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A traição de "nostros hermanos"
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É
difícil encontrar país mais traidor e repleto de traidores, como foi a
Espanha em finais dos século XVIII e princípios do século XIX. Todas as
comparações ficam aquém da realidade.
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A Ameaça Francesa
Quando em 1789 eclodiu a Revolução
Francesa, a Espanha foi um dos primeiros países que se levantaram contra as
suas ideias liberais. Fez parte inclusive de uma acção
armada contra a França (campanha do Rosilhão). O movimento revolucionário
francês rapidamente adquiriu uma dimensão expansionista. A França
precisava de dinheiro e não tarda a declarar guerra aos vários
países europeus, para os poder saquear. Portugal comunga dos
mesmos receios que a Espanha. Espera que esta se mantenha fiel aos
compromissos de paz entre os dois países. Nada justificava aliás uma
posição diferente.
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A Traição Espanhola
O homem que é apontado como o
mentor da traição que os espanhóis fizeram aos portugueses é
Manuel Godoy, amante da rainha de Espanha, mais conhecido pelos espanhóis como
o "Principe da Paz". Carlos IV, a 15 de Novembro de 1792, entrega-lhe
o governo do país. Após quatro anos de governação a Espanha Católica e
símbolo da Inquisição na sua forma mais brutal torna-se no mais fiel aliado
da França ateia, republicana e jacobina. Ao serviço da França declara guerra a meio mundo. É neste
contexto de fidelidade canina que se pode perceber a sua declaração de guerra
à Rússia. Pensando-se
reforçada pelo poder da França, de imediato a Espanha começa a urdir a trama para ocupar Portugal. Inicia então conversações com os franceses para a sua invasão
e partilha.
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Espanha e França Invadem Portugal
Estes países, em Março de 1801, fazem um ultimato a Portugal para que
feche os portos a Inglaterra,sua tradicional aliada.Os termos deste ultimato constituem uma verdadeira
declaração de guerra. A partilha de Portugal está há muito combinada, era
apenas preciso um pretexto. Na
fronteira com Portugal, em Abril de 1801, os espanhóis concentram cerca de 70
mil homens. Esperam contudo pela chegada dos franceses para a invasão.
Entre 17 e 18 de Abril, os franceses entram pela primeira vez em Espanha com 15 mil
homens. O seu objectivo comum é o saque do país, e o dos espanhóis o seu
domínio. No dia 16 de Maio, o exército espanhol invade
o sul de Portugal e lança a destruição pelo Alentejo, tomando Olivença.
Isolado, sem apoios exteriores, traído pelos
seus vizinhos ibéricos, fustigado pelos franceses, os portugueses procuram resistir.
No tratado de paz que ainda em 1801 é celebrado, na cidade que viu parir
Godoy- Badajoz-, a Espanha protegida pela França, exige Olivença.
Em
Olivença vivem-se horas de desespero. A população é humilhada, massacrada e
saqueada pelos invasores. Como o país procura resistir e aguardar por melhores
dias.
A história espanhola regista a rapidez desta
acção de 1801. Ao longo de quatro meses saquem e tomam várias vilas e cidades
junto à fronteira.Olivença caiu ao fim de dois dias. O que esta história não
refere é a vergonhosa traição que
fizeram aos portugueses, os massacres, roubos e violações que por todo o lado
realizaram. O que esta história também não fala é que foram os espanhóis que
convidaram os franceses a entrarem na Península Ibérica para os ajudar a roubarem e
destruírem um seu vizinho, e que acabaram depois por também ser
saqueados.
O prestigiado historiador espanhol, Ramón Mendez
Pidal (H.E.vol.XXXI,p.893), vai mais longe que todos e apresentam uma caridosa
explicação para a usurpação de Olivença. O seu roubo serviu para consolar o
povo espanhol da perda na altura das colónias da Trindade e Luisiana. O povo
andava triste e desconsolado, precisava de sentir o sangue dos seus vizinhos e
de o roubar para de novo se sentir feliz.
Uma coisa é certa: os massacres de portugueses em Olivença foram
brutais. Mesmo assim, o que restava da martirizada população ainda se revolta em 1806. Mas
a Espanha não desiste do seu objectivo, os franceses também não. Portugal
continua a resistir.
