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Colombo, espanhol ? |
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1.
Falsificações Espanholas
A
biografia de Colombo destinada a sustentar a sua origem espanhola, a
partir do século XIX, é um autêntico repositório de disparates.
Em
todos os documentos oficiais espanhóis Colombo (Cristoval Colon) é tratado por
"português" ou "estrangeiro". Colombo também nunca disse que
era espanhol, nem sequer o seu filho espanhol o afirmou (Hernando Colón).
Quando
começaram as investigações contemporâneas sobre a origem, os
historiadores espanhóis rapidamente se aperceberam das trapalhices da biografia
italiana. Não era apenas documentos falsos ou falsificados que os italianos
exibiam, mas também as inúmeras contradições e anacronismos que os mesmos
continham. Era difícil aceitar tanta mentira, fazendo de conta que nada se
passava.
Não
havia qualquer ligação entre o tecelão genovês e o navegador que, em 1484,
saíra de Portugal para ir vender, durante sete anos, uma miragem aos reis de
Espanha.
A
partir daqui deram o salto e começaram a falar que Colombo só podia ser
espanhol, não tardando também em falsificar documentos.
Entre os historiadores espanhóis,
no século XIX, procuraram fundamentar a tese da origem espanhola de Colombo,
com duas variantes regionais: a galega e a catalã. Estas ideias foram
prosseguidas ao longo do século XX, embora cada vez com menos entusiasmo. Os
historiadores espanhóis rapidamente se aperceberam das contradições e
insuficiências das suas próprias ideias.
- Teses
Galegas.
A primeira tese é da
autoria de Celso
Garcia de La Riega (1844-1914)
(7), tendo sido prosseguida por outros historiadores galegos. Os seus
argumentos são os seguintes: 1. Haviam na Galiza vários judeus galegos com o
nome de Colon; 2. A cidade de Pontevedra tem o maior número de Colóns e
localidades cujos nomes são parecidos com os das Antilhas, logo esta é a sua
terra de origem. Falsificações.
A tese galega teve um enorme impulso quando, em 1898,
foram publicadas umas "Actas" descobertas em Pontevedra, tendo na
altura causado grande alarido. Os 23 documentos foram analisados
pela Academia de História de Madrid que confirmou que na sua quase totalidade
eram falsos ou haviam sido falsificados. Numa nova análise em 1928 foram todos
rejeitados. Os espanhóis que haviam acusado os italianos de falsários estavam
a aprender rapidamente a arte da aldrabice. O assunto acabou por ser
esquecido pelos historiadores.
A segunda tese galega deve-se a Alfonso Philipot Abeledo (8), parte da constatação que o apelido Colón, no século XV, era muito divulgado
na Galiza. Depois que Colombo não era um plebeu, mas um nobre, ligado a uma
família de almirantes galegos e a Portugal. Identifica Cristovão Colombo com
Pedro Álvarez de Sotomayor, filho bastardo de Yáñez de Sotomayor, senhor da casa
dos Sotomayor de Pontevedra. Pedro Alvarez, também conhecido por Pedro
Madruga, entre 1441-1446 esteve no Convento de santo Domingo em Tuy. Em 1459
andou ao serviço da Casa de Anjou, como mercenário. Em 1463 veio para Portugal,
tendo no ano seguinte se casado com Teresa de Távora. D. Afonso V deu-lhe o
título de Conde de Caminha. Entre 1467 e 1469 andou envolvido em lutas na
Galiza. Em 1474 toma o partido de Joana, dita, a Beltraneja. Em 1476 é preso
quando combatia por Portugal em Toro. D. Afonso V consegue a sua
libertação tendo regressado a Portugal. Intimamente relacionado com a corte
portuguesa, teve acesso ao seus segredos marítimos. Em 1486, no mais completo
segredo, apresentou o seu plano, ou melhor dizendo, o segredo de terras a
Ocidente, aos reis espanhóis, tendo adoptado nome de Cristobal Colón. Comentário:
a principal consistência desta tese galega, reside na exploração das ligações de
um nobre galego a Portugal e a portugueses. Tantas são as ligações que é a
dificuldade consiste em seleccionar qual o nobre que melhor se encaixa. Resta
dizer que Colombo, nesta história galega, nasceu em 1432. José Ramón Fontán,
corrigiu esta data para 1446 (9).
- Teses catalãs
A principal tese é da autoria de Luís
Ulloa (Peru, 1869),
prosseguida por outros historiadores catalanistas. Os seus argumentos são os
seguintes:
1. Colom (Colombo) era filho do corsário francês denominado
"Colombo, o Velho" ;
2. Abraçou a causa dos franceses (
Renato d’Anjou), em 1472/73, na tentativa de anexar a Catalunha à França,
contra as pretensões do rei de Aragão; 3. Após a derrota dos franceses
tornou-se corsário;
3. Por motivos políticos usava também o nome
de "Cristobal Colón" ou “Colombo, o moço”, para se
distinguir do seu pai " Colombo, o velho";
4. Em 1476 naufragou
nas costas de Portugal, perto do Cabo de S. Vicente.
5. Mais tarde, rico
e famoso, num ataque de remorsos de consciência por ter roubado e matado
genoveses, resolveu compensá-los pelas perdas que lhes provocou contemplando-os
no seu Testamento (falso por sinal).
Esta
tese não tem ponta por onde se lhe pegue, tantas são as incoerências e
desrespeito por factos históricos elementares.
Falsificações.
Na falta de documentos, os catalães inventaram-nos. Em 1930,
apareceu na Biblioteca da Universidade de Barcelona, uma reprodução de um
documento cujo original datava de 1494, e que teria sido escrito pelo Conde
Giovanni dei Borromei. Fora descoberto na casa do dito Conde, na capa de um dos
seus livros.
