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Eu
e Cristovão Colombo
Em
2004 um amigo da Universidade das Canárias veio a Lisboa, como objectivo fazer
realizar uma pesquisa sobre Cristovão Colombo em Portugal. Eu e os meus amigos, na sua esmagadora maioria professores, mandamo-lo para
Itália. Regressou às Canárias, com a sensação que a passagem deste
navegador por Portugal fora episódica. A
obra de Mascarenhas Barreto sobre Colombo, datada de 1989, não me era
desconhecida. A verdade é que nos meios académicos era tida por pouco recomendável
e por isso não a li, muito menos a recomendava..
Foi com alguma surpresa que, em 2005, saboreei o romance de José Rodrigues dos
Santos que expõe num quadro ficcional as teses deste investigador. Alguns
factos históricos, ainda que romanceados, despertaram-me a curiosidade para
saber mais sobre o assunto. Por sorte, em Outubro de 2006, Manuel Rosa e Eric J,
Steele, publicaram um importante livro sobre Colombo. A abordagem do tema e os
multiplicidade de novos factos apresentados pelos autores, revelaram-me a minha profunda ignorância sobre a
questão da nacionalidade de Colombo e tudo o que a mesma envolve. Desde
então nas horas vagas foi lendo uma vasta bibliografia sobre este navegador, personagens e
a sua época, assim como todos os
documentos atribuídos ao próprio Colombo. A
primeira constatação que a que facilmente cheguei é que alguns
dos mais brilhantes historiadores portugueses dos descobrimentos, como Vitorino
Magalhães Godinho ou Avelino Teixeira da Mota, escreveram sobre Colombo
verdadeiras barbaridades, reveladoras de uma enormíssima ignorância sobre este navegador.
Limitaram-se a repetir aquilo que outros escreveram, sem analisarem criticamente
a documentação existente. Aqueles
que em Portugal sustentam outras interpretações, muitas vezes em nada
contribuíram para repor os factos e enquadrar a questão. A maioria abusou de
leituras esotéricas, genealógicas e heráldicas sobre Colombo, desprezando a consulta e análise crítica de documentos. O resultado foi a
produção de autênticos delírios pseudo-biográficos que nenhuma pessoa com um mínimo de senso crítico
e conhecimento histórico da época pode
aceitar. Face
a este paupérrimo panorama da historiografia portuguesa sobre Colombo, não admira que as
referências feitas a Portugal nas inúmeras biografias e estudos deste
navegador esteja repleta de erros factuais e uma visão muito
incompleta e destorcida do contributo português para os descobrimentos. Não
era de esperar outra coisa dada a ausência de interlocutores em Portugal sobre
o tema A
documentação que tenho recolhido para esclarecer o enigma da sua identidade é de tal modo vasta, que me interrogo sobre o
significado social e cultural desta indiferença dos intelectuais portugueses
sobre a questão. Estou
convencido que estamos perante uma monumental mistificação italiana e
espanhola, só possível porque foi alimentada por uma profunda ignorância dos
historiadores portugueses. Neste
sentido, numa modesta contribuição, iremos publicar de forma sistemática novos dados
sobre Colombo, apoiados numa vasta
bibliografia e documentos inéditos ou pouco conhecidos. Em
notas de rodapé serão apontadas as fontes bibliográficas e documentais consultadas,
afim do leitor mais interessado poder verificar a autenticidade das provas
apresentadas. No caso de encontrar qualquer erro, não hesite em contactar-me. Carlos
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