Director: Carlos Fontes

 

 

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Patriotismo

 

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Patriotismo ?

O historiador Hermando José Saraiva, sustenta uma curiosa tese sobre os portugueses: as suas "elites" deixam-se vender aos inimigos de Portugal com grande facilidade, quem resiste e acaba por defender o próprio país é o "Povo".

Relação afectiva. O conceito de pátria é em primeiro lugar uma relação afectiva que se cria pelo lugar onde se nasceu ou se adoptou. As pessoas, histórias, paisagens, tradições e outros elementos locais passavam a fazer parte do imaginários, preocupações e sentimentos pessoais. Esta relação afectiva faz com que o patriota sinta como seus os problemas da sua comunidade, e se sinta a obrigação interior de dar a sua contribuição para os resolver. O patriotismo é, neste sentido, uma manifestação da vocação solidária e política do ser humano, que se revela frequentemente numa partilha de sentimentos (alegrias, tristezas, etc) dos membros de uma dada comunidade.  

Esta forte relação afectiva com a terra à qual se está ligado, para muitos filósofos é que dá significado a grande parte da existência humana. Sócrates recusa-se a sair da sua cidade (Atenas), quando lhe propõem a fuga. Aristóteles define o homem a partir de um topos (lugar), porque não concebe o homem desenraizado. Bakunin (anarquista), embora tenha assinalado a função solidária do patriotismo, não deixou de chamar a atenção para as perversões que podem resultar do patriotismo: a xenofobia (horror ao Outro) e nacionalismo (crença da superior face a outros).

Relação económica. O liberalismo, a partir do século XVII, ao valorizar a iniciativa individual, desvalorizou a noção de Pátria, substituindo-a pela noção de mercado. O marxismo, no século XIX, seguindo um velha tradição materialista, negou o papel da afectividade na política. O que movia os homens eram os seus interesses económicos, a pátria era uma ficção. Liberais e marxistas estavam de acordo um ponto: o capitalista não tem Pátria, tem apenas interesses próprios a defender. O conceito de pátria era uma ilusão que importava destruir, em especial junto dos trabalhadores.

A história das sociedades mostram-nos que o patriotismo não significa a negação da defesa dos próprios interesses económicos. Muitos grandes capitalistas, por exemplo, sem nunca descurarem do seus negócios revelaram uma relação extremamente afectiva com a sua pátria e os seus concidadãos. Uma coisa é certa, os interesses económicos sem ligação à pátria, facilmente se transformam pura rapina, saque de pessoas. O ser humano reduzido à sua dimensão económica torna-se num predador, vendo no Outro não pessoas, mas caça. 

Comunistas e Neoliberais. Nas últimas décadas a situação política em Portugal revelou uma estranha aproximação entre neoliberais e comunistas. Os primeiros (PSD) lutam pela des-regulação do mercado de forma a facilitar o seu saque. Os segundos, ao secundarizarem também o conceito de pátria, geraram um número muito significativo de iberistas e ideologos do capitalismo selvagem.

 

Traição à Pátria, o que é ?

Compromisso. Trair significa quebrar um compromisso. Qualquer país assenta num compromisso entre os seus membros actuais com outros das gerações que os precederam. Um compromisso que é assumido por cada nova geração, no qual se comprometem a preservar e ampliar os bens comuns (materiais, intangíveis, etc) que lhes foram foram legados pelas gerações anteriores.

Um  país como Portugal, é uma formidável obra colectiva construída ao longo de muitos séculos, fruto do sacrifício, vontade, trabalho, criatividade e afecto de milhões de pessoas. Cada português é o herdeiro de um imenso património que nenhum homem por si só seria capaz de criar e manter.  

O processo de socialização, isto é, a integração de um individuo desde que nasce numa dada comunidade, é a forma mais imediata de tornar conscientes aos novos membros dos compromissos que possuem com a comunidade que fazem parte. O acesso à cidadania é a plena consciência das implicações éticas e políticas destes compromissos colectivos. Neste sentido, os regimes democráticos são aqueles que se revelam mais ajustados há assunção destes compromissos, porque asseguram a igualdade e liberdade de todos os cidadãos nas deliberações sobre o seu futuro colectivo.

Abandono. O individuo que por uma razão qualquer abandona o seu país, não é nenhum traidor. A mudança de país é um direito que assiste a qualquer cidadão do mundo. Contudo, ao mudar de comunidade muda também de compromisso, passando a assumir de novas responsabilidades pois passa a desfrutar de bens que sucessivas gerações de outros países criaram e lhe são agora proporcionadas.  

Traição. A traição surge quando um membro de um dada comunidade onde nasceu ou foi acolhido, deliberadamente e através de acções conscientes concorre para quebrar os laços de confiança, respeito mútuo e solidariedade que unem os membros de uma comunidade, colocando em perigo o seu futuro colectivo. 

O iberista é um traidor, porque de forma deliberada procura destruir os afectos que unem os portugueses ao seu país (patriotismo), quebrando a ligação entre as gerações e minando a confiança no futuro de Portugal. 

Os políticos iberistas tem neste aspecto um dupla responsabilidade. Primeiro porque são cidadãos portugueses e depois porque os seus concidadãos lhes  deram o seu voto de confiança para os conduzirem no seu esforço colectivo de preservação e melhoria do que receberam de gerações anteriores.              

Carlos Fontes

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Iberismo e Iberistas: 

1. Novos Discursos   2.Desestabilização da Sociedade Portuguesa  3. Decadência   4. Imprensa  5. Ingerências Externas. 6. Morte de Iberistas  7. Traição à Pátria  8. Alianças Políticas.  9. Imagem de Portugal. 10.  Oliveira Martins - Ideólogo do Iberismo  11. Olivença  12. Bibliografia

Para saber mais:

Tradição Totalitária e Xenófoba Espanhola

Misérias da Emigração Portuguesa em Espanha

Invasões Franco-Espanholas (1801-1813)

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