Pedro João Coulão,
Colombo ?
Colombo e a sua família levaram a vida a
ocultar as suas origens, porque o seu passado de corsário era merecedor de
pouca confiança, nomeadamente para os espanhóis e italianos.
O seu verdadeiro nome, segundo
Lucio
Marineo Siculo, italiano e cronista dos reis católicos, era Pedro
Colon (16). Outros testemunhos referem o mesmo nome. Quem era Pedro Colon ?
1.
Corsário
Pedro
Coulão (8) era o nome de um importante corsário
português, que por volta de 1470 andava ao
serviço do rei de Portugal.
O Senado de Veneza,
neste ano, ao noticiar que um navio veneziano havia sido apresado
"por Colombo e por portugueses", acresenta que "...dicese
esser el corsaro portogalex..." ( "...diz-se que o corsário é
português" ( 2 ). O navio fora apresado na Galiza.
Quem era Pedro Coullão?
Muito pouco sabemos acerca dele, mas tudo parece apontar que seja o
corsário conhecido
pelos italianos como "cristoforo Colombo" (1485).
O
primeiro registo histórico de um corsário com o nome Pedro João Coulão remonta a 1469. No ano seguinte,
sabemos que D. Afonso V o contratou (1). Entre 1470 e 1473, recebeu 22.000 dobras por várias missões: uma foi ao Cabo
de Gué, duas à Guiné e outra às Canárias. Estas
expedições são muito significativas:
-
Após a conquista de Arzila (1471), os portugueses passam a atacar outras
povoações na costa marroquina, como o Cabo Gué (Agadir, Marrocos), onde em
1505 construíram, a Fortaleza de Santa Cruz do Cabo de Gué (4).
-
As expedições à Guiné, inscrevem-se nos multiplos combates que os
portugueses travaram, depois de 1455, para defender o monopólio da região.
-
A disputa das Canárias entre portugueses e espanhóis entrou numa nova fase,
com o papa Sisto IV de Savona (1471-1484), a conceder formalmente estas ilhas ao
rei de Castela. A Intervenção de Pedro João de Coulão fazia parte da
resposta portuguesa a esta concessão papal, numa altura em que estavam já instalados em
La
Gomera . Consultar
Pedro
João Coulão entre 1470 e 1485 , destacou-se, em muitas outras acções de saque:
a
) Contra navios italianos (venezianos, genoveses,
milaneses, etc). O mais célebre dos seus actos de pirataria ocorreu, em 1476,
quando participou num brutal ataque a navios genoveses, ao largo do Cabo S. Vicente,
onde morreram mais de 800 genoveses. A última desta acções conhecidas como
referimos, data de 1485.
b)
Contra navios aragonoses, no
Mediterrâneo, como a que realizou em fins de 1472, quando atacou um
navio do rei de Aragão, numa acção luso-francesa.
c)
Contra os castelhanos, em especial na guerra entre Portugal e Castela, de 1475 a
1479.
Algumas
das matanças que ocorreram neste período, não deixaram de provocar gerar
enormes ódios contra a acção deste corsários, nomeadamente de
Coulão ou de Pedro de Albuquerque. As suas façanhas apesar de ocultadas, não
deixaram de lhes exigir certas precauções, como a mudança de nomes.
O
corso no século XV era uma actividade largamente praticada por portugueses,
nomeadamente pela alta nobreza. As grandes casas do reino, como os Duques de
Viseu (Infante D. Henrique) ou os Duques de Beja (Infante D.Fernando) possuíam
autenticas esquadras no corso.
Ao
longo da costa portuguesa, nomeadamente em Lisboa, Odemira e Lagos, existiam
verdadeiros centros de pirataria. O principal era todavia o de Ceuta.
Corsários
com o nome Colão, Coulão, Coullon, Colom,
Colon ou mesmo Colombo foram muitos comuns entre 1469 e 1485 actuando ao longo
da costa portuguesa.
1.1.
Mudança de Nome
O
Senado de Veneza, em 1485, protestou junto de D. João II que um seu corsário chamado "Cristofaro Colombo"
atacara dois dos seus navios, sob o pretexto de Veneza
ter sido excomungada pelo papa...
Hernando
Colon, diz que "Cristotofo Colombo" andou no corso com o Colombo, o
Moço (7). Apesar de alguma confusão propositada, sabemos que este corsário era grego
e chamava-se George
Palaeologus Dissipatos ou Byssypatt.
Em 1485 assaltou
navios venezianos ao largo da costa portuguesa. A coincidência de datas é
significativa, assim como o local onde ocorreram os saques.
É
interessante constatar que as vítimas foram apoiadas primeiro pela Rainha Dona
Leonor de Lencastre e depois por D. João II, que lhes dispensou todo o
apoio.
Pedro
João Coulão, pouco antes de ir para Castela (1485), adoptou o nome de "Cristofaro Colombo",
isto é, o que leva Cristo. O pretexto do assalto aos navios venezianos parecem
anunciar este pseudónimo. Consultar
Qual a sua nacionalidade? As
fontes portuguesas não o dizem, mas o papa, na primeira vez que
menciona o seu nome, escreve-o segundo uma grafia portuguesa. O papa fora
certamente informado da sua
origem portuguesa pelo Cardeal de Alpedrinha - Jorge da Costa -, que desde 1480 estava em Roma,
e controlava tudo o que dissesse respeito a Portugal.
2.
Irmandade de Corsários
Pedro
Coulão
e o seu alegado irmão Bartolomeu Colon, revelam uma típica mentalidade de corsários,
habituados a perseguirem de forma persistente a presa, e quando a observavam vulnerável,
atacavam-na para a roubar ou matar sem piedade.
Pedro
Coulão
acompanhou os mais famosos corsários portugueses do seu tempo.
Pedro de Ataíde.
Terrifico
corsário, conhecido por "Inferno", morreu em 1476, num ataque a navios
genoveses e flamengos. Hernando Colon e Las Casas, afirmam que
Colombo participou também neste combate ao largo do Cabo de S. Vicente.
É
muito possível que entre Pedro Coulão e Pedro de Ataíde se tenha estabelecido uma sólida aliança,
constituído uma verdadeira irmandade, forjada na guerra ao serviço dos reis de
Portugal. A morte de Pedro de Ataíde, na luta contra os genoveses terá certamente
abalado Pedro Coulão, o que poderá explicar o ódio que passou a sentir pelos
mesmos. Em 1493, depois do seu regresso na América, fez questão visitar o Panteão
dos Ataídes, em Santo António da Castenheira.
Pedro
de Albuquerque
Com
o seu irmão Henrique de Albuquerque, em 1460, andava no
corso no Mediterrâneo, quando foram presos. Foi depois nomeado alcaide-mor do Sabugal e Alfaiates,
almirante-mor de Portugal (1484), sendo degolado meses depois por se ter
envolvido na conspiração contra o rei.
A sua esposa, irmã do célebre cardeal de
Alpedrinha - D. Jorge da Costa -, fugiu para Castela, levando consigo a
Duquesa de Montemor-o-Novo. Terá voltado para Portugal, revelando uma total
sintonia com Filipa Moniz Perestrelo.
A sua família, os Albuquerques de
Angeja, como veremos, estavam intimamente ligados a Colombo (Pedro Coulão),
quem quer que ele seja. Este é um dos maiores mistérios ainda não
desvendados.
Bartolomeu
Dias
Bartolomeu
Dias, entre 1476/1478, andava no transporte de mercadorias entre Portugal e Génova,
mas também no corso no Mediterrâneo. Em 1478 foi a Génova resgatar um português
de elevado estatuto que aí estava preso. D. João II, em agradecimento pelo
facto, prescindiu do seu quinto dos saques de Bartolomeu Dias.
