O tema do racismo é omnipresente em
todo a parte. Os africanos acusam outros povos de racismo, sendo por sua vez
acusados de
discriminarem
outros povos.
Em Angola, a julgar por múltiplos
testemunhos, as principais vítimas são os portugueses brancos, os "Tugas".
Eles carregam o passado de antigos colonizadores e escravocratas, sendo amiúdo
acusados de não respeitarem as leis do país, de se estarem a apoderar das suas
riquezas, etc.
Os burocratas do Estado
aproveitam todas as ocasiões para se vingarem dos "tugas"
dificultando-lhes a vida, por exemplo, na instalação e desenvolvimento das suas empresas.
Todos pretextos servem para lhes darem uma lição: a "carta de
condução" de um jogador (Mantorras) em Portugal, a interdição dos aviões da "Taag"
voarem no espaço da União Europeia, atrasos na concessão de vistos em Luanda
, etc.
Uma das manifestações racistas
mais chocantes do Estado angolano está na obrigatoriedade de nos Bilhetes de
Identidade dos seus cidadãos constar a menção da cor da pele.
Desta forma as autoridades pretendem controlar quem entre eles são brancos,
onde nasceram e moram, assim como a sua percentagem na população (2007).
O fenómeno nada tem de novo,
aconteceu o mesmo em todas as colónias que se tornaram independentes. Faz em
geral parte de um processo de afirmação da identidade nacional de qualquer
jovem país, onde existe a necessidade psicanalítica de matarem o Pai (a antiga
potência dominante).
Na Guiné-Bissau, por exemplo, em
1975, não foram só os brancos (portugueses) a serem discriminados, mas também
os negros mais claros, identificados como caboverdianos, os "BURMEDJOS",
que foram sistematicamente discriminados e excluídos até à ruptura que se deu
em 1980.
Em Moçambique, onde a
transição foi mais "pacífica", ainda hoje não é fácil ter a pele
de cor branca (
consultar
).
Em muitos países africanos os
brancos foram literalmente expulsos das terras onde nasceram e queriam viver,
pelo simples facto de serem brancos e carregarem a culpa colectiva da sua cor de
pele. .
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