Carlos Fontes

 

 

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Cristovão Colombo, português ?

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As Provas do Colombo Português  

Os Niño

 

Não é fácil estabelecer qual a relação que existiu, se é que existiu, entre um grupo de marinheiros que acompanharam Colombo desde a 1º. viagem às Indias e que tinham o apelido Niño. Diga-se á que o mesmo era de origem portuguesa. Uma análise destas personagens, como Pedro Alonso Niño (Peroalonso, Pero Alonso Niño), piloto ou Juan Niño, mestre e dono da caravela Niña, aponta inequivocamente para ligações a Portugal.

 

a ) Pedro Alonso Niño (Peroalonso, Pero Alonso Niño), piloto 

 

Pero Alonso Niño ( c. 1468-1502), conhecido pela alcunha de "Negro", era filho de Alfon Pérez Niño. Foi casado Leonor de Boria ou Borja (moradora em Moguer), teve duas outras esposas - Leonor Cantera ( ou Quintera) e Juana Muñiz (ou Moniz). Trata-se de uma das mais enigmáticas figuras, cujas informações são dispersas e frequentemente contraditórias.

 

. Diz-se que andou pelas costas de África, a fazer o quê e ao serviço de quêm ? Ninguém o sabe. 

 

. Participou na 1ª. viagem às Indias (1492/93), no regresso terá sido recompensado por D. João II pela ajuda que prestou a Colombo.

 

. Foi depois na 2º. viagem de Colombo, tendo regressado mais cedo com António de Torres, aportando a Cádiz a 7 de Março de 1494. 

 

. Em Fevereiro de 1496, faz parte de uma fracassada expedição às Indias, comandada pelo português Jorge de Souza (ou Sosa), a mando de Juanoto Berardi, um intermediário de Marchioni de Lisboa. O principal negócio era o tráfico de escravos. 

 

. A 16/17 de Abril de 1496 partiu de novo para as Indias, a mando de Juan Rodríguez de Fonseca (1451- 1524) - numa frota com duas caravelas e uma nau, no regresso veio carregado de escravos (300 ), tendo a mesma se dirigido directamente para Portugal (aportou à Madeira e Açores) e depois a Setúbal (perto de Lisboa), onde em Outubro estava a vender escravos. Só depois destas operações comerciais se dirigiu para Espanha. A primeira preocupação de Peroalonso foi ir para junto dos seus cúmplices (portugueses ? ) sediados em Moguer e exigir um prémio pela carga que transportara. Tinha em seu poder importantes cartas enviadas das Indias, nomeadamente pelo irmão de Colombo - Bartolomeu Colon - dirigidas aos reis de Espanha. O facto pouco lhe importou, pois só em Dezembro de 1496 se dignou entregá-las (13). Colombo terá ficado contente com a atitude, pois nomeia-o pouco depois piloto maior da sua 3ª. Viagem às Indias, mas Peroalonso acaba por recusar. 

 

A 10 de Dezembro de 1498, chegaram a Espanha a célebre carta e um mapa de Colombo onde afirmava ter chegado à Costa das Pérolas, actual Panamá (Costa de las Perlas, Paria, Ilha de Margarita e Cumaná ). A Corte Espanhola, através de Fonseca, rapidamente contratualizou expedições para descobrir e saquear estas pérolas.

 

Na primavera de 1499, com 15 dias de intervalo, saíram duas expedições: Uma de Hojeda- Juan de la Cosa e outra de Pedro Alonso Niño - Cristóbal Guerra, cuja origem se ignora. Esta última era composta de uma caravela com 33 homens, a uma região das Indias onde Colombo assinalara no ano anterior existirem pérolas. Como obtiveram esta informação preciosa, assim como as suas coordenadas precisas? Não sabemos. 

