Pedro de Albuquerque,
Colombo ?
O
inventário dos pagamentos feitos a exilados portugueses pelos reis espanhóis,
é uma pista fundamental para descobrir a verdadeira identidade de
Colombo.
Em
1492, os reis católicos atribuem 60.000 maravedís a
um "almirante Português" (1 ), no ano
que a Espanha iniciava a sua expansão marítima. Quem seria este almirante
? As hipóteses sobre
a sua identidade reduzem-se a duas: Pedro de Albuquerque ou Cristovão
Colombo.
No
caso de ser Colombo, este pagamento prova de forma inequívoca a sua origem
portuguesa. Recorde-se que em 1486 foi identificado como português num
documento similar da corte espanhola.
Esta
pista apontam-nos também para a enigmática figura de Pedro de Albuquerque,
um nobre corsário que se tornou almirante-mor (1484), e que aparece envolvido na conspiração
que neste ano ocorreu contra D. João II.
Os
resultados a que temos chegado são simplesmente surpreendentes, e confirmam esta
possibilidade de Pedro de Albuquerque ser Colombo, permitindo inclusive solucionar inúmeros
mistérios. As
investigações prosseguem.
Em
síntese a cada um dos três irmãos Colón, corresponderiam aos três irmãos
Albuquerque de Angeja : Lopo, Pedro e Henrique, os quais em Castela/Espanha assumiriam
identidades diversas.
Um
dado importante: Os dois primeiros estiveram envolvidos na conspiração de
1484. O terceiro eclipsa-se de Portugal antes de 1492.
História
Dilemas
Na altura que D.
João II sobe ao trono de Portugal (31/8/1481), a nobreza está profundamente
dividida sobre a política de expansão marítima que devia de ser seguida. Os
recursos humanos do país eram cada vez mais escassos para manter a politica do
"Mare clausum", impedindo outros reinos cristãos de acederem à Guiné.
Definiram-se então duas correntes:
D. João II entendia
que o reino devia prosseguir a guerra contra os muçulmanos, mas também
reforçar as suas conquistas territoriais em África, de modo a consolidar a sua
política do "mare clausum".Nesse sentido, nas Cortes de Évora
(12/11/1481), anunciou que iria ser construído um Castelo na Mina. Devia
também continuar a explorar o caminho marítimo para a India. O rei contava com
o apoio dos grandes mercadores ligados ao tráfico de escravos, marfim,
malagueta, ouro da Mina ou o açucar da Madeira, como Bartolomeu Marchione, mas
também navegadores aventureiros, como Bartolomeu Dias ou Duarte Pacheco
Pereira.
Alvaro
de Bragança, chanceler do reino, nas Cortes de Évora, em nome de muitos outros nobres descontentes,
defendeu uma política contrária à do rei. Portugal devia limitar-se a
África, explorar a Mina de forma não exclusiva, promover a guerra aos
muçulmanos e resgatar a Terra Santa. Opunha-se a novas conquistas e ao plano da
India, tendo em conta os seus elevados custos em vidas humanas.
Neste sentido, opôs-se á construção do Castelo da Mina.
A posição de
Alvaro de Bragança, era apoiada por nobres ligados à defesa da fronteira com
Espanha (coutinhos, albuquerques de Angeja, meneses),mas também por muitas
outras influentes figuras do reino, como Rui de Pina.
Conspiração
Dois
anos depois das Cortes de Évora ocorre em Portugal, a primeira conspiração contra o rei,
conduzida pelo Duque de Bragança que acabou decapitado. O pretexto da conspiração
de 1483 foi a exigências de
obediência ( e centralismo) impostas por D. João II, mas a questão de fundo era a política que o rei pretendia prosseguir e
os sacrifícios em vidas humanas que a mesma iria implicar.
Os membros da Casa da Bragança foram os que mais se sentiram afectados no
seu poder, arrastando outros nobres. O julgamento do Duque não deixa dúvidas que rei não
estava disposto a mudar a política ultramarina.
Entre
os que conseguem fugir para Castela destacam-se os seguintes:
1.
Alvaro de Bragança, chanceler de Portugal.
Não tardou a possuir na corte castelhana os mais altos cargos, nomeadamente
todos aqueles que estavam ligados aos negócios das explorações marítimas.
Entre
1489 e 1495, sem interrupções, foi o presidente do Conselho
Real de Castela. Todas as decisões tomadas pelos reis católicos sobre as
expedições de Colombo, foram previamente apreciadas por este Conselho.
Foi Governador da
Justiça de Castela, Contador-mor
(contador mayor).
Em Sevilha,
onde possuiu os mais altos cargos da cidade, tais como: Alcaide
dos alcazáres (1495) e atanazares de Sevilha, Membro
da casa dos vinte e quatro de Sevilha. Fundador
e primeiro presidente da Casa de la Contratación de Sevilha (1503). Durante
anos reuniu à sua volta um
importante grupo de navegadores portugueses.
Mais
2.
João
de Bragança, Condestável de Portugal, marques de Montemor-O-Velho. Embora
tenha morrido na guerra de Granada, em 1484, a sua esposa -
Isabel Perestrelo Enriquez de Noronha
- , a
poderosa marquesa de "Montemayor de Portugal", sobrinha de
Colombo, irá apoiar a sua familia, financiar expedições às Indias, etc. A sua casa
era um centro de iniciação à Ordem de Santiago de Portugal.
Mais
3.
Isaac Abranavel. Um dos
principais banqueiros de Portugal. Nascido em Lisboa, estava ligado à Casa de
Bragança. Em Castela, em poucos anos, tornou-se num dos principais banqueiros dos reis
católicos, tendo financiado grande parte da 1ª. viagem de Colombo.
