 1535, constatava-se que havia na ilha 200 portugueses solteiros que exerciam as mais variadas funções e estavam espalhados por toda a ilha (38). 

Jamaica. Em Novembro de 1509, Diego Colon, autoriza Juan de Esquivel a conquistar e povoar a ilha, promovendo o seu povoamento por portugueses. Pedro de Mazuelo, em 1535, obtém uma licença para levar 30 portugueses casados, acompanhados das respectivas mulheres. A maioria dos cerca de 1.500 habitantes da Jamaica eram portugueses, provenientes sobretudo dos Açores e da Madeira, tendo-se dedicado no inicio à criação de gado (31). Em 1537, Carlos V, nomeou Luis Colon , I Marques da Jamaica

A Ilha passou a ser considerada uma propriedade particular da familia Colombo, sendo povoada maioritariamente por portugueses dos Açores e da Madeira. A partir de 1576, foi autorizada a criação de uma colónia de judeus, vindos de Portugal. Depois de 1580, os portugueses usaram-na como um ponto de ataque ao Império espanhol, facilitando a penetração e os ataques dos ingleses, holandeses e franceses nas Antilhas e no continente americano. No século XVII, estas ilhas do caribe eram conhecidas por "Portugals" (32)

Em Cuba, a comunidade de portugueses na primeira metade do século XVI devia de ter sido certamente enorme, pois daqui saíram largas centenas ou milhares para a conquista do continente, integrando as expedições de Balboa, Cortez, Pizarro, Soto e outros.  

Em Porto Rico, entre os povoadores portugueses destaca-se Cristovão Sotomayor. Foi aguacil de Juan Ponce de León (1460-1521), o explorador de Porto Rico e das costas da Flórida.  Foi o fundador em 1510 da Vila de Tavora (actual Guánica), em Porto Rico, nome que lhe atribuiu em honra da sua mãe Dona Teresa de Tavora, Condessa de Caminha em Portugal (Camiña, em castelhano). Morreu em 1511 num confronto com indios. 

Guatemala. Desde o início do século XVI que se assinala nesta região a presença de muitos portugueses, nomeadamente de comerciantes (quase sempre judeus), navegadores, conquistadores e até piratas. A conquista da região está ligada, como vimos, a um português - João Rodrigues Cabrilho. Este capitão muito experimentado nas coisas do mar, após ter estado em acções em Cuba (1510/11), México e com Pedro Alvarado na conquista  Honduras, Guatemala e San Salvador (1523-1535). Acabou por fixar residência na cidade de Santiago dos Cavaleiros de Guatemala (1524), onde recebeu inumeros privilégios de Alvarado. 

Pedro de Alvarado, na cidade de Gautemala, em 1532, escreveu a Carlos V, uma carta afirmando que havia dois anos que fora contactado por dois pilotos portugueses, os quais lhe propuseram ir conquistar o «Império Pirú». Neste ano, partia da Guatemala, a expedição para a conquista do Peru, sob o comando de Sebastián de Belalcázar, com um piloto português chamado João Fernandes. Este piloto participou  na conquista de Tumbes e de Cajamarca, com Pizarro. Noutra expedição com Pedro Alvarado (1534) foi à costa do Equador, tendo subido até Quito. 

México. A presença de portugueses no século XVI não se reduz à participação nas expedições de conquista e o ao tráfico de escravos, afirmando-se também como povoadores. 