 

A primeira a regressar foi a de Niño-Guerra, na primavera de 1500, tendo a caravela arribado a Bayona na Galiza. Pedro Alonso Niño denunciado foi preso e acusado de não pagar aos reis a parte que lhes correspondia, e de ter desviado parte das pérolas para Portugal, só saindo da prisão em 1501. Os irmãos Luis e Cristobal Guerra escaparam, tinham outras influências.

 

Cristobal Guerra organiza uma segunda expedição (11), e novamente parte das pérolas encontradas vieram para Portugal, como testemunha Cantino, o embaixador-espião do Duque de Ferrara em Portugal (12). 

 

. Em Fevereiro de 1502 volta de novo às Indias, na frota de Ovando, nomeado governador substituto de Babadilla. Morreu no regresso, deixando uma viúva, um filho e uma filha. Morreu em 1502, na sequência do furacão que destruiu a frota de Francisco Bobadilha.

 

Pero Niño estava intimamente ligado à família de Colombo, ao que suspeitamos no saque e  venda de pérolas. A cunhada de Colombo - Dona Briolanja Moniz Perestrelo - tinha centenas de pérolas grandes e  pequenas. No seu Testamento, datado de 21 de Outubro de 1516, não se esquece de mandar pagar as dividas aos herdeiros de Pero Niño no valor de "4 ducados de oro por "cierto lienzo" (13), o que demonstra a cumplicidade entre estas duas famílias portuguesas nestes negócios clandestinos. 

 

 

Na Guatemala, um Juan Niño, declara no seu testamento datado de 1542 que era filho de Pero Alonso Niño e de Juana Muñiz (Moniz), o que a ser verdade demonstra as suas ligações familiares a Colombo (1).

 

A pirataria dos irmãos Luis e Cristobal Guerra não terminou na expedição de 1499/1500. Terão financiado outra expedição em 1501 (entre Março e Novembro), com novas acções de saque nas zonas de Cumaná e Ilha M

Luis e Cristobal Guerra actuavam nitidamente à revelia da Corte Espanhola, sabendo exactamente o que procuravam nas suas pilhagens de pérolas nas Indias.  Seriam também seus cumplices ?  

Colombo, recorde-se que praticava acções deste tipo. A 22 de Junho de 1497, por exemplo, os reis católicos viram-se obrigados a ordenar que os seus oficiais de justiça se apoderassem de barcos armados e preparados clandestinamente a mando de Colombo para uma viagem às Indias, e que já se haviam feito ao mar "para ciertas partes y viajes" (Cf.  Salvador de Madariaga, ob.cit.pág.409). Colombo estava nas Indias, mas na Andaluzia uma rede dos seus cúmplices actuava de forma coordenada. 

No ano seguinte, por volta do dia 15 de Agosto, descobriu uma região rica em pérolas, mas só deu dela conhecimento aos espanhóis no final do ano, depois de muita pressão.  

 

b ) Juan Niño, mestre e dono da caravela Niña

 

Juan Niño era irmão de Pero Alonso Niño, casado com marina Gonzáles, irmã de Leonor Velez. Terá tido quatro filhos: Andrés, Alonso, Francisco e Leonor Niño. 

 

Participou na 1ª. viagem às Indias, na caravela Niña ( ou Santa Clara) que era dono, e cujo piloto era Sancho Ruiz de Gama (português).

 

Foi também na 2ª. viagem (1493), mas regressou com Torres. Colombo comprou-lhe então a caravela em nome dos reis católicos, pois em Janeiro de 1494 aparece como mestre e piloto da mesma Alonso Medel. 

 

Não foi às Indias na 3ª e 4ª. viagem de Colombo, mas esteve envolvido com o seu irmão Pero Alonso Niño e Cristobal Guerra no saque da costa das Pérolas e no contrabando das mesmas para Portugal.  Morreu entre 1518 e 1522. 

 

No século XVI, Alonso Banegas, clérigo residente na cidade de Santiago (Guatemala), afirmava que era neto de Juan Niño.