Mais
Estes
e muitos outros nobres não tardaram, em Castela, a usarem os seus conhecimentos
para atacarem D. João II e usarem em proveito próprio os segredos que
possuíam ao mais alto nível das explorações marítimas. Nenhum ficou de
braços cruzados, muito pelo contrário aparecem desde logo a liderar as expedições
espanholas na direcção do que será conhecido por Novo Mundo..
Nova Conspiração
Em Agosto de 1484 é
descoberta a nova traição, chefiada desta vez por Diogo de Lencastre , Duque de Viseu e
de Beja, senhor das ilhas do Atlântico, Grão-Mestre da
Ordem de Cristo. O Duque é assassinado pelo próprio D. João II. Contava com um alargado
número de conspiradores, muitos dos quais ligados à defesa das
fronteiras, incluindo o almirante-mor de Portugal. Cerca de 80
pessoas são mortas,
mas muitas outras conseguem fugir para Castela, como foi o caso de Colombo.
Fugas
Entre
os muitos nobres portugueses que fugirem para Castela, destacam-se vários membros dos
Monizes, ligados aos Zarcos da Madeira,
dependentes do Duque de Viseu-Beja.
Em fins de 1484,
encontramos na Andaluzia, em Sevilha e na região de Huelva/Moguer/Palos,
vários familiares de Filipa Moniz Perestrelo:
Violante
Moniz Perestrelo, tia;
Iseu Perestrelo, tia ;Rodrigo
Moniz, tio - Monge, na Cartuxa de Santa Maria de las Cuevas, em Sevilha; Ana
Moniz, tia; Bartolomeu
Moniz Perestrelo, tio;
Para além destes temos que contar com os
respectivos cunhados, como - Pedro
Correia da Cunha (guarda-costas do rei D. João II) -, o qual segundo o
próprio Colombo foi quem lhe forneceu as provas de existência de ilhas a
Ocidente.
O
número de membros dos monizes presentes na Andaluzia em fins de 1484 ou
referenciados pouco depois era muito elevado, para podermos de uma simples mera coincidência. Colombo
foi ao seu encontro quando saiu de Portugal.
Outros
portugueses estavam também na Andaluzia, mais concretamente junto aos portos, e
tiveram um papel muito activo no apoio a Colombo. Um deles foi
Frei
João Peres Marchena (António de Marchena), astrólogo, que se encontrava a guardar o
Ermitério de La Rabida, em Moguer.
Eram
aliciados dos conspiradores ou espiões de D. João II ? É impossível sabê-lo.
D.
João II enfrenta agora uma situação cada vez mais complexa. No
espaço de dois anos, Castela recebeu algumas das principais figuras do reino de
Portugal. Os segredos marítimos de Portugal estão
agora ao seu alcance. Era a sua grande oportunidade
histórica de iniciar a sua expansão marítima.
Os
reis católicos, percebendo a situação passaram a financiar e a protegerem a identidade de
vários nobres portugueses que se fixaram em Castela. A descoberta dos seus
nomes só foi possível recentemente quando foram publicadas as listagens dos
pagamentos destes reis.
Era
natural que muitos destes nobres oferecessem os seus serviços aos reis
espanhóis. A conspiração de 1483 está ligada a uma traição: os conspiradores
haviam aos reis espanhóis que, no caso de matarem D.
João II, revogariam o Tratado de Alcaçovas-Toledo (1479-1480), que impedia os
seus navios de
acederem à Guiné.
Os
nobres portugueses há muito exilados em Castela, assim como a sua nobreza mais
empreendedora castelhana, não deixou de saudar igualmente a entrada destes
exilados vendo neles a
possibilidade de acesso aos mares e mercados ultramarinos controlados pela
corte portuguesa.
Traição dos
Albuquerques
de Angeja
A
maioria dos conspiradores de 1483 e 1484 pertenciam a famílias ligadas à defesa das fronteiras de Portugal
ou a
praças fortes no Norte de África, e viram ser dizimada a maioria dos seus membros. O testemunho de Colombo é claro sobre este
último ponto: a conquista e soberania sobre a Guiné custou a vida a metade da população
portuguesa.
Esta poderá ser a
razão que terá levado a família dos Albuquerques de Angeja, ligados à defesa da fronteira do Coa,
a envolverem-se na conspiração de 1484.
A
maioria dos albuquerques pertenciam à Ordem de Santiago, mas o ramo de Angeja
(Aveiro), tinha também ligações à Ordem de Aviz.
Lopo
e Pedro de Albuquerque, filhos de João Gonçalves de Albuquerque, são dois dos
nobres que aparecem a apoiar em 1484 mais uma tentativa de conspiração
dos braganças.
1.
João Afonso de Albuquerque.
ilustre progenitor dos três irmãos - albuquerques de Angeja. Cavaleiro
da casa do Infante D. Henrique, da corte de D. Duarte e D.
Afonso V, andou nas conquistas de África, participou na tragédia de Tanger
(1437), onde foi aprisionado o Infante D. Fernando, que foi uma das figuras
reverenciadas por Colombo. Fez parte o grupo que esteve ao lado de D.
Afonso V na batalha de Alfarrobeira (1449), saindo vencedor do confronto.
Em
memória dos seus feitos mandou gravar no seu túmulo que havia andado também a
combater na Grã Canária, rodeando o seu brasão de dois
"homens selvagens", símbolos dos novos povos que estavam a ser
descobertos.
As
frustradas tentativas de conquista das Canárias e sobretudo a de Tanger (1437), que resultou na prisão do
Infante D. Fernando, terão sensibilizado-o para os argumentos de Alvaro de
Bragança.
Este
ramo dos albuquerques, desde o reinado de D. Dinis, estava ligado à defesa da fronteira
de Riba-Côa.
2.
