"Defendo
a Unificação" "Em
resposta ao desafio proposto pelo Expresso, jornal que sempre li e
leio, devo começar por vos dizer que sou uma pessoa com 60 anos
de idade e que já trabalhei fora e dentro do país desde os meus
20 anos. Devo dizer que sempre admirei o povo e dirigentes Espanhóis.
Sei do que falo, porque desde há 20 anos que moro mesmo ao
"lado" de Espanha, onde ia e ainda vou as minhas compras
fazer; pois embora eles sempre tenham tido e continuam a ter
ordenados superiores aos nossos, os preços dos produtos sempre
foram mais baratos, apesar da guerra Espanhola, que Portugal não
passou. É
preciso não esquecer que os Espanhóis ganham muito mais que nós,
mas tem os produtos mais baratos, para não falar de melhores vias
de comunicação (estradas, auto-estradas, etc..)
Os
políticos e gestores Portugueses ganham muito mais que os gestores
estrangeiros (basta comparar os ordenados do primeiro ministro
português e o primeiro ministro espanhol), no entanto a grande
maioria do povo Português está na miséria e os os reformados
nem vale a pena falar; somos considerados o Brasil Europeu.
A
minha filosofia de vida é que cada um poderia e deveria estar
onde conseguisse um bom nível e qualidade de vida, através do seu
trabalho. Eu infelizmente nasci em Portugal e por motivos vários
não pude ir para Espanha, mas hoje sinto-me terrivelmente
arrependida e frustada, tanto por mim, como pela minha família.
Deve
ser feita a unificação e na minha opinião, Portugal não tem
mais razão de existir. Existiria apenas a Península Ibérica, una
e indivísivel. Sou da opinião que mais tarde ou mais cedo isso irá
acontecer. Talvez daqui a 100, ou 200 anos?
A
nossa desgraça foi em 1640 os Filipes não terem conseguido
unificar Portugal e Espanha. Com o que tenho trabalhado, hoje em
dia teria a qualidade de vida que mereço. Logo à nascença
fica-se estigmatizado, tanto para o bem, como para o mal, de
acordo com o local de nascimento e depois o local de vivência e
durante toda a vida até à morte."
Maria
Célia Dias Costa Reis Jorge Santos. Cidade da Guarda (Expresso
on-line, 22:29
13 Fevereiro 2004 ).
Breve
Análise:
O
texto da Maria Santos reflecte num tom perturbado as ideias típicas de um
iberista, nomeadamente na reafirmação dos seguintes conceitos:
1.
Racismo. O simples facto de alguém nascer em Portugal condena-o
desde logo a uma vida miserável e destituída de sentido, daí a sua afirmação: "à
nascença fica-se estigmatizado". Os portugueses estão
condenados a serem um povo inferior incapaz de melhorarem as suas
condições de vida. De nada serve também trabalharem ou lutarem
contra as adversidades.
2.Impotência.
Apesar da felicidade morar no outro lado da fronteira, o iberista não tem forças para a
transpor e aí se radicar,
mudando de nacionalidade. Esta falta de energia, acaba por o condenar a ele e à sua descendência
a vegetar e a carpir o seu negro destino.
3.Exclusão.
A suprema condenação existencial do iberista está no seu
limitado consumo, não tem tudo aquilo que um espanhol possui e
ainda por cima a um preço muito mais em conta.
5.Auto-aniquilação.
Estigmatizado, impotente perante o seu próprio destino, o iberista acaba por só ter um desejo:
extinguir a fonte de todos os males: a sua nacionalidade. Ele não
admite que alguém possa sentir bem identificando-se como
português. O iberista só admite este reconhecimento a dois tipos
de portugueses: a) os políticos incompetentes e corruptos, quando se colocam ao
serviço dos interesses espanhóis; b) os que como António Champalimau ou
Vaz Guedes
se manifestam orgulhosos venderem as empresas e os bancos portugueses aos
espanhóis, desprezando desta forma o esforço de gerações e gerações de
portugueses que os ajudaram a criar o que depois desbarataram. Neste
contexto, a única coisa que um português pode fazer por estes iberistas é muito
pouco, até porque eles próprios se sentem
mal na sua pele. Eles carregam a marca da sua origem, a infâmia e o desprezo do
país. Vivem o drama de um negro com vergonha de o ser, sentido
intimamente que só a morte o libertará do drama da sua existência. O problemas
dos iberistas é desta forma de natureza psicanalítica. .. |