Não
sabemos que foi a pessoa que foi resgatada, mas não deixa de ser sintomático que neste ano,
Pedro Coulão, seja
apontado como tendo ido também a Génova. Pedro Coulão (Colombo) e o seu irmão Bartolomeu,
afirmam que conheciam muito bem Bartolomeu Dias. Las Casas diz mesmo que andaram
ao serviço deste navegador a explorar a costa africana, tendo chegado ao Cabo
da Boa Esperança.
Gonçalo Fernandes de Saavedra
Corsário
português, sediado em La Gomeira (Canárias), que andava em 1492 com duas
caravelas a assaltar as várias ilhas das Canárias.
Apesar da habitual presença deste
corsário na zona, e de Colombo ter sido informado da mesma, esse facto não o
impediu de se dirigir para La Gomera e de a continuar a frequentar. Sentia-se
seguro entre corsários e piratas portugueses.
1.2.
Sul de Portugal
Cristovão
Colombo, por razões que desconhecemos, tinha não apenas uma forte ligação a
Lisboa, à Madeira, Beira Interior, ao Algarve, mas também e sobretudo ao
Alentejo. Os nomes que atribuiu, por exemplo, às terras que descobriu levou
alguns historiadores portugueses a afirmarem que teria nascido na região de
Beja.
Na
costa alentejana existiam importantes portos onde se abrigavam os piratas e
corsários portugueses.
2.
Navegações e Acesso a Segredos de Estado
Pedro
Coulão, não apenas serviu os reis de Portugal, mas terá pertencido como
corsário e navegador à Casa dos Duques de Viseu-Beja, que de forma
sistemática promovia expedições para Ocidente.
Colombo ( Pedro Coulão) afirma
que a partir de 1470 passou a andar mais sistematicamente no mar. Não apenas
percorreu todo o Atlântico, mas teve acesso à correspondência do rei de Portugal
e Toscanelli (1474), podendo-a copiar livremente.
D. João II em
1483, deslocou-se expresamente a Lisboa, para ter com ele uma reunião na Igreja de Carnide,
a fim de analisarem vestígios de terras a Ocidente, as célebres canas. O rei afirma-lhe,
então que sabia da existência de um continente a sudoeste.
Apesar disso, Colombo (Pedro Coulão), afirma que durante 14 anos
(1471-1485) tentou convencer o rei de Portugal (D. Afonso V e D. João II), a
dar-lhe o comando de uma expedição marítima para alcançar as Indias (Ásia)
navegando para Ocidente (6).
3.
Casamento
O
corso era uma actividade típica da nobreza portuguesa. Uma tão longa
actividade marítima abriu a Pedro Coulão as portas da Ordem de Santiago, onde estava a elite dos navegadores portugueses.
Em
Lisboa frequentou o Convento de Santos, da Ordem de Santiago, onde
estava um pequeno grupo de mulheres ligadas à alta nobreza. O principe e futuro rei D.
João II era igualmente um dos habituais frequentadores deste convento.
Pedro
Coulão apaixonou-se por uma das 12 comendadeiras - Filipa Moniz Perestrelo -,
cuja família pertencia à Casa dos Duques de Viseu-Beja. Após ter obtido
autorização do mestre da Ordem, D. João II, casou-se com Filipa na Igreja de
Santiago em Lisboa.
3.1.
Cristão-Novo
Tudo
leva a crer que Pedro Coulão (Colombo) era cristão-novo, ou pelo menos tinha
origens judaicas, tal como os membros da Casa de Bragança.
4.
Conspirações Contra D. João II
As
conspirações contra o novo rei - D. João II -, em 1483 e 1484, abalaram
profundamente Portugal. No espaço de dois anos uma boa parte da elite
governante de Portugal foi morta ou fugiu para Castela. Os segredos
marítimos do reino
estavam agora ao alcance do seu principal inimigo - Castela .
Os
mais importantes corsários do reino não ficaram alheios divisão política do
reino, que no essencial opunha a alta nobreza ao rei, em torno das questões da política ultramarina.
Na altura que D.
João II sobe ao trono de Portugal (31/8/1481), a nobreza está profundamente
dividida sobre a política de expansão marítima que devia de ser seguida. Os
recursos humanos do país eram cada vez mais escassos para manter a politica do
"Mare clausum", impedindo outros reinos cristãos de acederem à Guiné.
Definiram-se então duas correntes:
D. João II entendia
que o reino devia prosseguir a guerra contra os muçulmanos, mas também
reforçar as suas conquistas territoriais em África, de modo a consolidar a sua
política do "mare clausum".Nesse sentido, nas Cortes de Évora
(12/11/1481), anunciou que iria ser construído um Castelo na Mina. Devia
também continuar a explorar o caminho marítimo para a India. O rei contava com
o apoio dos grandes mercadores ligados ao tráfico de escravos, marfim,
malagueta, ouro da Mina ou o açucar da Madeira, como Bartolomeu Marchione, mas
também navegadores aventureiros, como Bartolomeu Dias ou Duarte Pacheco
Pereira.
Alvaro
de Bragança, chanceler do reino, nas Cortes de Évora, em nome de muitos outros nobres descontentes,
defendeu uma política contrária à do rei. Portugal devia limitar-se a
África, promover a guerra aos
muçulmanos e resgatar a Terra Santa, partilhar as descobertas
geográficas com outros reinos cristãos. Mina,
por exemplo, devia ser explorada de forma não exclusiva por Portugal.
Os castelhanos e aragoneses deviam ter acesso aos nossos mares e aos nossos
segredos.
Opunha-se
também ao plano da
India, tendo em conta os seus elevados custos em vidas humanas.
Neste sentido, afirmou-e contrário à construção do Castelo da Mina.
A posição de
Alvaro de Bragança, era apoiada pelos nobres ligados à defesa das conquistas
africas, mas também à defesa da fronteira com
Espanha (coutinhos, albuquerques de Angeja, meneses). Outras influentes figuras do reino, como Rui de
Pina, comungavam desta posição.
4.1.Conspiração
dos Duques de Bragança
Dois
anos depois das Cortes de Évora ocorre em Portugal, a primeira conspiração contra o rei,
conduzida pelo Duque de Bragança que acabou decapitado. O pretexto da conspiração
de 1483 foi a exigências de
obediência ( e centralismo) impostas por D. João II, mas a questão de fundo era a política que o rei pretendia prosseguir e
os sacrifícios em vidas humanas que a mesma iria implicar.
Os membros da Casa da Bragança foram os que mais se sentiram afectados no
seu poder, arrastando outros nobres. O julgamento do Duque não deixa dúvidas que rei não
estava disposto a mudar a política ultramarina.
Entre
os que conseguem fugir para Castela, em 1483, destacam-se os seguintes:
-
Alvaro de Bragança, chanceler de Portugal.
Em Castela não tardou a possuir os mais altos cargos, nomeadamente
todos aqueles que estavam ligados aos negócios das explorações marítimas. Os
conhecimentos e a rede de contactos que possuía eram um capital muito precioso.
Entre
1489 e 1495, sem interrupções, foi o presidente do Conselho
Real de Castela. Todas as decisões tomadas pelos reis católicos sobre as
expedições de Colombo, foram previamente apreciadas por este Conselho.
Foi Governador da
Justiça de Castela, Contador-mor
(contador mayor).
Em Sevilha,
onde possuiu os mais altos cargos da cidade, tais como: Alcaide
dos alcazáres (1495) e atanazares de Sevilha, Membro
da casa dos vinte e quatro de Sevilha. Fundador
e primeiro presidente da Casa de la Contratación de Sevilha (1503).