Lopo de Albuquerque, Conde de
Penamacor. Durante
o reinado de D. Afonso V era uma das principais figuras do reino: camareiro mor,
embaixador em Castela e França. participou na conquista de Arzila. Entre as
inúmeras mercês
que recebeu, destaca-se o trato da malagueta e
especiarias na Guiné (1474).
Lopo
de Albuquerque, após ter abortado a conspiração, consegue que o rei o deixe sair sair de
Portugal (Outubro de 1484). A sua esposa e filhos são retidos durante algum tempo
no reino.No estrangeiro, adopta no nome de "Pedro Nunes".
De Castela não tarda a sair para outros países acabando
por se fixar em Londres (1488).
3.
Pedro
de Albuquerque, camareiro-mor, almirante-mor, alcaide-mor do Sabugal e de Alfaiates.
A sua história é em tudo idêntica à de Colombo. Com
o seu irmão Henrique
desde muito cedo andou no mar, exercitando-se como como corsário.
Corsário.
Ainda jovens,
em 1460, foram presos em Aragão quando andavam a assaltar navios no
Mediterrâneo. Não terá sido a única vez, pois existem registos de pagamentos
posteriores de operações idênticas. Colombo afirma que começou
também a
andar no mar em 1460.
Durante
vários anos aparece sempre associado a dois outros famosos corsários:
-
Pedro João
Coulão a partir de 1469 andava na costa de Portugal. No ano seguinte o Senado de
Veneza identifica-o como português. Alguns historiadores dizem que se
trata do próprio Colombo. D. Afonso V
que o contratou (5), é
acusado de lhe dar cobertura, sendo frequentemente confundido com outros corsários
com a mesma alcunha.
- Pedro de
Ataíde, o Inferno. Morreu, em 1476, numa batalha que Hernando Colon e Las
Casas afirmam
que Colombo também participou.
Colombo afirma que foi a partir de
1470 que passou a andar mais sistematicamente no mar, e que durante 14 anos
tentou convencer o rei de Portugal (D. Afonso V e D. João II), a
deixá-lo navegar para ocidente (6).
Guiné. Costa da
malegueta. Pedro de Albuquerque
foi certamente muitas vezes à Guiné, onde o seu irmão Lopo
de Albuquerque tinha privilégios nas especiarias, mas também às Canárias. Colombo
refere que foi muitas vezes á Guiné e à costa da malagueta, o que pressupõe
andou ao serviço de Lopo de Albuquerque.
Acesso à Corte.
Tinha acesso directo
ao rei D. Afonso V, pois foi também seu camareiro-mor. Era um homem da sua
inteira confiança. A documentação a que Colombo teve acesso dos reis de
Portugal revela que teve idênticas facilidades.
Formação. A sua formação
terá sido idêntica à de um nobre de corte, embora neste caso destinado ás
lides marítimas. Colombo revela uma ampla formação própria de um nobre
português da época. Antes de 1483, sabia ler e escrever correctamente
latim.
Ordem de Santiago
e de Aviz. Pedro de Albuquerque
teve certamente uma ligação muito especial com a Ordem de Santiago, cuja sede
ainda estava em Alcácer do Sal. À volta desta Ordem reunia-se a elite dos
navegadores portugueses da altura. Terá visitado a Igreja dos Martires, num
momento que estava no auge o culto de Nossa Senhora da Cinta. Colombo evoca
justamente esta imagem no seu regresso das Indias, assim como revela crenças
idênticas às de qualquer outro nobre português do tempo.
Em 1476 foi encarregue da defesa da linha do
rio do Coa, aquando das guerras com Castela. Nesta altura andou no mar,
provavelmente atacar barcos espanhóis e genoveses. Era um dos nobres mais
bem pagos da corte de D. Afonso V, recebendo uma tença superior à do Conde de
Faro. Neste ano, afirma-se que Colombo chegou a Portugal, depois de uma
batalha ao largo do cabo de S. Vicente.
Expedições no
Atlântico Norte.É natural que tenham ido também à
América do Norte, numa das muitas expedições que partiam de Aveiro para a
terra dos bacalhaus, provavelmente na companhia dos corte real. Colombo
afirma que em 1477 foi numa expedição portuguesa à Gronelândia.
Corsário-Mercador
em Génova. Bartolomeu
Dias, entre 1476/1478, andava no transporte de mercadorias entre Portugal e
Génova, mas também no corso no Mediterrâneo. Em 1478 foi a Génova resgatar
um português de elevado estatuto que aí estava preso. D. João II, em agradecimento pelo
facto, prescindiu do seu quinto dos saques de Bartolomeu Dias. Trata-se de Pedro
de Albuquerque ? Não sabemos, mas é sintomático que neste ano, Colombo, seja
apontado como tendo ido também a Génova. Colombo e o seu irmão Bartolomeu,
afirmam que conheciam muito bem Bartolomeu Dias. Las Casas diz mesmo que andaram
ao seu serviço na exploração da costa africana.
Almirante-Mor.
Poucos
dias depois de ser nomeado almirante-mor, em 1484, foi aparentemente degolado em
Montemor-o-Novo, sob a acusação de ter participado na conspiração contra o rei. Os cronistas
que o afirmam, são os mesmos que deram o seu irmão como morto em 1493, e no
entanto três anos depois continuava bem vivo em Espanha.
Encenação
de uma execução. Estamos
em crer que Pedro
de Albuquerque morto, e que após uma encenação da sua morte acabou também por sair
fugir para Castela. No estrangeiro irá
adoptar também um falso nome.
Quais
as provas ?
-
No ano de
1492 um anónimo "almirante
português" consta na folha de pagamentos dos reis católicos, como tendo recebido
uma importante quantia de dinheiro (4 ). Não e trata de uma
ficção, mas de um documento oficial.