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A partilha de Portugal entre a Espanha e a
França Em 1807, em Fontainebleau é feita formalmente a
partilha de Portugal. Godoy manifesta o desejo de
ficar com o sul do país e de se proclamar rei do Algarve. Os franceses não tardam
a trair este traidor. A 17 de Novembro de 1807, as tropas francesas invadem Portugal, mas a família real
e os quadros do país (16 mil pessoas) havia já saído para o Brasil. Os
espanhóis integrados nas tropas francesas aproveitam para roubar, incendiar as
regiões por onde passam. É o desvario dos "hermanos" dos
portugueses. |
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A Espanha está em todas as
incursões dos franceses a Portugal. Entre 1808 e Outubro de 1813, ora estão na
primeira fila ora estão na retaguarda, agindo como um exercito organizado ou
como bandos de salteadores ao serviço da França ou a mando de caciques. Os
portugueses contam desde Agosto de 1808, com a ajuda de tropas inglesas comandas
por Wellington. Portugal transforma-se no continente Europeu, na principal
base de onde partirão as principais ofensivas contra os franceses e os seus aliados, entre
os quais se incluem os traidores espanhóis. A população não tarda em
auto-organizarem-se em grupos de guerrilheiros para fustigarem os franceses. No outro extremo da Europa,
a Rússia, desencadeia outra ofensiva similar. Numa
Espanha repleta de traidores, muitos procuram assumir o poder. Fernando,
filho de Carlos IV, ao tentar trair o seu pai tomando-lhe o poder, é denunciado
por outros traidores. Não tarda a denunciar os seus amigos. Entre tantos
traidores, o povo espanhol, elege-o como o seu novo rei. Os franceses opõem-se.
O povo saí á rua, e em Maio de 1808, a revolta alastra por todo o país. Godoy
não tarda a refugiar-se em França. Ao trono sobe um novo traidor- Fernando de
seu nome.
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Portugal está transformado num campo de batalha. A
política da terra queimada implica a destruição deliberada de grande parte do
país para diminuir os recursos disponíveis para o exército invasor. Os
franceses tentam por todos os meios dominar Portugal, sucedendo-se as invasões.
Em Olivença, em 1811, o general francês Soult, numa destas tentativas é derrotado. A vila é tomada pelos portugueses.
A Espanha que desde
1808 percebera que só tinha a lucrar distanciando-se dos franceses, aproxima-se dos ingleses.
Após a capitulação de Olivença em 1811 pede para que
lhe seja confiada. Os ingleses cedem procurando agradar ao novo
aliado. Em Olivença a população massacrada está isolada. A ponte
que fazia a ligação com Portugal foi há muito destruída pelos espanhóis(1701). O desespero é total, o que
se seguirá é a consumação do etnocídio que os espanhóis foram exímios na
América. Portugal encontra-se completamente destruído
pela guerra, cerca de um terço da sua população foi gravemente afectada ou
morta. A corte está no Brasil, o governo está confiado aos ingleses. O que
resta de franceses e traidores espanhóis só é definitivamente expulsa do
país em 1813. Não é difícil imaginar a dificuldade que os
portugueses tinham na altura para impor fosse o que fosse.
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Retrato
de Manuel de Godoy, frente aos estandartes portugueses apreendidas em 1801, na
vergonhosa traição da Espanha a Portugal que acabou por conduzir a Península
Ibérica à ruína.
( exposto na Academia de São Fernando, em Madrid)
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Invasões
Franco-Espanholas de
Portugal Entre
1801 1813 Portugal foi por diversas vezes invadido pelos exércitos espanhóis e
franceses. Populações inteiras foram exterminadas, saqueadas e violadas. Parte
do produto do roubo que então foi praticado está hoje em exposição nos
museus destes países, ou faz parte do património das suas mais ilustres
famílias. Cerca de milhão de portugueses foram directamente afectados,
centenas de milhares foram mortos.
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Dossier sobre Olivença
Inicio
.1. Resistência
. 2. Cultura . 3. A
Tradição de Bolboa . 4. A traição de
"nostros hermanos". 5.
Isolamento e Extermínio. 6. A
Legitimação da Usurpação. 7.Colaboracionistas
8. Outros casos de etnocídios. 9.Memorial
10. Bibliografia | |