Durante
anos reuniu à sua volta um
importante grupo de navegadores portugueses, que envolveu nas explorações
maritimas espanholas.
Colombo
refere explicitamente o apoio que recebeu de D. Alvaro, que inclusive chega a
nomeá-lo seu representante junto da corte espanhola. Consultar
-
João
de Bragança, Condestável de Portugal, marques de Montemor-O-Velho. Embora
tenha morrido na guerra de Granada, em 1484, a sua esposa -
Isabel Perestrelo Enriquez de Noronha
- , a
poderosa marquesa de "Montemayor de Portugal", sobrinha de
Colombo, irá apoiar a sua familia, financiar expedições às Indias, etc. A sua casa
era um centro de iniciação à Ordem de Santiago de Portugal. Consultar
-
Isaac Abranavel. Um dos
principais banqueiros de Portugal. Nascido em Lisboa, estava ligado à Casa de
Bragança. Em Castela, em poucos anos, tornou-se num dos principais banqueiros dos reis
católicos, tendo financiado grande parte da 1ª. viagem de Colombo. Consultar
Estes
e muitos outros nobres não tardaram, em Castela, a usarem os seus conhecimentos
para atacarem D. João II e usarem em proveito próprio os segredos que
possuíam ao mais alto nível das explorações marítimas. Nenhum ficou de
braços cruzados, muito pelo contrário aparecem desde logo a liderar as expedições
espanholas na direcção do que será conhecido por Novo Mundo.
4.2. Conspiração dos
Duques de Viseu-Beja
Em Agosto de 1484 é
descoberta a nova traição, chefiada desta vez por Diogo de Lencastre ,
Duque de Viseu e de Beja, senhor das ilhas do Atlântico, Grão-Mestre da Ordem
de Cristo. O Duque é assassinado pelo próprio D. João II, seu cunhado. D.
Diogo contava com um vasto número de conspiradores, muitos dos quais ligados à defesa das
fronteiras, incluindo o almirante-mor de Portugal (Pedro de Albuquerque).
Cerca de 80
pessoas são mortas, mas muitas outras conseguem fugir para Castela, como se
pretendeu fazer crer que tinha acontecido com Colombo (Pedro Coulão).
4.2.1. Rainha
Dona Leonor
A morte do cunhado
(Duque de Bragança) e do irmão (Duque de Viseu-Beja), levaram esta rainha a
manifestar uma crescente oposição a D. João II, reforçando as suas
ligações aos vários grupos de exilados em Castela e Roma (D. Jorge da Costa).
Depois da morte do
seu filho - D. Afonso - ,em 1491, a rainha adopta uma posição de confronto
aberto com D. João II, apoiando o grupo de nobres exilados em Castela.
4.2.2.
Albuquerques
de Angeja
A
maioria dos conspiradores de 1483 e 1484, como dissemos, pertenciam a famílias ligadas à defesa das fronteiras de Portugal
ou a
praças fortes no Norte de África. Ao longo do século XV viram ser dizimada a maioria dos seus
membros em guerras intermináveis.
O testemunho de Colombo
(Pedro Coulão) é claro sobre este
último ponto: a conquista e soberania sobre a Guiné custou a vida a metade da população
portuguesa.
Esta poderá ser a
razão que terá levado a família dos Albuquerques de Angeja, ligados à defesa da fronteira do Coa,
a envolverem-se na conspiração de 1484.
Por
razões que ainda desconhecemos, existe uma intima ligação entre os Albuquerques de
Angeja e a família de Colombo (Pedro Coulão), ao ponto de um dos seus membros
se confundir com o próprio Colombo.
A
maioria dos albuquerques pertenciam à Ordem de Santiago, mas o ramo de Angeja
(Aveiro), tinha também ligações à Ordem de Aviz. Desde o reinado de D. Dinis, estava ligado à defesa da fronteira
de Riba-Côa.
Lopo
e Pedro de Albuquerque, filhos de João Gonçalves de Albuquerque (9), são dois dos
nobres que aparecem a apoiar em 1484, a conspiração do Duque de Beja- Viseu,
irmão da Rainha Dona Leonor.
-
Lopo de Albuquerque, Conde de
Penamacor. Durante
o reinado de D. Afonso V era uma das principais figuras do reino: camareiro mor,
embaixador em Castela e França. participou na conquista de Arzila. Entre as
inúmeras mercês
que recebeu, destaca-se o trato da malagueta e
especiarias na Guiné (1474).
Lopo
de Albuquerque, após ter abortado a conspiração de 1483, consegue que o rei o deixe sair sair de
Portugal (Outubro de 1484). A sua esposa e filhos são retidos durante algum tempo
no reino.No estrangeiro, adopta no nome de "Pedro Nunes".
De Castela não tarda a sair para outros países acabando
por se fixar em Londres (1488).
Em 1493, sendo dado como morto pelos cronistas portugueses, mas
continuava bem vivo em Castela ainda em 1496.
Consultar
O seu
filho adoptivo - Diogo
Mendez de Segura
- acompanhou-o por todo o lado. Em 1493 estava ligado à família
de Colombo, como seu secretário vitalício. Consultar
-
Pedro de
Albuquerque, camareiro-mor,
alcaide-mor do Sabugal e de Alfaiates e almirante-mor. A sua
história é em tudo idêntica à de Colombo.
Com o seu irmão
Henrique desde muito cedo andou no mar, exercitando-se como como corsário. Ainda jovens,
como dissemos, foram presos em Aragão quando andavam a assaltar navios
no Mediterrâneo. Não
terá sido a única vez, pois existem registos de pagamentos posteriores de
operações idênticas. Colombo afirma que começou também a andar no
mar em 1460. Durante
vários anos aparece sempre associado a dois outros famosos corsários:
Pedro de
Albuquerque foi certamente muitas vezes à Guiné, onde o seu irmão Lopo de
Albuquerque tinha privilégios nas especiarias, mas também às Canárias. Colombo
(Pedro Coulão) refere que foi muitas vezes á Guiné e à costa da malagueta, o que pressupõe
andou ao serviço de Lopo de Albuquerque.
Este tinha acesso directo ao rei D. Afonso V, pois foi seu camareiro-mor. Era
um homem da sua inteira confiança. A documentação a que Colombo (Pedro
Coulão)) teve
acesso dos reis de Portugal revela que teve idênticas facilidades.
A
sua formação terá sido idêntica à de um nobre de corte, embora neste caso
destinado ás lides marítimas. Colombo revela uma ampla formação própria
de um nobre português da época. Antes de 1483, sabia ler e escrever
correctamente latim.
Pedro de
Albuquerque teve certamente uma ligação muito especial com a Ordem de
Santiago, cuja sede ainda estava em Alcácer do Sal. À volta desta Ordem
reunia-se a elite dos navegadores portugueses da altura. Terá visitado a Igreja
dos Martires, num momento que estava no auge o culto de Nossa Senhora da Cinta. Colombo
(Pedro Coulão) evoca justamente esta imagem no seu regresso das Indias, assim como revela crenças
idênticas às de qualquer outro nobre português do tempo.
Em 1476 foi
encarregue da defesa da linha do rio do Coa, aquando das guerras com Castela.
Nesta altura andou no mar, provavelmente atacar barcos espanhóis e genoveses. Era
um dos nobres mais bem pagos da corte de D. Afonso V, recebendo uma tença
superior à do Conde de Faro. Neste ano, afirma-se que Colombo (Pedro Coulão)
chegou a
Portugal, depois de uma batalha ao largo do cabo de S. Vicente.