-
O cronista dos reis católicos, de origem siciliana, afirma explicitamente que o
verdadeiro nome de
Colombo era Pedro (3). Ele próprio diz que era de uma família de almirantes e
exigiu em Espanha ser tratado como tal. Seria
Pedro de Albuquerque, o enigmático Colombo ?
Tudo nos leva a concluir que sim. Estamos perante inúmeras coincidências, e
não apenas semelhanças pontuais.
Mais
-
Las Casas e Hernando Colón afirmam claramente que ele " fugiu secretamente" para Castela, em fins de 1484 ou princípios de
1485, uma data que coincide com a alegada execução de Pedro de Albuquerque.
4.
Henrique
de Albuquerque,
Alcaide-mor de Marvão. Sabemos
que desde 1460 andou no corso no Mediterrâneo, e provavelmente também no
Atlântico. Mais
Aparentemente
não participou na conjura contra D. João II, no entanto estava ligado ao núcleo duro
dos conspiradores de 1484: Ele e a sua mulher pertenciam à casa senhorial de
dona Brites de Lencastre, Duquesa de Beja e de Viseu, cujo filho D. Diogo acabou
assassinado pelo rei.
Estamos
perante um forte elo de ligação dos Albuquerques de Angeja aos conspiradores
de 1483 e 1484.
Recorde-se
que Brites de Lencastre, esposa do Infante D. Fernando, entre 1470 e 1483, administrou a Ordem de Cristo, e
dirigiu as principais expedições para Ocidente, nomeadamente as de João Vaz
Corte Real. Erra a grande proprietária dos Açores, Madeira e Cabo Verde, cuja
administração estava a cargo da sua casa.
Pouco sabemos da
vida de Henrique de Albuquerque, a não
ser que em 1486, pediu ao rei a confirmação dos seus bens, uma vez que os irmãos,
um era dado oficialmente como morto e outro fora banido. Não tardou depois em
eclipsar-se.
É provável que tenha ido para o
estrangeiro. Muito possivelmente para Inglaterra, em 1488, onde se encontrava o
seu irmão Lopo de Albuquerque. Em Portugal era dado como morto em 1497. A
inscrição do túmulo do seu pai em Aveiro, onde constava o seu nome foi
apagada.
Bartolomeu
Colon quando chega a Espanha, em fins de 1493, revela desde logo enormes capacidades de
liderança e conhecimentos de navegação. Henrique
seria o determinado Bartolomeu ?
5.
Diego Mendez de Segura.
Filho adoptivo de Lopo
de Albuquerque acompanhou-o por todo o lado. Em 1493 estava ligado à família de Colombo, como
seu secretário vitalício.
Mais
Os
Albuquerques de Angeja estão profundamente envolvidos na conspiração
dos Braganças. Foram apenas instrumentos ou tinham um papel autónomo ? Não
sabemos.
Duas
Mulheres
A irmã do
Cardeal.
Pedro de Albuquerque
casou-se, em 1468,
com Catarina da Costa, irmão de Jorge da Costa, o futuro Cardeal de Alpedrinha.
Deste casamento não houve descendência, o que poderá explicar, os amores por
uma comendadeira no Convento de Santos em Lisboa.
Jorge da Costa era um dos portugueses mais poderosos do tempo. Desde 1480 que estava em
Roma controlando tudo o que dissesse respeito a Portugal. O que se passava com
os Albuquerques de Angeja dizia-lhe directamente respeito. D. João II sabia-o
perfeitamente.
O
que se passou com a sua irmã Catarina
de Albuquerque é um verdadeiro mistério. Após
ter abortado a conspiração de 1484, refugiou-se no castelo Sabugal, e só se
rendeu depois de ter negociado as
condições da sua liberdade.
D. João II deu-lhe tudo o que quis, incluindo
uma enorme tença, em troca de "siso e descrição". Catarina não cumpriu com
nenhuma das suas promessas, na fuga para Castela matou um homem, sequestrou um abade e
levou
consigo Isabel de Noronha, a Marquesa de Montemor-o-Novo. O rei
queixou-se deste facto ao seu irmão, o Cardeal de Alpedrinha, dando a entender
que tal não estava combinado entre ambos.
Em Sevilha, onde se
refugiou, recebia
uma importante tença dos reis católicos, vivendo junto da poderosa Marquesa de
Montemor-o-Novo. Mais
A
Comendadeira de Santos.
Em 1479, após 11 anos sem ter filhos, Pedro de Albuquerque, apaixonou-se por
uma comendadeira do Convento de Santos em Lisboa, que
pertencia à Ordem de Santiago.
Recorde-se que
a amante de D. João I (mestre de Aviz), governou este convento e era mãe do primeiro Duque
de Bragança. João II teve também no mesmo uma amante, que lhe
deu o seu filho bastardo D. Jorge de Lencastre, o último grão-mestre da Ordem
de Santiago. Como camareiro-mor era fácil ter acesso às Comendadeiras de
Santos...
Filipa Moniz
Perestrelo , uma das 12 comendadeiras, ter-lhe-á dado pelo menos dois filhos, um dos quais Diogo
Moniz Perestrelo, futuro vice-rei das Indias. O outro ou outra, deu-lhe pelo
menos uma neta - Ana Moniz -, que passou a viver em Sevilha antes de 1509. Filipa esteve neste Convento,
entre 1465 e 1479, voltando a ingressar no mesmo em 1490.
Colombo afirma
explicitamente que quando deixou Portugal, "a minha terra", deixou
aqui mulher e filhos. Tanto
podia estar a referir-se a Filipa como a Catarina.
D.
João II, por razões que desconhecemos, em 1490, mudou o Convento de Santos para
um local junto a propriedades de Catarina de Albuquerque, em Santa Engrácia
(Lisboa).
O que pretendeu significar com esta mudança ?
