Carlos Fontes

 

 

Cristovão Colombo, português ?

 

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Pedro João Coulão, Colombo ?

 

Colombo e a sua família levaram a vida a ocultar as suas origens, porque o seu passado de corsário era merecedor de pouca confiança, nomeadamente para os espanhóis e italianos. 

O seu verdadeiro nome, segundo Lucio Marineo Siculo, italiano e cronista dos reis católicos, era Pedro Colon (16). Outros testemunhos referem o mesmo nome. Quem era Pedro Colon ?

 

1. Corsário

 

Pedro Coulão (8) era o nome de um importante corsário português, que por volta de 1470 andava ao serviço do rei de Portugal.

O Senado de Veneza, neste ano, ao noticiar que um navio veneziano havia sido apresado "por Colombo e por portugueses", acresenta que "...dicese esser el corsaro portogalex..." ( "...diz-se que o corsário é português" ( 2 ). O navio fora apresado na Galiza. 

Quem era Pedro Coullão? Muito pouco sabemos acerca dele, mas tudo parece apontar que seja o corsário conhecido pelos italianos como "cristoforo Colombo" (1485).

O primeiro registo histórico de um corsário com o nome Pedro João Coulão remonta a 1469. No ano seguinte, sabemos que D. Afonso V o contratou (1). Entre 1470 e 1473, recebeu 22.000 dobras por várias missões: uma foi ao Cabo de Gué, duas à Guiné e outra às Canárias.  Estas expedições são muito significativas:

 

- Após a conquista de Arzila (1471), os portugueses passam a atacar outras povoações na costa marroquina, como o Cabo Gué (Agadir, Marrocos), onde em 1505 construíram, a Fortaleza de Santa Cruz do Cabo de Gué (4). 

 

- As expedições à Guiné, inscrevem-se nos multiplos combates que os portugueses travaram, depois de 1455, para defender o monopólio da região.

 

- A disputa das Canárias entre portugueses e espanhóis entrou numa nova fase, com o papa Sisto IV de Savona (1471-1484), a conceder formalmente estas ilhas ao rei de Castela. A Intervenção de Pedro João de Coulão fazia parte da resposta portuguesa a esta concessão papal, numa altura em que estavam já instalados em La Gomera . Consultar

 

Pedro João Coulão entre 1470 e 1485 , destacou-se, em muitas outras acções de saque:

 

a ) Contra navios italianos (venezianos, genoveses, milaneses, etc). O mais célebre dos seus actos de pirataria ocorreu, em 1476, quando participou num brutal ataque a navios genoveses, ao largo do Cabo S. Vicente, onde morreram mais de 800 genoveses. A última desta acções conhecidas como referimos, data de 1485.

 

b) Contra navios aragonoses, no Mediterrâneo, como a que realizou em fins de 1472, quando atacou um navio do rei de Aragão, numa acção luso-francesa.

 

c) Contra os castelhanos, em especial na guerra entre Portugal e Castela, de 1475 a 1479. 

 

Algumas das matanças que ocorreram neste período, não deixaram de provocar gerar enormes ódios contra a acção deste corsários, nomeadamente de Coulão ou de Pedro de Albuquerque. As suas façanhas apesar de ocultadas, não deixaram de lhes exigir certas precauções, como a mudança de nomes.

O corso no século XV era uma actividade largamente praticada por portugueses, nomeadamente pela alta nobreza. As grandes casas do reino, como os Duques de Viseu (Infante D. Henrique) ou os Duques de Beja (Infante D.Fernando) possuíam autenticas esquadras no corso.  

Ao longo da costa portuguesa, nomeadamente em Lisboa, Odemira e Lagos, existiam verdadeiros centros de pirataria. O principal era todavia o de Ceuta. 

Corsários com o nome Colão, Coulão, Coullon, Colom, Colon ou mesmo Colombo foram muitos comuns entre 1469 e 1485 actuando ao longo da costa portuguesa. 

 

 

 

1.1. Mudança de Nome

 

 

O Senado de Veneza, em 1485, protestou junto de D. João II que um seu corsário chamado "Cristofaro Colombo" atacara dois dos seus navios, sob o pretexto de Veneza  ter sido excomungada pelo papa... 

 

Hernando Colon, diz que "Cristotofo Colombo" andou no corso com o Colombo, o Moço (7). Apesar de alguma confusão propositada, sabemos que este corsário era grego e chamava-se George Palaeologus Dissipatos ou Byssypatt

Em 1485 assaltou navios venezianos ao largo da costa portuguesa. A coincidência de datas é significativa, assim como o local onde ocorreram os saques.

 

É interessante constatar que as vítimas foram apoiadas primeiro pela Rainha Dona Leonor de Lencastre e depois por D. João II, que lhes dispensou todo o apoio. 

 

Pedro João Coulão, pouco antes de ir para Castela (1485), adoptou o nome de "Cristofaro Colombo", isto é, o que leva Cristo. O pretexto do assalto aos navios venezianos parecem anunciar este pseudónimo. Consultar

 

Qual a sua nacionalidade? As fontes portuguesas não o dizem, mas o papa, na primeira vez que menciona o seu nome, escreve-o segundo uma grafia portuguesa. O papa fora certamente informado da sua origem portuguesa pelo Cardeal de Alpedrinha - Jorge da Costa -, que desde 1480 estava em Roma, e controlava tudo o que dissesse respeito a Portugal. 

 

 

2. Irmandade de Corsários

 

 

Pedro Coulão e o seu alegado irmão Bartolomeu Colon, revelam uma típica mentalidade de corsários, habituados a perseguirem de forma persistente a presa, e quando a observavam vulnerável, atacavam-na para a roubar ou matar sem piedade.  

  

Pedro Coulão acompanhou os mais famosos corsários portugueses do seu tempo.

 

 

Pedro de Ataíde.

 

Terrifico corsário, conhecido por "Inferno", morreu em 1476, num ataque a navios genoveses e flamengos. Hernando Colon e Las Casas, afirmam que Colombo participou também neste combate ao largo do Cabo de S. Vicente.

 

É muito possível que entre Pedro Coulão e Pedro de Ataíde se tenha estabelecido uma sólida aliança, constituído uma verdadeira irmandade, forjada na guerra ao serviço dos reis de Portugal. A morte de Pedro de Ataíde, na luta contra os genoveses terá certamente abalado Pedro Coulão, o que poderá explicar o ódio que passou a sentir pelos mesmos. Em 1493, depois do seu regresso na América, fez questão visitar o Panteão dos Ataídes, em Santo António da Castenheira. 

 

Pedro de Albuquerque

 

Com o seu irmão Henrique de Albuquerque, em 1460, andava no corso no Mediterrâneo, quando foram presos. Foi depois nomeado alcaide-mor do Sabugal e Alfaiates, almirante-mor de Portugal (1484), sendo degolado meses depois por se ter envolvido na conspiração contra o rei. 

A sua esposa, irmã do célebre cardeal de Alpedrinha - D. Jorge da Costa -,  fugiu para Castela, levando consigo a Duquesa de Montemor-o-Novo. Terá voltado para Portugal, revelando uma total sintonia com Filipa Moniz Perestrelo.

A sua família, os Albuquerques de Angeja, como veremos, estavam intimamente ligados a Colombo (Pedro Coulão), quem quer que ele seja. Este é um dos maiores mistérios ainda não desvendados.

 

Bartolomeu Dias

 

Bartolomeu Dias, entre 1476/1478, andava no transporte de mercadorias entre Portugal e Génova, mas também no corso no Mediterrâneo. Em 1478 foi a Génova resgatar um português de elevado estatuto que aí estava preso. D. João II, em agradecimento pelo facto, prescindiu do seu quinto dos saques de Bartolomeu Dias. 

 

Não sabemos que foi a pessoa que foi resgatada, mas não deixa de ser sintomático que neste ano, Pedro Coulão, seja apontado como tendo ido também a Génova. Pedro Coulão (Colombo) e o seu irmão Bartolomeu, afirmam que conheciam muito bem Bartolomeu Dias. Las Casas diz mesmo que andaram ao serviço deste navegador a explorar a costa africana, tendo chegado ao Cabo da Boa Esperança.