Neste
documento um comprovado falsário italiano - Piero Martir di Angliera - teria afirmado
que mentira quando disse que Colombo era da Ligúria, quando na realidade ele era
da Ilha de Maiorca. Comprovou-se que o documento era falso, tendo sido
rapidamente esquecido.
A
sucessão de aldrabices espanholas abrandou, quando já ameaçavam superar as
dos italianos.
a) A Importância da Propaganda nos
Descobrimentos
Quando Colombo regressa das Indias,
e a partir de Lisboa, comunica para toda a Europa a sua descoberta, a Espanha
acorda propaganda nos descobrimentos. A nacionalidade dos navegadores, o anúncio
antecipado de uma dada descoberta, não apenas trazem prestígio, como constituem
importantes trunfos nas negociações internacionais sobre a posse dos territórios
descobertos.
A Espanha neste sentido, contratou
propagandista como Piero Martir di
Angliera que modifica a nacionalidade de navegadores como Juan Diaz de
Sólis. Antedata mapas como o de Juan La Cosa, planisfério concluído em 1509, mas com a data de 1500.
Altera as datadas de expedições, como fez Antonio de Herrera y Tordesillas,
por exemplo, na conhecida Historia General de los Hechos de los Castellanos
en las Islas y Tierra Firme del Mar Océano, quando antecipa a expedição de
Vicente Yanes Pizon e do português Juan Dias de Sólis de 1508-9 para 1506 e, a
de Sólis ao Rio da Prata em 1515 para 1508, para afirmar que foram os espanhóis
os primeiros a chegar à Argentina e não os portugueses (1511/12) ... Mais
É hoje evidente que a "Política do Sigílio" prosseguida pelos
reis portugueses desde o século XV, facilitava a afirmação de todos os falsos
descobridores, ao impedir que os verdadeiros divulgassem as suas descobertas.
O problema tornou-se muito claro,
no século XVI, para descobridores como Afonso de Albuquerque que procuram
dar o devido relevo aos seus feitos, desde logo ao fazerem-se acompanhar de
letrados, e escreverem memórias do que haviam feito (10).
Ocultações
Espanholas
A Espanha
sempre sentiu com algum incómodo que os seus principais descobrimentos e
conquistas tenham sido feitos por estrangeiros, em particular os
portugueses. O assunto é particularmente penoso na Andaluzia. Os
historiadores locais fazem um verdadeiro trabalho de mistificação
histórica ocultando e alterando, por exemplo, a origem dos navegadores.
Alguns exemplos:
- João
Dias de Sólis (Juan Diaz de Solís, em castelhano), embora não haja
dúvidas quanto à sua origem portuguesa, é apresentado como sendo de
Nebrija, junto a Sevilha. Um dos primeiros aldrabões a fazê-lo foi Pedro
Matir de Anglería. Mais
- Aleixo Garcia (Alejo García, em castelhano),
piloto e capitão português, é apontado como andaluz.
- Diogo
Garcia (Diego García, em castelhano), piloto e capitão português, é
mencionado como natural
de Moguer, mas apenas residia nesta localidade (vizinho).
- Os
célebres irmãos e pilotos João Rodrigues de Mafra (Juan Rodriguez
de Mafra) e Diogo de Lepe (Diego de Lepe), de "vizinhos" foram
transformados em naturais de Palos e Lepe, respectivamente. Mais
Outros
portugueses, devido à "dificuldade" sentida por estes historiadores em
lhes atribuirem uma qualquer localidade andaluza, são simplesmente
classificados como "espanhóis", "castelhanos" ou até "galegos":
- Diogo
Mendes de Segura (Diego Mendez, em castelhano). Secretário de
Colombo e do seu filho Diego Colon, e marinheiro por força das
circunstâncias. No final da vida, para fugir às perseguições dos
espanhóis, teve que inventar a história que quando era ainda uma
criança, fora dado pelos pais a uma familia de nobres portugueses, os
Condes de Penamacor. Mais
- Luis
Vaz de Torres, figura como "galego"ou "espanhol"
- João
Rodrigues Cabrilho, o grande explorador a Califórnia, é
insistentemente dado como espanhol.
etc. |
Propagandistas
Desde
o século XV que os italianos eram conhecidos como grandes mestres na
fabricação de histórias e na propaganda. É
neste sentido que os vários reinos da Península Ibérica, como Portugal,
Castela e Aragão os contratam para elaborarem textos de propaganda em
latim, a língua internacional da época, os quais eram depois difundidos pela cristandade.
Um
dos trabalhos em que eram mais utilizados era difusão do poder dos respectivos reinos, fazendo a apologia das suas
conquistas pretensamente determinada por motivos religiosos.
As
descobertas marítimas foram uma excelente campo de trabalho para estes
propagandistas italianos, como Pietro Martire di Anghiera em Espanha ou Giovanni Cataldo Parisio ( 1455-1517) em Portugal.
Hábeis
na propaganda internacional, promoveram igualmente falsos descobridores. Os espiões italianos recolhiam nestes reinos
ibéricos informações sobre as suas descobertas, as quais eram depois
divulgadas internacionalmente como obras de alegados dos seus navegadores.
Colombo,
como veremos, aparece envolvido numa manobra de encobrimento da sua origem, para
a qual aliás contribuiu, e que veio a fazer dele um "genovês". Para
descobrir-se hoje a sua verdadeira identidade é preciso desmontar grande parte
do que foi sobre ele escrito. Mais
1. Pietro Martire di Anghiera (1457-1526), o mentiroso
Desde
1488 que este italiano estava ao serviço da corte espanhola, trabalhando na
propaganda em latim das suas conquistas.
Fora recrutado em Roma por - Íñigo
López de Mendonza y Quiñones, II Conde de Tendilla (1440 - 1515) - um dos
apoiantes incondicionais de Fernando de Aragão. O seu tio era o conhecido
"Gran Cardenal" Pedro González de Mendoza.