A Solução do Cardeal
Pairava
sobre os interesses de Portugal em África uma grave ameaça. Os castelhanos
insistiam em terem acesso à Guiné. O Cardeal Alpedrinha terá começado a
jogar, neste domínio, um papel fundamental.
Desde que foi
nomeado bispo de Évora (1463) que o seu poder nunca parou de
aumentar. Durante
anos esteve envolvido em todas as negociações dos vários casamentos entre as
duas cortes.
Em 1480 foi para Roma onde passou a dirigir tudo o que dissesse respeito à
Portugal, mas o seu poder estendia-se à Espanha e Itália.
Partilha
do Mundo. Percebendo
a complexa situação em que Portugal se encontrava, terá insistido na ideia de
dividir o mundo entre Portugueses e Castelhanos,
de forma a evitar os constantes conflitos
militares entre os dois reinos peninsulares. Uma ideia que já havia sido
aplicada no
Tratado de Alcaçovas-Toledo (1479-80), e que terá a sua consagração
no Tratado de Tordesilhas (1494).
Os traficantes de escravos, como Bartolomeu
Marcchioni,
cujos principais rendimentos vinha destas costas africanas, terão sido dos
primeiros a apoiarem a ideia do cardeal.
O processo de concretização desta ideia,
como veremos, não foi linear.
É constante a preocupação de D.
João II, mas também de D. Manuel I em agradarem ao Cardeal informando-o de tudo
o que dissesse respeito aos descobrimentos.
Compasso
de Espera
Lopo
de Albuquerque, em Londres, fazia-se passar por "Pedro Nunes". Pedro de
Albuquerque, antigo corsário e almirante-mor, adoptou em Espanha o nome de
Cristovão Colom, cujo significado é duplo: membro da ordem /irmandade dos que levam
Cristo e nome de corsário, muito comum na época. A sua
situação impedia-o de revelar a sua identidade, mas não de usar os seus
conhecimentos e experiência, tirando dai algum lucro.
Colombo
( Pedro de Albuquerque) e todos o que o apoiavam entre 1486 e 1488 esforçaram-se por tentar convencer a Corte Espanhola apoiar a
sua ideia de chegar à India navegando para Ocidente.
Perante
tantos entraves, em 1487,
Isaac Abravanel,
prontifica-se a financiar a viagem. A ideia acaba por ser recusada. Porquê ?
A
decisão fora entregue por Isabel, a católica a um grupo de espanhóis que,
embora sem grande experiência ou conhecimentos naúticos, não deixaram de
considerar a ideia absurda. Colombo
( Pedro de Albuquerque) para os convencer, apresentou-lhes valores das
dimensões da Terra, do grau, légua e milha, muito inferiores aos de
Ptolomeu.
O
clero castelhano insistia que se desse prioridade à conquista do Reino de
Granada.
Os espiões de D. João II terão contribuindo para arrastar a questão no
tempo. Apesar disso, a Corte
Castelhana, em 1487 e 1488, deu-lhe uma tença e identifica-o como
"português", embora não tenha descoberto nada.
Alvaro
de Bragança. Nesta fase, não se envolveu directamente no assunto. Primeiro para não ser acusado de
traidor, segundo porque estava envolvido na conquista de Málaga (1487),
defendendo também que a prioridade era a conquista do reino
de Granada. Emprestou inclusive uma importante quantia para financiar esta
guerra. Os
assuntos envolvendo Portugal exigiam enormes cautelas. A posição de D. João
II continuava a ser determinante. Estava em jogo também a herança da sua
esposa, Filipa de Melo. O
seu sogro - Rodrigo de Melo, 1º. Conde de Olivença - possuía uma
enorme fortuna, e a sua esposa era a única herdeira. Desde 1485 que o sogro estava envolvido na construção do Convento dos Lóios, em Évora, onde
tencionava instalar o panteão dos Melos. Morreu dois anos depois, mas a
construção prosseguiu a expensas de Alvaro de Bragança. Por
outro lado, embora desde
1485, fizesse parte do Conselho Real de Castela, o seu poder era ainda muito limitado.
Nova
Identidade
Em
Castela, Pedro de Albuquerque para melhor ocultar a sua identidade resolve
adoptar como
suas as origens familiares da sua amante - Filipa Moniz Perestrelo -, cujo avô
paterno tinha vindo de Piacenza (Itália) para Lisboa em 1380.
Nesse
sentido, terá feito passar a ideia que era de Piacenza e da família
Perestrelo, embora não soubesse uma única palavra de italiano, genovês ou
qualquer outro dialecto local. Piacenza pertencia, no século XV, ao
Ducado de Milão, confinando com as Províncias da Lombardia e da Líguria. É
por esta razão que alguns testemunhos do século XVI, afirmam que era originária
de Piacenza, da família do Perestrelos mas outros também dizem que era de Milão,
Lombardia e da Liguria.
Mudança
de
Posição
O
poder dos nobres portugueses em Castela não parava de aumentar. Lopo de
Albuquerque, em Inglaterra (1488), estava cada vez mais activo procurando
convencer os mercadores ingleses a avançarem para a Guiné, pondo fim ao
exclusivo dos portugueses nestas costas africanas. Assumiu-se claramente como um
traidor.
D. João II,
percebendo a insustentabilidade da sua posição, decide finalmente repensar na
proposta do Cardeal Alpedrinha. A sua principal exigência é que a parte do mundo que seria dada aos
espanhóis, não podia incluir a rota que estava a ser seguida para atingir a
India, o Brasil, mas também a Terra Nova (Canadá), devido ao seus ricos de bancos de
bacalhau.
A
India após o regresso de Bartolomeu Dias do Cabo da Boa Esperança (1488)
estava agora ao alcance dos portugueses.~´
O
Especial Amigo. A
correspondência entre Pedro de Albuquerque (Cristobal Colon, Colombo) e D. João II, revela claramente que o rei,
em 1488, decidiu passar apoiá-lo, tratando-o por
"meu especial amigo" e afirmando que o perdoa.