 

A figura cimeira do povoamento do México foi o transmontano foi Luis de Carvalhal (Luís de Carabajal y la Cueva, c.1539-1596), explorador e defensor do nordeste do México, fundador e governador do "Reino de Nuevo León". No povoamento que empreendeu levou consigo mais de uma centena de famílias portuguesas, que se espalharam pelo México. Outro português foi o açoriano Alberto do Campo (Alberto del Campo y Diaz de Vieira, 1547-1611), fundador de cidades como Saltillo e Monterrey (1577). O povoamento português do México prosseguiu ao longo dos séculos. Em 1674, António Amaral e os seus irmãos, todos naturais de Mangualde, povoaram Jalisco (Mascota e Portovallarta)  

Colombia. A Expedição de Rodrigo de Bastides que, em 1525, fundou a cidade de Santa Marta, para além de outros portugueses, contava com dois destacados oficiais superiores: Antonio Díaz Cardoso  (capitão, natural de Santa Comba Dão) e  Alonso Martín, acompanhado do seu filho Juan de San-Martin. Esta cidade foi de inicio muito frequentada por piratas portugueses, que dominavam a região desde o inicio do século XVI.

Na Venezuela os portugueses desde cedo se assumiram como povoadores da região. Sebastião de Belo Cabreira, em 1528, é um dos primeiro a solicitar ao autorização para o fazer, envolvendo um vasto grupo de portugueses. 

O seu número e cargos que ocuparam foi de tal modo elevado, nomeadamente em Coro e Santiago de León de Caracas, que a corte espanhola temendo qualquer movimento separatista, a 21/4/1578, manda que todos eles fossem expulsos. Alguns terão saído, mas a maioria encontrou forma de continuar na Venezuela, como Juan Fernandez de León Pacheco (1543-?) (7), natural de Portimão, fundador de cidades como Espírito Santo (1578) e Guanare (1591, capital do estado Portuguesa). 

Em 1607, num censo à província da Venezuela, foram identificados 125 estrangeiros, dos quais 115 eram portugueses. Um número que nos dá uma pálida imagem da sua implantação neste território espanhol (6)  

Cuzco, Convento de S. Francisco, fundado em 1534 por Frei Pedro Portugues, também chamado Fray Pedro de los Algarbes. O arquitecto da Igreja de S. Francisco em Lima foi um português - Constantino de Vasconcelos. 

 

Equador. Francisco de Mesa, em a 12/9/1545, por exemplo, obtém uma capitulação para com 30 portugueses, oriundos das Canárias, povoar Montechristi. Muitos outros aqui se fixaram.

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No Peru e Chile os portugueses no século XVI foram sobretudo conquistadores, mas no final do século o seu número era já muito expressivo, ocupando posições destacadas nesta região (10). Dominavam o comércio, a navegação e a exploração mineira.  Ximón Portugues, um dos fundadores de Cuzco. O poder dos portugueses suscitou, como vimos, a cobiça dos espanhóis que utilizando a Inquisição apropriarem-se de forma sistemática dos seus bens. O resultado foi a decadência do Perú.

 

Na Argentina, em posições estratégicas como Buenos Aires, no "Rio de la Plata",  a comunidade portuguesa, os grandes povoadores da região, superava nos séculos XVI e XVII a espanhola, um facto que nunca deixou de preocupar os governadores espanhóis (9). O seu objectivo era controlar a foz dos rios ao longo da costa da América do Sul  até ao rio da Prata, mas também através do contrabando controlar o escoamento das riquezas que os espanhóis traziam das minas de prata do Peru (12). Esta foi a região onde a restauração da independência de Portugal, em 1640, menos se fez sentir porque os argentinos encontraram formas de contornar as proibições impostas pela corte espanhola. 

 

Na foz do rio da Prata, no final do século XVII, em Sacramento , acabaram por criar uma colónia, génese de um novo país, o Uruguai

Face a este panorama, sinteticamente referido, a primeira conclusão que podemos retirar é que o Império Espanhol não foi apenas descoberto por portugueses, mas foi também por eles conquistado, organizado, povoado, explorado e protegido. A esmagadora maioria dos quais foram acusados de traidores, sendo até hoje completamente ignorados na História de Portugal. 

Colombo percebeu melhor do que ninguém o que lhe iria acontecer, por isso procurou esconder a sua identidade, obrigando os seus irmãos a fazer o mesmo.

