Contexto
Internacional
Os
movimentos de libertação irrompem por todo o continente africano após
a 2ª. Guerra Mundial (1939-1945). O fim do colonialismo, com a
consequente independência de todas as colónias torna-se um dado
adquirido. Este princípio foi consagrado, em 1945, no capítulo XI-
"Declaração sobre os territórios não autónomos" -da
Carta da Organização das Nações Unidas (ONU).Em especial, o
segundo artigo desse capítulo, o 73º., era claro sobre a necessidade
de rapidamente se proceder ao desenvolvimento de formas de
auto-governo dos povos colonizados.A partir daqui sucederam-se as acções
para a promoção do fim do colonialismo, a irrupção de guerras de
libertação e a Independência de antigas colónias.
A ditadura
que governa Portugal, à semelhança de faziam outros regimes democráticos
europeus, procura resistir em vão a este movimento internacional. Os
primeiros territórios a serem libertados foram os situados na India
(Goa, Dão e Diu). No dia 18 de Dezembro de 1961, as tropas União
Indiana invadem-nos e declaram-os parte integrante do país.
Em
África, a primeira colónia portuguesa onde irrompe a guerra de
libertação foi Angola (1961), seguindo-se Guiné-Bissau (1963) e
depois Moçambique (1964).
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Moçambique
Os colonos brancos
foram os primeiros a reclamaram a autonomia e mesmo a Independência
de Moçambique.
Os movimentos
nacionalistas negros só surgem a partir dos anos cinquenta do século
XX. Dois acontecimentos são apontados como os tendo despertado:
a greve dos estivadores em Maputo (1956), cuja sangrenta repressão
causou a morte a 49 trabalhadores, e o massacre de Mueda (norte de Moçambique),
em Junho de 1960, onde foram barbaramente assassinados 17 negros.
As
primeiras organizações de libertação, a MANU (1959), UDENAMO
(1959), UNAMI (1961), foram fundadas por emigrantes moçambicanos
em colónias inglesas da África Oriental (Tânzania, Malawi,e Rodésia,
respectivamente). Em 1962, por influência de Julius Nyerere
(Presidente da Tanzânia), estas organizações fundem-se numa única
frente de combate: a Frelimo, sob a direcção de Eduardo Mondlane
(funcionário da ONU).
Embora
da maioria dos dirigentes da Frelimo fosse do sul de Moçambique, os
primeiros guerrilheiros são recrutados no norte, entre os macondes e
os Nianjas, povos animistas que mantinham tradicionalmente uma relação
conflituosa com os portugueses.
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1964-1968
Dado o caracter tardio
desta luta, as tropas portuguesas tiveram tempo para se reforçarem
nas zonas consideradas mais perigosas: as que confinavam com a Tânzania.
As outras fronteiras eram consideradas relativamente seguras.
A luta armada inicia-se
no norte de Moçambique, em Mueda, no dia 25 de Setembro de 1964. A
Frelimo contava então com cerca de 250 guerrilheiros devidamente
armados. Após o inicio da guerra, a forma brutal como os macondes e o
nianjas foram tratados pelas tropas portuguesas, acabou por jogar a
favor da Frelimo, que passou a contar com um largo apoio destas étnias.
A luta armada alastrou
do "planato dos macondes", para as circunscrições de
Palma, Mocimboa da Praia e Macomia, só parando no rio Messalo, onde
se estendeu a etnia macua-lomué (islamizados).
A Frelimo dirige-se
agora para a região do Niassa, apoiando-se nas etnias ajauas e
nianjas.
Em 1965 a Frelimo
operava já na província do Niassa, ao longo do lago com o mesmo
nome, ameaçando os terminais ferroviários da linha de Nacala. Dois
anos depois, as tropas portuguesas confinam a acção da Frelimo a
duas áreas: a Província de Cabo Delgado e o Nordeste do Niassa. A
Frelimo afirmava então que possuía no terreno cerca de 8 mil
guerrilheiros.
O lento avanço da
libertação, acabou por provocar graves conflitos internos na Frelimo,
debatidos no seu II Congresso realizado em 1968, no norte de Moçambique.
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1968-1970
A morte de Mondlane
(1968) e o inicio das obras de construção da Barragem de Cabora
Bassa (Outubro de 1969), marcam o inicio de um novo período.