Colombo
(Pedro de Albuquerque) de traidor passou a colaborador. A sua missão era agora
desviar os espanhóis da costa africana, levando-os para Ocidente, as Indias. A coordenação entre eles passa a ser
perfeita.
Entretanto,
Alvaro de Bragança ascende, em 1489, a Presidente do Conselho Real de
Castela. A
principal mudança política traduziu-se no facto de Isabel, a Católica, chamar a si a proposta de Colombo.
Na prática quem decide é agora o antigo chanceler-mor de Portugal.
Os
reis católicos continuam hesitantes pois desconhecem a real posição de D.
João II, assim como os objectivos da trama que está a ser urdida. A intensificação da guerra de Granada recomendava igualmente
que não fosse aberta uma nova frente de conflitos.
Filipa
Moniz Perestrelo. Amante
que lhe deu dois filhos, podia era um problema fora convento. Nesse sentido,
compreende-se porque D. João II, em 1490, a manda regressar ao Convento
de Santos, onde virá a falecer em 1497. Como refém ou por protecção ? Não
sabemos.
Marcchioni.
Um
dos principais banqueiros portugueses, recebe instruções para apoiar Pedro
de Albuquerque, enviando para a Andaluzia um dos seus feitores - Juanoto Berardi. Outros
italianos, estabelecidos em Lisboa, todos ligados ao comércio de escravos, mudam-se para Sevilha.
Alvaro
de Bragança. Em
Espanha, Alvaro de
Bragança percebe a abertura que D. Joao II está a manifestar, assim como as
suas preocupações. Na noite de natal de 1491 veio
a Évora para assistir à consagração do Convento dos Lóis, em cujo
panteão dos melos será sepultado em 1504. Foi provavelmente aqui que
acordaram na estratégia que seria seguida.
João
Peres de Marchena. Este
frade
português, provável espião de D. João II, toma a seu cargo as
negociações com a Corte de Castela.
Colombo (Pedro de Albuquerque), na
negociação das Capitulações revela que já havia estado nas Indias. No
documento que assina mostra claramente que não confundia as Indias, com a India, sabia exactamente
a que distância exacta as mesmas ficavam, etc.
Financiamento.
Isaac Abravanel, português, banqueiro da Casa de Bragança, empresta cerca de 50% do dinheiro aplicado
pela corte castelhana na 1ª. Viagem. A parte de Pedro de Albuquerque terá sido
financiada por Marchioni, Isaac Abravanel ou pelo próprio Alvaro de Bragança.
A enorme rede portuguesa radicada em Castela passa a
apoiar activamente a ideia de levar os espanhóis para as Indias situadas a
Ocidente. Muitos são aqueles que agora afirmam que já conheciam as Indias.
Apoios
técnicos e humanos não faltaram, até dois pilotos portugueses anónimos
integram a primeira viagem à América (1492/3).
Alvaro
de Bragança aparece como o principal apoiante de Colombo em Espanha. A casa da
Marquesa de Montemor-o-Novo em Sevilha torna-se no centro de uma rede de
espionagem ligada directamente a Portugal, através de João de Morón, seu
mordomo-mor, cavaleiro da Ordem de Santiago de Portugal.
Fidelidade
Na
primeira viagem de Colombo (Pedro de Albuquerque), mostra-se desde logo
profundamente respeitador do Tratado de Alcaçovas-Toledo.
No
dia 12 de Outubro de 1492,
quando aportou à América, para além do estandarte real dos reis católicos,
fez questão de mostrar a sua bandeira pessoal - uma cruz verde, igual à
da Ordem de Aviz e que constava da bandeira de Portugal entre 1385 e 1484 ! Mais
Depois
de vir das Indias dirigiu-se para os Açores e daqui directamente para Lisboa, e só regressou a Espanha,
após conferenciar com D. João II durante dois dias.
O encontro com o
rei, em Março de 1493, ocorreu num convento em Vale Paraíso, a principal propriedade do Convento
das Comendadeiras de Santos, em Lisboa. O rei possibilitou assim, um encontro
secreto entre Colombo (Pedro de Albuquerque) e Filipa Moniz Perestrelo.
De
Lisboa escreveu
para toda a Europa, a dar conta da descoberta realizada. Qual o objectivo ?
Desviar as atenções de Africa, centrando-as agora nas terras, a 33 dias de
viagem a Ocidente !
Regresso
e Mudança de Identidades
O
êxito obtido na primeira viagem (1492/1493) levaram Lopo e Henrique de Albuquerque a ir para
Espanha, assim como outros membros da sua família.
Colombo e
os seus dois irmãos não
sabiam uma única palavra escrita ou falada de italiano, nem de
nenhum dos seus dialectos. Comunicam entre si num espanhol
aportuguesado e escrevem em latim.
Diego
Colon: Alguém, em 1493,
acompanha Colombo (Henrique de Albuquerque) às Indias e afirma-se seu irmão.
Revela uma grande experiência de comando, exercendo em pouco tempo as funções
de governador. O seu verdadeiro nome tem o apelido Melo. Seria um dos Albuquerques de Angeja ainda não identificado ?
Tudo aponta para que assim seja.
Bartolomeu
Colon. Em fins de 1493,
alguém que se faz passar por Bartolomeu
Colon, cujo nome verdadeiro possui o apelido Melo, embarca
também para as Indias. Possui uma enorme capacidade de comando, nomeadamente de
navios.
Para além de Henrique de Albuquerque, a
outra hipótese possível seria Lopo
de Albuquerque. Vindo de França
entrou em Espanha, em 1493, na mesma altura que Colombo (Pedro de Albuquerque) é
recebido pelos reis católicos em Barcelona.