 

 

c ) Outros irmãos e parentes

 

Nas várias expedições de Colombo participaram vários marinheiros, pilotos e mestres, com o apelido Niño. Vários testemunhos, muito contraditórios, afirmam que se tratam de irmãos ou parentes de Pero Alonso Niño ou Juan Niño.    

 

 

d ) Os Niño e Portugal

 

1. Almirantes. O apelido de Niño está associado a uma almirante do Reino de Castela - Juan Niño - que se notabilizou por em 1405 ter armado em Santander uma frota de naus e galeras contra a pirataria e a Inglaterra. Sucedeu-lhe no cargo o seu filho - Pero Niño (¿Valladolid?, 1378 – Cigales, Valladolid, 1453), que em 1409, se perderá de amores por Dona Beatriz (ou Brites) de Portugal (Coimbra,1372-Madrigal,1410), filha do Infante D. João de de Portugal e Castro(1349-1387) e de Constanza de Castilla, a filha bastarda de Enrique II, da qual teve vários filhos.

 

Em 1431 constituiu-se o Condado de Buelna, a favor de Pero Niño, e os Niño passaram a ostentar o apelido "Niño de Portugal", procurando também estreitar as suas ligações familiares com Portugal. 

 

2. Condes de MirandaD.Fernando de Castela, concedeu à sua prima Dona Beatriz de Portugal o senhorio de Valverde (Madrigal de la Vera, Cáceres). Esta por sua vez deu-o à sua filha Dona Leonor Niño de Portugal em 1415, quando esta se casou com Don Diego López de Zúñiga (1350 - 1417), Iº.Conde de Plasencia, Co-Governador de Castila e León, durante a menoridade de D. Enrique III e Juan II. Ambos foram os primeiros Condes de Nieva, e estão enterrados em Valverde de la Vera, na Iglesia de Santa María de Fuentes Claras. 

 

A partir daqui sucederam-se as ligações dos Zúñiga com a nobreza portuguesa, nomeadamente a radicada em Castela como a familia Pimentel (Condes de Benavente). 

 

O conde de Pedro de Estúniga (Zúñiga) y Niño de Portugal, durante a Guerra da Sucessão em Castela é outro dos que activamente se colocam ao lado de Portugal contra os reis católicos ( 2).

 

Os Conde de Miranda uniram-se aos Condes de Cifuentes (Silvas), também de origem portuguesa (consultar ) dominavam o porto de Palos. Os Reis Católicos apercebendo-se da situação, em Maio de 1492, conseguem afastar os Cifuentes do seu senhorio, mas não os Duques de Medina-Sidónia. 

 

Podemos constatar que o ramo português dos "Niño", uniu-se no final do século XV aos Silva de Toledo (Condes Cifuentes), reforçando as suas ligações a Portugal.

 

No final do século XVI, alguns autores sustentam que o falso D. Sebastião, Rei de Portugal ( - 1578) que tanto incomodou Filipe II de Espanha e que foi executado em Madrigal (1595) era Gabriel Niño de Zúniga, casado com a portuguesa Dona Ana de VillenaTratava-se de um verdadeiro gesto patriótico contra a perda de independência de Portugal (1580).

 

Carlos Fontes

 

  Notas:

(1 ) Alicia B. Gould, ob.cit., página 194, nota 1.

(11) Voltaram a relizar uma nova expedição conjunta entre Agosto1500-Outubro de 1501.

(12) Alice B. Gould, pág.342

(13) Consuelo Varela, Colon y los Florentinos, p.106-107.

 

 

Continuação:

11. Patriotismo

12. Mudança de Planos

13. Descendentes.

14. Historiadores Portugueses

15. Lugares Colombianos em Portugal

16. Cronologia Portuguesa da Vida de Colombo

 

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As Provas de Colombo Italiano

As Provas de Colombo Espanhol

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  Carlos Fontes

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