É
natural que tenham ido também à América do Norte, numa das muitas expedições
que partiam de Aveiro para a terra dos bacalhaus, provavelmente na companhia dos
corte real. Colombo
(Pedro Coulão) afirma que em 1477 foi numa expedição portuguesa à Gronelândia.
Poucos dias depois de ser nomeado almirante-mor, em 1484, foi
aparentemente degolado em Montemor-o-Novo, sob a acusação de ter participado
na conspiração contra o rei. Os cronistas que o afirmam, são os mesmos que
deram o seu irmão como morto em 1493, e no entanto três anos depois continuava
bem vivo em Espanha.
Estamos
em crer que Pedro
de Albuquerque não foi morto, mas a sua execução foi encenada, para poder
"fugir" para Castela, onde adoptou um falso nome. Quais
as provas ?
-
No ano de 1492 um anónimo
"almirante português" consta na folha de pagamentos dos reis católicos,
como tendo recebido uma importante quantia de dinheiro (15 ). Não
e trata de uma ficção, mas de um documento oficial.
O
terceiro irmão - Henrique
de Albuquerque,
Alcaide-mor de Marvão .- é
também um verdadeiro mistério.Sabemos que desde 1460 andou no corso no Mediterrâneo,
e provavelmente também no Atlântico.
Aparentemente
não participou na conjura de 1484 contra D. João II, no entanto estava ligado
ao núcleo duro dos conspiradores. Ele e a sua mulher pertenciam à casa
senhorial de dona Brites de Lencastre, Duquesa de Beja e de Viseu, cujo filho D.
Diogo acabou assassinado pelo rei.
Estamos
perante um forte elo de ligação dos Albuquerques de Angeja aos conspiradores
de 1483 e 1484.
Recorde-se
que Brites de Lencastre, esposa do Infante D. Fernando, entre 1470 e 1483,
administrou a Ordem de Cristo, dirigiu as principais expedições para
Ocidente, nomeadamente as de João Vaz Corte Real. Era a grande proprietária
dos Açores, Madeira e Cabo Verde, cuja administração estava a seu cargo.
Pouco
sabemos da vida de Henrique de Albuquerque, a não ser que em 1486, pediu
ao rei a confirmação dos seus bens, uma vez que os irmãos, um era dado
oficialmente como morto e outro fora banido. Não tardou depois em eclipsar-se.
É
provável que tenha ido para o estrangeiro. Muito possivelmente para Inglaterra,
em 1488, onde se encontrava o seu irmão Lopo de Albuquerque. Em Portugal era
dado como morto em 1497. A inscrição do túmulo do seu pai em Aveiro, onde
constava o seu nome foi apagada.
Bartolomeu
Colon quando chega a Espanha, em fins de 1493, revela desde logo enormes
capacidades de liderança e conhecimentos de navegação. Henrique, poderia ser
tanto Colombo, como Bartolomeu ou mesmo Diego. Consultar
Os
Albuquerques de Angeja estão profundamente envolvidos na conspiração
dos Braganças. Foram apenas instrumentos ou tinham um papel autónomo ? Não
sabemos.
5.
Reacção de D. João II e de Dona Beatriz, Duquesa de Viseu-Beja
D.
João II enfrenta depois de 1484 uma situação cada vez mais complexa. No espaço de
dois anos, Castela recebeu algumas das principais figuras do reino de Portugal.
Os segredos marítimos de Portugal estão agora ao seu alcance. Era a sua grande
oportunidade histórica de iniciar a sua expansão marítima.
Os
reis católicos, percebendo a situação passaram a financiar e a protegerem a
identidade de vários nobres portugueses que se fixaram em Castela. A descoberta
dos seus nomes só foi possível recentemente quando foram publicadas as
listagens dos pagamentos destes reis.
Era
natural que muitos destes nobres oferecessem os seus serviços aos reis espanhóis.
A conspiração de 1483 está ligada a uma traição: os conspiradores haviam
aos reis espanhóis que, no caso de matarem D. João II, revogariam o Tratado de
Alcaçovas-Toledo (1479-1480), que impedia os seus navios de acederem à Guiné.
Os
nobres portugueses há muito exilados em Castela, assim como a sua nobreza mais
empreendedora castelhana, não deixou de saudar igualmente a entrada destes
exilados vendo neles a possibilidade de acesso aos mares e mercados ultramarinos
controlados pela corte portuguesa.
D.
Beatriz, a mãe do duque assassinado, percebeu como D. João II, o perigo que
representava a fuga de muitos conspiradores para Castela, dado que possuíam
preciosas informações sobre as navegações e descobertas marítimas. O poder
da sua Casa foi abalado com a conspiração do seu filho, e por isso mostrou-se
logo disposta a colaborar na contra-ofensiva.
Os
Duques de Viseu-Beja eram senhores das ilhas atlânticas (Açores, Madeira, cabo
Verde),mas também das costas africanas.
O
principal perigo residia nas novas investidas dos castelhanos às costas da Guiné,
guiados pelos portugueses exilados e que não deixariam de aproveitar as fragilidade das condições acordadas no Tratado de
Alcaçovas-Toledo (1480/81).
A
numerosa comunidade de exilados portugueses em Castela, ligados ao Duques de
Bragança e Duques de Viseu-Beja, revelava-se uma crescente
ameaça, dado que não paravam de pressionar os reis espanhóis a avançarem
para África, pondo em causa o monopólio português.
5.
1. Missão de Pedro Coulão em Castela
É
neste quadro geopolítico que D. João II resolve encarregar um dos seus mais
duros e fiéis corsários de se infiltrar no grupo dos conspiradores
portugueses, nomeadamente entre os que se fixaram na Andaluzia. Pero da
Covilhã, foi um dos primeiros espiões a ser enviado para Castela.
Pedro
Coulão parecia ser o homem certo para uma nova missão de grande envergadura.
Mantivera-se fiel a D.
João II, e continuou a sua actividade de corsário. Em 1485,
como vimos, atacou navios venezianos ao largo do cabo de S. Vicente, sob o
alegado pretexto de Veneza ter sido excomungada pelo papa.
Podia
contar na Andaluzia, sobretudo em Sevilha, com o apoio dos famíliares da sua esposa - Filipa
Moniz Perestrelo - que em grande número desde 1483 se havia deslocado para a
Andaluzia, em particular para Moguer, Palos e Sevilha.
Nestas
localidades, D. João
II possuía também vários espiões, devido à sua importância estratégica
das mesmas, nomeadamente para o abastecimento das fortalezas portuguesas no Norte de África.
O
objectivo deste espião era muito claro: afastar os espanhóis (castelhanos e
aragoneses) de África, levando-os para ilhas e terras a Ocidente.
5.2.
Apoios na Andaluzia
Entre
os muitos nobres portugueses que fugirem para Castela, destacam-se vários
membros dos
Monizes, ligados aos Zarcos da Madeira,
dependentes do Duque de Viseu-Beja.
Em
fins de 1484, encontramos na Andaluzia, em Sevilha e na região de Huelva/Moguer/Palos,
vários familiares de Filipa Moniz Perestrelo: Violante
Moniz Perestrelo, tia; Iseu Perestrelo, tia ;Rodrigo
Moniz, tio, era monge, na Cartuxa de Santa Maria de las Cuevas, em Sevilha;
Ana Moniz, tia;
Bartolomeu Moniz Perestrelo, tio; Consultar
Para além destes temos que contar com os
respectivos cunhados, como -
Pedro Correia da Cunha
(guarda-costas do rei D. João II) -, o qual segundo o próprio
Colombo foi quem lhe forneceu as provas de existência de ilhas a Ocidente.