Na família dos Mendoza
(Mendonça) estavam bem presentes a morte de alguns do seus membros na batalha de Aljubarrota, um facto que explicará em parte as posições extremadas de
D`Anghiera sobre Portugal Mais.
Nutria um profundo ódio aos
portugueses, que procurou denegrir na sua propaganda. Atendendo às provas
dadas na sua actividade propagandística, os reis espanhóis nomearam-no em 1510
cronista das indias espanholas.
Para
além das suas cartas, a sua principal obra - Décadas do Novo Mundo (De Orbe
Novo) -constitui a primeira história da descoberta das Indias por Colombo e das
conquistas e descobertas espanholas posteriores.
A primeira Década, que corresponde à
descoberta da América, foi escrita entre 1493 e 1510. D`Anghiera neste longo
período, refundiu dois livros em um, agregando depois de 1510 mais um para
completar a Década.
Esta Década, como veremos foi
publicada em Itália em 1504 e 1507, sem autorização do autor. Em 1511, surgiu em
Sevilha, uma nova edição, agora com 74 fólios, mas também sem a autorização de
D`Anghiera.
Cinco anos depois, em Alcalá de
Henares, surgiu primeira edição autorizada, sendo publicadas as três primeiras
Décadas (1516). As edições em Espanha foram sempre em língua latina. Em 1526
conclui a oitava e última década.
1.1.
Ódio a Portugal
Nas
suas cartas, mas sobretudo em De Orbe Novo (Décadas), D `Anghiere revela um enorme ódio aos
portugueses.
Eles eram os grandes rivais das
republicas italianos, mas também da corte espanhola que lhe pagava o soldo para escrever.
Falta de legitimidade
Uma
das coisas que procurou sustentar era que Portugal não tinha legitimidade para
se reclamar herdeiro da antiga Lusitânia (12) (Década II, cap. VII,1514). Na
Década VI, cap. X, procura enumerar as terras da antiga Lusitânia que pertenciam a Espanha.
Alteração de nomes
Para
diminuir a importância de Portugal, os nomes de terras descobertas pelos
portugueses são identificados com nomes atribuídos por antigos cosmógrafos. As Ilhas
de Cabo Verde, por exemplo, são identificadas como as antigas "Gorgonas"
.
A
sua grande obra de falsificação foi contudo mostrar que os portugueses não
eram portugueses. Nunca os tratou por "lusitani" (lusitanos), mas
apenas "portugalensis". No final da Década VI, colocou em causa que
Portugal fosse a continuidade do Condado de Portucalense, e nesse sentido
abandonou o termo "portucalensis" e passou a tratar os
portugueses por "portogalicus". Um nome com claras conotações
ofensivas.
Foi
justamente este o expediente, como veremos, que usou em relação à identidade
de
Colombo.
Portugal enclave de Castela
D`Anghiere afirma que Portugal não tinha
razão de existir, pois nascera e estava encravado no reino de Castela e carecia dos
seus cereais para puder sobreviver.
Anexação de Portugal
A última Década (VIII) termina com um discurso
emotivo dirigido a Carlos V. Manifesta o seu descontentamento por este te
casado, em 1526, com Isabel de Portugal. Lembrava-lhe os portugueses fizeram
aos tripulantes das naus Victoria e Trinidad da armada de Fernão
de Magalhães, exigindo-lhe vingança, sangue. A referência a à nau Vitória tem implícita a questão da morte do seu comandante - Luis de Mondoza -
degolado por um português.
Deplorou também o acordo com D. João III sobre
as Molucas, em 1529, afirmando que se tratava de uma afronta à Espanha.
A
parte mais importante aparece mesmo no fim da obra, quando apela a Carlos V para
que não se esqueça de lutar pela anexação de Portugal por Castela:
"
É preciso que o imperador se esforce por fazer entrar Portugal sob a
dominação de Castela. O rei Filipe (Duque da Borgonha e Arquiduque da Áustria,
filho de Maximiliano I de Habsburgo), pai do imperador, teve um dia o pensamento
de o fazer, e nunca escondeu este objectivo. O tempo dirá qual a sentença que
se cumprirá".
Com
estas ideias em mente dificilmente estaria disposto a aceitar a origem
portuguesa de Colombo. A nacionalidade portuguesa de outros navegadores ao
serviço de Espanha é igualmente omitida nas suas obras. Não se tratava de um
caso único.
Omissão e deturpação da Nacionalidade Portuguesa dos Navegadores.
D `Anghiere
consegue uma verdadeira proeza nas Décadas (História das Indias) ao mencionar
vários navegadores portugueses que estiveram ao serviço dos reis de Espanha,
como Fernão de Magalhães, mas nunca mencionar a sua nacionalidade.
Noutros
casos, como o do experimentado navegador João
Dias de Solis, piloto maior da Casa da Contratação em Sevilha, afirma
claramente que o mesmo era espanhol. Uma mentira que muitos outros não tardaram
em repetir até à exaustão.
É
fácil de perceber, a razão porque o mesmo jamais poderia indicar a
nacionalidade portuguesa de Colombo.
Falsos descobridores e cartógrafos
A
mentira sistemática a que se entrega Pedro Martir de Anghiera, leva-o proclamar
Hojeda, Vicente Yanez Pinzon e Américo Vespúcio como os descobridores do
Brasil !
Promove
inclusive Vespúcio a cartógrafo de Portugal, afirmando numa carta ao papa
Leão X, que o primeiro mapa português do Brasil, onde são já registadas as
suas enormes dimensões, foi realizada sob a direcção de Vespucio (cfr.
Anghiera, De Orbe Novo, X, p.271).
O
seu objectivo era mostrar que dois espanhóis e um italiano haviam
descoberto o Brasil alguns meses antes de Pedro Alvares Cabral.
1.2.
Identidade de Cristovão Colombo.