 

Gonçalo Fernandes de Saavedra

 

Corsário português, sediado em La Gomeira (Canárias), que andava em 1492 com duas caravelas a assaltar as várias ilhas das Canárias.

 

Apesar da habitual presença deste corsário na zona, e de Colombo ter sido informado da mesma, esse facto não o impediu de se dirigir para La Gomera e de a continuar a frequentar. Sentia-se seguro entre corsários e piratas portugueses.

 

 

 

1.2. Sul de Portugal

 

Cristovão Colombo, por razões que desconhecemos, tinha não apenas uma forte ligação a Lisboa, à Madeira, Beira Interior, ao Algarve, mas também e sobretudo ao Alentejo. Os nomes que atribuiu, por exemplo, às terras que descobriu levou alguns historiadores portugueses a afirmarem que teria nascido na região de Beja. 

 

Na costa alentejana existiam importantes portos onde se abrigavam os piratas e corsários portugueses. 

 

 

2. Navegações e Acesso a Segredos de Estado

 

Pedro Coulão, não apenas serviu os reis de Portugal, mas terá pertencido como corsário e navegador à Casa dos  Duques de Viseu-Beja, que de forma sistemática promovia expedições para Ocidente.

 

Colombo ( Pedro Coulão) afirma que a partir de 1470 passou a andar mais sistematicamente no mar. Não apenas percorreu todo o Atlântico, mas teve acesso à correspondência do rei de Portugal e Toscanelli (1474), podendo-a copiar livremente.

 

D. João II em 1483, deslocou-se expresamente a Lisboa, para ter com ele uma reunião na Igreja de Carnide, a fim de analisarem vestígios de terras a Ocidente, as célebres canas. O rei afirma-lhe, então que sabia da existência de um continente a sudoeste.

 

Apesar disso, Colombo (Pedro Coulão), afirma que durante 14 anos (1471-1485)  tentou convencer o rei de Portugal (D. Afonso V  e D. João II), a dar-lhe o comando de uma expedição marítima para alcançar as Indias (Ásia) navegando para Ocidente (6). 

 

 

3. Casamento

 

O corso era uma actividade típica da nobreza portuguesa. Uma tão longa actividade marítima abriu a Pedro Coulão as portas da Ordem de Santiago, onde estava a elite dos navegadores portugueses. 

 

Em Lisboa frequentou o Convento de Santos, da Ordem de Santiago, onde estava um pequeno grupo de mulheres ligadas à alta nobreza. O principe e futuro rei D. João II era igualmente um dos habituais frequentadores deste convento. 

 

Pedro Coulão apaixonou-se por uma das 12 comendadeiras - Filipa Moniz Perestrelo -, cuja família pertencia à Casa dos Duques de Viseu-Beja. Após ter obtido autorização do mestre da Ordem, D. João II, casou-se com Filipa na Igreja de Santiago em Lisboa.

 

3.1. Cristão-Novo

 

Tudo leva a crer que Pedro Coulão (Colombo) era cristão-novo, ou pelo menos tinha origens judaicas, tal como os membros da Casa de Bragança.

 

 

4.  Conspirações Contra D. João II 

As conspirações contra o novo rei - D. João II -, em 1483 e 1484, abalaram profundamente Portugal. No espaço de dois anos uma boa parte da elite governante de Portugal foi morta ou fugiu para Castela. Os segredos  marítimos do reino estavam agora ao alcance do seu principal inimigo - Castela .  

Os mais importantes corsários do reino não ficaram alheios divisão política do reino, que no essencial opunha a alta nobreza ao rei, em torno das questões da política ultramarina. 

Na altura que D. João II sobe ao trono de Portugal (31/8/1481), a nobreza está profundamente dividida sobre a política de expansão marítima que devia de ser seguida. Os recursos humanos do país eram cada vez mais escassos para manter a politica do "Mare clausum", impedindo outros reinos cristãos de acederem à Guiné. 

Definiram-se então duas correntes: 

D. João II entendia que o reino devia prosseguir a guerra contra os muçulmanos, mas também reforçar as suas conquistas territoriais em África, de modo a consolidar a sua política do "mare clausum".Nesse sentido, nas Cortes de Évora (12/11/1481), anunciou que iria ser construído um Castelo na Mina. Devia também continuar a explorar o caminho marítimo para a India. O rei contava com o apoio dos grandes mercadores ligados ao tráfico de escravos, marfim, malagueta, ouro da Mina ou o açucar da Madeira, como Bartolomeu Marchione, mas também navegadores aventureiros, como Bartolomeu Dias ou Duarte Pacheco Pereira.

Alvaro de Bragança, chanceler do reino, nas Cortes de Évora, em nome de muitos outros nobres descontentes, defendeu uma política contrária à do rei. Portugal devia limitar-se a África,  promover a guerra aos muçulmanos e resgatar a Terra Santa,  partilhar as descobertas geográficas com outros reinos cristãos. Mina, por exemplo, devia ser explorada de forma não exclusiva por Portugal. Os castelhanos e aragoneses deviam ter acesso aos nossos mares e aos nossos segredos. 

Opunha-se também ao plano da India, tendo em conta os seus elevados custos em vidas humanas. Neste sentido, afirmou-e contrário à construção do Castelo da Mina

A posição de Alvaro de Bragança, era apoiada pelos nobres ligados à defesa das conquistas africas, mas também à defesa da fronteira com Espanha (coutinhos, albuquerques de Angeja, meneses). Outras influentes figuras do reino, como Rui de Pina, comungavam desta posição. 

 

4.1.Conspiração dos Duques de Bragança 

Dois anos depois das Cortes de Évora ocorre em Portugal, a primeira conspiração contra o rei, conduzida pelo Duque de Bragança que acabou decapitado. O pretexto da conspiração de 1483 foi a exigências de obediência ( e centralismo) impostas por D. João II, mas a questão de fundo era a política que o rei pretendia prosseguir e os sacrifícios em vidas humanas que a mesma iria implicar. 

Os membros da Casa da Bragança foram os que mais se sentiram afectados no seu poder, arrastando outros nobres. O julgamento do Duque não deixa dúvidas que  rei não estava disposto a mudar a política ultramarina.

Entre os que conseguem fugir para Castela, em 1483, destacam-se os seguintes:

- Alvaro de Bragança, chanceler de Portugal. Em Castela não tardou a possuir os mais altos cargos, nomeadamente todos aqueles que estavam ligados aos negócios das explorações marítimas. Os conhecimentos e a rede de contactos que possuía eram um capital muito precioso.

Entre 1489 e 1495, sem interrupções, foi o presidente do Conselho Real de Castela. Todas as decisões tomadas pelos reis católicos sobre as expedições de Colombo, foram previamente apreciadas por este Conselho. Foi Governador da Justiça de Castela, Contador-mor (contador mayor).

Em Sevilha, onde possuiu os mais altos cargos da cidade, tais como: Alcaide dos alcazáres (1495) e atanazares de Sevilha, Membro da casa dos vinte e quatro de Sevilha. Fundador e primeiro presidente da Casa de la Contratación de Sevilha (1503). 

Durante anos reuniu à sua volta um  importante grupo de navegadores portugueses, que envolveu nas explorações maritimas espanholas.

Colombo refere explicitamente o apoio que recebeu de D. Alvaro, que inclusive chega a nomeá-lo seu representante junto da corte espanhola. Consultar

- João de Bragança, Condestável de Portugal, marques de Montemor-O-Velho. Embora  tenha morrido na guerra de Granada, em 1484, a sua esposa - Isabel Perestrelo Enriquez de Noronha - , a poderosa marquesa de "Montemayor de Portugal", sobrinha de Colombo, irá apoiar a sua familia, financiar expedições às Indias, etc. A sua casa era um centro de iniciação à Ordem de Santiago de Portugal. Consultar 

- Isaac Abranavel. Um dos principais banqueiros de Portugal. Nascido em Lisboa, estava ligado à Casa de Bragança. Em Castela, em poucos anos, tornou-se num dos principais banqueiros dos reis católicos, tendo financiado grande parte da 1ª. viagem de Colombo. Consultar  

Estes e muitos outros nobres não tardaram, em Castela, a usarem os seus conhecimentos para atacarem D. João II e usarem em proveito próprio os segredos que possuíam ao mais alto nível das explorações marítimas. Nenhum ficou de braços cruzados, muito pelo contrário aparecem desde logo a liderar as expedições espanholas na direcção do que será conhecido por Novo Mundo.

