Formador.
O termo presta-se a enormes confusões, devido
à diversidade de funções profissionais a que se aplica. Todos os que exercem a
sua actividade neste campo tendem a ser rotulados indistintamente de formadores.
Estamos aliás num campo onde é comum uma mesma
pessoa exercer diversas funções em simultâneo. Atendendo a predomínio de uma
dada função, podemos distinguir 6 grandes grupos (Gaspar, 1986, p.35 e segs):
-
Dominante
pedagógica.
-
Dominante de ligação
-
Dominante de análise
e diagnóstico
-
Dominante auditoria
-
Dominante de
animação e orientação
-
Dominante
consultoria
-
Dominante de chefia
-
Dominante
Administrativa
Os profissionais que são objecto de referência,
neste trabalho, são apenas aqueles cujas funções dominantes são de natureza
pedagógica. A sua actividade principal centra-se na relação com os formandos,
transmitindo ou com eles construindo saberes de natureza essencialmente
profissional, e aos quais compete a avaliação de todo o processo de
aprendizagem. Retomando um conceito anterior podemos dizer que o formador
é aquele que dá “forma”, isto é, determina algo, conferindo-lhe
uma estrutura ou maneira de ser estável. Esta
questão coloca o problema do “perfil” e “competências do próprio formador.
Evolução do Estatuto de Formador
1.O
formador ligado à formação profissional emergiu no contexto de trabalho. O que
se exigia é que soubesse da sua profissão, não de pedagogia. Esta é a matriz dos
formadores objecto do nosso estudo.
2.O
aumento da complexidade do sistema produtivo, e por consequência do sistema de
formação profissional, implicou a existência de formadores que a par de
conhecimento profundo no seu ofício, reunissem aptidões e conhecimentos
adequados de métodos pedagógicos. Esta exigência emergiu em resultado da difusão
do ensino técnico-Profissional.
Entre
nós a exigência de uma formação pedagógica dos formadores data apenas de finais
do século XIX. O sistema de formação profissional exterior ao sistema de ensino
formal só criou estruturas próprias de formação de formadores nos anos 60 do
século XX.
3.A
progressiva complexidade dos sistema de formação profissional implicou como
vimos, uma progressiva especialização dos intervenientes na formação.
Perfil do Formador
A questão da definição do perfil do formador,
isto é, tem ocupado inúmeros autores. Restringindo-se apenas à produzida em
Portugal, são apontadas as seguintes características:
1.O Formador deve possuir larga experiência
profissional e dominar a profissão;
2. Acompanhar o desenvolvimento da sua
profissão, mantendo-se actualizado;
3. Ser capaz de inserir a sua actividade
profissional no contexto da empresa e do sector;
4. Ser capaz de facilitar a inserção dos
formandos no mundo do trabalho;
Competências
A definição
das competências do formador, referem-se a esse “não sei quê”, como diz Rui
Canário
que revelam a competência de alguém para desempenhar determinadas funções. Não é
fácil defini-las, dado que a mera aquisição de saberes não corresponde
necessariamente a um conjunto de competências para com eles operar num dado
desempenho profissional.
Podemos
todavia fazer uma distinção entre dois tipos de competências, as de natureza
técnica e as pedagógicas.
Competências dos Formadores
|
Competências técnicas |
Mobilizam saberes próprios duma dada
profissão
|
Competências pedagógicas |
Mobilizam saberes ligados ao processo de
comunicação, mecanismo e processos de aprendizagem e planeamento e
avaliação da formação:
-Psicologia da aprendizagem
-Métodos e técnicas pedagógicas
-Organização de sessões de formação
-Planeamento da formação
-Avaliação da formação
-Comunicação interpessoal
- Dinâmica de grupos
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Continua
Carlos Fontes
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