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Os iberistas têm uma enorme
dificuldade em admitir que Portugal seja um país independente, de tal modo
estão habituados a
denegrirem o povo português. A independência de Portugal é atribuída não à
vontade, nem às convicções dos portugueses, mas a causas exteriores. Neste
sentido o povo português é concebido pelos iberistas, como um conjunto de
marionetas que ao longo dos séculos actuou sempre de acordo com interesses
alheios.
Este modo de colocar a questão
da Independência de Portugal, não é nova, remonta pelo menos ao século XVII.
Restauração.
A restauração da Independência, em 1640,
foi sentida por espanhóis e iberistas portugueses como um trauma
difícil de superar. Portugal era considerado um caso arrumado no Império
Espanhol. Um vasto conjunto de traidores (iberistas ) asseguravam aos espanhóis
que o povo português estava controlado, o seu Estado estava estava destruído e
não haviam condições para qualquer separação com um mínimo de
êxito.
A Espanha era na altura a principal
potência do mundo, dominando as chancelarias internacionais e o próprio
Vaticano. Apesar disso, os portugueses no dia 1 de Dezembro de 1640, decidiram
acabar com o domínio espanhol que durava há 60 anos. Durante 28 anos derrotaram
sucessivamente todas as suas tentativas recuperar o seu domínio, reconstruíram
o Estado e o Império, impondo o seu reconhecimento internacional.
A propaganda
espanhola e iberista sustentou que o povo português havia sido manobrado por forças
estrangeiras. Não lhe reconheciam vontade, nem convicções nacionais para se
impor da forma como o fez. A Catalunha não capitulara após uma prolongada
revolta ?
Em 1715, para espanto do mundo,
as tropas portuguesas conquistam Madrid, a capital da Espanha.
Alianças Externas.
Não foi difícil aos
espanhóis descobrirem que por detrás da revolta dos portugueses, estava afinal
a Inglaterra, a sua antiga aliada. A Inglaterra estava interessada em dividir a
Europa continental, e por isso os incentivara a expulsarem-nos.
Esta explicação para
consumo interno, serviu-lhes durante séculos para justificar a razão porque haviam perdido Portugal.
Ninguém dúvida que a Inglaterra
tenha sido importante para a restauração da Independência, mas a verdade é
que foram os portugueses a envolver os ingleses na sua luta contra a Espanha.
Foram eles que os convenceram a voltarem a fazer uma nova aliança militar, e
por esta razão pagaram generosamente aos seus aliados o armamento, mercenários
e apoio internacional que receberam para a causa de Portugal.
O balanço global desta aliança
foi positivo, com excepção da crise de 1890, quando os interesses em jogo
quanto à partilha de África opuserem os dois países. Algo que até hoje os
portugueses ainda não perdoaram aos ingleses.
Convicções.
Projectando em Portugal a sua
própria fraqueza, os iberistas jamais podiam admitir esta acção dos seus
concidadãos. Ela é a melhor prova da vontade colectiva de um povo que
acusavam de ser fraco e sem energia. A única forma de saírem da
situação era atribuir a outros os méritos de uma coisa que os portugueses
decidiram e fizeram.
A explicação encontrada pelos
espanhóis e os seus esbirros iberistas, não deixou também de ser simpática para
historiadores ingleses, dado que desta forma era enaltecido o poder da Inglaterra no plano internacional.
No entanto, é fácil de perceber
que nenhum país se pode manter durante tantos séculos independente se a sua
população não o quiser. Ora a Independência de Portugal desde 1143 é a
prova do poder da vontade e das convicções de um povo.
Não é indiferente a forma como
um povo se vê a si próprio, se respeita e se faz respeitar. Estas imagens
tendem a condicionar o modo como outros os vêem e as forma como valorizam as
suas acções colectivas.
Cooperação
e Subserviência
Em
Construção !
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Carlos Fontes..
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