Em relação à identidade de Colombo,
como já dissemos, apostou na confusão. Nunca o tratou por Colombo, mas por Colunus e ligure.
. |
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Historia das
Falsificações Espanholas
Não foram apenas os
italianos, como veremos, a falsificarem documentos sobre Colombo. Os
espanhóis foram dos primeiros a fazê-lo, de forma sistemática, desde o século XV: Os nomes
de muitas personagens importantes foram trocados ou omitidos, desapareceram com
os originais dos documentos e só mostraram cópias adulteradas, etc.
As razões
porque o fizeram são as mais diversas. Colombo, para todos os efeitos, era um
estrangeiro, casado com uma nobre portuguesa, vivia em casa de portugueses em
Sevilha, era amigo de um rei português (D. João II), estava ligado a banqueiros
(portugueses e florentinos) todos ligados a Portugal, etc.
O seu objectivo é
quase sempre o mesmo: ocultar a ligação de Colombo a Portugal. Uma intenção que, como veremos, se
mostrou condenada ao fracasso.
b) Reis
Espanhóis
Em
Espanha, a documentação oficial omite a origem de Colombo, assim como a dos
seus irmãos. Tratam-no por estrangeiro ou por "português, os seus irmãos
como estrangeiros. Um facto que revela uma clara intenção de esconder a sua
origem.
Protecção. A razão para esta ocultação está
provavelmente ligada ao um qualquer processo de protecção. Recorde-se que Colombo
fugiu para Castela, em 1484, numa altura que ocorria em Portugal uma
conspiração contra D. João II, que acusou os reis espanhóis de
terem instigado as conspirações de 1483
e 1484. Alguns dos conspiradores que fugiram para o estrangeiro foram mortos e
perseguidos.
Em
Castela vivia rodeado de nobres portugueses exilados. A ocultação da sua
identidade foi um expediente largamente utilizado em Castela para
proteger muitos nobres portugueses. Este
facto explica porque, D.João II, em 1488, lhe escreve dizendo o perdoa e
autoriza a regressar a Portugal. Este facto revela que teria aqui um contencioso
com a justiça.
Evitar
Tentações portuguesas. A descoberta das indias
(América) ao serviço de Espanha, para além de representar uma traição a Portugal,
implicava para os reis espanhóis um potencial problema: D. João II podia
reclamar a posse destas descobertas por terem sido feitas por um seu subdito. A
atribuição de uma outra identidade a este navegador, nomeadamente italiana,
alterava a situação.
A
Itália, tal como a hoje conhecemos não existia. Era um conjunto de Estados
governados por grandes senhores e frágeis monarcas, sendo os seus territórios
disputados pela França, Espanha e até a Turquia.
Os italianos haviam
aprendido com os portugueses a arte de navegar no Oceano Atlântico, mas ao
contrário destes não tinham no final do século XV nem poder, nem uma armada capaz de fazer frente à
Espanha.
Os
portugueses ao contrário dos italianos disputava o mundo com os espanhóis.
Tinha uma poderosa armada pronta a actuar não apenas no Atlântico, mas também
no Mediterrâneo. A guerra de 1476-1479, demonstrou que em caso de conflito os
portugueses conseguiam isolar as Canárias e com maior facilidade o fariam no acesso dos
espanhóis às Indias.
Neste
sentido, a melhor forma de evitar qualquer tentação portuguesa de reclamarem a
posse das Indias era ocultar a verdadeira identidade de Colombo.
A versão de Colombo
genovês interessava-lhes, pois sabiam que esta república italiana não
tinha qualquer poder para reclamar fosse o que fosse, nomeadamente terras
descobertas por um dos seus naturais.
1.Contra Ofensiva
O
medo dos reis espanhóis tinha também fundadas razões no próprio
comportamento de Colombo.
Após
o seu regresso da 1ª. viagem começou a levantar fortes suspeitas que se
tratava de um espião português. Deu provas mais que suficientes aos reis
espanhóis que os estava a atraiçoar. Logo no regresso da sua 1ª. viagem às
Indias (Março de 1493), dirigiu-se para Lisboa onde esteve 10 dias, tendo
conferenciado com D. João II, rei de Portugal. Dirigiu-se depois para Palos
(Espanha), onde durante 15 dias conferenciou com o padre português João Peres
Marchena. Nesta altura insistiu
para que a Espanha firmasse um novo tratado com Portugal, indicando os limites a
estabelecer na divisão do mundo, mas depois recusou-se a entregar informações
precisas sobre as suas descobertas.
Recorde-se
que a partir de 1493 os espanhóis começam a isolar Colombo, afastando a rede
de portugueses que andavam a sua volta, e usam os serviços dos italianos numa
contra-ofensiva:
- Um dos italianos indicados pela Corte - Bernal de
Pisa -, aparece logo na segunda viagem (iniciada a 25 de Setembro de 1493) à
frente de uma rebelião contra Colombo. Na terceira viagem outro italiano -
Giovani António Colombo - é um dos cabecilhas de uma nova revolta contra
Colombo. Os exemplos multiplicaram-se aos longo dos anos.
-
Os portos ligados às expedições de Colombo, como o de Palos, passam a ser
controlados pela Corte e são afastados do seu controlo os nobres com ligações
a Portugal.
-
A partir de 1497, a própria Corte passa a dirigir os negócios das Indias,
impondo sérias restrições à participação de estrangeiros, sendo o
portugueses os principais visados.
2.
Ambiguidade
Apesar de lhes
interessar a ideia que Colombo ser italiano, a verdade é que os reis
espanhóis nunca aceitarem oficialmente
tratá-lo como tal.
Eles sabiam a verdade, e fizeram questão
de corrigir os altos funcionários da Corte que faziam esta confusão. Ainda em 1498, um
funcionário espanhol em Londres identifica Colombo como genovês, mas logo a
corte o corrige afirmando que se trata apenas de uma pessoa chamada Colon.
