Director: Carlos Fontes

 

 

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Desestabilização da Sociedade Portuguesa

 

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As sociedades capitalistas tem tendência a reduzir tudo a mercadorias, a dignidade, liberdade e independências dos povos entraram nesta categoria. Tudo se vende, tudo se compra.

Nas duas últimas décadas, a sociedade portuguesa entrou numa euforia consumista, assistindo à emergência de uma mentalidade que tende a banalizar e transformar tudo em mercadorias transaccionáveis. Foi neste período que também o capitalismo se impôs de modo hegemónico. Os antigos países comunistas converteram-se ao capitalismo. A China e a Ex-URSS estão hoje transformadas em paraísos para capitalismo selvagem, onde as populações são brutalmente exploradas. 

Em Portugal, à semelhança do que ocorreu em outros países ocidentais, ex-comunistas convertidos aos capitalismo, passaram a estar ligados à especulação imobiliária, falcatruas nas autarquias e a negócios obscuros.  O  "Homem Novo",  fruto das doutrinas marxistas-leninistas,  representa agora o pior que o capitalismo produziu. Um homem sem respeito pelo próximo.

É neste contexto que emerge a questão do iberismo nos últimos anos. O seu objectivo é a destruição de Portugal sob o pretexto que os portugueses só tem a ganhar com o negócio. A liberdade,  dignidade e identidade de um povo é assim reduzida à dimensão de uma mercadoria.

Na difusão do iberismo tem participado alguns orgãos de comunicação social ligados a grupos económicos espanhóis, mas também políticos e empresários envolvidos em negócios obscuros. 

A estratégia iberista consiste, no imediato, em minar a unidade da sociedade portuguesa, levando os portugueses a não terem respeito por si próprios, nem exigindo a outros que o tenham.

1. Banalização do Insulto.  

Alguns orgãos comunicação tem promovido sondagens, debates sobre o iberismo. Nestes forum indivíduos, em geral não identificados, manifestam o seu desprezo por Portugal enaltecendo as virtudes da Espanha. Tem-se assistido a tudo.  

Proxenetas lamentam -se de terem nascido em Portugal, e por esse facto estarem limitados na expansão do seu negócio. A matéria prima em Espanha é mais abundante e diversificada e as leis que regulam o mercado mais flexíveis. Racistas sentem-se discriminados por serem portugueses, quando comparam as possibilidades de exercício que teriam em Espanha, onde existe um maior número de imigrantes e de muçulmanos. Parasitas sociais, queixam-se que tem que trabalhar em Portugal, apregoando que se fossem espanhóis viveriam à custa do Estado com maior facilidade. Monárquicos sentem-se diminuídos, inferiorizados, por não terem um rei para lamberem as botas como em Espanha.

No meio destes insultos, os portugueses ainda recebem lições de espanhóis. Um deles, desempregado em Barcelona prontificou-se a mostrar-lhes as razões do sucesso económico deste país - aumento da precariedade laboral, escravização de imigrantes, tráfico de seres humanos, etc -, algo que os portugueses saberiam fazer naturalmente se tivessem continuado, depois de 1640, sob o domínio espanhol. 

Nos últimos tempos, na internet, surgiram inclusive ladrões e traficantes de droga insurgindo-se contra a existência de fronteiras, e a teimosia dos portugueses em serem independentes, pois se as mesmas não existissem teriam mais hipóteses de fugirem num espaço mais amplo.

2. Inferiorização do Povo Português

Com excepção do povo judeu, o português desde o século XVI que destaca por valorizar sobretudo os seus aspectos negativos, terminando  frequentemente em atitudes pessimistas sobre as suas capacidades.

Uma coisa é um povo ser hiper-critico sobre si próprio, outra é considerar-se inferior em relação a outro. A diferença é enorme, mas o salto foi dado no final do século XIX por iberistas, como Oliveira Martins, ao considerem que o povo português não tinha energia, capacidade de organização e realização capaz de ombrear com outros povos europeus. 

O povo espanhol, segundo estes iberistas, também padecia dos mesmos males, sobretudo depois da derrota e humilhação da Espanha pelos EUA, em 1898, quando foi em poucos dias afastada das América e das Filipinas. É por esta razão que alguns iberistas, como Antero de Quental vinham defendendo que a União de Portugal e Espanha, era a única forma de dar força a dois povos europeus decadentes.

O iberismo acabou por cair em teorias racistas, classificando os povos em diferentes níveis. Os portugueses eram incluídos entre as raças degeneradas, devido aos seus múltiplos cruzamentos com outros povos, considerados inferiores. Teófilo Braga depois de uma fase iberista, percebendo onde conduziam estas ideias em relação ao povo português, irá tentar afirmar a sua  "pureza". A sua argumentação racista apenas servia para discriminar os povos, não para os aproximar. Acentuava os ódios entre eles, não promovia o entendimento. O iberismo é uma doença racista que tudo contamina.  

Séc.XXI. No início do século XXI, os iberistas deixaram de afirmar que o povo português é inferior ao inglês, alemão, etc, para o considerarem inferior ao espanhol. Ao nascerem os portugueses estão condenados a serem ignorantes e miseráveis. Os seus genes estão degenerados, escrevia, em 2004, uma iberista nas páginas do jornal Expresso. A única forma de se regenerarem é integrarem-se na Espanha. 

Nos debates promovidos pela imprensa ligada a grupos iberistas, o povo português é frequentemente humilhado com base numa suposta superioridade do povo espanhol sobre o português. Apontam-se como argumentos desta suposta superioridade, indicadores económicos, quilómetros de auto-estradas, preço dos automóveis, da gasolina, dos detergentes, etc. Por baixo desta argumentação ridícula estão as habituais teses racistas dos iberistas. Uma infâmia que está a ser impunemente banalizada. 

Como os Povos Reagem à Humilhação ?

Portugal:  A onda iberista do século XIX procurou inferiorizar o povo português, acabando por estimular um movimento de afirmação nacionalista, que conduziu ao derrube do regime monárquico (1910) que dado que o mesmo tinha permitido a difusão das ideias iberistas, e depois à implantação de uma ditadura (1926-1974) que cultivou um nacionalismo anti-espanhol.   

Alemanha: A humilhação que o povo alemão sofreu com a derrota da 1ª. Guerra Mundial (1914-1918), mas sobretudo a forma como foi tratado pelos vencedores, acabou por estimular o desenvolvimento do nacionalismo, que conduziu ao fim da democracia (1933) e ascensão do Hitler ao poder. Os judeus foram apontados pelo nazismo como os culpados da humilhação do povo alemão, gerando-se um largo consenso para a necessidade do seu extermínio (holocausto). 

A história da Humanidade está repleta destas reacções de povos humilhados na sua dignidade. Nestas reacções pouco conta o seu nível de desenvolvimento económico. Hoje como no passado as reacções são idênticas.   

 

Algumas Reacções Previsíveis

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Carlos Fontes.

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Iberismo e Iberistas: 

1. Novos Discursos   2.Desestabilização da Sociedade Portuguesa  3. Decadência. 4. Imprensa  5. Morte de Iberistas  6. Traição à Pátria  7. Olivença

Para saber mais:

Tradição Totalitária e Xenófoba Espanhola

Misérias da Emigração Portuguesa em Espanha

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