4.2. Conspiração dos Duques de Viseu-Beja

Em Agosto de 1484 é descoberta a nova traição, chefiada desta vez por Diogo de Lencastre , Duque de Viseu e de Beja, senhor das ilhas do Atlântico, Grão-Mestre da Ordem de Cristo. O Duque é assassinado pelo próprio D. João II, seu cunhado. D. Diogo contava com um vasto número de conspiradores, muitos dos quais ligados à defesa das fronteiras, incluindo o almirante-mor de Portugal (Pedro de Albuquerque)

Cerca de 80 pessoas são mortas, mas muitas outras conseguem fugir para Castela, como se pretendeu fazer crer que tinha acontecido com Colombo (Pedro Coulão).

 

4.2.1. Rainha Dona Leonor

A morte do cunhado (Duque de Bragança) e do irmão (Duque de Viseu-Beja), levaram esta rainha a manifestar uma crescente oposição a D. João II, reforçando as suas ligações aos vários grupos de exilados em Castela e Roma (D. Jorge da Costa).

Depois da morte do seu filho - D. Afonso - ,em 1491, a rainha adopta uma posição de confronto aberto com D. João II, apoiando o grupo de nobres exilados em Castela.

4.2.2. Albuquerques de Angeja

A maioria dos conspiradores de 1483 e 1484, como dissemos, pertenciam a famílias ligadas à defesa das fronteiras de Portugal ou a praças fortes no Norte de África. Ao longo do século XV viram ser dizimada a maioria dos seus membros em guerras intermináveis.

O testemunho de Colombo (Pedro Coulão) é claro sobre este último ponto: a conquista e soberania sobre a Guiné custou a vida a metade da população portuguesa

Esta poderá ser a razão que terá levado a família dos Albuquerques de Angeja, ligados à defesa da fronteira do Coa, a envolverem-se na conspiração de 1484.

Por razões que ainda desconhecemos, existe uma intima ligação entre os Albuquerques de Angeja e a família de Colombo (Pedro Coulão), ao ponto de um dos seus membros se confundir com o próprio Colombo.

A maioria dos albuquerques pertenciam à Ordem de Santiago, mas o ramo de Angeja (Aveiro), tinha também ligações à Ordem de AvizDesde o reinado de D. Dinis, estava ligado à defesa da fronteira de Riba-Côa.

Lopo e Pedro de Albuquerque, filhos de João Gonçalves de Albuquerque (9), são dois dos nobres que aparecem a apoiar em 1484, a conspiração do Duque de Beja- Viseu, irmão da Rainha Dona Leonor. 

- Lopo de Albuquerque, Conde de Penamacor. Durante o reinado de D. Afonso V era uma das principais figuras do reino: camareiro mor, embaixador em Castela e França. participou na conquista de Arzila. Entre as inúmeras mercês que recebeu, destaca-se o trato da malagueta e especiarias na Guiné (1474). 

Lopo de Albuquerque, após ter abortado a conspiração de 1483, consegue que o rei o deixe sair sair de Portugal (Outubro de 1484). A sua esposa e filhos são retidos durante algum tempo no reino.No estrangeiro, adopta no nome de "Pedro Nunes". De Castela não tarda a sair para outros países acabando por se fixar em Londres (1488). Em 1493, sendo dado como morto pelos cronistas portugueses, mas continuava bem vivo em Castela ainda em 1496. Consultar

O seu filho adoptivo - Diogo Mendez de Segura - acompanhou-o por todo o lado. Em 1493 estava ligado à família de Colombo, como seu secretário vitalício. Consultar   

- Pedro de Albuquerque, camareiro-mor,  alcaide-mor do Sabugal e de Alfaiates e almirante-mor. A sua história é em tudo idêntica à de Colombo. Com o seu irmão Henrique desde muito cedo andou no mar, exercitando-se como como corsário. Ainda jovens, como dissemos, foram presos em Aragão quando andavam a assaltar navios no Mediterrâneo. Não terá sido a única vez, pois existem registos de pagamentos posteriores de operações idênticas. Colombo afirma que começou também a andar no mar em 1460.  Durante vários anos aparece sempre associado a dois outros famosos corsários:

Pedro de Albuquerque foi certamente muitas vezes à Guiné, onde o seu irmão Lopo de Albuquerque tinha privilégios nas especiarias, mas também às Canárias. Colombo (Pedro Coulão) refere que foi muitas vezes á Guiné e à costa da malagueta, o que pressupõe andou ao serviço de Lopo de Albuquerque.   Este tinha acesso directo ao rei D. Afonso V, pois foi seu camareiro-mor. Era um homem da sua inteira confiança. A documentação a que Colombo (Pedro Coulão)) teve acesso dos reis de Portugal revela que teve idênticas facilidades.  

A sua formação terá sido idêntica à de um nobre de corte, embora neste caso destinado ás lides marítimas. Colombo revela uma ampla formação própria de um nobre português da época. Antes de 1483, sabia ler e escrever correctamente latim.

Pedro de Albuquerque teve certamente uma ligação muito especial com a Ordem de Santiago, cuja sede ainda estava em Alcácer do Sal. À volta desta Ordem reunia-se a elite dos navegadores portugueses da altura. Terá visitado a Igreja dos Martires, num momento que estava no auge o culto de Nossa Senhora da Cinta. Colombo (Pedro Coulão) evoca justamente esta imagem no seu regresso das Indias, assim como revela crenças idênticas às de qualquer outro nobre português do tempo.  

Em 1476 foi encarregue da defesa da linha do rio do Coa, aquando das guerras com Castela. Nesta altura andou no mar, provavelmente atacar barcos espanhóis e genoveses. Era um dos nobres mais bem pagos da corte de D. Afonso V, recebendo uma tença superior à do Conde de Faro. Neste ano, afirma-se que Colombo (Pedro Coulão) chegou a Portugal, depois de uma batalha ao largo do cabo de S. Vicente.

É natural que tenham ido também à América do Norte, numa das muitas expedições que partiam de Aveiro para a terra dos bacalhaus, provavelmente na companhia dos corte real. Colombo (Pedro Coulão) afirma que em 1477 foi numa expedição portuguesa à Gronelândia.

Poucos dias depois de ser nomeado almirante-mor, em 1484,  foi aparentemente degolado em Montemor-o-Novo, sob a acusação de ter participado na conspiração contra o rei. Os cronistas que o afirmam, são os mesmos que deram o seu irmão como morto em 1493, e no entanto três anos depois continuava bem vivo em Espanha. 

Estamos em crer que Pedro de Albuquerque não foi morto, mas a sua execução foi encenada, para poder "fugir" para Castela, onde adoptou um falso nome. Quais as provas ? 

- No ano de 1492 um anónimo "almirante português" consta na folha de pagamentos dos reis católicos, como tendo recebido uma importante quantia de dinheiro  (15 ). Não e trata de uma ficção, mas de um documento oficial.

O terceiro irmão - Henrique de Albuquerque, Alcaide-mor de Marvão .- é também um verdadeiro mistério.Sabemos que desde 1460 andou no corso no Mediterrâneo, e provavelmente também no Atlântico.

Aparentemente não participou na conjura de 1484 contra D. João II, no entanto estava ligado ao núcleo duro dos conspiradores. Ele e a sua mulher pertenciam à casa senhorial de dona Brites de Lencastre, Duquesa de Beja e de Viseu, cujo filho D. Diogo acabou assassinado pelo rei.

Estamos perante um forte elo de ligação dos Albuquerques de Angeja aos conspiradores de 1483 e 1484.

Recorde-se que Brites de Lencastre, esposa do Infante D. Fernando, entre 1470 e 1483, administrou a Ordem de Cristo,  dirigiu as principais expedições para Ocidente, nomeadamente as de João Vaz Corte Real. Era a grande proprietária dos Açores, Madeira e Cabo Verde, cuja administração estava a seu cargo.