Também
nenhum dos seus irmãos foi identificado pelo Estado espanhol como italiano ou
lhe foi indicada uma qualquer nacionalidade. Dos
três irmãos, apenas Diego Colon se naturalizou espanhol para puder seguir a
carreira eclesiástica. Estamos perante uma situação inédita neste tipo de
processos.
3.
Destruição de Documentação
O mistério da nacionalidade de Colombo começou a jogar a favor de Espanha. O
segredo da sua verdadeira nacionalidade era a melhor forma de o controlar. O
próprio não a podia revelar sobretudo depois de 1497 quando se tornou claro que havia enganado os reis espanhóis. Se
admitisse que era português, seria acusado de traidor e seus privilégios retirados.
Ao
longo de todo o século XVI e XVII, os reis espanhóis tiveram uma especial
preocupação em destruírem todas as provas documentais de identidade de
Colombo, mas também das descobertas
portuguesas.
Carlos V,
em 1523, quando soube que Hernando Colon havia começado a investigar a nacionalidade
do seu pai em Portugal, tratou de imediato de o proibir.
No
final do século XVI, quando Filipe II descobre que o manuscrito de Duarte
Pacheco Pereira estava na posse de um espião
italiano,
moveu todos os meios para o adquiriu. Os espanhóis não tardaram a mutilá-lo,
nomeadamente retirando-lhe os seus preciosos mapas. O texto reportava-se à
época de Colombo.
No século XVII, quando a corte espanhola descobre que em
1641 havia sido publicado um relato da viagem de Pedro Teixeira entre Belém
(Brasil) e Quito (Equador), manda de imediato destruir a obra, de forma a evitar
a publicitação da proeza portuguesa. Neste caso estava em jogo uma possível
reivindicação de territórios por parte de Portugal, o que de facto
ocorreu.
c) Histografia
espanhola
Foi
por todas estas razões que no principio do século XVI, os espanhóis
alimentam a confusão lançada pelos falsários
italianos em
volta da verdadeira identidade de Colombo.
Uma das formas mais eficientes, foi produzir na época produz uma verdadeira ocultação
e confusão dos factos. Um dos melhores exemplos é a Sumario de la Natural Historia de las
Indias (1526) e a Historia General y Natural de las Indias (1535), de Gonzalo Fernández de Oviedo y Valdez. Ambas as obras estão repletas de inexactidões e
obedecem a um claro intuito político de impor a
versão oficial do factos que mais interessavam à Espanha de Carlos V. A
última das obras, a mais importante, começou a ser publicada
em 1535 e só terminou em 1855 (
! ) Ambas tem que ser lidas com enormes reservas. Dois
exemplos entre muitos outros.
Oviedo é dos primeiros a procurar
diminuir a importância de Colombo, afirmando que as ilhas que este descobrira
eram as antigas Hespérides, que pertenciam a um antigo rei de Espanha, chamado
Héspero (Hist. General, Liv. 2, cap.3). Colombo era assim, um usurpador de
terras que não lhe pertenciam (5).
A história de Oviedo não passa de
simples propaganda da Corte, numa altura em que os tribunais estão em conflito
com a família de Colombo. Não consultou nenhum documento de Colombo, revelando
aliás um enorme alergia aos arquivos. Não mostra sequer rigor nas datas. No
Sumario (1526) , escreve por exemplo, que Colombo descobriu as Indias em 1491 e
em 1492 veio a Barcelona ... Na História (1535), corrige alguns disparates
anteriores, mas escreve novos !
Uma das fontes dos novos erros foram as Decadas
de Anglería (Las Casas, Obras Completas, Estudio Critico Preliminar, vol.3,
pp.292-297), outro mistificador.
1.
Ocultação das relações com Portugal
Os
historiadores espanhóis que defendem a sua origem genovesa, de forma
sistemática tem procurado ocultar as ligações de Colombo a Portugal,
nomeadamente alterando os seus escritos para anular a sua origem
portuguesa. Juan Gil (1) demonstrou como, por força desta ocultação, muitas passagens dos seus escritos
de Colombo se tornaram ininteligíveis.
Aos nobres
portugueses que viviam exilados em Espanha, como Alvaro de Bragança, não lhes
interessava que Colombo fosse também identificado como português, pois dessa forma seriam
apontados como traidores. Como veremos,
participaram activamente nas expedições de Colombo, mas também na sua
ocultação.
Depois
de D. João II ter sido envenenado (1496), os reis de Portugal e Espanha estão
claramente empenhados numa União Ibérica. A questão da identidade
portuguesa de Colombo não interessava a ambas as cortes, porque se tornou claro
o mesmo havia servido de instrumento para uma corte enganar a outra, conduzindo-a
para uma falsa India.
D.Manuel I procura atenuar a
situação permitindo que Colombo, em 1498, pudesse entrar livremente nos
domínios de Portugal para ir para ver as terras que D. João II lhe falara.
2. Desvalorização da Descoberta da
América
Na época os historiadores espanhóis
procuraram desvalorizar as "descobertas" de Colombo de duas formas, a saber:
A primeira foi mostrar que já na
antiguidade filósofos como Platão ou geógrafos como Ptolomeu já descreviam as
terras e até da América que Colombo achara. Este limitara-se a redescobrir
aquilo que já os antigos conheciam. É impressionante as equivalências de nomes
que ao longo dos anos foram fazendo. As descobertas dos portugueses foram tratadas como simples redescobertas
de terras já descritas pelos antigos geografos.
A segunda forma de desvalorização,
que se acentuou a partir de 1550, foi mostrar que Colombo se havia apropriado de
conhecimentos de desconhecidos espanhóis. Neste sentido, os historiadores
espanhóis passam a fazer a História da América ( Indias Espanholas), como se
Colombo nunca tivesse existido.
3.