Nota Final: Territórios Espanhóis em África

Com excepção de Melila, os territórios que a Espanha veio a ter em África, como Ceuta, a Guiné Equatorial ou a costa do Saara Ocidental, foram durante séculos possessões portuguesas.

Carlos Fontes..

  Notas:

( 1 ) Tradução para português de Manuel Rosa. 

 “Dj mas a [espaço em branco], portugues, este dia treynta doblas castellanas, que Su Altesa le mando dar presente el dotor [Rodrigo Maldonado] de Talauera; dioselas por mj Alonso de Qujntanjlla; este es el portogues que estaua en el Real; esto fue a la partida de Linares, et su altesa me lo mando en persona …” (Libro de los maravedís que rescibió Pedro de Toledo, de las penas de cámara et del gasto dellos fasta fin de LXXXVII, fl. 6, apud Rumeu de Armas, 1982, p. 29)

( 2 ) Pedro Diaz de Toledo (converso, cristão-novo, 1425 ?-1499), estudou no Colégio de San Bartolomé de Salamanca, cursou Teologia, Direito Civil e Canónico. Graduou-se também em  Valladolid. Foi capelão do marquês de Santillana (Íñigo López de Mendoza y de la Vega ), do rei D. Juan II de Castela e de Enrique IV, embaixador no Reino de Navarra,  “Secretario del Rey” e Ouvidor de Audiência dos Reyes Católicos. A 4 de Agosto de 1486 é nomeado bispo de Málaga, desenvolvendo então uma política de repovoamento com cristãos, entre os quais se contaram centenas de portugueses. 

Era sobrinho de Fernán Diáz de Toledo, relator e principal secretário de D. João II de Castela e de Enrique IV. Foi um dos grandes defensores dos judeus e conversos (cristãos-novos).

Pedro Diaz foi uma das figuras mais cultas da Península Ibérica na 1ª. metade do século XV, sendo objecto de calunias pelo facto de ter antepassados judaicos. 

. Era amigo chegado do marquês de Santillana, outra das figuras mais cultas da época, conhecedor de autores clássicos, mas também  italianos (Dante, Petrarca), privou com o Conde de Medina Sidónia e com o Condestável D. Pedro de Portugal. Foi o autor do primeiro tratado castelhano de crítica literária, intitulado a "Carta proemio al Condestable Pedro de Portugal". 

Prova da sua enorme amizade pelo Marquês de Santillana são duas das suas obras: "Provérbios", onde glosa provérbios e sentenças de Séneca e do marquês; "Diálogo e Razonamiento en la muerte del marqués de Santillana dedicado por Pero Diaz ao Conde de Alba", e onde os três estabelecem um diálogo platónico sobre a morte. 

 

O seu brasão ostenta no canto superior esquerdo uma cruz que tanto pode ser da Ordem de Calatrava como da Ordem de Avis (Portugal). Estas ordens tem a mesma origem e estavam intimamente ligadas, só se separando no tempo de D. João I. Recorde-se que a bandeira de Colombo tinha uma Cruz Verde, justamente a cor da cruz da Ordem de Aviz.

(3) D. Alvaro de Bragança, como veremos, foi o principal protector de Colombo em Espanha. Era o presidente do Consejo Real e Alcaide de los Alcazares Reales de Sevilha. Consultar: Szaszdi León-Borja, I. "Los portugueses y la Fundacion de la casa de la Contratacion Sevillana el año de 1503. La Huella de don alvaro de Portugal". in, O Tempo Histórico de D. João II no 550 anos do seu nascimento. Academia Portuguesa de História. Lisboa. 2005. pp. 283-324.

(4) Ventura, Maria da Graça A. Mateus - Portugueses no Descobrimento e Conquista da Hispano-América. Viagens e Expedições (1492-1557). Lisboa. edições Colibri. 2000. Esta investigadora tem publicado um vasto conjunto de estudos sobre estes portugueses.   

