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Entre
o século XII e 1801, desenvolveu-se em Olivença uma notável actividade
cultural que ainda hoje é visível nos seus monumentos, apesar do saque e
destruição que a Espanha fez ao longo de 200 anos de ocupação.
Ao visitá-la temos a mesma sensação que
sentimos quando percorremos as localidades onde existem ruínas dos aztecas,
mais, incas e tantos outros povos da América Latina. Tratam-se tão somente
de ruínas. É preciso algum esforço da imaginação e informação prévia
para as tornarmos vivas, dado que a cultura que encarnam só muito vagamente
têm a ver com a população que aí vive.
Ainda que estas populações possam ter
origem nos antigos povos que as construíram, a verdade é que as suas
memórias colectivas foram cuidadosamente apagadas para permitir a sua
substituição pelas referências do invasor. No caso de Olivença os nomes
portugueses foram substituídos por espanhóis, brasões arrancados, os
símbolos de Portugal destruídos, etc.
Aquilo que eram coisas carregadas de
significado, tornaram-se pedras cujo sentido se perdeu. Neste aspecto
Olivença constitui um dos melhores exemplos de etnocídios na história
contemporânea da Europa.
Temos pois que evocar pessoas e algumas
referências históricas para perceber estes vestígios e dar-lhes vida.
Fenómeno típico em todos os locais do mundo onde ocorreram etnocídios.
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Pessoas
Olivença, a nobre e leal terra portuguesa,
foi o berço da família de Vasco da Gama aí nasceu o pai deste ilustre
navegador. | |
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Apesar de abastardadas as suas casas
apalaçadas, não deixam de evocar os seus os seus antigos moradores, como os
marçais, os sousas ou os duques do Cadaval. Muitas delas foram usurpadas pelo
Estado Espanhol para aí instalar os seus símbolos de poder. No solar dos Duques
do Cadaval, que ostenta o seu magnífico portal manuelino, está instado o Ayuntamiento da
cidade.
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Igrejas
Os padres espanhóis, acumulando uma longa
experiência histórica de conversões forçadas de muçulmanos e judeus,
dedicaram-se a converter à cultura espanhola o que restava das populações
portuguesas. Tiveram um papel importante neste etnocídio. Não foram contudo
capazes de destruir os templos construídos pelos portugueses, muito embora os
saques continuem até aos nossos dias.
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Entre as igrejas de Olivença, destacam-se a
manuelina Igreja da Madalena, antiga Sé da Diocese de Ceuta, a cidade que hoje
é reclamada à Espanha por Marrocos e que durante séculos foi administrada por
Portugal. A construção desta Igreja ficou a dever-se a ao Bispo Henrique de Coimbra,
companheiro de Pedro Alvares Cabral no descobrimento do Brasil

Interior da Igreja da Madalena,
cujo recheio tem vindo a ser delapidado
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A Igreja da Santa Maria dos Castelo, de traça
renascentista e posteriores acrescentos barrocos.
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Entre as mais notáveis está todavia a Igreja da
Misericórdia, fundada em 1501, onde mesmo depois da ocupação espanhola se
manteve mais viva a especificidade desta terra portuguesa.
Mais
informação
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Fortificações
Símbolos da defesa de uma
identidade usurpada pela Espanha, continuam a erguer-se altaneiros malgrado a
sistemática destruição que este país paulatinamente vai realizando.
Em lugar estratégico ergue-se o
seu castelo e a sua torre de menagem medievais (37 metros de altura). Devem
ainda referir-se os
baluartes seiscentistas com a elegante Porta do Calvário e a torre do quartel do Dragões de Olivença datado do período
pombalino (século XVIII).
Porta do Calvário
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Traçado da Cidade
Onde melhor podemos observar os vestígios de
Olivença é no tipo de construção de muitas das suas casas (alvenaria, cal,
cantaria, imponentes chaminés, etc), cujos elementos são em tudo idênticos
às vilas portuguesas do Alentejo.
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Comida
Ainda até meados do
século XX, Olivença distinguia-se da Extremadura espanhola pela
excelência da sua gastronomia e doçaria. O etnocídio que aqui ocorreu
destruiu entretanto uma das maiores riquezas desta terra.
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Povoações do
Concelho de Olivença
A destruição
dos Vestígios Incómodos
S. Francisco, S. Rafael, Vila Real,
S. Domingos de Gusmão, S. Bento da Contenda, S. Jorge de Alor e Talega
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Dossier sobre Olivença
Inicio
.1. Resistência
. 2. Cultura . 3. A
Tradição de Bolboa . 4. A traição de
"nostros hermanos". 5.
Isolamento e Extermínio. 6. A
Legitimação da Usurpação. 7.Colaboracionistas
8. Outros casos de etnocídios. 9.Memorial
10. Bibliografia |