Á
frente de uma enorme expedição marítima que se dirigia para a Índia, Pedro Alvares Cabral,
no ano de 1500, desviou-se da sua rota e aportou no Brasil. Um território
que pelo Tratado de Tordesilhas, assinado entre Portugal e Espanha, em 1494,
estava na zona do mundo cuja posse pertencia a Portugal.
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Brasil
Colonial ( 1500 - 1807)
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Desde
o inicio do século XVI que os portugueses, com uma notável persistência,
criaram ao longo de mais de 300 anos uma vasta colónia - maior do que a Europa - , com uma enorme
diversidade racial, mas dotada de uma impressionante unidade linguística e
cultural.
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A
colonização do Brasil iniciou-se por volta de 1530. com a fundação de S.
Vicente. A partir daqui são fundadas de forma sistemática outras cidades . O
rei D.João III, em 1532, divide o território em 12 capitanias hereditárias que
entrega a fidalgos portugueses, segundo um modelo de colonização já ensaiado
em outras lugares. O
rápido crescimento desta colónia, leva D.João III, em 1549, a criar o cargo
de Governador-Geral. O primeiro foi Tomé de Sousa que fundou a cidade de
Salvador.
Tomé
de Sousa, primeiro governador geral do Brasil
A
economia desta colónia assentou nos séculos XVI e XVII na plantação da cana
do açúcar, e depois de 1695 na exploração do ouro. A mão-de-obra local, os
índios, foi rapidamente substituída por escravos vindos de África. Até ao
século XIX terão sido levados para o Brasil entre 2 a 3 milhões de
negros.
Durante
a ocupação de Portugal pela Espanha (1590-1640), os holandeses ocupam algumas
regiões do litoral norte, mas são expulsos pela população entre 1645 e 1654.
Neste
período de ocupação castelhana, os portugueses aproveitam para expandir o
território brasileiro cada vez mais para o interior, dominando o Amazonas. Ao longo do século XVII e
princípios do século XVIII, aventureiros, denominados "bandeirantes",
muitas vezes com o apoio
do Estado, prosseguem este movimento de expansão territorial.
Fundam
inúmeras aldeias, vilas e cidades ao longo de todo o território. Para apoiar a ocupação e expansão do Brasil, todos os anos partem de
Portugal (continente e ilhas) milhares de portugueses, uns por vontade própria,
mas muitos outros obrigados pelo Estado.
No
século XVIII, o Brasil é uma prioridade absoluta de Portugal. Foi então
consolidada a sua estrutura administrativa e defensiva, mas também prosseguida
a ocupação da Amazónia e do sul até ao Rio da Prata.
O vasto império
colonial de Portugal é posto ao serviço deste objectivo, nomeadamente para fornecer
mão-de-obra escrava. Neste
longo processo, Portugal torna-se cada vez mais dependente do Brasil e das suas
riquezas.
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Brasil
Capital do Reino (1807-1821)
Na
sequência da invasão de Portugal pela Espanha e a França, em 1807, a corte
portuguesa transfere-se para o Brasil, o que permite não apenas desenvolver
esta colónia, também consolidar a sua unidade política e administrativa.
Em
1815 o Brasil é declarado formalmente um reino, embora unido ao reino de
Portugal, cujas estruturas político-administrativas, educativas e outras
são replicadas no novo reino. Os dois reinos formam um Império, dotado de
várias possessões.
Facto único no mundo: entre 1808 e
1821, uma antiga colónia torna-se o centro de um vasto reino que
possuía territórios em todos os
continentes.
Estátua
de D. João VI, Rio de Janeiro
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Império
(1822 -1889)
O
regresso do rei (João VI) a Portugal, em 1821, leva os brasileiros a declararem a sua
independência em 1822. Estabelece-se então na América a primeira monarquia,
rodeado de repúblicas, tendo à sua frente o
imperador Pedro I da Casa Real de Bragança. Pedro I prossegue sem hesitações a
política centralista anterior, evitando a todo o custo a divisão do novo país.