Pré-descobrimento da América por um espanhol
Os
espanhóis (castelhanos e aragoneses) tinham a clara noção que os portugueses,
e eventualmente o próprio Colombo já havia estado na América antes de 1492.
Desde o século XVI que tem procurado atribuir de forma sistemática este
pre-descobrimento a um espanhol
- Piloto Anónimo
Gonzalo Fernández de Oviedo, na Historia General (Lib.II,
cap.II, t.1; cap.IV e cap.V) (3), em 1535, regista uma história que até
ao nossos dias tem alimentado a imaginação dos espanhóis. Afirma ele que
entre os marinheiros de La Hispaniola contava-se que:
Uma
caravela que navegava entre Espanha e a Inglaterra foi surpreendida por uma
tempestade, que a arrastou para Ocidente, indo parar a ilhas desconhecidas a
poente. Aqui contactaram com gente que andava nua. Os tripulantes da caravela
acabaram por voltar (4 ou cinco), dirigindo-se para Portugal.
Colombo
alojou-os em sua casa, em Portugal, mas nenhum acabou por sobreviver. O "piloto
anónimo" desta caravela, antes de falecer, contou-lhe o segredo da
sua involuntária descoberta. Como era entendido em navegação astronómica e
cartografia fez-lhe uma carta (mapa) das ilhas, estabeleceu a rota que devia de
seguir (cap.V), determinou com precisão a distância a que ficavam, assim como
a duração da viagem (4 ou cinco meses) (cap.V). Colombo, segundo
Oviedo, confirmou o relato do piloto anónimo na sua primeira viagem.
A
história foi logo contada por outros historiadores e escritores, como Hernando
Colon, Gómara, Las Casas (Hist.Indias, Livro I, cap.14), Juan Victoria, Girolamo Benzoni, Metellus Seguanus, Garibâny y
Camálloa, Gaspar Fructuoso, Joseph de
Ácosta (1540-1600), Juan Mariana, Garciloso de la Vega (1539-1616), Simao de
Vasconcelos, Pedro de Mariz, Francisco Fonseca e tantos outros até aos nossos
dias.
Cada
versão, embora mantenha alguns aspectos similares, introduz pormenores mais ou
menos importantes. O local onde Colombo se encontrou com os sobreviventes, para
uns foi em Portugal (Oviedo), outros especificam o lugar: a Ilha da Madeira (Las Casas), a
Ilha do Porto Santo, Cabo Verde (Gomara) ou na Ilha Terceira (Açores).
A
principal mudança na história está todavia na nacionalidade do chamado piloto
anónimo. Os espanhóis têm-se esforçado por o identificar com um espanhol...
Oviedo
tem dúvidas sobre a sua nacionalidade, limitando-se a dizer que uns afirmam que
é andaluz outros português ou biscainho. Gomara (Cap.XIII) já diz que era espanhol, assim
como a caravela. Garcilaso de
la Vega, afirma que a viagem se realizou, em 1484, e que o suposto piloto - Alonso Sánchez,
era natural de Huelva.
A história do piloto anónimo no
século XVII, como podemos observar em Juan de Solórzano Pereira (De Indiarum
Iure, 1629), constituía um elemento central na versão oficial espanhola para
explicar a origem da ideia de Cristovão Colombo.
-
No século XVIII, surgiu a cópia de um manuscrito do cronista dos Duques de
Medina Sidónia, supostamente datado de 1544, no qual se afirma que Colombo
era de Milão. No regresso de uma viagem a Inglaterra, no meio de uma
tempestade, o navio em que seguia foi atirado para Santo Domingo.
Regressaram a Espanha, e foram depois a Inglaterra para convencer o rei
apoiá-los numa nova expedição, mas foram mal sucedidos. Vieram para Portugal,
onde consideraram a viagem impossível.
Foram a seguir ter com o Duque de Medina Sidónia, mas enquanto prosseguiam as
negociações, Colombo dirigiu-se à Corte Castelhana para apresentar a sua
proposta, que acabou por ser aceite em Julho de 1491.
A
história foi composta com base noutras histórias, nomeadamente de navegadores
portugueses. O objectivo é aqui o de demonstrar que Colombo, se serviu de uma
informação colectiva, para obter benefícios particulares.
- Farsa dos Pinzons
Três
irmãos -Martín Alonso Pinzón, Vicente Yáñez e Francisco Martín Pinzón, corsários-piratas de Palos que acompanharam Colombo na sua primeira
viagem. O primeiro, o mais experiente e poderoso, morreu poucos dias depois de
regressar.
Em
1532, Juan Martin Pinzón , filho de Martín Alonso Pinzon, reclama junto
da Corte espanhola parte dos um privilégios e rendimentos da família de
Colombo.
Os
seus argumentos são demolidores:
-
O seu pai já conhecia a existência das Indias (América), tendo obtido em Roma
um mapa das mesmas. As instruções necessárias para as atingir foram-lhes dadas
por Pedro Velasco que andou com um Infante de Portugal na sua exploração.
Colombo era um pobretanas, sem nenhum crédito, nem conhecimentos. Foi Martin
Alonso Pinzon que lhe deu o dinheiro para financiar a sua parte na expedição.
Os
pinzons já antes haviam reclamado, à posteriori, a descoberta do Brasil.Vicente
e Francisco Pinzon, vários anos depois de Pedro Alvares Cabral ter oficializado
a descoberta do Brasil (1500), vieram também afirmar que haviam sido eles os
primeiros a atingir este território da América do Sul, mais propriamente o
cabo de Santo Agostinho (Pernambuco). Não disseram nada, porque se aperceberem-se que estavam em domínios
de Portugal.
A
historiografia espanhola tem-se esforçado em divulgar mundialmente esta pseudo-descoberta
do Brasil, que só foram proclamadas numa altura que a costa brasileira
já estava amplamente explorada e cartografada
pelos portugueses. Mais
O
esquema foi sempre o mesmo, de modo a tentarem obter a primazia do descobrimento
da América antes de qualquer outro, sobretudo português.
