Os
dois princípios da formação profissional - a eficácia e a eficiência
-, implicam um processo continuo de avaliação. Podemos definir a avaliação
como uma reflexão crítica sobre todos os momentos e factores que intervêm
na formação a fim de determinar quais podem ser, estão sendo ou foram,
os resultados da mesma.
Trata-se
pois de um vasto e complexo processo
que supõe a necessidade de recolher informação de diferentes
momentos tendo em vista melhoria dos dispositivos de formação.
No
processo podemos efectuar uma separação entre fase de concepção, obtenção
e tratamento da informação e a fase de interpretação desta mesma
informação. O primeiro é de natureza objectiva, sendo frequentemente
baseado na apresentação de dados quantitativos, cujos critérios de
validação são explicitamente referidos; o segundo é caracterizado pela
sua natureza valorativa ou
subjectiva.
Os
momentos e factores que são objectos da avaliação dependem da
finalidade da própria avaliação. Ao longo dos anos tem variado bastante
as temáticas que são privilegiadas na avaliação. Em termos
tradicionais a avaliação centrou-se quase que exclusivamente sobre os
resultados da formação. Actualmente discute-se a difusa avaliação das
competências ou dos saberes adquiridos ao longo da vida.
Vejamos
sinteticamente estes dois casos.
Avaliação
da formação
Esta
avaliação procura obter vários tipos de resultados:
1.
As diferenças entre os objectivos fixados e os resultados alcançados;
2.
Os efeitos da formação nos postos de trabalho;
3.
Os factores que terão influenciado resultados à quem dos esperados, tais
como: meios e métodos inadequados; deficiências atribuíveis aos
formadores e ás condições logísticas
em que a acção decorreu; selecção inadequada dos formandos,
etc.
É
importante ter-se em conta que a avaliação da formação, não se cinge
apenas à detecção das diferenças entre os objectivos esperados e
resultados alcançados, mas é acima de tudo um processo reflexivo sobre o
próprio dispositivo de formação.
Avaliação
das Competências
A
importância crescente da avaliação das competências, decorre dos
seguintes factores:
1.
A constatação que não existe uma correspondência necessária entre a
aquisição de saberes e a capacidade para
os mobilizar ou aplicar no contexto de trabalho. A posse do saber,
não confere a capacidade de o usar nos vários contextos laborais.
2.
A desvalorização dos certificados escolares em muitos domínios, por um
efeito de massificação. Facto que se traduziu na procura por parte das
entidades empregadores de trabalhadores possuidores mais de competências
do que de credenciais escolares;
3.
A mobilidade dos trabalhadores implicou também a valorização das suas
competências profissionais, demonstradas em termos de percursos
curriculares (porta-fólios). Factor que tem vindo a valorizar
as competências adquiridas em contextos laboral, sobretudo nos países
onde a maior parte da população atingiu um elevado nível de escolarização.
O problema é todavia
mais complexo. Não se trata apenas de avaliar
as competências, mas de saber como esta avaliação se deve igualmente
traduzir em termos de promoção e classificação nos locais de trabalho.
Este é um tema a que voltaremos em breve.
Carlos
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