A
separação do Brasil de Portugal era então a única medida possível para manter a
escravatura. Em Portugal a escravatura fora abolida em 1761, mas
manteve-se nas suas colónias sob o argumento era aí necessário mão-de-obra. Ao assinar
em 1817 o Acto Adicional ao Tratado de 1815, Portugal passou a permitir que
fossem apresados os seus navios que se dedicassem ao tráfico negreiro. Esta
medida envolvia directamente o Brasil caso este permanecesse unido a Portugal. A sua
separação era a única alternativa que lhe restava para manter o tráfico, o
qual não apenas continuou mas até se intensificou. Por ouro lado,
Portugal ao manter as suas colónias em África assegurava as fontes de
abastecimento de escravos para as plantações de café e tabaco do Brasil.
Em 1831,
Pedro I regressa a Portugal para apoiar as pretensões da sua filha ao trono,
tendo abdicado a favor do seu filho Pedro lI.
Pedro
II prossegue a política do seu pai, mas encontra pela frente um problema um
problema que o irá conduzir ao fim da monarquia: a escravatura. A
economia do Brasil assenta nos produtos agrícolas e em particular no café. No
final do século outro produto se impôs na economia - a borracha.
D.
Pedro II, Imperador do Brasil
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1ª.
República (1889-1930 )
O
fim da escravatura em 1888 e o descontentamento dos militares determinou o fim da monarquia no ano seguinte quando
foi proclamada a República. A família real é exilada para a Europa. A nova
constituição, promulgada em 1891 é em grande parte imitada da dos EUA, sendo
o seu artífice Rui Barbosa.
A
República mostrou-se extremamente autoritária para o povo, sucedendo-se os levantamentos e
as revoluções populares. A agravar toda a situação, no inicio do
século XX dá-se o colapso dos lucrativos mercados brasileiros da borracha e do
café.
Apesar
de tudo, o Brasil tornou-se, em finais do XIX, a terra prometida para
milhões de imigrantes (portugueses, italianos, alemães, japoneses...). Entre
1870 e 1910 o Brasil recebeu cerca de 4 milhões de imigrantes que se
estabeleceram principalmente nos estados do sul.
Em
1917, durante a Primeira Guerra Mundial, o Brasil rompeu as suas relações
diplomáticas com a Alemanha, em virtude de submarinos deste país terem atacado
embarcações brasileiras.
A
população em 1920 situava-se nos 32 milhões de habitantes.
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2ª.República
(1930- 1945 )
O
clima mundial era propício à emergência de regimes autoritários e o Brasil
não foi excepção. As
revoluções militares eram uma constante. É neste contexto que em
1930 assumiu a presidência da República Getúlio Vargas, o qual em 1937
proclamará com o apoio dos militares um Estado
Corporativo denominado Estado Novo, à semelhança do Estado Novo proclamado em
1933 em Portugal. Durante a Segunda Guerra Mundial o Brasil
acaba por ser forçado a intervir, e em
1942 declara guerra aos países do Eixo e envia alguns corpos do exército
para a Europa.
A
população atingia os 41 milhões em 1940, superando os 50 milhões dez anos
depois. A queda os regimes autoritárias em muitas partes do mundo, acelera a deposição
do poder de Getúlio Vargas, o que ocorre em 1945.
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3ª.
República (1945-1964)
Em 1946 é promulgada a 3ª.
constituição republicana. A democracia foi de novo restaurada. A situação do
país manteve-se instável.
Getúlio
Vargas volta de novo ao poder em 1950, tendo-se suicidado em 1954. Terá nesta
fase procurado democratizar o regime, mas fracassou semelhante iniciativa face à oposição do exército e de alguns grupos políticos.
Sucedeu-lhe na presidência, em 1955, Juscelino
Kubitschek, que lança um ambicioso programa de modernização do país, criando
a também a nova capital do Brasil: Brasília (1960). Estas medidas, não
acompanhadas de
uma gestão adequada do Estado, acabaram por provocar um aumento do défice
público e da inflação. Sucede-lhe Janio Quadros,
mas este é obrigado a renunciar 7 meses após ter sido eleito. É agora a vez
de João Goulart (1961-1964)
que tentou também sem grande êxito, desenvolver reformas profundas na sociedade brasileira. A crise estava
instalada.