- Os Testemunhos Forjados dos Pleitos
Colombinos
Após a partida de Vasco da Gama para
a India, Colombo começa a ser alvo de uma enorme perseguição. Os espanhóis têm
cada vez mais dados, para saberem que foram enganados. Em 1500 prendem-no, mas
conta ainda com grandes apoios na Corte, como D. Alvaro de Bragança. Os seus
privilégios e títulos hereditários são postos em causa. O seu filho - Diego
Colon - em 1508, reclama em Tribunal os direitos (privilégios e títulos)
herdados do seu pai. A sentença publicada Sevilha, em 1511, é-lhe desfavorável.
Diego Colon, entre 1512 e 1515,
sustenta um processo contra corte espanhola. O fiscal que foi nomeado para obter
testemunhos, através de "interrogatorios o probanzas", revela-se um mestre na
manipulação das testemunhas. As perguntas são feitas de modo a confundi-las
denegrindo a figura de Colombo, valorizando em contrapartida a figura de Martín
Alonso Pinzón (Agosto de 1515). A maioria dos testemunhos são falsos ou
forjados.
O novo processo entre 1534-35, sob a
direcção do novo fiscal (Villalobos), revela-se ainda mais tendencioso. As
perguntas são ambiguas, confusas. Sucedem-se os testemunhos fraudulentos,
nomeadamente do bando dos pinzons. O fiscal procura demonstrar que a descoberta
das Indias foi uma obra conjunta de Colombo e de Martin Pinzón. A comissão
arbitral (1537), acaba por suprimir o vice-reinando e o governo Geral das Indias.
O neto de Colombo - Luis Colón y
Toledo - passa a receber como compensação uma renda, um morgadio na ilha Jamaica
e 25 léguas na região de Verágua (Panamá), para além dos títulos de marquês e de
Duque, mantendo apenas o cargo de almirante. Em 1556, os privilégios anteriores
são de novo amputados: perde os direitos à região de Verágua e o cargo de
almirante, sendo apenas autorizado a usar o título honorifico de almirante. Em
1467 acaba por ser desterrado e preso em Orán, onde morre em 1572.
Os pleitos colombinos, neste longo
processo tornam-se um repositório de falsidades, onde as partes envolvidas
procuram defender a todo o custo os seus interesses. As testemunhas dizem aquilo
lhes foi pedido, daí as enormes contradições. A corte espanhola tem um objectivo
preciso: acabar com todos os privilégios e títulos de Colombo, sustentando que o
mesmo era um mentiroso e traidor, pelo que os seus descendentes nada tinham a
herdar.
e ) Frei
Bartolomeu de las Casas
A maior parte da
documentação que possuímos de Colombo, como os seus textos mis extensos, são cópias feitas por Frei
Bartolomeu de las Casas (Sevilha, 1474 - Madrid, 1566). Os originais
desapareceram. Durante décadas teve acesso não apenas aos seus
manuscritos, mas também à biblioteca de Hernando Colon. Depois da sua
morte, em 1539, a biblioteca passou para o convento de S.Pablo em Sevilha, onde
esteve entre 1544 e 1552. Las Casas teve a oportunidade de a consultar e dispor
da documentação conforme quis. Mais
f ) Hernando Colon
A primeira biografia de Colombo
foi escrita pelo seu filho. A obra serviu de base às notas biográficas
elaboradas por Las Casas, e está repleta de erros, mutilações e
falsificações. Tratou-se neste caso, não de exaltar os feitos dos espanhóis,
mas de os denegrir, lançando a confusão sobre a origem de colombo. Mais |
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Historietas Espanholas
Fazendo uso dos
mesmos processos postos em prática pelos italianos, inúmeros romancistas,
pintores e desenhadores espanhóis criaram cenas fantasiosas sobre a ligação de
Colombo a Espanha e aos reis católicos. Um tema particularmente sensível na
segunda metade do século XIX, numa altura que a exaltação de
pseudo-figuras nacionais foi levada ao rubro.(11).
Colón en
las puertas del convento de Santa María de la Rábida, pidiendo pan y agua para
su hijo (1858), Benito Mercadé y Fábregas, pintor catalão.
Colón en
La Rábida (1891), de Leandro
Izaguirre (1867 – 1941), pintor mexicano.
Museo Regional de Querétaro.
Convento Santa
Maria de a Rabida. Serviu (e serve) de cenário para todo o tipo de
historietas. Uma das mais divulgadas é a entrega por Cristovão Colombo de uma
criança (Diogo Colon, natural de Lisboa ) a um eremita (António de Marchena). Outras cenas ajudaram
a dar corpo a historietas locais ("Cristobal
Colon en la Rabida". Eduardo CANO DE LA PEÑA, etc).
Porto de Palos. A rainha
Isabel, a católica foi frequentemente representada a assistir à partida de
Colombo para as Indias, o que é uma completa mentira.
Cristóbal
Colón en la Corte española (1885), de Vaclav Brozik, pintor checo.
Enquanto Colombo discursa, sobre a mesa pode ver-se o cofre que Isabel, a
Católica entregou para financiar a viagem.
