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A ideia de Império não desapareceu com o fim do
Império Romano, mas antes continuou muito viva durante mil e quinhentos anos.
Uns procuraram criar um império na própria Europa, outros fizeram-no fora dela. Os primeiros provocaram guerras sem fim dos europeus entre si, os segundos incendiaram o mundo. Expansão da religião cristã e da civilização ocidental, foi acompanhada de matanças e saques. As justificações apresentadas pelos europeus foram muito diversas, assim como o colapso dos seus impérios. Nos século XV os portugueses falaram em evangelizar o mundo, difundindo o cristianismo. evangelização e conquista confundem-se. Os espanhóis, entram na corrida, e transformam a evangelização no extermínio em massa dos que não se deixavam converter ou explorar. No século XVII, os holandeses reduzem a expansão a um negócio de natureza capitalista. A Inglaterra ao negócio acrescenta o domínio de pontos estratégicos do mundo, de modo rentabilizar o capital investido a longo prazo. A partir século XIX, as potências europeias declaram aberta a caça aos povos "inferiores", "incivilizados" ou que viviam na "ociosidade". Trata-se de os pôr a render e aos recursos naturais encontrados, nem que para isso seja necessário exterminá-los. Em qualquer dos casos, a importância atribuída a estes impérios foi de tal forma grande, que a Europa se passou a se ver a si mesma como uma vocação imperial. Sem colónias um país europeu era como se não existisse. O mundo dividia-se entre a Europa e o "resto". 1. Império Português Foi o primeiro Império a surgir e o último a desaparecer criado fora Europa. O seu início remonta a 1415, quando os portugueses sentindo que não se podiam expandir para novas regiões na Península Ibérica, avançam para o Norte de África (Marrocos). Criaram para o efeito uma poderosa armada, desenvolveram novas técnicas de construção naval e de fortalezas, cartografia e outros conhecimentos que lhes permitiam estar na dianteira do mundo científico. O Estado (coroa) assume desde o inicio a direcção desta expansão, envolvendo neste projecto toda a população. Com uma inacreditável persistência vão descobrindo e instalando-se ao longo de toda a costa ocidental de África (Saara Ocidental, Mauritânia, Gâmbia, Senegal, Guiné, Serra Leoa, Libéria, Costa do Marfim, Gana, Togo, Daomé, Nigéria, Camarões, Gabão, Congo, Angola). Em 1488 já Bartolomeu Dias dobra o Cabo da Boa Esperança (África do Sul), abrindo desta forma as portas para as viagens para a Ásia contornando África. Em 1494 dividem o mundo com os espanhóis, ficando cada um com uma metade. Desta forma retiram-nos do seu caminho. Entretanto as expedições prosseguiram por toda a costa oriental de África (Moçambique, Tanzânia, Quénia, Somália, Etiópia) chegando em 1498 à India. Uma vez aqui chegados expandem-se por todo o Oriente (Irão, Iraque, Paquistão, Vietname, China, Japão, Indonésia, etc). Ao longo de todo o século XVI os portugueses desfrutam no Oriente de um domínio inquestionável. Na América, em 1500 "descobrem" o Brasil e iniciam pouco depois a sua colonização, uma obra que durará até 1822, quando esta colónia se tornou independente. Tratou-se aqui de criar uma grande colónia, com uma organização política centralizada e uma forte unidade cultural, algo que não existia nas colónias espanholas. Na América do Sul, não se confinaram aos actuais limites do Brasil, durante séculos procuram conquistar vastas regiões aos espanhóis (Uruguai, Paraguai), mas também aos franceses e holandeses (Guianas). Durante o domínio espanhol de Portugal (1580-1640), o Império começa a desmoronar-se devido às investidas dos holandeses, ingleses e franceses. A sua poderosa armada é destruída, o país é ultrapassado em termos tecnológicos e científicos por outros potências europeias. Após a expulsão dos espanhóis, a recuperação do antigo Império em toda a sua extensão torna-se numa obra impossível de ser realizada. A única alternativa que resta ao portugueses é centrarem-se em algumas regiões de África, Ásia e América (Brasil), apoiando nas restantes a expansão dos ingleses, os seus aliados na luta contra os espanhóis e os franceses. O Império terminou em 1975, sendo concluído o processo em 1999 com a integração de Macau na China. Entre 1415 e 1974, os portugueses sempre associaram a sua expansão marítima, e colonização das diferentes partes do mundo a uma cruzada contra os infiéis e à cristianização do mundo. Um das justificações ideológicas mais repetidas afirmava justamente que os portugueses tinham uma "missão divina", a de expandir o cristianismo e a cultura ocidental, diminuindo a influência da cultura muçulmana no mundo. É por esta razão que a Igreja católica portuguesa esteve desde o início envolvida neste processo, constituindo muitas vezes a sua guarda avançada. A própria escravatura e o comércio de escravos, largamente desenvolvido pelos portugueses, foi justificado como o "resgate" das almas dos selvagens. Ao longo de séculos foram milhões as vítimas destas cruzadas e dos "resgates das almas". A própria população portuguesa acabou por ser reduzida a condição de "escravos" das acções imperiais conduzidas pelo Estado. Um dos raros beneficiários deste Império acabou por ser a própria Igreja Católica. Os padres viviam na opulência, enquanto a maioria da população vivia na mais incrível indigência. Carlos Fontes | ||||||||||||||
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