Brasília
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Ditadura
Militar (1964-1985)
Os
anos 60 são marcados por um grande desenvolvimento económico, mas também pelo
regresso da ditadura ao Brasil.
A
31 de Março de 1964, de Minas Gerais, de São Paulo e da Guanabara, irrompe um
movimento militar de derruba João Goulart. Os militares colocam no poder o
general Castelo-Branco, que governa de forma absoluta até 1967. Em
Janeiro de 1967 entrou em vigor uma nova Constituição de carácter autoritário,
e dois meses depois o general Arthur da Costa e Silva assumia a presidência da
República. Este foi substituído em 1974 pelo general João Baptista
Figueiredo. .
A
queda da ditadura em Portugal, em 25 de Abril de 1974, marcou o inicio de uma
profunda viragem no mundo, que conduz à queda de muitas ditaduras. No Brasil os
ditadores continuam a sucederem-se. João Baptista Figueiredo
que assumira
o poder em Março de 1979, não tardou em anunciar uma abertura
política no regime. A contestação à ditadura aumentava dia-a-dia.
Em 1979, em São Paulo,
Luiz Inácio da Silva (Lula) dirige uma impressionante greve que abala a
ditadura. Em Novembro deste ano, Congresso Brasileiro decreta a libertação dos presos políticos,
permitindo o regresso dos exilados. O caminho para a democracia é agora
irreversível. A
crise económica continua a não poupar o Brasil.
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Nova
Democracia .
O
regime procura manter-se, mas o povo vêm para a rua e exige a democratização
do país. Em Janeiro de 1985 os militares cedem o poder aos civis, primeiro a
Tancredo das Neves e depois em Março a José Sarney.
Em Novembro e Dezembro de 1989 realizaram-se as primeiras eleições directas para a
presidência da República em 29 anos. Em 1992 o primeiro vencedor, Fernando
Collor de Mello acaba por ser
afastado por acusações de corrupção. O governo foi confiado ao
vice-presidente Itamar Franco. O ministro da Fazenda, Fernando Henriques
Cardoso, consegue suster a inflação. Impulsionado pelo êxito das suas medidas
económicas é eleito presidente em 1994 e reeleito em 1998. Prosseguem as
privatizações. Criação da CPLP (1996).
O movimento
democrático está agora mais firme que nunca. Em 2003, Lula da
Silva é eleito presidente do Brasil. Este imenso, malgrado a difícil
conjuntura internacional, avança para importantes reformas que contribuíram
para diminuir as suas enormes desigualdades económicas e sociais, a principal
fragilidade deste país.
Imagem
do Amazonas
Potência
Global ?
O
Brasil, neste início do século XXI, afirma-se não apenas como a principal
potência de toda a América Latina, mas também como um actor internacional
incontornável.
Os
números são impressionantes:
Ocupa
a 5º. posição mundial em população e território, a 10º. posição em PIB
e a 18ª. em dimensão militar (Dados de 2009); É auto-suficiente em termos
energéticos. Possui a maior área agrícola e a maior floresta do mundo. Tem
uma elevadíssima taxa de natalidade, uma verdadeira "bomba
demográfica".
Não
tem qualquer conflito interno, nem está envolvido em qualquer conflito
regional.
É
mediador em vários conflitos regionais, como o que ocorre no Haiti. Foi o
grande impulsionador da UNASUR (União das Nações Sul Americanas). Possui
excelentes equipas de diplomacia. Reivindica um lugar no Conselho de Segurança
da ONU.
A
realização dos Jogos Olímpicos de 2016 foi uma clara manifestação desta
vontade de protagonismo na cena internacional.
A
sua credibilidade externa está todavia dependente da forma como conseguir
atenuar as profundas desigualdades internas, combatendo a pobreza. Tem tudo para
conseguir vencer este desafio.
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