Colombo: Espanhol ?
Henrique
de Albuquerque
Desde
muito novo andava no corso. Em 1460, como vimos, foi preso com o seu irmão nas
costas do reino de Aragão.
Foi
alcaide-mor de Marvão (carta real de 23/3/1474).
Não
terá participado na conjura, de 1483 ou de 1484, aparentemente por isso foi
salvo e largamente recompensado pelo rei.
Meses
antes da conspiração, a 7/4/1484, D. João II nomeia-o fronteiro e capitão de
Marvão, revelando ter nele plena confiança.
Atendendo
à morte e ausência dos seus dois irmãos, a 25/6/1486 pede a
confirmação do senhorio de Angeja e de Pinheiro, que eram do seu avô (Pedro Vaz da
Cunha) e do seu bisavô (Vasco Martins da Cunha). Um mês depois é-lhe
concedida uma importante tença, no almoxarife de Portalegre.
Não
se lhe conhece o rasto depois de 1486, sendo dado como falecido em 1497 (1) ou
1498 (2).
A
inscrição que consta no túmulo de João Afonso de Albuquerque e da sua esposa
Helena Pereira, refere que tiveram três filhos. Os nome de Pedro e de Henrique
de Albuquerque são os únicos que não são perceptíveis. Houve a clara
intenção de os apagar. Porquê ?
1.
Catarina Henriques
Henrique
de Albuquerque era casado com
Catarina Henriques (3), filha do 1º. senhor de Alcáçovas - Fernando
Henriques (c.1385-1452),
neto de Enrique II de Castela e de Beatriz Fernandez de Angulo, senhora de
Villa Franca, junto a Cordoba. A sua mãe - Branca
de Melo, senhora de Barbacena-, era filha de Martim Afonso de Melo, guarda-mor,
alcaide de Évora e de Olivença, e de Briolanja de Sousa.
Henrique
e Catarina não tiveram
descendência.
Catarina
era irmã de - Henrique Henriques (? -1505)- o 2º. senhor Senhor de Alcáçovas,
aposentador-mor de
D. Afonso V, D. João II e D. Manuel I. Casou-se duas vezes: a primeira, em
1480, com Filipa de Noronha, filha do 2º. Donatário do
Funchal, João Gonçalves da Câmara e de Maria de Noronha,
descendente de Enrique II de Castela. A segunda com Leonor da Silva.
Seu
filho, João Henriques fez assento na Ponta do Sol, esteve no cerco de
Safim e serviu na India. Casou-se com D. Joana de Abreu (dos Andrades, do Arco). Recorde-se
que Colombo, em 1500, andava preocupado com a venda de armas dos
espanhóis aos mouros, pois as mesmas podiam servir atacar Safim.
Henrique
estava, deste modo ligado por laços familiares, aos Henriques de Cordoba
(Espanha), assim como aos zarco da Madeira e melo de Cuba.
O
ramo dos monizes a que pertencia Filipa Moniz Perestrelo, no
final do século XV, foram os herdeiros dos Albuquerques de Angeja, cujo último
membro foi Henrique de Albuquerque.
2.
"Colombo, o Moço" ?
Fernando Colón
refere uma possível ligação do seu pai a um célebre corsário - Colombo,
o Moço - que em 1485 atacou navios venezianos ao largo da costa
portuguesa. Trata-se de uma alcunha, pois o verdadeiro nome deste corsário era Jorge
Bissipat, o grego.
Acontece que a família
de Bissipat, conforme revelou Manuel Rosa, estava ligada ao Conde de Monsanto
de Portugal, por via de Louis de Dommartin, senhor de Fontenoy-le-Château,
descendente de Margarida de Castro, irmã de Alvaro de Castro , 1º.
Conde de Monsanto, e de Philippa de la mark, filha de Hélene de Bissipat,
viscondessa de Falaise.
O avô de Alvaro de
Castro, foi o 1º. conde de Arraiolos,1º. Condestável de Portugal, alcaide-mor
de Lisboa e da varonia dos últimos almirantes de Portugal.
O pai de Alvaro de
Castro, foi alcaide-mor da Covilhã, governador da casa do Infante D. Henrique,
comandante da expedição às canárias (1424). O tio senhor do Cadaval, foi
também às Canárias em 1415 estudar as suas correntes oceânicas.
Era primo de Alvaro
de Bragança (Condestável de Portugal) e da Condessa de Lemos
(Beatriz de Castro).
O facto mais
interessante destas ligações familiares directas, é que 1º.Conde de
Monsanto, era camareiro-mor de D. Afonso V, e na corte deste rei, o grande
protector da família dos albuquerques de Angeja. Quando morreu em Arzila
(1471) - Lopo
de Albuquerque - sucede-lhe no cargo de camareiro-mor.
Podemos agora
colocar a hipótese de Pedro
de Albuquerque e do seu irmão Henrique de Albuquerque terem
andado com este corsário, dado que as datas e pormenores históricos são todos
coincidentes.
3.
Duques de Viseu-Beja
Henrique
e Catarina pertenciam à casa senhorial da
Infanta Beatriz de Lencastre (1430-1506),
mãe de D. Diogo (Duque de Viseu-Beja e mestre da Ordem de Cristo), D. Leonor (esposa de D. João
II) e D. Manuel
(futuro rei de Portugal) e de Dona Isabel, esposa de D. Fernando, Duque de
Bragança.
Marqueses de Montemor-o-Novo?
Alberto Gonçalves, em Portugal e a
sua História (Porto, 1939), escreve que o marques de Montemor, envolvido na
conspiração de 1483, era donatário de Alcáçovas, onde teria um palácio. Uma
informação que não conseguimos confirmar.
Estamos
perante o elo que faltava para unir os Albuquerque de Angeja ao principal grupo
dos conspiradores de 1483 e 1484, mas também ao grupo dos navegadores portugueses que
empreenderam viagens sistemáticas para Ocidente.
Este
facto frequentemente ignorado, poderá explicar a razão porque os irmãos
Albuquerque de Angeja estejam ligados
ao misterioso Colombo:
-
Henrique pertencia ao núcleo duro de uma das mais poderosas casas senhoriais de
Portugal, envolvida nas explorações marítimas para Ocidente.
Continuação
Carlos
Fontes
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