Pouco sabemos da vida de Henrique de Albuquerque,  a não ser que em 1486, pediu ao rei a confirmação dos seus bens, uma vez que os irmãos, um era dado oficialmente como morto e outro fora banido. Não tardou depois em eclipsar-se.

É provável que tenha ido para o estrangeiro. Muito possivelmente para Inglaterra, em 1488, onde se encontrava o seu irmão Lopo de Albuquerque. Em Portugal era dado como morto em 1497. A inscrição do túmulo do seu pai em Aveiro, onde constava o seu nome foi apagada.

Bartolomeu Colon quando chega a Espanha, em fins de 1493, revela desde logo enormes capacidades de liderança e conhecimentos de navegação. Henrique, poderia ser tanto Colombo, como Bartolomeu ou mesmo Diego. Consultar

Os Albuquerques de Angeja estão profundamente envolvidos na conspiração dos Braganças. Foram apenas instrumentos ou tinham um papel autónomo ? Não sabemos.

 

5. Reacção de D. João II e de Dona Beatriz, Duquesa de Viseu-Beja

D. João II enfrenta depois de 1484 uma situação cada vez mais complexa. No espaço de dois anos, Castela recebeu algumas das principais figuras do reino de Portugal. Os segredos marítimos de Portugal estão agora ao seu alcance. Era a sua grande oportunidade histórica de iniciar a sua expansão marítima. 

Os reis católicos, percebendo a situação passaram a financiar e a protegerem a identidade de vários nobres portugueses que se fixaram em Castela. A descoberta dos seus nomes só foi possível recentemente quando foram publicadas as listagens dos pagamentos destes reis. 

Era natural que muitos destes nobres oferecessem os seus serviços aos reis espanhóis. A conspiração de 1483 está ligada a uma traição: os conspiradores haviam aos reis espanhóis que, no caso de matarem D. João II, revogariam o Tratado de Alcaçovas-Toledo (1479-1480), que impedia os seus navios de acederem à Guiné. 

Os nobres portugueses há muito exilados em Castela, assim como a sua nobreza mais empreendedora castelhana, não deixou de saudar igualmente a entrada destes exilados vendo neles a possibilidade de acesso aos mares e mercados ultramarinos controlados pela corte portuguesa.

D. Beatriz, a mãe do duque assassinado, percebeu como D. João II, o perigo que representava a fuga de muitos conspiradores para Castela, dado que possuíam preciosas informações sobre as navegações e descobertas marítimas. O poder da sua Casa foi abalado com a conspiração do seu filho, e por isso mostrou-se logo disposta a colaborar na contra-ofensiva. 

Os Duques de Viseu-Beja eram senhores das ilhas atlânticas (Açores, Madeira, cabo Verde),mas também das costas africanas. 

O principal perigo residia nas novas investidas dos castelhanos às costas da Guiné, guiados pelos portugueses exilados e que não deixariam de aproveitar as fragilidade das condições acordadas no Tratado de Alcaçovas-Toledo (1480/81).

A numerosa comunidade de exilados portugueses em Castela, ligados ao Duques de Bragança e Duques de Viseu-Beja, revelava-se uma crescente ameaça, dado que não paravam de pressionar os reis espanhóis a avançarem para África, pondo em causa o monopólio português.

5. 1. Missão de Pedro Coulão em Castela

É neste quadro geopolítico que D. João II resolve encarregar um dos seus mais duros e fiéis corsários de se infiltrar no grupo dos conspiradores portugueses, nomeadamente entre os que se fixaram na Andaluzia. Pero da Covilhã, foi um dos primeiros espiões a ser enviado para Castela.

Pedro Coulão parecia ser o homem certo para uma nova missão de grande envergadura. Mantivera-se fiel a D. João II, e continuou a sua actividade de corsário. Em 1485, como vimos, atacou navios venezianos ao largo do cabo de S. Vicente, sob o alegado pretexto de Veneza ter sido excomungada pelo papa. 

Podia contar na Andaluzia, sobretudo em Sevilha, com o apoio dos famíliares da sua esposa - Filipa Moniz Perestrelo - que em grande número desde 1483 se havia deslocado para a Andaluzia, em particular para Moguer, Palos e Sevilha. 

Nestas localidades, D. João II possuía também vários espiões, devido à sua importância estratégica das mesmas, nomeadamente para o abastecimento das fortalezas portuguesas no Norte de África. 

O objectivo deste espião era muito claro: afastar os espanhóis (castelhanos e aragoneses) de África, levando-os para ilhas e terras a Ocidente.

5.2. Apoios na Andaluzia

Entre os muitos nobres portugueses que fugirem para Castela, destacam-se vários membros dos Monizes, ligados aos Zarcos da Madeira, dependentes do Duque de Viseu-Beja.  

Em fins de 1484, encontramos na Andaluzia, em Sevilha e na região de Huelva/Moguer/Palos, vários familiares de Filipa Moniz Perestrelo: Violante Moniz Perestrelo, tia; Iseu Perestrelo, tia ;Rodrigo Moniz, tio, era monge, na Cartuxa de Santa Maria de las Cuevas, em Sevilha; Ana Moniz, tia; Bartolomeu Moniz Perestrelo, tio; Consultar

Para além destes temos que contar com os respectivos cunhados, como - Pedro Correia da Cunha (guarda-costas do rei D. João II) -, o qual segundo o próprio Colombo foi quem lhe forneceu as provas de existência de ilhas a Ocidente.

O número de membros dos monizes presentes na Andaluzia em fins de 1484 ou referenciados pouco depois era muito elevado, para podermos de uma simples mera coincidência. Colombo foi ao seu encontro quando saiu de Portugal.

Outros portugueses estavam também na Andaluzia, mais concretamente junto aos portos, e tiveram um papel muito activo no apoio a Colombo. Um deles foi Frei João Peres Marchena (António de Marchena), astrólogo, que se encontrava a guardar o Ermitério de La Rabida, em Moguer. Consultar

Eram aliciados dos conspiradores ou espiões de D. João II ? É impossível sabê-lo.

 

5.3. Nova Identidade

Em Castela, Cristoforo Colombo (Pedro Coulão), para melhor se inserir na comunidade de exilados portugueses e granjear apoio junto da Corte, afirma-se como mais um descontente com D. João II. Como é sabido, Filipa Moniz Perestrelo, tinha muitos dos seus familiares exilados em Sevilha, onde Colombo fixou residência e com quem vivia.

Adopta também como suas as origens familiares de Filipa Moniz Perestrelo, cujo avô paterno tinha vindo de Piacenza (Itália) para Lisboa em 1380. 

Nesse sentido, terá feito passar a ideia que era originário de Piacenza e da família Perestrelo, embora não soubesse uma única palavra de italiano, genovês ou qualquer outro dialecto local. 

Piacenza pertencia, no século XV, ao Ducado de Milão, confinando com as Províncias da Lombardia e da Líguria. É por esta razão que alguns testemunhos do século XVI, afirmam que era originária de Piacenza, da família do Perestrelos mas outros também dizem que era de Milão, Lombardia e da Liguria. A confusão estava sabiamente instalada. Fez aquilo que muitos outros nobres faziam na época, sem que isso constituísse algum problema. Consultar

Esta ligação à alta nobreza de Portugal, deu a Pedro Coulão um elevado estatuto em Castela. Desde 1486 passou a receber uma tença dos reis católicos, usava brasão, e durante dois anos ficou alojado na Casa dos Duques de Medinacelli. 

Os únicos documentos que aludem a sua identidade, identificam-no como "português" (1486) ou como "Almirante português" (1492) (15).

 

6. Razões de uma Longa Espera

Lopo de Albuquerque, em Londres, fazia-se passar por "Pedro Nunes". Pedro de Albuquerque, antigo corsário e almirante-mor, adoptou em Espanha o nome de Cristovão Colom, cujo significado é duplo: membro da  ordem /irmandade dos que levam Cristo e nome de corsário, muito comum na época. A sua situação impedia-o de revelar a sua identidade, mas não de usar os seus conhecimentos e experiência, tirando dai algum lucro.