O
número de membros dos monizes presentes na Andaluzia em fins de 1484 ou
referenciados pouco depois era muito elevado, para podermos de uma simples mera
coincidência. Colombo foi ao seu encontro quando saiu de Portugal.
Outros
portugueses estavam também na Andaluzia, mais concretamente junto aos portos, e
tiveram um papel muito activo no apoio a Colombo. Um deles foi Frei
João Peres Marchena (António de Marchena), astrólogo, que se
encontrava a guardar o Ermitério de La Rabida, em Moguer. Consultar
Eram
aliciados dos conspiradores ou espiões de D. João II ? É impossível sabê-lo.
5.3.
Nova Identidade
Em
Castela, Cristoforo Colombo (Pedro Coulão), para melhor se inserir na comunidade de exilados
portugueses e granjear apoio junto da Corte, afirma-se como mais um descontente com D. João II. Como é sabido, Filipa Moniz Perestrelo,
tinha muitos dos seus familiares exilados em Sevilha, onde Colombo fixou
residência e com quem vivia.
Adopta
também como suas as origens familiares de Filipa Moniz Perestrelo, cujo avô
paterno tinha vindo de Piacenza (Itália) para Lisboa em 1380.
Nesse
sentido, terá feito passar a ideia que era originário de Piacenza e da família
Perestrelo, embora não soubesse uma única palavra de italiano, genovês ou
qualquer outro dialecto local.
Piacenza pertencia, no século XV, ao
Ducado de Milão, confinando com as Províncias da Lombardia e da Líguria. É
por esta razão que alguns testemunhos do século XVI, afirmam que era
originária de Piacenza, da família do Perestrelos mas outros também dizem que
era de Milão, Lombardia e da Liguria. A confusão estava sabiamente instalada. Fez
aquilo que muitos
outros nobres faziam na época, sem que isso constituísse algum problema. Consultar
Esta ligação à
alta nobreza de Portugal, deu a Pedro Coulão um elevado estatuto em Castela.
Desde 1486 passou a receber uma tença dos reis católicos, usava brasão, e
durante dois anos ficou alojado na Casa dos Duques de Medinacelli.
Os únicos
documentos que aludem a sua identidade, identificam-no como
"português" (1486) ou como "Almirante português" (1492)
(15).
6.
Razões
de uma Longa Espera
Lopo
de Albuquerque, em Londres, fazia-se passar por "Pedro Nunes". Pedro de
Albuquerque, antigo corsário e almirante-mor, adoptou em Espanha o nome de
Cristovão Colom, cujo significado é duplo: membro da ordem /irmandade dos que levam
Cristo e nome de corsário, muito comum na época. A sua
situação impedia-o de revelar a sua identidade, mas não de usar os seus
conhecimentos e experiência, tirando dai algum lucro.
Colombo
( Pedro de Albuquerque) e todos o que o apoiavam entre 1486 e 1488 esforçaram-se por tentar convencer a Corte Espanhola apoiar a
sua ideia de chegar à India navegando para Ocidente.
Perante
tantos entraves, em 1487, Isaac Abravanel,
prontifica-se a financiar a viagem. A ideia acaba por ser recusada. Porquê ? Consultar
A
decisão fora entregue por Isabel, a católica a um grupo de espanhóis que,
embora sem grande experiência ou conhecimentos naúticos, não deixaram de
considerar a ideia absurda. Colombo
( Pedro de Albuquerque) para os convencer, apresentou-lhes valores das
dimensões da Terra, do grau, légua e milha, muito inferiores aos de
Ptolomeu.
O
clero castelhano insistia que se desse prioridade à conquista do Reino de
Granada.
Os espiões de D. João II terão contribuindo para arrastar a questão no
tempo. Apesar disso, a Corte
Castelhana, em 1487 e 1488, deu-lhe uma tença e identifica-o como
"português", embora não tenha descoberto nada.
Alvaro
de Bragança. Nesta fase, não se envolveu directamente no assunto. Primeiro para não ser acusado de
traidor, segundo porque estava envolvido na conquista de Málaga (1487),
defendendo também que a prioridade era a conquista do reino
de Granada. Emprestou inclusive uma importante quantia para financiar esta
guerra. Os
assuntos envolvendo Portugal exigiam enormes cautelas. A posição de D. João
II continuava a ser determinante. Estava em jogo também a herança da sua
esposa, Filipa de Melo. O
seu sogro - Rodrigo de Melo, 1º. Conde de Olivença - possuía uma
enorme fortuna, e a sua esposa era a única herdeira. Desde 1485 que o sogro estava envolvido na construção do Convento dos Lóios, em Évora, onde
tencionava instalar o panteão dos Melos. Morreu dois anos depois, mas a
construção prosseguiu a expensas de Alvaro de Bragança. Por
outro lado, embora desde
1485, fizesse parte do Conselho Real de Castela, o seu poder era ainda muito limitado.
A
espera de 7 anos tem uma explicação simples. Portugal e Castela estavam desde
1480 ligados por um Tratado (Alcaçovas-Toledo), assente numa promessa de casamento
entre o
principe D. Afonso e a princesa Dona Isabel, filha dos reis espanhóis.
Qualquer viagem realizada pelos
castelhanos em domínios maritimos portugueses poderia ser um pretexto para desmanchar o casamento, muito querido
pelos reis católicos. Com a morte do principe, em 1491, deixou de haver
impedimentos para a viagem. Entre
a morte do principe português e a decisão de Isabel, a Católica, para que
fosse reiniciadas as negociações com Colombo não decorreu sequer um
mês!
7.
Manobras Internacionais
Depois de Bartolomeu
Dias ter chegado ao Oceano Indíco, em 1488, a discussão da estratégia a seguir é
definida em Beja, sede do Ducado de Beja. Para além do rei estiveram presentes,
Bartolomeu Dias, D. Manuel e o próprio Colombo (Pedro Coulão).
7.1. Bartolomeu Colon
A chegada de Pedro
João Coulão a Castela, com o nome de Cristovão Colom não deixou de
levantar suspeitas ao antigo chanceler-mor - Alvaro de
Bragança, exilado em Castela. Este defendia
que a prioridade de Castela deveria ser não as navegações para Ocidente, mas a
conquista do reino de Granada e o guerra contra o Reino de Fez no Norte de
África. Consutar
Pedro Coulão foi
bem recebido
pela Corte castelhana, em 1486, mas a decisão sobre a expedição foi sendo sucessivamente adiada.
Face
ao impasse criado, o seu irmão de - Bartolomé
Colón - acabou por ser enviado, em 1488, para Londres. Nesta cidade também
aí se encontrava Lopo de Albuquerque, irmão do corsário e almirante-mor Pedro de Albuquerque. Consultar
Aparentemente
o
seu objectivo era convencer Henrique VII a apoiar a ideia do seu irmão navegando
para Ocidente até à
India. O mapa que levava consigo tinha contudo um grave problema: continha informações
cartográficas ultrapassadas, datadas de 1474 ! Os ingleses mostram-se
pouco interessados no negócio.
Foi
depois para França (1493), com o mesmo mapa, obtendo também desta estadia
infrutíferos resultados.
A
verdade é que o
objectivo Bartolomeu Colon era outro. Não se tratava de tentar convencer os ingleses ou os franceses, mas de mostrar a Alvaro de Bragança
e aos espanhóis que
Pedro João Coulão e os seus irmãos estavam de facto contra D. João II.