No entanto, a sua situação
era muito
complicada em relação a Portugal. Não nos podemos esquecer que andara em Londres
(1488) a incitar os mercadores
ingleses a irem para a Guiné, algo que D. João II não lhe perdoa. Esta
é a razão que o mandou prender.
A
forma encontrada para o livrar de ser perseguido, foi encenar a sua morte. No Convento de Santo António da Castanheira (Vila Franca de
Xira), está a sua sepultura com a data do seu falecimento: 1493 !. Uma
data que é referida também por Rui de Pina e André de Resende, cronistas do
reino. A
verdade é que estava vivo ainda em 1496, exercendo o importante cargo de
Corregedor em Baeza-Ubeda (Espanha). Dado oficialmente como morto em Portugal,
continuava vivo em Espanha, apoiando os seus irmãos.
A questão do
apelido Melo encaixa-se aqui plenamente, pois como veremos, estes Albuquerques de
Angeja eram descendentes de Vasco Martins de Melo.
Novas Provas de
Fidelidade
A fidelidade para
com o rei de Portugal, obriga Pedro de Albuquerque a uma vida de duplicidades e
segredos, que impõe a toda a família.
Tratado de
Tordesilhas. Durante as
negociações do Tratado de Tordesilhas, Pedro de Albuquerque (Colombo),
recusa-se a dar as posições exactas da Indias aos espanhóis. Ao longo de 6
anos andou a saltar de ilha em Ilha sem nunca atingir o continente americano.
Terra Firme.
Quando é que o fez
? Somente depois de ter passado mais de um ano depois de Vasco da Gama ter partido para a India
(Junho de 1497), e
só após D. Manuel I sido jurado herdeiro do trono de Castela em
Toledo (1498). Mesmo assim, retardou o mais que pode a comunicação da
informação aos reis espanhóis. O local onde aportou (Venzuela), ficava muito
a oeste da linha do Tratado de Tordesilhas.
Em todo o caso,
afirma que não descobrira nada, mas apenas foi confirmar a existência do
continente que D. João II lhe havia falado existir a sul...
Defesa
de Portugueses.
Ao
longo dos anos Pedro de Albuquerque (Colombo) revelou-se português de uma
extrema fidelidade aos reis de Portugal, dando disso inúmeras provas.
Por
volta de 1500, nas Indias, interrogava os espanhóis para inquirir se os mesmos
haviam vendido armas aos muçulmanos no Norte de África, colocando assim em
perigo as fortalezas portuguesas, como a de Safim. Os que o confessavam terem
vendido eram
sumariamente executados.
Na sua última
viagem às Indias fez questão de primeiro ir socorrer os portugueses que
estavam cercados em Arzila (1502), e com o apoio de Diego Mendes de Segura
continuou a mentir descaradamente sobre o que encontrara nas Indias.
Perseguição de
Espanhóis. Colombo
não se limitou a mentir de forma sistemática aos espanhóis sobre as Indias,
conduzindo-os a uma concepção errónea sobre a geografia da Terra. Espanhóis
e italianos ficaram convencidos, até 1530, que as Indias eram parte da Ásia.
Até ser preso, em 1500, procurou impedi-los por todos os meios de se fixaram
nas Indias.
Fragilidades
É dramática a
situação que Colombo enfrentam a partir 1499, quando Vasco da Gama, regressa
da India. Tornou-se evidente que andara a enganar os espanhóis passando a ser
acusado de traidor ao serviço dos portugueses. Alvaro de Bragança, em 1497,
teve a percepção clara do que lhe iria acontecer, e por isso negoceia o seu
Morgadio com a Corte Espanhola. O objectivo era tentar-lhe garantir títulos e
privilégios.
Colombo após ter
sido preso, em 1500, entra em pânico, pois sente que poderá estar em causa a
transmissão dos seus títulos e privilégios ao seu filho Diego, nascido em
Lisboa. É neste sentido que aceita a sugestão de um embaixador de obter uma
garantia internacional, através de um banco genovês, a troco de 10% dos seus
rendimentos. Como era obvio, tratava-se de um logro. Os genoveses tentavam agora
apropriar-se, em êxito, da sua fortuna. Mais
Ocultação
A
melhor forma de evitar acusações de traição era ocultar a identidade destes
três irmãos, o que será feito de forma sistemática ao longo dos anos pela
corte portuguesa.
-
Bartolomeu Marchione, com a sua rede de agentes desde Itália até ao Norte da
Europa, divulga junto dos genoveses a ideia que o mesmo era genoves. Uma ideia
que alguns deles agarram para tentarem tirar algum lucro da situação.
-
A família de Lopo de Albuquerque (bartolomeu), no seu túmulo
em Santo António da Castanheira escreve que morreu em 1493, na realidade ainda
estava vivo em 1496.
-
Alvaro
de Bragança, presidente do Conselho Real de Castela desde 1489, proíbe que seja indicada
a naturalidade dos três irmãos. Controla tudo o que disse às expedições não
apenas em Espanha, mas depois de 1495 também em Portugal.
-
O
Cardeal Alpedrinha, a partir da Santa Sé, envolve os falsários italianos numa
manobra de ocultação, identificando-o como
genovês. Uma operação em que terá participado os
feitores de Portugal em Génova.
-
Os
cronistas portugueses deturpam factos, omitem outros ou mentem descaradamente
para proteger os três irmãos. D. João II trata Colombo por "Cristobal
Colon" (1488), mas Rui de Pina italiniza o seu nome e chama-lhe já "Colonbo"
e "Ytaliano" (1520).