Colombo ( Pedro de Albuquerque) e todos o que o apoiavam entre 1486 e 1488 esforçaram-se por tentar convencer a Corte Espanhola apoiar a sua ideia de chegar à India navegando para Ocidente.   

Perante tantos entraves, em 1487, Isaac Abravanel, prontifica-se a financiar a viagem. A ideia acaba por ser recusada. Porquê ?  Consultar

A decisão fora entregue por Isabel, a católica a um grupo de espanhóis que, embora sem grande experiência ou conhecimentos naúticos, não deixaram de considerar a ideia absurda. Colombo ( Pedro de Albuquerque) para os convencer, apresentou-lhes valores das dimensões da Terra, do grau, légua e milha, muito inferiores aos de Ptolomeu.  

O clero castelhano insistia que se desse prioridade à conquista do Reino de Granada. Os espiões de D. João II terão contribuindo para arrastar a questão no tempo. Apesar disso, a Corte Castelhana, em 1487 e 1488, deu-lhe uma tença e identifica-o como "português", embora não tenha descoberto nada.

Alvaro de Bragança. Nesta fase, não se envolveu directamente no assunto. Primeiro para não ser acusado de traidor, segundo porque estava envolvido na conquista de Málaga (1487), defendendo também que a prioridade era a conquista do reino de Granada. Emprestou inclusive uma importante quantia para financiar esta guerra. Os assuntos envolvendo Portugal exigiam enormes cautelas. A posição de D. João II continuava a ser determinante. Estava em jogo também a herança da sua esposa, Filipa de Melo. O seu sogro - Rodrigo de Melo, 1º. Conde de Olivença - possuía uma enorme fortuna, e a sua esposa era a única herdeira. Desde 1485 que o sogro estava envolvido na construção do Convento dos Lóios, em Évora, onde tencionava instalar o panteão dos Melos. Morreu dois anos depois, mas a construção prosseguiu a expensas de Alvaro de Bragança.  Por outro lado, embora desde 1485, fizesse parte do Conselho Real de Castela, o seu poder era ainda muito limitado.

A espera de 7 anos tem uma explicação simples. Portugal e Castela estavam desde 1480 ligados por um Tratado (Alcaçovas-Toledo), assente numa promessa de casamento entre o principe D. Afonso e a princesa Dona Isabel, filha dos reis espanhóis. 

Qualquer viagem realizada pelos castelhanos em domínios maritimos portugueses poderia ser um pretexto para desmanchar o casamento, muito querido pelos reis católicos. Com a  morte do principe, em 1491, deixou de haver impedimentos para a viagem. Entre a morte do principe português e a decisão de Isabel, a Católica, para que fosse reiniciadas as negociações com Colombo não decorreu sequer um mês!   

 

7. Manobras Internacionais

Depois de Bartolomeu Dias ter chegado ao Oceano Indíco, em 1488, a discussão da estratégia a seguir é definida em Beja, sede do Ducado de Beja. Para além do rei estiveram presentes, Bartolomeu Dias, D. Manuel e o próprio Colombo (Pedro Coulão).

7.1. Bartolomeu Colon 

A chegada de Pedro João Coulão a Castela, com o nome de Cristovão Colom não deixou de levantar suspeitas ao antigo chanceler-mor - Alvaro de Bragança, exilado em Castela. Este defendia que a prioridade de Castela deveria ser não as navegações para Ocidente, mas a conquista do reino de Granada e o guerra contra o Reino de Fez no Norte de África. Consutar

Pedro Coulão foi bem recebido pela Corte castelhana, em 1486, mas a decisão sobre a expedição foi sendo sucessivamente adiada. 

Face ao impasse criado, o seu irmão de - Bartolomé Colón - acabou por ser enviado, em 1488, para Londres. Nesta cidade também aí se encontrava Lopo de Albuquerque, irmão do corsário e almirante-mor Pedro de Albuquerque. Consultar

Aparentemente o seu objectivo era convencer Henrique VII a apoiar a ideia do seu irmão navegando para Ocidente até à India. O mapa que levava consigo tinha contudo um grave problema: continha informações cartográficas ultrapassadas, datadas de 1474 !  Os ingleses mostram-se pouco interessados no negócio.

Foi depois para França (1493), com o mesmo mapa, obtendo também desta estadia infrutíferos resultados. 

A verdade é que o objectivo Bartolomeu Colon era outro. Não se tratava de tentar convencer os ingleses ou os franceses, mas de mostrar a Alvaro de Bragança e aos espanhóis que Pedro João Coulão e os seus irmãos estavam de facto contra D. João II. 

Alvaro de Bragança que desde 1489 assumiu a presidência do Conselho Real de Castela, decide apoiar o projecto de Colombo (Pedro Coulão), mas só o acaba por fazer depois da morte do principe D. Afonso (Julho de 1491) e da conquista do Reino de Granada (1492). 

Bartolomeu Colón entre 1488 e 1494 não viu o seu irmão. Sem meios de comunicação entre eles dificilmente poderemos admitir que um era embaixador do outro. A questão deixa de ter sentido, se admitirmos que o elemento de ligação e coordenação era o próprio rei de Portugal.   

7.2. Maximiliano I

D. João II, procura por todos os meios envolver também os mercadores alemães a organizarem e financiarem uma expedição que seguisse a mesma rota de Colombo (Pedro Coulão). Maximiliano I, primo de D. João I, envolve-se, mas sem grande êxito neste projecto.

 

8. Filipa Moniz Perestrelo

ao Convento

A missão de Colombo em Castela, implicou a separação do casal. Colombo (Pedro Coulão) levou consigo um dos filhos - Diego Colon -, mas deixou em Portugal a mulher e um filho. Esta foi a regra imposta por D. João II a todos os conspiradores de 1483 e 1484, afim de não perderem os bens que aqui possuíam.

O problema é que os reis católicos levaram 7 anos a discutir o projecto de Colombo (Pedro Coulão). A sua vida foi-se mais dificil dada a permanência de Filipa e dos seus outros seus filhos em Portugal. 

Em 1488 Colombo volta a Portugal, para uma nova conferência com D. João II. Dois anos depois, Filipa Moniz Perestrelo re-ingressa no Convento de Santos, onde virá a falecer em 1497. 

Diego Colon, em 1509, primogénito de Colombo, afirma no seu testamento que vivia em Sevilha com a sua sobrinha - Ana Moniz. 

8.1 Duas Mulheres

Pedro de Albuquerque casou-se, em 1468, com Catarina da Costa, irmão de Jorge da Costa, o futuro Cardeal de Alpedrinha. Deste casamento não houve descendência.

Jorge da Costa era um dos portugueses mais poderosos do tempo. Desde 1480 que estava em Roma controlando tudo o que dissesse respeito a Portugal. O que se passava com os Albuquerques de Angeja dizia-lhe directamente respeito. D. João II sabia-o perfeitamente. 

O que se passou com a sua irmã Catarina de Albuquerque é um verdadeiro mistério. Após ter abortado a conspiração de 1484, refugiou-se no castelo Sabugal, e só se rendeu depois de ter negociado as condições da sua liberdade.

D. João II deu-lhe tudo o que quis, incluindo uma enorme tença, em troca de "siso e descrição". Catarina não cumpriu com nenhuma das suas promessas, na fuga para Castela matou um homem, sequestrou um abade e levou consigo Isabel de Noronha, a Marquesa de Montemor-o-Novo.  O rei queixou-se deste facto ao seu irmão, o Cardeal de Alpedrinha, dando a entender que tal não estava combinado entre ambos. 

Em Sevilha, onde se refugiou, recebia uma importante tença dos reis católicos, vivendo junto da poderosa Marquesa de Montemor-o-Novo. 

D. João II, por razões que desconhecemos, em 1490, mudou o Convento de Santos para um local junto a propriedades de Catarina de Albuquerque, em Santa Engrácia (Lisboa). Acontece que neste ano, Filipa Moniz Perestrelo voltou a ingressar neste Convento. 

Catarina de Albuquerque voltou mais tarde a Portugal, ingressando no Convento de Santa Clara, junto ao convento onde se encontrava Filipa Moniz Perestrelo.