Alvaro de Bragança que desde 1489 assumiu
a presidência do Conselho Real de Castela, decide apoiar o projecto de Colombo (Pedro
Coulão), mas só o acaba por fazer depois da morte do principe D. Afonso (Julho
de 1491) e da conquista do
Reino de Granada (1492).
Bartolomeu Colón entre 1488 e 1494 não viu
o seu irmão. Sem meios de comunicação entre eles dificilmente
poderemos admitir que um era embaixador do outro. A questão deixa de ter
sentido, se admitirmos que o elemento de
ligação e coordenação era o próprio rei de Portugal.
7.2. Maximiliano I
D. João II, procura
por todos os meios envolver também os mercadores alemães a organizarem e
financiarem uma expedição que seguisse a mesma rota de Colombo (Pedro Coulão).
Maximiliano I, primo de D. João I, envolve-se, mas sem grande êxito neste
projecto.
8. Filipa Moniz
Perestrelo
ao Convento
A missão de Colombo
em Castela, implicou a separação do casal. Colombo (Pedro Coulão) levou consigo um dos filhos
- Diego Colon -, mas deixou em Portugal a mulher e um filho. Esta foi a regra
imposta por D. João II a todos os conspiradores de 1483 e 1484, afim de não
perderem os bens que aqui possuíam.
O problema é que os
reis católicos levaram 7 anos a discutir o projecto de Colombo (Pedro Coulão). A
sua vida foi-se mais dificil dada a permanência de Filipa e dos seus outros seus filhos em Portugal.
Em 1488 Colombo volta a Portugal, para uma nova conferência com D. João II.
Dois anos depois, Filipa Moniz Perestrelo re-ingressa no Convento de Santos,
onde virá a falecer em 1497.
Diego Colon, em 1509,
primogénito de Colombo, afirma no seu testamento que vivia em Sevilha com a sua
sobrinha - Ana Moniz.
8.1 Duas
Mulheres
Pedro de Albuquerque
casou-se, em 1468, com Catarina da Costa, irmão de Jorge da Costa, o futuro
Cardeal de Alpedrinha. Deste casamento não houve descendência.
Jorge da Costa era
um dos portugueses mais poderosos do tempo. Desde 1480 que estava em Roma
controlando tudo o que dissesse respeito a Portugal. O que se passava com os
Albuquerques de Angeja dizia-lhe directamente respeito. D. João II sabia-o
perfeitamente.
O
que se passou com a sua irmã Catarina de Albuquerque é um verdadeiro mistério.
Após
ter abortado a conspiração de 1484, refugiou-se no castelo Sabugal, e só se
rendeu depois de ter negociado as condições da sua liberdade.
D.
João II deu-lhe tudo o que quis, incluindo uma enorme tença, em troca de
"siso e descrição". Catarina não cumpriu com nenhuma das suas
promessas, na fuga para Castela matou um homem, sequestrou um abade e levou
consigo Isabel de Noronha, a Marquesa de Montemor-o-Novo. O
rei queixou-se deste facto ao seu irmão, o Cardeal de Alpedrinha, dando a
entender que tal não estava combinado entre ambos.
Em Sevilha, onde se
refugiou, recebia uma importante tença dos reis católicos, vivendo junto da
poderosa Marquesa de Montemor-o-Novo.
D.
João II, por razões que desconhecemos, em 1490, mudou o Convento de Santos
para um local junto a propriedades de Catarina de Albuquerque, em Santa Engrácia
(Lisboa). Acontece que neste ano, Filipa Moniz Perestrelo voltou a ingressar
neste Convento.
Catarina
de Albuquerque voltou mais tarde a Portugal, ingressando
no Convento de Santa Clara, junto ao convento onde se encontrava Filipa
Moniz Perestrelo.
9. As
Indias da India (Ásia)
Removidos
os obstáculos, Isabel, a católica decide em 1491 retomar as negociações com
o firme propósito de concretizar a primeira viagem.
Embora
se continue a afirmar que Pedro Coulão pretendia ter chegado à India, a verdade é
que nos documentos que assinou com os reis espanhóis sempre falou de forma vaga
em ilhas, terras, as Indias de Toscanelli.
Nunca duvidou da sua existência, nem sequer da
distância a que se encontravam. Foi para lá que conduziu os espanhóis,
afastando-os das costas africanas conforme o planeado.
9.
1. Financiamento e Outros Apoios
A poderosa
comunidade de exilados portugueses em Castela, foi quem financiou grande parte
da primeira expedição às Indias. Isaac Abravanel, português, banqueiro da
Casa de Bragança, emprestou cerca de 50% do dinheiro aplicado pela corte
castelhana na 1ª. Viagem. A parte de Pedro Coulão (Colombo) terá sido
financiada por Marchioni, Isaac Abravanel ou pelo próprio Alvaro de Bragança.
Apoios
técnicos e humanos não lhe faltaram, como dissemos, até dois
pilotos portugueses anónimos integraram a primeira viagem à América
(1492/3).
9.2.
Fidelidade
Para
mostrar a sua fidelidade ao rei de Portugal, quando aporta às Indias
(América), a 12 de Outubro de 1492, manda erguer bandeiras com uma cruz verde,
igual á Ordem de Avis, Dinastia Real e constava da bandeira de Portugal desde
1383 !
10. Regresso a Portugal
No
regresso, em Março de 1493, em vez de tomar a rota anterior dirigiu-se para o
Açores e daqui directamente para Lisboa, para informar D.
João II. De acordo com o planeado, a partir de Lisboa, informou toda a Europa
da descoberta das Indias e da forma como aventureiros e piratas podiam lá
chegar. Só depois desta traição aos reis espanhóis à que se dirigiu para
este reino para os informar...
Seguindo
as instruções de D. João II, propôs aos reis espanhóis a celebração de um
novo Tratado com Portugal para a divisão do mundo, apontando a respectiva linha
meridiana, salvaguardava desde logo o Brasil para Portugal. Após verificar que
os espanhóis estavam já envolvidos nas negociações, não lhes forneceu informações precisas sobre as
Indias.
Em
1494 recusou-se com o seu irmão Bartolomeu
Colon, a regressar à Espanha para auxiliar os embaixadores espanhóis nestas
negociações, colocando-os deste modo nas mãos de D. João II.
10.1.
Encontro com a rainha e D.Manuel
No
dia 11 de Março de 1493, tem um longo encontro com a Rainha Dona Leonor,
D.Manuel e o Marquês de Vila Real, os representantes dos conspiradores de 1483
e 1484, assim como dos nobres portugueses exilados em Castela e Roma. Os
cronistas portugueses (Rui de Pina e Garcia de Resende) omitem este encontro,
pois percebem as interpretações que se poderiam fazer, nomeadamente de uma
enorme cumplicidade entre Colombo e os exilados portugueses em Espanha.
11.
Tratado de Tordesilhas
Pairava
sobre os interesses de Portugal em África uma grave ameaça. Os castelhanos
insistiam em terem acesso à Guiné. O Cardeal Alpedrinha terá começado a
jogar, neste domínio, um papel fundamental.
Desde que foi
nomeado bispo de Évora (1463) que o seu poder nunca parou de
aumentar. Durante
anos esteve envolvido em todas as negociações dos vários casamentos entre as
duas cortes.
Em 1480 foi para Roma onde passou a dirigir tudo o que dissesse respeito à
Portugal, mas o seu poder estendia-se à Espanha e Itália.
Percebendo
a complexa situação em que Portugal se encontrava, terá insistido na ideia de
dividir o mundo entre Portugueses e Castelhanos,
de forma a evitar os constantes conflitos
militares entre os dois reinos peninsulares. Uma ideia que já havia sido
aplicada no
Tratado de Alcaçovas-Toledo (1479-80), e que terá a sua consagração
no Tratado de Tordesilhas (1494).
