História
Desconhece-se a data exacta que
os portugueses descobriram São Tomé e Príncipe. A versão corrente é que
teria sido por João de Santarém e Pêro Escobar, em 1470, a encargo do
mercador Fernão Gomes, arrendatário dos direitos reais do exclusivo do comércio
da costa da Guiné, em contrapartida da obrigação de descobrir 100 léguas de
costa por ano, a sul da Serra Leoa. A primeira ilha a ser descoberta terá sido
S. Tomé (1470), e no ano seguinte a de Ano Bom e a do Príncipe, a que chamaram
Santo Antão.
A ocupação não foi imediata, só
em 1493 se começaram a fixar os primeiros colonos, tendo-se dedicado ao cultivo
da cana do açúcar importado da Madeira.
No século XVI desenvolvem-se
grandes plantações de açúcar, para as quais é importados dezenas de
milhares de escravos do continente africano. As ilhas de S. Tomé e Príncipe
chegam a contar com cerca de 60 engenhos de açúcar.
O séculos XVI é marcado
revoltadas dos escravos angolanos, ainda hoje verdadeiros símbolos desta região
de África.
Estas ilhas assumem uma enorme
importância estratégica para os portugueses, como ponto de escala nas rotas de
navegação, mas também para o próspero comércio de escravos do Congo e
Angola.
No século XIX desenvolve-se a
cultura do café e cacau, criando-se grandes plantações. O primeiro é
introduzido em 1800, e o segundo em 1822, como simples planta ornamental.O
cultivo intensivo do cacau só se iniciou em grande escala a partir de 1851,
para o que muito contribuiu o mestiço João Maria de Sousa e Almeida. A cultura
do cacau acabou por rapidamente suplantar todas as outras.
A abolição da escravatura, em
1869, à semelhança do que acontecia por todo o mundo não acabou com o
trabalho de escravo. Os escravos passam a ser denominados de
"contratados". Milhares de africanos, sobretudo de Cabo Verde, Angola
e Moçambique são forçados a trabalharem para os grandes proprietários.
Durante décadas a questão origina campanhas internacionais contra esta nova
forma de escravatura.
As revoltadas contra o
colonialismo portugueses, nomeadamente contra as atrocidades e abusos praticados
pelos grandes proprietários das plantações. As últimas greves ocorreram em
1972-73. Entre as acções repressivas ficou tristemente célebre a chacina que,
em Fevereiro de 1953, realizou o governador do território, coronel Carlos Sousa
Gorgulho, na qual pereceram cerca de mil pessoas.
O principal problema da ilha,
sobretudo a partir do século XIX foi a distribuição muito desigual da terra.
De um lado tinhamos grandes plantações extremamente lucrativas, e do outro,
uma agricultura de subsistência. As primeiras pertenciam a um grupo reduzido de
proprietários, que na sua maioria nem sequer residiam nas ilhas. Em 1950-1955,
por exemplo, aos nativos (52% da população) pertenciam menos de 1% da
dos totais dos produtos ricos que estavam na base das exportações da ilha
(cacau, café, oleaginosas, quina, canela, banana).Esta situação
acabou por se tornar insustentável.
No quadro da resistência contra
o colonialismo português, que em 1960 é fundado o Comité de Libertação de
S. Tomé e Príncipe, transformado em 1972, num Movimento de Libertação (MLSPT).
Após a independência, em 1975,
foi instaurado um regime monopartidário. Nesta altura as roças foram
nacionalizadas, provocando a saída de 4 mil portugueses. As estruturas económicas
são desta forma seriamente afectadas. O período de 1975 a 1989 é uma grande
conflitualidade, sucedendo-se as tentativas de golpes de Estado. Em 1980 foram
solicitados a entrar no país cerca de 2.000 angolanos, conselheiros soviéticos
e cubanos . O desmoronar da Ex-União Soviética, a partir de 1989, provoca o
fim dos apoios internacionais deste regime.
Em 1990 é aprovada uma nova
constituição multipartidária pondo fim ao regime anterior monopartidário. As
tentativas de golpes de estado não terminaram. Em 1995, um grupo de oficiais
das forças armadas volta a apoderar-se do poder. Esta situação de conflitos
latentes acaba por depauperar a frágil economia do país. Problemas cuja solução
ainda tarda em ser encontrada. |