(5 ) Carta de Diogo Gomes, in, Jaime Cortesão, 1956, I, 5-8-Docs. 58:258-63

(6) Acosta Saingnes - Historia de los Portugueses en Venezuela. Univ. central da Venezuela. Imp.Univ. caracas. 1959.

(7) Jorge López falcón - Portimão y Guanare: Dos Ciudades y un Vinculo Histórico, in, Viagens e Viajantes no Atlântico Quinhentista, Maria da Graça M. ventura (coord.), Lisboa. Ed. Colibri. 1996.

(8) Carneiro, Maria Luiza Tucci (coord.) - O Anti-Semitismo nas Américas. São Paulo. Edusp.   

(9) R. Lafuente Machain - Los Portugueses en Buenos Aires (Siglo XVI). Madrid. Tipografia de Archivos. 1931 

(10). A bibliografia dos portugueses no Peru não tem parado de aumentar. A documentação existente nos arquivos espanhóis e da América Latina é enorme: Monteiro, Yara N. - a Presença Portuguesa no Peru em Fins de Século XVI e princípios do XVII. FFLCH. Universidade de São Paulo. 1980 (tese de mestrado);  Ventura, Maria da Graça A. Mateus - Os Portugueses no Peru no tempo dos filipes. 3 Volumes. Um estudo fundamental. 

(11) Toro, Alfonso - la Familia Caravajal: Estudio sobre os judios y la Inquisición de la Nueva España en Siglo XV. 2 Vols. Ciudad do Mexico. 1944 

(12 ) É enorme a bibliografia sobre o comércio dos portugueses no rio da Prata. Alguns títulos: Canabrava, Alice A. - O Comércio português no rio da Prata (1580-1640). Belo Horizonte. Italiaia. São paulo. Edusp. 1984  

(14 ) Medina, José Toribio - Historia del tribunal de la Inquisición de Lima : 1569-1820.

(15) Obra pioneira: Cortesão, Jaime - Os Portugueses no Descobrimento dos Estados Unidos. Lisboa. 1949

(16 ) Documentos referentes a las Relaciones com Portugal durante el Reinando de Los Reyes Catolicos.Vol. III, pp-203-207, 218, 226, 323-334.  Gavetas da Torre do Tombo, Vol. I, p.908. (verificar), citado por João Paulo Oliveira e Costa, D. Manuel I, p.222. 

(17 ) Demetrio Ramos, 1981, 51-52, 59-60, 64, 80 nota, 115-117, 133, 153, 158, 164-166, 207-208, 214.

(18) Vehmany, Eva Alexandra - La Vida entre el Judaísmo e el Cristianimo en La Nueva España,1580-1606.

(19) J. Gil - El Entorno portugués de la marquesa de montemayor de sevilla, in, III Colóquio Internacional de História da Madeira. Funchal. 1993. pp.51-79.

(20) Varela, Consuelo - Ingleses en España y Portugal - 1480-1515.Aristócratas, Mercaderes e Impostores. Lisboa. edições Colibri. 1998.p.81 

(21 ) Libro de cuentas del tesorero Francisco González de Sevilla, fl. 76, ver: Navarrete, Viajes, tomo II, pag. 4, doc. II; Colección de documentos inéditos .., XIX, p. 456-p. 457; Bibliografia Colombina; Rumeu de Armas, 1982, p. 18)

(23 ) Garciloso de la Vega, baptizado com o nome de Goméz Suárez de Figueroa, é considerado como o pai das letras do continente americano. Inca de nascimento veio depois para Portugal. A quase totalidade das suas obras foram publicadas em Lisboa: 

Relación de la descendencia de Garci-Pérez de Vargas (Lisboa, 1605),

Relación de La Conquista de La Florida (Lisboa, 1605), 

Comentarios Reales de los Incas  (Lisboa, 1609)

Conquista del Perú (Lisboa ?, 1613). 