A
assinatura dos reis católicos continua a assentar na exigência de um
casamento, desta vez entre D. Manuel e uma princesa espanhola. Só após a
assinatura do contrato de casamento é que foi assinado o Tratado.
Os traficantes de escravos, como Bartolomeu
Marcchioni,
cujos principais rendimentos vinha destas costas africanas, terão sido dos
primeiros a apoiarem a ideia do cardeal. Consultar
O processo de concretização desta ideia,
como veremos, não foi linear.
É constante a preocupação de D.
João II, mas também de D. Manuel I em agradarem ao Cardeal informando-o de tudo
o que dissesse respeito aos descobrimentos.
12.
O Mistério dos Irmãos de Pedro Coulão
- Diego
Colon. Uma personagem alegando chamar-se "Diego Colon", surgiu em
Castela em 1493, tendo embarcado para as Indias nesse ano com Pedro Coulão, que
o assumiu como irmão.
A partir de Fevereiro
de 1494 a exercer as funções de Governador da La Hispaniola (actual ilha da
República Dominicana e Haiti). Em Setembro é enviado a Espanha, na
esquadra de António de Torres, para ser ouvido na Corte, devido às acusações
que ele e os seus irmãos eram acusados de estarem a enganar os reis católicos.
Os reis ficaram chocados com a
sua presença, pois haviam pedido que viesse Colombo ou o seu irmão Bartolomé
Colón, nomeadamente para os ajudarem nas negociações do Tratado de
Tordesilhas. Acontece que Diego Colon não percebia nada de cartografia e
cosmografia. Uma vez mais, os três irmãos estavam a trair os espanhóis.
Nesta viagem, trouxe consigo uma
apreciável quantia de escravos e ouro. Correndo já a ideia que era
italiano, solicita á corte instruções, se o
havia de deixar com o ouro e o mandar para Itália. A Corte informa-o para não
interfir em nada, ele que fizesse o que quisesse. Diego Colon não sabia uma
única palavra de italiano, nem se mostrou interessado em visitar a Itália.
Voltou depois às Indias, em
Agosto de 1495, onde passou a exercer o cargo de governador interino La
Hispaniola. Ficou encarregando de assassinar em processos sumários centenas de
espanhóis que lhe eram enviados pelos seus irmãos.
A 23 de Agosto de 1500 recebe o
comendador Francisco Bobadilha enviado para averiguações pelos reis católicos,
numa altura que tinha num poço à espera de serem enforcados 17 espanhóis. Na
sequência do processo instaurado por Bobadilla acaba por ser preso e remetido
para Espanha com os seus irmãos. Ingressou num Convento, onde morreu em
1515.
No seu Testamento, contempla
Violante Moniz Perestrelo e o capelão da Marquesa de Montemor-o-Novo, um agente
de ligação com Portugal. Quem era realmente Diego Colon ?
-
Bartolomeu Colon. Depois de andar
pelas cortes de Inglaterra e de França,
regressa a Espanha, onde embarca para em fins de 1494 para as Indias (América).
Foi um enérgico governador e perseguidor sem piedade dos espanhóis, procurando
impedi-los de se fixarem nas Indias. Em 1506 procurou junto do papa
expulsá-los. Não sabia uma única palavra de italiano, nem tinha qualquer
relação com os mesmos.
Quem
era Bartolomeu Colon ? Embora nunca se tenha casado, teve uma amante chamada Catalina Marrón
(5) de quem teve uma filha, a 11 de Dezembro de 1508, chamada - Maria Colón
y Melo.
O
apelido Melo da menina, que morreu com poucos anos, não derivava da mãe, mas
do pai. Deste facto podemos concluir que o verdadeiro nome do irmão de Colombo
seria: Bartolomeu Colon y Melo.
Onde
terão ido buscar Bartolomeu, mas também o seu irmão Diego, o apelido Melo ?
A resposta está mais uma vez na família Filipa Moniz Perestrelo, cuja
avó se chamava - Catarina de Melo (20).
O
apelido Melo volta a ligar Pedro Coulão e os seus dois alegados irmãos, aos
Albuquerques de Angeja, descendentes
de Vasco Martins de Melo.
12.
Diversão, Mentiras, Contrabando e Defesa de Portugueses
Ao
longo dos anos nunca parou de fazer descrições fantasiosas sobre as Indias,
mentindo descaradamente sobre o que observava e obrigando a tripulação
igualmente a mentir.
Pedro
Coulão mentiu sobre a rota que seguiu na primeira viagem, deu coordenadas
erradas e recusou-se a entregar mapas. Para confundir os espanhóis andou entre 1493 e 1498
a saltar de Ilha para Ilha sem nunca se dirigir à Terra
Firma (continente americano).
A
diversão só terminou um ano depois de Vasco da Gama ter partido para a India
(1497) e de D. Manuel I ter sido jurado herdeiro do trono de Castela em Toledo
(1498). Foi só então que Coulão resolveu ir até Cabo Verde e dirigir-se para
Ocidente para descobrir a Terra Firme (o Continente Americano) que D. João II
lhe falara.
Os
primeiros a serem informados foram contudo os contrabandistas portugueses.
As pérolas que afirmou ter descoberto, não tardaram a aparecer à venda em
Portugal.
Colombo não se
limitou a mentir de forma sistemática aos espanhóis sobre as Indias,
conduzindo-os a uma concepção errónea sobre a geografia da Terra. Espanhóis
e italianos ficaram convencidos, até 1530, que as Indias eram parte da Ásia.
Até ser preso, em 1500, procurou impedi-los por todos os meios de se fixaram
nas Indias. Em 1502 apelou ao papa para os expulsar das Indias.
Por
volta de 1500, nas Indias, interrogava os espanhóis para inquirir se os mesmos
haviam vendido armas aos muçulmanos no Norte de África, colocando assim em
perigo as fortalezas portuguesas, como a de Safim. Os que o confessavam eram sumariamente executados.
Na
última viagem às Indias (1502-1504), mal soube que os portugueses estavam
cercados em Arzila,
dirigiu-se de imediato para esta fortaleza afim de os socorrer, fazendo questão
afirmar que queria ser o primeiro. Consultar
13. Espoliador de Italianos
Habituado a assumir
múltiplos disfarces para atacar as presas, Colombo (Pedro Coulão) e os seus irmãos
deixaram-se ser confundidos como italianos, tomando como suas as raízes
familiares de Filipa Moniz Perestrelo.
Como notava no
século XVI,
, havia da parte de muita gente pressa
em confundi-lo como genovês. Para um observador imparcial era dificil
aceitar que pudesse ser confundido com os mesmos.
Nem ele, nem os seus
alegados irmão sabiam falar italiano ou qualquer um dos seus dialectos. Nunca
referiu algo que tivesse aprendido em Itália. Antes de 1485 andou a atacar os seus navios, roubando e matando largas centenas
de italianos. Muitos mais foram depois os espoliados ou mortos. A
lista é enorme.
Nos seus escritos
ignora a Itália e os genoveses. Na sua correspondência com o banco S. Jorge de
Génova, omite o seu apelido, para não ser confundido com a alegada família
genovesa. Nas Indias espanholas matava que lhe chamasse genovês.
Não deu nenhum nome italiano a qualquer terra, ilha ou
cabo que tenha descoberto. Nos testamentos dos três irmãos ignoram
completamente a sua alegada família italiana, que viveu e morreu na mais
completa miséria.