- Pietro
Martire di Anghiera, o grande propagandistas das expedições espanholas, é
desde 1488 pago para atacar Portugal e diminuir os seus feitos marítimos,
omite deliberadamente a nacionalidade da quase totalidade dos navegadores
portugueses ao serviço de Espanha, incluindo Colombo. Chama-lhe "Colonus",mas
diz que o seu verdadeiro nome é outro, e atribui-lhe a ambígua naturalidade de "Ligure". Outros ladrões e
falsários italianos deram continuidade às suas mentiras e transformaram o
"Ligure" em "genovês", "milanês", etc. Mais
-
A Corte Espanhola, olhando para a posteridade
nunca o trata por Colombo, mas por Colom, Colon, e não autoriza que o tratem
por genovês ou
italiano, mas apenas por "português" (1487) ou "estrangeiro".
O documento de naturalização de Diego Colon (Henrique de Albuquerque), omite a
sua naturalidade.
-
Diego
Mendez de Segura, português, no final da vida de Colombo (Pedro de Albuquerque), numa altura que
este está completamente desacreditado, velho e cansado, assume o comando das operações
perpetuando o logro.O seu relato da 4ª.
viagem é uma completa mentira, de modo a encenar a insanidade mental do
"Almirante". Depois da morte de Colombo
(1506) passa a apoiar o seu filho Diego. Acusado de ser português, os seus bens
são confiscados. Resolve a situação, após longos anos de disputas judiciais,
afirmando que era espanhol, mas desde criança tinha sido criado por
portugueses.
Diego Mendes foi o único que "manteve" o nome, mas
teve que inventar um falsa origem.
Ainda
em 1600, os juízos espanhóis afirmam que a questão da sua nacionalidade de
Colombo (Pedro de Albuquerque) não
estava resolvida. Estavam convictos a questão da sua suposta naturalidade
italiana não passava de emaranhado de mentiras.
Mistérios
do Paço de Água de Peixes
Alvaro
de Bragança, em Janeiro de 1501, no auge do seu poder em Espanha, vem a
Portugal. Percebe que era altura de regressar ao seu reino. Na região de Cuba /
Alvito / Viana do Alentejo começa a adquirir vastas propriedades: Água de
Peixes (1501), Albergaria dos Fusos (1503, Cuba)
(7), Vila Ruiva (1503 ?), Vila Alva (?).
Qual
o seu objectivo ? A explicação está em Água de Peixes, um antigo solar
construído no século XIV por Vasco Martins de Melo, o antepassado comum à sua
esposa Filipa de Melo, mas também a Filipa Moniz Perestrelo,
Colombo (Pedro de Albuquerque).
Para
que não ficasse dúvidas sobre o significado desta ligação, no brasão dos
braganças que encima a entrada do solar, as flores da coroa foram substituídas
romãs, as
mesmas que estão representadas na célebre pintura no Alcázar de Sevilha.
Nesta uma personagem identificada vulgarmente como Colombo (Pedro de
Albuquerque), usa um vestuário onde aparece distintamente um padrão de três
romãs e num canto uma coroa real.
Estamos em crer que se trata de Alvaro de
Bragança, e não de Colombo. Entre os seus domínios históricos contava-se Ferreira
das Aves (Satão), cuja localidade mais perto se chama justamente
"romãs". A coroa identifica-o como sendo de origem real. O facto que
liga todas estas referências é o de ter sido justamente o fundador e primeiro
presidente da Casa da Contratação, onde a pintura se encontrava.
O
projecto de Alvaro de Bragança em encontrar as raízes comuns às três
famílias, em pleno Alentejo, revela a possivelmente uma vivência intensa
nestes locais. Henrique de Albuquerque (Bartolomeu Colon), um dos três irmãos, tinha
igualmente uma enorme ligação ao Alentejo, pois casou-se com a filha do
donatário de Alcáçovas.
O
palácio de Alvaro de Bragança, em Lisboa, ficava justamente junto à Igreja de
S. Cristovão, nome que Colombo (Pedro de Albuquerque) adoptou como pseudónimo.
Todos estes factos revelam uma vivência comum, durante a infância, entre os dois
homens, quer em Lisboa, quer no Alentejo. O que poderá justificar a profusão de nomes
alentejanos que Colombo (Pedro de Albuquerque) atribuiu a terras e ilhas nas
Indias. Os seus netos vão também casar-se entre si.
A
Última Obra do Cardeal
O cunhado de Pedro
de Albuquerque (Colombo) se teve um papel activo nos Tratados de
Alcaçovas-Toledo (1479/80), mas sobretudo no Tratado de Tordesilhas (1494), no
entanto não concluiu nunca o seu trabalho. O papa nunca rectificou o último e
mais importante dos Tratados.
Desconhecemos a
razão porque o Cardeal apenas o permitiu em 1506 poucos meses antes de Colombo (Pedro de
Albuquerque) falecer.
Herdeiros
O
facto mais extraordinário desta sucessão de coincidências ocorre durante o
reinado de D. Manuel I.
Os
bens e títulos de Henrique de Albuquerque, o único herdeiro da sua família,
no final do século XV, são herdados pelos monizes descendentes da família de Filipa Moniz
Perestrelo esposa de Colombo (Pedro de Albuquerque).
Em Espanha Diego
Moniz herdou o títulos de Colombo. Em Portugal, os bens de Albuquerques de
Angeja foram herdados por Diogo Moniz seu parente... . A
coincidência é total.
A
mãe dos três irmãos Albuquerque de Angeja era parente de D. Nuno Alvares
Pereira. No final do século XVI, os únicos herdeiros de Colombo eram os
descendentes directos do Santo Condestável. Ambos, curiosamente, tinham
cabelos ruivos e muitos outros aspectos físicos em comum.
Provas
-
Inúmeras coincidências entre os três irmãos Albuquerque de Angeja e os
irmãos de Colombo.
-
Muito factos documentalmente provados.
Carlos Fontes
|