O impasse militar em
que havia caído a guerrilha, é ultrapassado pela concentração das
acções militares na zona do zambézia, onde a barragem começou a
ser construída. A repercussão internacional das acções aqui
efectuadas era muito maior que em qualquer outra parte de Moçambique.
A actividade destes guerrilheiros centra-se na minagem das estradas e
do caminho de ferro Beira-Moatize, intimimação das populações no
sentido de dificultar a construção da barragen.
A actividade da
guerrilha estende-se lentamente à província de Tete, aproximando-se
do Zambézia e da Beira.
Neste período,
agudiza-se a crise interna na Frelimo. Após a morte de Mondlane a
direcção assumida por um triunvirato constituído por Uria Simango,
Samora Machel e Marcelino dos Santos, sob a coordenação do primeiro.
Em finais de 1969, Simango é expulso, devido a ter acusado os outros
dirigentes de assumirem práticas autoritárias.
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1970-1974
Em 1970, é nomeado o
novo comandante-chefe das forças armadas Moçambique, Kaúlza
de Arriaga. Em declarações públicas promete acabar com a Frelimo.
Entre as suas medidas
constam as seguintes:
Envolvimento
da sociedade civil no esforço militar. Este envolvimento passava
pela organização de milicias civis, utilização militar da aviação
civil, transportes públicos, hospitais,etc.
Reforço
da instalação de aldeamentos estratégicos. Estes aldeamentos,
muitos fáceis de controlar, visavam impedir o contacto dos
guerrilheiros da Frelimo com as populações locais;
Africanização
das forças armadas. Em 1974, por exemplo, o exercíto português
era constituído por 20 mil tropas europeias, 40 mil africanas. Em
algumas unidades, eram compostas por 90% de africanos.
Criação
de pequenas unidades militares, constituídas essencialmente por
africanos. Estes Comandos e Grupos Especiais (GEs), lançados a
partir de 1971, eram dotados de grande autonomia e flexibilidade.
Kaúlza de Arriaga
ficará ligado a duas importantes campanhas militares, com as quais
pretendeu afastar de vez, os guerrilheiros, para lá de fronteiras de
Moçambique: "Fronteira" e "Nó Górdio" (1972)
Estas acções
estiveram longe de ter os resultados esperados.
Frelimo, embora
limitada nas suas acções, continuou a fustigar o exército português.
O seu objectivo é ganhar a guerra pelo desgaste das tropas
portuguesas.
A seu favor, passou a
jogar o facto do exercito português ter que se dividir para
proteger o empreendimento de Cabora Bassa. Aproveitando a
receptividade da etnia maravi, a Frelimo procura agora penetrar na
Zambézia e no planalto do Chimoio (Manica), conduzindo a guerra mais
para sul.
Em 1972, a Frelimo,
ultrapassava o rio Zambézia, conseguindo infiltrar-se de forma mais
regular na Província de Tete. No ano seguinte, ataca a estrada que
liga a Beira à Rodésia (Zimbabué).O posto de turismo do Parque da
Gorongosa é igualmente atacado. Em Janeiro de 1974, mata a mulher de
um agricultor europeu em Vila Manica. A população branca da cidade
da Beira entra em pânico. Em grandes manifestações nos dias 17,18 e
19 acusa o exército de nada fazer perante o alastrar do conflito para
sul.
A Frelimo, em 1974,
afirma que controla cerca de 30% do território. O exercito português
apresenta número muito diferentes. Uma coisa é certa: as suas acções
continuavam concentradas no Norte de Moçambique e na região de
Cabora Bassa. As acções a sul, apesar do seu impacto junto da
comunidade branca (200 a 250 mil pessoas), não passavam de actos
esporádicos num vastíssimo território.
Apesar de ter sido a
mais longa guerra que um país europeu travou em África, o número de
mortes de ambos os lados, comparativamente a outras guerras é
considerado muito baixo.
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25
de Abril 1974-27 de Julho de 1974
A primeira tentativa de
derrube da ditadura em Portugal, em Março de 1974, trás um animo
novo aos guerrilheiros da Frelimo. O número das suas acções
militares que estavam em regressão, começam a aumentar. Após o 25
de Abril de 1975, com a queda da Ditadura, a Frelimo intensifica ainda
mais a luta armada. Encontra cada vez mais pela frente um exercito
desmoralizado e que se recusa a combater.
Em construção !
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28
de Julho de 1974-25 de Julho de 1975
Em Construção !
Carlos Fontes
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Estatísticas
sobre a Guerra Colonial
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