Apenas a última obra - Historia General del Perú,  foi publicada em Córdoba (1617), onde morreu..

Publica também a tradução para italiano de Tres Diálogos de Amor, de português natural de Lisboa - León Hebreo (Madrid, 1590). Leão Hebreu era filho de Isaac Abravanel, também natural de Lisboa, que financiou Cristovão Colombo.

(24) Ramos, Demétrio - Los Viajes de Descubrimiento y Rescates. Vallodolid. 1981., p.222

(25) Luguarda Trías - Rolando A. - Pilotos Portugueses en el Rio de La Plata Durante o Siglo XVI. UC. Coimbra. 1998

(26) Ventura, Maria da Graça A.Mateus - Negreiros Portugueses na Rota das Índias de Castela (1541-1556). Lisboa. Colibri.1999

(27) idem, p.27

(28) idem, p.41

(30) idem, p.24

(31) Arbell, Mordechai - The  Portuguese jevs of Jamaica. 2000. p. 14; Cundall, F. - Jamaica Under The Spaniards, 1919, etc.

(32) Cwik, Christian - Os Inicios da Diaspora Caribenha Judaica para a Jamaica, in, O Anti-Semitismo... Edusp. São Paulo.

(33 A bibliografia sobre estes portugueses é enorme, para iniciar: Ricardo Escobar Quevedo - Inquisición y judaizantes en América española (siglos XVI - XVII). Universidad del Rosario Escuela de Cienicas Humanas. Bogotá.  2008

(34) Maura, Juan Francisco - Españolas de Ultramar en la Historia y en la Literatura: Aventureras e madres. p.78, com várias referências documentais.

(35) Fernando Gomes Pedrosa (2011).MARINHEIROS PORTUGUESES EM NAVIOS ESPANHÓIS E AS SUAS DEVOÇÕES (1550 - 1636) in, http://www.nautical-archaeology.com/

(36) Marina Alfonso Mola y Carlos Martinez Shaw - La Era de la Plata en Extremo Oriente, in,Revista Española del Pacífico, 2004, pp. 33- 53

(37) O facto do rei português, chamava-se Andreia Ferrer (André Ferreira ?), e ocupava-se a entregar escravos negros aos alemães.

(38) Caballos, Esteban Mira - Los prohibidos en la Emigración a América (1492-1550). Este autor da Un iversidad de Sevilla, neste trabalho, fornece amplas referências documentais sobre a presença de portugueses em La Hispaniola.

(39) Chocano, Guadalupe e outros - Cristobal Colon: Incógnitas de su muerte: 1506-1902...., Apendice XIII, Protocolo...1744. 

(40) Carta del Licenciado Villalobos al Rey, Valladolid.10/8/1545. AGI, Indiferente General 1207, nº40

(41), Manzano e Manzano, Los Pinzon y los Descubrimientos de la America, Vol. III, pp.306-307.

 

 

 

Continuação:

 

19. Castelhanos 

20. Portugueses em Espanha.  21. Apoio de Judeus

22. Negociante Oportuno de Miragens

23. A Bandeira de Colombo  24.  Nomes de Terras

25. Regresso da primeira viagem 26. Significado de um reencontro

27. Partilha do Mundo

28.Defensor de Portugueses  29. Patriotismo

30. Mentiroso e Desleal  31. Regresso da segunda viagem 32. Manobrador 

33. Assassino de Espanhóis

34. Impacto da Viagem de Vasco da Gama 35. Perseguido 36. Ocultação

37.  Armadilha Genovesa  38 Mercadores-Negreiros Italianos  39.  Genoveses a Bordo 

40. Descendentes de Colombo 41. Descendentes (cont. ) 42. Descendentes (concl.)

43. Historiadores Portugueses. 44. Lugares do Navegador em Portugal

45. Cronologia da Vida de Colombo

 

 

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As Provas do Colombo Português

As Provas de Colombo Italiano

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  Carlos Fontes
O
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