9.  As Indias da India (Ásia)

Removidos os obstáculos, Isabel, a católica decide em 1491 retomar as negociações com o firme propósito de concretizar a primeira viagem.

Embora se continue a afirmar que Pedro Coulão pretendia ter chegado à India, a verdade é que nos documentos que assinou com os reis espanhóis sempre falou de forma vaga em ilhas, terras, as Indias de Toscanelli.

Nunca duvidou da sua existência, nem sequer da distância a que se encontravam. Foi para lá que conduziu os espanhóis, afastando-os das costas africanas conforme o planeado.

9. 1. Financiamento e Outros Apoios

A poderosa comunidade de exilados portugueses em Castela, foi quem financiou grande parte da primeira expedição às Indias. Isaac Abravanel, português, banqueiro da Casa de Bragança, emprestou cerca de 50% do dinheiro aplicado pela corte castelhana na 1ª. Viagem. A parte de Pedro Coulão (Colombo) terá sido financiada por Marchioni, Isaac Abravanel ou pelo próprio Alvaro de Bragança.

Apoios técnicos e humanos não lhe faltaram, como dissemos, até dois pilotos portugueses anónimos integraram a primeira viagem à América (1492/3). 

9.2. Fidelidade

Para mostrar a sua fidelidade ao rei de Portugal, quando aporta às Indias (América), a 12 de Outubro de 1492, manda erguer bandeiras com uma cruz verde, igual á Ordem de Avis, Dinastia Real e constava da bandeira de Portugal desde 1383 !

 

10. Regresso a Portugal

No regresso, em Março de 1493, em vez de tomar a rota anterior dirigiu-se para o Açores e daqui directamente para Lisboa, para informar D. João II. De acordo com o planeado, a partir de Lisboa, informou toda a Europa da descoberta das Indias e da  forma como aventureiros e piratas podiam lá chegar. Só depois desta traição aos reis espanhóis à que se dirigiu para este reino para os informar...   

Seguindo as instruções de D. João II, propôs aos reis espanhóis a celebração de um novo Tratado com Portugal para a divisão do mundo, apontando a respectiva linha meridiana, salvaguardava desde logo o Brasil para Portugal. Após verificar que os espanhóis estavam já envolvidos nas negociações, não lhes forneceu informações precisas sobre as Indias.

Em 1494 recusou-se com o seu irmão Bartolomeu Colon, a regressar à Espanha para auxiliar os embaixadores espanhóis nestas negociações, colocando-os deste modo nas mãos de D. João II. 

10.1. Encontro com a rainha e D.Manuel

No dia 11 de Março de 1493, tem um longo encontro com a Rainha Dona Leonor, D.Manuel e o Marquês de Vila Real, os representantes dos conspiradores de 1483 e 1484, assim como dos nobres portugueses exilados em Castela e Roma. Os cronistas portugueses (Rui de Pina e Garcia de Resende) omitem este encontro, pois percebem as interpretações que se poderiam fazer, nomeadamente de uma enorme cumplicidade entre Colombo e os exilados portugueses em Espanha. 

 

11. Tratado de Tordesilhas

Pairava sobre os interesses de Portugal em África uma grave ameaça. Os castelhanos insistiam em terem acesso à Guiné. O Cardeal Alpedrinha terá começado a jogar, neste domínio, um papel fundamental.   

Desde que foi nomeado bispo de Évora (1463) que o seu poder nunca parou de aumentar. Durante anos esteve envolvido em todas as negociações dos vários casamentos entre as duas cortes. Em 1480 foi para Roma onde passou a dirigir tudo o que dissesse respeito à Portugal, mas o seu poder estendia-se à Espanha e Itália. 

 Percebendo a complexa situação em que Portugal se encontrava, terá insistido na ideia de dividir o mundo entre Portugueses e Castelhanos, de forma a evitar os constantes conflitos militares entre os dois reinos peninsulares. Uma ideia que já havia sido aplicada no Tratado de Alcaçovas-Toledo (1479-80), e que terá a sua consagração no Tratado de Tordesilhas (1494).

A assinatura dos reis católicos continua a assentar na exigência de um casamento, desta vez entre D. Manuel e uma princesa espanhola. Só após a assinatura do contrato de casamento é que foi assinado o Tratado.

Os traficantes de escravos, como Bartolomeu Marcchioni, cujos principais rendimentos vinha destas costas africanas, terão sido dos primeiros a apoiarem a ideia do cardeal. Consultar

O processo de concretização desta ideia, como veremos, não foi linear.

É constante a preocupação de D. João II, mas também de D. Manuel I em agradarem ao Cardeal informando-o de tudo o que dissesse respeito aos descobrimentos.   

12. O Mistério dos Irmãos de Pedro Coulão

- Diego Colon. Uma personagem alegando chamar-se "Diego Colon", surgiu em Castela em 1493, tendo embarcado para as Indias nesse ano com Pedro Coulão, que o assumiu como irmão. 

A partir de Fevereiro de 1494 a exercer as funções de Governador da La Hispaniola (actual ilha da República Dominicana e Haiti). Em Setembro é enviado a Espanha, na esquadra de António de Torres, para ser ouvido na Corte, devido às acusações que ele e os seus irmãos eram acusados de estarem a enganar os reis católicos.

Os reis ficaram chocados com a sua presença, pois haviam pedido que viesse Colombo ou o seu irmão Bartolomé Colón, nomeadamente para os ajudarem nas negociações do Tratado de Tordesilhas. Acontece que Diego Colon não percebia nada de cartografia e cosmografia. Uma vez mais, os três irmãos estavam a trair os espanhóis. 

Nesta viagem, trouxe consigo uma apreciável quantia de escravos e ouro. Correndo já a ideia que era italiano,      solicita á corte instruções, se o havia de deixar com o ouro e o mandar para Itália. A Corte informa-o para não interfir em nada, ele que fizesse o que quisesse. Diego Colon não sabia uma única palavra de italiano, nem se mostrou interessado em visitar a Itália.

Voltou depois às Indias, em Agosto de 1495, onde passou a exercer o cargo de governador interino La Hispaniola. Ficou encarregando de assassinar em processos sumários centenas de espanhóis que lhe eram enviados pelos seus irmãos. 

A 23 de Agosto de 1500 recebe o comendador Francisco Bobadilha enviado para averiguações pelos reis católicos, numa altura que tinha num poço à espera de serem enforcados 17 espanhóis. Na sequência do processo instaurado por Bobadilla acaba por ser preso e remetido para Espanha com os seus irmãos. Ingressou num Convento, onde morreu em 1515. 

No seu Testamento, contempla Violante Moniz Perestrelo e o capelão da Marquesa de Montemor-o-Novo, um agente de ligação com Portugal. Quem era realmente Diego Colon ?

- Bartolomeu Colon. Depois de andar pelas cortes de Inglaterra e de França, regressa a Espanha, onde embarca para em fins de 1494 para as Indias (América). Foi um enérgico governador e perseguidor sem piedade dos espanhóis, procurando impedi-los de se fixarem nas Indias. Em 1506 procurou junto do papa expulsá-los. Não sabia uma única palavra de italiano, nem tinha qualquer relação com os mesmos. 

Quem era Bartolomeu Colon ? Embora nunca se tenha casado, teve uma amante chamada Catalina Marrón  (5) de quem teve uma filha, a 11 de Dezembro de 1508, chamada - Maria Colón y Melo

O apelido Melo da menina, que morreu com poucos anos, não derivava da mãe, mas do pai. Deste facto podemos concluir que o verdadeiro nome do irmão de Colombo seria: Bartolomeu Colon y Melo

Onde terão ido buscar Bartolomeu, mas também o seu irmão Diego, o apelido Melo ?  A resposta está mais uma vez na família Filipa Moniz Perestrelo, cuja avó se chamava - Catarina de Melo (20). 

O apelido Melo volta a ligar Pedro Coulão e os seus dois alegados irmãos, aos Albuquerques de Angeja, descendentes de Vasco Martins de Melo

 

12. Diversão, Mentiras, Contrabando e Defesa de Portugueses

Ao longo dos anos nunca parou de fazer descrições fantasiosas sobre as Indias, mentindo descaradamente sobre o que observava e obrigando a tripulação igualmente a mentir.  

