Director: Carlos Fontes

 

 

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Ngungunhane (Gungunhana )

Nasceu por volta de 1850, no seio de uma tribo ngunis (vátuas ou aungunes, um dos ramos dos zulus).Os ngunis eram excelentes guerreiros e haviam penetrado em Moçambique, por volta de 1820, subjugando e escravizando os povos aí instalados (chopes, tsongas, vandaus, bitongas). Em meados do século XIX criaram o Reino de Gaza (Sul de Moçambique).  Em 1884, por morte de seu pai,  Muzila, Ngungunhane sobe ao trono. Durante cerca de 10 anos, os ngunis oferecem uma feroz resistência ao colonialismo português. Apenas em 1895, o exército português consegue vencer os ngunis  destruindo Mandlakasi, capital do império de Gaza. No dia 28 de Dezembro, Mouzinho de Albuquerque aprisiona Ngungunhane em Chaimite, a aldeia sagrada dos ngunis.No ano seguinte este é desterrado com mais 16 prisioneiros para Portugal, vindo depois a ser transferido para a Ilha Terceira (Açores), onde permanece até à data da sua morte a 23 de Dezembro de 1906. Em 1985, 15 de Junho, as ossadas de Ngungunhane são entregues à República de Moçambique. Ngungunhane tornou-se num dos símbolos da resistência dos povos moçambicanos ao domínio colonial.

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Eduardo Mondlane

Eduardo Chivambo Mondlane nasceu em 1920, no distrito de Gaza, Moçambique.Após ter feito a escola primária, aprende inglês. Prossegue os seus estudos num liceu do Transval, África do Sul. Em 1949, com outros estudantes funda o Núcleo dos Estudantes Secundários Africanos de Moçambique, onde se debate a questão da Independência de Moçambique. Neste mesmo ano é preso. Vem depois para a Universidade de Lisboa, mas não tarda a partir para os EUA, onde até 1953, estuda Sociologia e Antropologia nas Universidades de Oberlin e Northwestern, Illinois.Trabalha como investigador em Harvard, e mais tarde num departamento das Nações Unidas (U.N. Department of Trustee-ship). Durante as férias de 1961, Mondlane visita Moçambique e reata contactos com os activistas locais. Está então convencido que só pela luta armada é possível alcançar a Independência. Entre 1961 e 1962 desenvolve uma intensa acção no sentido de unir os vários grupos nacionalistas, culminando no Congresso da Unidade, em Dar-es-Salam, que a 25 de Julho de 1962, onde é criada a Frelimo. Quando é iniciada a luta armada, a 25 de Setembro de 1964, a Frelimo contava apenas com 250 guerrilheiros. Em 1967 este número atingia já cerca de 8 mil. No II Congresso da Frelimo, em 1968, Mondlane é reeleito presidente.  Foi assassinado a 3 de Fevereiro de 1969, na sede exterior da Frelimo, em Dar-es-Salam, quando se prepara para abrir uma encomenda postal armadilhada proveniente da República Federal da Alemanha. Este assassinato tem sido atribuído à Polícia Política Portuguesa (PIDE), em colaboração com um antigo dirigente maconde Lázaro Kavandame, que se entregara às autoridades portuguesas. Mondlane simboliza a luta pela Independência de um povo, que toma consciência de si próprio como uma entidade autónoma.  

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Samora Machel

Samora Moisés Machel, nasceu a 29 de Setembro de 1933, em Xilembe, província de Gaza, no Sul de Moçambique. O seu avó Maghivelari era um famoso guerreiro, parente de Ngungunhane. Participou desde o inicio na luta de libertação, onde se notabilizou nas acções militares. Desde o princípio dos anos 70 torna-se na figura de referência da Frelimo. A influência das ideias de Mao Tse Tung (dirigente revolucionário chinês), está bem patentes nos seus escritos produzidos entre 1970 e 1974, onde aborda temas como a educação, saúde, emancipação da mulher, papel do exercito, etc. A sua experiência na guerra reforça-lhe a convicção que quase tudo poderia se resolvido através das armas. O que virá a tornar-se num dos seus piores defeitos enquanto político. A seguir à Independência (1975), dirige com mão de ferro a construção de um Estado Socialista em Moçambique, enfrenta quase sozinho os regimes racistas da África do Sul e da Rodésia(Zimbabué), combate a Renamo numa longa guerra civil. Após dez anos de governo, tem a percepção que o país estava destruído, a economia estatizada estava paralisada e a extrema pobreza da população se tornara insustentável. Nenhum país podia subsistir naquela situação.  Inicia então negociações com o governo da África do Sul, retira o apoio ao ANC, inicia a liberalização da economia, acata as determinações do FMI, Banco Mundial, etc. Na Frelimo muitos são o que se sentem traídos. O Partido estava irremediavelmente fraccionado, "socialistas" (tradicionalistas)  e "capitalistas" (modernistas) passam a enfrentarem-se sob diversas formas. Em Outubro de 1986 morre num acidente de aviação na África do Sul. A queda do avião é atribuída a este país. Samora Machel simboliza a luta por uma causa que transcende Moçambique: a libertação do homem de todas as formas de discriminação e exploração.             

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