Isabel, rainha
de Castela. A entrega do seu cofre cheio de jóias para financiar a
primeira viagem, como é sabido, foi uma historieta inventada por Hernando Colón,
na sua La Historia del Almirante, que
depois foi aproveitada por fray Bartolomé de Las Casas, na Historia General de las Indias. A partir daqui muitos foram os que
difundiram e conceberam imagens desse momento (Tapiz de Cristobal Colon, Reales
Alcázares, Sevilla, etc).
etc. |
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Colombo noutras Paragens
A Colombo tornou-se num problema
para os espanhóis, um verdadeiro complexo (4). Para os italianos,
sobretudo, os genoveses, virou uma fonte absurda de prestígio. Mais
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Carlos
Fontes
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Notas:
(1 )
(3) Oviedo:
Liv.1 Cap.II.:
"Quieren decir
algunos que una carabela que desde España pasaba para Inglaterra cargada de
mercadurías e bastimentos, así como vinos e otras cosas que para aquella isla
se suelen cargar, de que ella caresce e tiene falta, acaesció que le
sobrevinieron tales e tan forzosos tiempos, e tan contrarios, que hobo de
nescesidad de correr al Poniente tantos días, que reconosció una o más de las
islas destas partes e Indias; e salió en tierra, e vido gente desnuda, de la
manera que acá la hay; y que cesados los vientos, que contra su voluntad acá
le trujeron, tomó agua y leña para volver a su primer camino. Dicen más: que
la mayor parte de la carga que este navío traía eran bastimentos e cosas de
comer, e vinos; y que así tuvieron con qué se sostener en tan largo viaje e
trabajo; e que después le hizo tiempo a su propósito, y tornó a dar la vuelta,
e tan favorable navegación le subcedió, que volvió a Europa, e fué a
Portugal. Pero como el viaje fuese tan largo y enojoso, y en especial a los que
con tanto temor e peligro forzados le hicieron, por presta que fuese su
navegación,
les turaría cuatro o cinco meses, o por ventura más, en venir acá e volver a
donde he dicho. Y en este tiempo se murió cuasi toda la gente del navío, e no
salieron en Portugal sino el piloto con tres o cuatro, o alguno más, de los
marineros, e todos ellos tan dolientes, que en breves días después de llegados
murieron.
Dícese, junto con esto, que este piloto era muy íntimo
amigo de Cristóbal Colom, y que entendía alguna cosa de las alturas; y marcó
aquella tierra que halló de la forma que es dicho, y en mucho secreto dió
parte dello a Colom, e le rogó que le hiciese una carta y asentase en ella
aquella tierra que havía visto. Dícese que él le recogió en su casa, como
amigo, y le hizo curar, porque también venía muy enfermo; pero que también se
murió como los otros, e que así quedó informado Colom de la tierra e navegación
destas partes, y en él solo se resumió este secreto. Unos dicen que este
maestre o piloto era andaluz; otros le hacen portugués; otros vizcaíno; otros
dicen quel Colom estaba entonces en la isla de la Madera, e otros quieren decir
que en las de Cabo Verde, y que allí aportó la carabela que he dicho, y él
hobo, por esta forma, noticia desta tierra.
Que esto pasase así o no, ninguno con verdad lo puede
afirmar; pero aquesta novela así anda por el mundo, entre la vulgar gente, de
la manera que es dicho. Para mí, yo lo tengo por falso, e, como dice el
Augustino: Melius, est dubitare de ocultis, quam litigare de incertis.
Mejor es dubdar en lo que no sabemos que porfiar lo que no está determinado."
Cap. IV:
"Movido, pues, Colom con este deseo, como hombre que
alcanzaba el secreto de tal arte de navegar (cuanto a andar el camino), como
docto varón en tal sciencia, o por estar certificado de la cosa por aviso del
piloto (que primero se dijo), que le dió noticia desta oculta tierra, en
Portugal o en las islas que dije (si aquello fué así), o por las auctoridades
que se tocaron en el capítulo antes déste, o en cualquier manera que su deseo
le llamase, trabajó, por medio de Bartolomé Colom, su hermano, con el rey
Enrique VII de Inglaterra (padre de Enrique VIII que hoy allí reina), que le
favoresciese e armase para descobrir estas mares occidentales, ofreciéndose a
le dar muchos tesoros, en acrescentamiento de su corona y Estados, de muy
grandes señoríos e reinos nuevos."
Cap.
"Y de haber salido tan verdadero el almirante en ver la
tierra en el tiempo que había dicho, se tuvo más sospecha que él estaba
certificado del piloto que se dijo que murió en su casa, segund se tocó de
suso. Y también podría ser que, viendo determinados a cuantos con él iban
para se tornar, dijese que si en tres días no viesen la tierra se volviesen,
confiando que Dios se la enseñaría en aquel término que les daba para no
perder trabajo e tiempo."
(5) Las Casas, em História de las
Indias, Tomo I, cap. 15 e 16, procurou desmontar esta argumentação, dizendo que
os territórios que foram espanhóis afinal correspondiam aos domínios portugueses
(Cabo Verde, Açores ...).
(7) Celso García de la Riega escreveu dois importantes
livros: Colón espanhol. Su origen y patria " e "La Gallega", nave capitana de
Colón, en el primer viaje del descubrimiento".
(8) Alfonso Philipot Abeledo- La Identidad de Cristobal Colón
(9) José Ramón
Fontán- Cristobal Colón, súbdito de Donã Isabel I de Castilla y gallego de
nación (Vigo, 1988)
(10) Sanchez, Carlos Alberto Gonzales -
Homo Viator, Homo Scriberis: cultura gráfica, informacion y gobierno en la....
(11) Garcia, Wifredo Rincón - Los Reys Catolicos en
la Pintura española del siglo XIX, in, Arbor CLXXXVIII, 701, Maio 2004, 129-161
pp.; Angles, Enrique Arías/ Garcia, Wifredo Rincon - La Imagen del
descubrimiento de America en la pintura......, in, Relaciones Artísticas entre
España y América ...
12 )Osório, Jorge A. - Reflexos de Tordesilhas numa nota antiportuguesa de Pedro
Mártir de Anghiera, in,
Revista da Faculdade de Letras, "Linguas e Literaturas", Porto, XI,
1994. pp 191-213.
(13) Paul Gaffarel, por exemplo,
na tradução que fez das oito décadas traduz ligure por genovês.
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Continuação:
2. Las Casas
3. Hernando Colon |
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As Provas do Colombo Português
As
Provas de Colombo Italiano |
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