Pedro Coulão mentiu sobre a rota que seguiu na primeira viagem, deu coordenadas erradas e recusou-se a entregar mapas. Para confundir os espanhóis andou entre 1493 e 1498 a saltar de Ilha para Ilha sem nunca se dirigir à Terra Firma (continente americano). 

A diversão só terminou um ano depois de Vasco da Gama ter partido para a India (1497) e de D. Manuel I ter sido jurado herdeiro do trono de Castela em Toledo (1498). Foi só então que Coulão resolveu ir até Cabo Verde e dirigir-se para Ocidente para descobrir a Terra Firme (o Continente Americano) que D. João II lhe falara.   

Os primeiros a serem informados foram contudo os contrabandistas portugueses. As pérolas que afirmou ter descoberto, não tardaram a aparecer à venda em Portugal. 

Colombo não se limitou a mentir de forma sistemática aos espanhóis sobre as Indias, conduzindo-os a uma concepção errónea sobre a geografia da Terra. Espanhóis e italianos ficaram convencidos, até 1530, que as Indias eram parte da Ásia. Até ser preso, em 1500, procurou impedi-los por todos os meios de se fixaram nas Indias.  Em 1502 apelou ao papa para os expulsar das Indias.

Por volta de 1500, nas Indias, interrogava os espanhóis para inquirir se os mesmos haviam vendido armas aos muçulmanos no Norte de África, colocando assim em perigo as fortalezas portuguesas, como a de Safim. Os que o confessavam eram sumariamente executados.

Na última viagem às Indias (1502-1504), mal soube que os portugueses estavam cercados em Arzila, dirigiu-se de imediato para esta fortaleza afim de os socorrer, fazendo questão afirmar que queria ser o primeiro. Consultar

13. Espoliador de Italianos

Habituado a assumir múltiplos disfarces para atacar as presas, Colombo (Pedro Coulão) e os seus irmãos deixaram-se ser confundidos como italianos, tomando como suas as raízes familiares de Filipa Moniz Perestrelo.

Como notava no século XVI,         , havia da parte de muita gente pressa em confundi-lo como genovês. Para um observador imparcial era dificil aceitar que pudesse ser confundido com os mesmos.

Nem ele, nem os seus alegados irmão sabiam falar italiano ou qualquer um dos seus dialectos. Nunca referiu algo que tivesse aprendido em Itália. Antes de 1485 andou a atacar os seus navios, roubando e matando largas centenas de italianos. Muitos mais foram depois os espoliados ou mortos. A lista é enorme. 

Nos seus escritos ignora a Itália e os genoveses. Na sua correspondência com o banco S. Jorge de Génova, omite o seu apelido, para não ser confundido com a alegada família genovesa. Nas Indias espanholas matava que lhe chamasse genovês.

Não deu nenhum nome italiano a qualquer terra, ilha ou cabo que tenha descoberto. Nos testamentos dos três irmãos ignoram completamente a sua alegada família italiana, que viveu e morreu na mais completa miséria.

Ao longo da sua vida a sua única preocupação, assim como dos seus irmãos, foi concentrar todos os bens e títulos em Diogo Moniz Colon Perestrelo, filho de Filipa Moniz Perestrelo, nascido em Lisboa. Para cúmulo, pedia-lhe insistentemente para não se esquecer das suas origens portuguesas. 

14. Agentes de Ligação

O êxito da missão de Pedro Coulão sempre assentou num eficaz apoio dentro de Castela, mas também de uma comunicação regular com os reis de Portugal. Uns transmitiam as suas informações, outros informavam-nos dos seus passos.

Entre 1485 e 1488 Pedro Coulão manteve-se sempre em contacto com Portugal, isto é, com o rei, através de correspondência e visitas regulares. A carta que o rei lhe dirige, em 1488, tratando-o por "meu especial amigo" testemunha a elevada consideração que D João II o tinha na sua missão em Castela. 

Pedro Coulão dirigiu-se, em 1485, ao encontro dos seus familiares que se haviam fixado em Huelva e Sevilha. Entre eles destacava-se um homem da total confiança de D. João II:

- Pedro Correia da Cunha (1440-1499), que se encontrava em Huelva, para onde se dirigiu Pedro Coulão. Trata-se do 2º. Capitão de Porto Santo, capitão da Graciosa (Açores) e um dos 25 guarda-costas do rei D. João II. Era casado com Izeu Perestrelo de Mendonça, filha de Bartolomeu Perestrelo I e de Catarina de Mendonça. Foi certamente um dos principais elementos de ligação a Portugal, isto é, a D. João II.  Não foram os únicos.

- Marchione, um dos principais banqueiros portugueses, particularmente interessado na expedição de Pedro Coulão, não deixou de enviar também para a Andaluzia um dos seus feitores - Juanoto Berardi -, que não tardou a apoiá-lo. Consultar

- Alvaro de Bragança, embora em 1483 estivesse envolvido na conspiração contra D. João II, nunca perdeu a sua ligação a Portugal, onde manteve como sua herdeira uma filha. Desde 1485 que estava no Conselho Real de Castela, a cuja presidência ascendeu em 1489. Nada do que se passava com Pedro Coulão lhe era estranho. Manteve contactos regulares com Portugal. Na noite de natal de 1491 veio a Évora para assistir à consagração do Convento dos Lóis, em cujo panteão dos melos será sepultado em 1504. Foi um dos principais apoiantes de Pedro Coulão em Castela/Espanha.

- Isaac Abravanel, envolvido também na conspiração de 1483, nunca perdeu a sua ligação a Portugal, onde tinha a sua família. Este poderoso banqueiro da Casa de Bragança, foi o primeiro empresta cerca de 50% do dinheiro aplicado pela corte castelhana na 1ª. Viagem. A parte de Pedro Coulão terá sido financiada por Marchioni, Isaac Abravanel ou pelo próprio Alvaro de Bragança.

-  Na primeira viagem às Indias (América), Pedro Coulão levou consigo dois pilotos portugueses anónimos, que desembarcaram em Lisboa (4 Março de 1493). 

- A casa da Marquesa de Montemor-o-Novo, em Sevilha, torna-se com o tempo no principal centro da rede de ligações de Colombo e da sua familia Portugal. Há duas personagens particularmente importantes nestas funções: João de Morón, mordomo da Marquesa e cavaleiro da Ordem de Santiago de Portugal, assim como o seu capelão, o padre Gregório, faziam viagens regulares a Portugal.

 

15. Mistérios do Paço de Água de Peixes

Alvaro de Bragança, em Janeiro de 1501, no auge do seu poder em Espanha, vem a Portugal. Percebe que era altura de regressar ao seu reino. Na região de Cuba / Alvito / Viana do Alentejo começa a adquirir vastas propriedades: Água de Peixes (1501), Albergaria dos Fusos (1503, Cuba) (7), Vila Ruiva (1503 ?), Vila Alva (?). 

Qual o seu objectivo ? A explicação está em Água de Peixes, um antigo solar construído no século XIV por Vasco Martins de Melo, o antepassado comum à sua esposa Filipa de Melo, mas também a Filipa Moniz Perestrelo e dos Albuquerque de Angeja. 

Para que não ficasse dúvidas sobre o significado desta ligação, no brasão dos braganças que encima a entrada do solar, as flores da coroa foram substituídas romãs, as mesmas que estão representadas na célebre pintura no Alcázar de Sevilha. Nesta uma personagem identificada vulgarmente como Colombo (Pedro de Albuquerque), usa um vestuário onde aparece distintamente um padrão de três romãs e num canto uma coroa real. 

Estamos em crer que se trata de Alvaro de Bragança, e não de Colombo. Entre os seus domínios históricos contava-se Ferreira das Aves (Satão), cuja localidade mais perto se chama justamente "romãs". A coroa identifica-o como sendo de origem real. O facto que liga todas estas referências é o de ter sido justamente o fundador e primeiro presidente da Casa da Contratação, onde a pintura se encontrava.