Ao longo da sua vida
a sua única preocupação, assim como dos seus irmãos, foi concentrar todos os
bens e títulos em Diogo Moniz Colon Perestrelo, filho de Filipa Moniz
Perestrelo, nascido em Lisboa. Para cúmulo, pedia-lhe insistentemente para não
se esquecer das suas origens portuguesas.
14. Agentes de
Ligação
O êxito da missão
de Pedro Coulão sempre assentou num eficaz apoio dentro de Castela, mas também
de uma comunicação regular com os reis de Portugal. Uns transmitiam as suas
informações, outros informavam-nos dos seus passos.
Entre
1485 e 1488 Pedro Coulão manteve-se sempre em contacto com Portugal, isto é,
com o rei, através de correspondência e visitas regulares. A carta que o rei
lhe dirige, em 1488, tratando-o por "meu especial amigo" testemunha a
elevada consideração que D João II o tinha na sua missão em Castela.
Pedro Coulão
dirigiu-se, em 1485, ao encontro dos seus familiares que se haviam fixado em
Huelva e Sevilha. Entre eles destacava-se um homem da total confiança de D.
João II:
- Pedro Correia
da Cunha (1440-1499), que se encontrava em Huelva, para onde se dirigiu
Pedro Coulão. Trata-se do 2º. Capitão de Porto Santo, capitão da Graciosa (Açores)
e um dos 25 guarda-costas do rei D. João II. Era casado com Izeu Perestrelo
de Mendonça, filha de Bartolomeu Perestrelo I e de Catarina de Mendonça. Foi
certamente um dos principais elementos de
ligação a Portugal, isto é, a D. João II. Não
foram os únicos.
-
Marchione, um dos principais banqueiros portugueses, particularmente
interessado na expedição de Pedro Coulão, não deixou de enviar também para
a Andaluzia um dos seus feitores - Juanoto
Berardi -, que não tardou a apoiá-lo. Consultar
-
Alvaro de Bragança, embora em 1483 estivesse envolvido na conspiração
contra D. João II, nunca perdeu a sua ligação a Portugal, onde manteve como
sua herdeira uma filha. Desde 1485 que estava no Conselho Real de Castela, a
cuja presidência ascendeu em 1489. Nada
do que se passava com Pedro Coulão lhe era estranho. Manteve
contactos regulares com Portugal. Na
noite de natal de 1491 veio a Évora para assistir à consagração
do Convento dos Lóis, em cujo panteão dos melos será sepultado
em 1504. Foi um dos principais apoiantes de Pedro Coulão em Castela/Espanha.
-
Isaac
Abravanel, envolvido também na conspiração de 1483, nunca perdeu a sua
ligação a Portugal, onde tinha a sua família. Este poderoso banqueiro da Casa
de Bragança, foi o primeiro empresta cerca de 50% do dinheiro aplicado pela
corte castelhana na 1ª. Viagem. A parte de Pedro Coulão terá sido financiada
por Marchioni, Isaac Abravanel ou pelo próprio Alvaro de Bragança.
-
Na primeira viagem às Indias (América), Pedro Coulão levou consigo dois
pilotos portugueses anónimos, que desembarcaram em Lisboa (4 Março de
1493).
-
A casa da Marquesa de Montemor-o-Novo, em Sevilha, torna-se com o tempo
no principal centro da rede de ligações de Colombo e da sua familia Portugal.
Há duas personagens particularmente importantes nestas funções: João
de Morón, mordomo da Marquesa e cavaleiro da Ordem de Santiago de Portugal,
assim como o seu capelão, o padre Gregório, faziam viagens regulares a
Portugal.
15.
Mistérios do Paço de Água de Peixes
Alvaro
de Bragança, em Janeiro de 1501, no auge do seu poder em Espanha, vem a
Portugal. Percebe que era altura de regressar ao seu reino. Na região de Cuba /
Alvito / Viana do Alentejo começa a adquirir vastas propriedades: Água de
Peixes (1501), Albergaria dos Fusos (1503, Cuba)
(7), Vila Ruiva (1503 ?), Vila Alva (?).
Qual
o seu objectivo ? A explicação está em Água de Peixes, um antigo solar
construído no século XIV por Vasco Martins de Melo, o antepassado comum
à sua esposa Filipa de Melo, mas também a Filipa Moniz Perestrelo e dos
Albuquerque de Angeja.
Para
que não ficasse dúvidas sobre o significado desta ligação, no brasão dos
braganças que encima a entrada do solar, as flores da coroa foram substituídas
romãs, as mesmas que estão representadas na célebre pintura no Alcázar
de Sevilha. Nesta uma personagem identificada vulgarmente como Colombo (Pedro de
Albuquerque), usa um vestuário onde aparece distintamente um padrão de três
romãs e num canto uma coroa real.
Estamos
em crer que se trata de Alvaro de Bragança, e não de Colombo. Entre os seus
domínios históricos contava-se Ferreira das Aves (Satão), cuja
localidade mais perto se chama justamente "romãs". A coroa
identifica-o como sendo de origem real. O facto que liga todas estas referências
é o de ter sido justamente o fundador e primeiro presidente da Casa da Contratação,
onde a pintura se encontrava.
O
projecto de Alvaro de Bragança em encontrar as raízes comuns às três famílias,
em pleno Alentejo, revela a possivelmente uma vivência intensa nestes locais. Henrique
de Albuquerque tinha igualmente uma enorme ligação ao Alentejo, pois casou-se
com a filha do donatário de Alcáçovas.
O
palácio de Alvaro de Bragança, em Lisboa, ficava justamente junto à Igreja de
S. Cristovão, nome que Pedro Coulão adoptou como pseudónimo. Todos
estes factos revelam uma vivência comum, durante a infância, entre os dois
homens, quer em Lisboa, quer no Alentejo. O que poderá justificar a profusão
de nomes alentejanos que Pedro Coulão atribuiu a terras e ilhas nas Indias. Os
seus netos vão também casar-se entre si.
16.
A
Última Obra do Cardeal
O cunhado de Pedro
de Albuquerque se teve um papel activo nos Tratados de
Alcaçovas-Toledo (1479/80), mas sobretudo no Tratado de Tordesilhas (1494), no
entanto não concluiu nunca o seu trabalho. O papa nunca rectificou o último e
mais importante dos Tratados.
Desconhecemos a
razão porque o Cardeal apenas, em 1506, permitiu que o Tratado de Tordesilhas
fosse ractificado pelo papa, poucos meses antes de Colombo ( Pedro Coulão) falecer.
17.
Herdeiros
O
facto mais extraordinário desta sucessão de coincidências ocorre durante o
reinado de D. Manuel I.
Os
bens e títulos de Henrique de Albuquerque, o único herdeiro da sua família,
no final do século XV, são herdados pelos monizes descendentes da família de Filipa Moniz
Perestrelo esposa de Pedro Coulão.
Em Espanha Diego
Moniz herdou o títulos de Pedro Coulão. Em Portugal, os bens de Albuquerques de
Angeja foram herdados por Diogo Moniz seu parente... . A
coincidência é total.
A
mãe dos três irmãos Albuquerque de Angeja era parente de D. Nuno Alvares
Pereira. No final do século XVI, os únicos herdeiros de Colombo eram os
descendentes directos do Santo Condestável. Ambos, curiosamente, tinham
cabelos ruivos e muitos outros aspectos físicos em comum.
18.
Provas
As
provas de Colombo como Pedro João Coulão são exclusivamente baseadas em
documentos existentes nos arquivos de Portugal, Espanha e Itália. O problema é
que nada sabemos sobre a origem deste nobre português.
19:
Autores: Fernando
Pedrosa (não todas as teses).
Carlos Fontes
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