O projecto de Alvaro de Bragança em encontrar as raízes comuns às três famílias, em pleno Alentejo, revela a possivelmente uma vivência intensa nestes locais. Henrique de Albuquerque tinha igualmente uma enorme ligação ao Alentejo, pois casou-se com a filha do donatário de Alcáçovas.

O palácio de Alvaro de Bragança, em Lisboa, ficava justamente junto à Igreja de S. Cristovão, nome que Pedro Coulão  adoptou como pseudónimo. Todos estes factos revelam uma vivência comum, durante a infância, entre os dois homens, quer em Lisboa, quer no Alentejo. O que poderá justificar a profusão de nomes alentejanos que Pedro Coulão atribuiu a terras e ilhas nas Indias. Os seus netos vão também casar-se entre si.

16. A Última Obra do Cardeal

O cunhado de Pedro de Albuquerque  se teve um papel activo nos Tratados de Alcaçovas-Toledo (1479/80), mas sobretudo no Tratado de Tordesilhas (1494), no entanto não concluiu nunca o seu trabalho. O papa nunca rectificou o último e mais importante dos Tratados.

Desconhecemos a razão porque o Cardeal apenas, em 1506, permitiu que o Tratado de Tordesilhas fosse ractificado pelo papa, poucos meses antes de Colombo ( Pedro Coulão) falecer. 

    

17. Herdeiros

O facto mais extraordinário desta sucessão de coincidências ocorre durante o reinado de D. Manuel I.

Os bens e títulos de Henrique de Albuquerque, o único herdeiro da sua família, no final do século XV, são herdados pelos monizes descendentes da família de Filipa Moniz Perestrelo esposa de Pedro Coulão.

Em Espanha Diego Moniz herdou o títulos de Pedro Coulão. Em Portugal, os bens de Albuquerques de Angeja foram herdados por Diogo Moniz seu parente...  . A coincidência é total. 

A mãe dos três irmãos Albuquerque de Angeja era parente de D. Nuno Alvares Pereira. No final do século XVI, os únicos herdeiros de Colombo eram os descendentes directos do Santo Condestável. Ambos, curiosamente, tinham cabelos ruivos e muitos outros aspectos físicos em comum.  

 

18. Provas

As provas de Colombo como Pedro João Coulão são exclusivamente baseadas em documentos existentes nos arquivos de Portugal, Espanha e Itália. O problema é que nada sabemos sobre a origem deste nobre português. 

19: Autores: Fernando Pedrosa (não todas as teses).

Carlos Fontes

 

Notas:

(1 ) Faro, Jorge - Duas Expedições enviadas à Guiné anteriormente a 1474 e custeadas pela Fazenda de D. Afonso V, in, Boletim cultural da Guiné portuguesa. Vol. XII, janeiro de 1957, nº.54, pp.71, e segs. ; e Receitas e despesas da Fazenda Real de 1384 a 1481 (subsídios documentais), 1965.pp. 5 e segs. 

(4 ) Santa Cruz do Cabo de Gue d'Agoa de Narba - Estudo e Crónica, João Marinho dos Santos; José Manuel Azevedo e Silva; Mohammed Nadir. Coimbra-Viseu. 2007.; História de Santa Cruz do Cabo de Gué (Agadir) 1505-1541, por Joaquim Figanier.,1945. etc.

(5) Não deixa de ser significativo que o mordomo da marquesa de Montemor-o-Novo, se chame justamente Morron. Era português e pertencia à Ordem de Santiago.

(6) No final do século XV, durante o reinado de D. Manuel I, os bens e títulos de Henrique de Albuquerque, o único herdeiro da sua família, , são herdados pelos monizes descendentes da família de Filipa Moniz Perestrelo esposa de Colombo (Pedro Coulão).

Em Espanha Diego Moniz herdou o títulos de Colombo. Em Portugal, os bens de Albuquerques de Angeja foram herdados por Diogo Moniz seu parente...  . A coincidência é total. 

A mãe dos três irmãos Albuquerque de Angeja era parente de D. Nuno Alvares Pereira. No final do século XVI, os únicos herdeiros de Colombo eram os descendentes directos do Santo Condestável. Ambos, curiosamente, tinham cabelos ruivos e muitos outros aspectos físicos em comum.  

(7) Na obra de Hernando Colón faz-se uma breve referência a um outro corsário que tinha a alcunha de "Colombo, o velho".  Existe uma enorme confusão quanto à sua identidade, um dos nomes frequentemente indicado é Guillaume de Casenove, dito Coulon, Coullon ou Coulomp.  Este corsário francês foi o vice-almirante da Normandia (1461 ?-1483). A actividade de um corsário com o nome Casenove está apenas documentada no mar do norte. O seu primeiro grande ataque ocorreu em 1469, quando pilhou 3 navios venezianos no Canal da Mancha. 

Em Julho deste ano terá ameaçado atacar navios da cidade do Porto que vinham de torna-viagem da Irlanda. Ao encontro deste corsário partiu um navio comandado por André Pires. O confronto não se deu, mas o português aproveitou o pretexto para assaltar e roubar navios franceses . No ano seguinte, D. Afonso V, concedeu a 2 de Janeiro uma tença anual de 8 mil reais brancos, a Fernando Alvares Baldaia, mercador do Porto, por ter combatido "culam frances" que andava no mar nas costas de Portugal.  Faleceu em 1483.  Os ataques que lhe são atribuídos foram realizados na verdade por Pedro João Coulão. 

(8) O nome Coulão em português está amplamente documentado entre 1470 e 1475. D. João II, em 1488, adopta a grafia Colom, a mesma que João de Barros, no século XVI continua a utilizar. Os registos da actividade deste corsário são naturalmente sintéticos de modo a evitar comprometer a sua família e o próprio rei, mas apesar de tudo são suficientes para revelaram a continuidade da sua devastadora acção.  

(9)  João Afonso de Albuquerque. ilustre progenitor dos três irmãos - albuquerques de Angeja. Cavaleiro da casa do Infante D. Henrique, da corte de D. Duarte e D. Afonso V, andou nas conquistas de África, participou na tragédia de Tanger (1437), onde foi aprisionado o Infante D. Fernando, que foi uma das figuras reverenciadas por Colombo. Fez parte o grupo que esteve ao lado de D. Afonso V na batalha de Alfarrobeira (1449), saindo vencedor do confronto. 

Em memória dos seus feitos mandou gravar no seu túmulo que havia andado também a combater na Grã Canária, rodeando o seu brasão de dois "homens selvagens", símbolos dos novos povos que estavam a ser descobertos.

As frustradas tentativas de conquista das Canárias e sobretudo a de Tanger (1437), que resultou na prisão do Infante D. Fernando, terão sensibilizado-o para os argumentos de Alvaro de Bragança.

(15 )  Quesado,  Miguel-Ángel Ladero - La receptoría y pagaduría general de la Hacienda regia castellana entre 1491 y 1494 (De Rabí Meír Melamed a Fernán Núñez Coronel), Universidad Complutense. Madrid, in En la España Medieval, 2002.Este nome abre importantes pistas para identificarmos a identidade de um enigmático "almirante português" que, em  1492, recebeu dos reis espanhóis uma importante tença. Os dois possíveis almirantes portugueses eram Pedro de Albuquerque e Pedro Castelo Branco, cujas biografias estão envoltas num enorme mistério.  

(16)  nome de Pedro está confirmado pelo Lucio Marineo Sículo (1460 – 1533) historiador siciliano, notável latinista, humanista, capelão dos Reis Católicos e seu cronista, que apelidou Colombo de Pedro, mencionando, em De rebus Hispaniae memorabilibus Libri XXV (Alcalá, 1530), “Petrum Colonum cum triginta navibus”. Tendo em conta que o conheceu, é improvável que se tenha enganado.

Trata-se também de alguém muito bem informado dos segredos da corte castelhana.

- Esta afirmação foi depois corroborada pelo padre português Gaspar Frutuoso, natural da Ilha de São Miguel (Açores), que em 1589 afirma ter encontrado documentos nos arquivos da Ilha de Graciosa (Açores), segundo os quais o capitão donatário Pedro Correia fora casado com Eseu, Hiscoa ou Hizeu Perestrello, cunhada de "Pedro Colombo que descobriu o Novo Mundo".

 

 

 

 

 

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