Os Novos
Desafios de Portugal
Nos últimos trinta anos ocorram
dois acontecimentos que marcaram o inicio de um novo ciclo
na história do país: O fim do Império Colonial (1974-1999) e a entrada de Portugal na
CEE (actual União Europeia) em 1986. Portugal iniciou um novo ciclo histórico,
com contornos ainda indefinidos.
1. Fim do Império Colonial
A expansão de Portugal pelo
mundo, iniciada no século XV terminou simbolicamente em 1975, sendo concluída
todavia apenas em 1999 com a integração
de Macau na China. Ao longo de séculos toda a vida do país esteve directa ou
indirectamente ligada à suas colónias ou territórios ultramarinos. Foi
elaborado todo um discurso ideológico para justificar a Conquista, Expansão,
Colonização e as intermináveis guerras que a criação e manutenção do
Império implicava. O fim
do Império tornou necessário a construção de um novo país, assim como a
eliminação mentalidades e estruturas ligadas ao seu passado colonial.
Trata-se de uma questão de
sobrevivência. O
processo não tem todavia sido pacífico, as resistências são múltiplas, nomeadamente
por parte dos bandos de parasitas que sempre gravitarem à volta do Estado, e
que no passado desfrutavam de enormes privilégios do sistema colonial, apoiados
em estruturas burocráticas e
fortemente militarizadas. 2.
Mudanças Internas Nos
últimos trinta anos, Portugal mudou em múltiplos aspectos que passaram a
condicionar as novas opções políticas: a)
População heterogénea. Nas últimas décadas, fruto da imigração
nomeadamente da proveniente das ex-colónias, a população portuguesa tornou-se
multi-rácica. Uma situação que já não ocorria, nestas proporções,
desde o século XVI. b)
Diversidade de Confissões Religiosas. Entre o século XII e princípios do
século XVI Portugal foi um país onde co-existiam três grandes religiões: o
cristianismo católico (religião predominante), o judaísmo e o islamismo.
Entre o séculos XVI e XIX apenas o cristianismo foi permitido. O judaísmo
voltou a ser permitido no século XIX. O Islamismo voltou a ser praticado apenas
a partir de 1974, assim como muitas outras confissões
religiosas. c)
Concentração Urbana. Durante séculos Portugal foi um Império rural. A
maior parte da população vivia nos campos, tinha altas taxas de fecundidade, e
constituía uma reserva facilmente mobilizável para as campanhas de expansão,
colonização e manutenção do Império. A população urbana alimentava as
classes dirigentes e mercantis. Desde de 1975 assistiu-se a uma enorme
concentração urbana, com o consequente despovoamento dos campos. As cidades
passaram a competir entre si como forças de atracção interna de
investimentos, população qualificada, etc. d)
Economia de Serviços. O processo de urbanização foi acompanhado por uma
melhoria gradual no nível de vida população, assistindo-se ao declínio das
actividades primárias e secundárias assentes em mão-de-obra intensiva. A
adesão ao EURO (2002) ditou o fim de uma industria baseada nos baixos preços
da força de trabalho. As novas industrias dirigidas para produtos de
elevado valor acrescentado tem tido um desenvolvimento inferior ao esperado. 3.
Alianças Externas. A CEE/União Europeia.
Para fazer frente às tentações espanholas, os portugueses sempre tiveram
necessidade de aliados externos. A Inglaterra foi entre os século XIV e o
século XX o seu principal aliado, pagando os portugueses um elevado preço por
esta aliança. Em meados do século XX, ao integrarem a NATO obtiveram um novo
apoio - os EUA. A adesão à EFTA reforçou estes apoios externos, nomeadamente
no plano económico.
Sem o Império, após
1974, os portugueses procuraram na própria Europa uma base de apoio mais ampla
que as anteriores alianças. É neste contexto que surge o pedido de adesão à
CEE (actual União Europeia) em 1977. Em temos políticos significou o envolvimento
num espaço muito alargado de decisões e informações partilhadas entre os
diferentes estados membros. As questões internas passaram a ser influenciadas
por decisões comunitárias. Representou a abertura a um enorme mercado de consumidores e
produtos, mas também um brutal aumento da concorrência para as empresas
portuguesas. A CEE (EU) representou também a entrada de importantes ajudas económicas,
em especial para a renovação ou criação de infra-estruturas (auto-estradas,
portos, etc).
Esta adesão teve efeitos
contraditórios que estão ainda longe de serem avaliados em todas as suas
consequências, nomeadamente porque não houve um corte com as tradicionais
forças de bloqueio da sociedade portuguesa.
a)
Ao contrário do que seria de esperar,
assistiu-se ao reforço dos grupos sociais que viveram durante séculos à
sombra do Estado Colonial (ver). Instalados
depois de 1974 nos aparelhos partidários, estes grupos desviaram para seu
proveito importantes recursos económicos do país. Para manter tantos parasitas
nos partidos políticos e no Estado, as despesas
públicas acabaram por aumentar mais do que as receitas, mas os serviços
públicos continuaram a ser indigentes.
b) O aprofundamento das
ligações de Portugal à CEE (UE), criaram por sua vez as condições
objectivas para a ocorrência de profundas mudanças na sociedade
portuguesa. A
abertura do país ao exterior, e o consequente
aumento da concorrência interna e internacional foram minando a fraca sustentabilidade de estruturas
económicas assentes na exploração de mão-de-obra barata. No
início do século XXI a urgência de reformas efectivas impôs-se como uma
questão de sobrevivência do próprio país, caso contrário condena-se à um
lugar miserável no contexto da União Europeia. É neste contexto que se volta
a discutir velhos problemas geo-estratégicos.
A UE a 25 ou 27 é muito diversa da que existia a 15. Os desafios são
outros. A integração política da Europa prossegue, embora sem a perspectiva de
grandes ajudas financeiras para os novos membros. A UE é agora um espaço alargado, onde
predomina uma forte concorrência interna, onde tudo procuraram tirar o máximo
proveito de uma mercado alargado. A
apregoada "solidariedade europeia" é hoje uma expressão vazia de
conteúdo.
Os produtos de baixos salários estão condenados.
Facto que exige, por exemplo, uma total reconversão da industria e agricultura
portuguesa para poder ser competitiva. Mas os problemas não são apenas
estes.
As grandes potências na UE procuram manter o seu domínio numa Europa cada vez mais
vasta e de difícil gestão. Apostam na liberalização e des-regulação dos
mercados para facilitar o saque das multinacionais. A maioria dos cidadãos
europeus limita-se a assistir a este roubo no quadro da UE, de cujo projecto
se sente cada vez mais distante.
A Alemanha é por enquanto a única potência
inquestionável, nomeadamente devido aos seus fortes argumentos económicos. Através
de sucessivas reformas da UE, conseguiu montar uma estrutura de controlo dos
mercados comunitários, indispensável para manutenção do poder das suas empresas
e bancos. Alguns vêm na UE um meio de evitar o
renascimento de movimentos nacionalistas internos.
A França que desde
os anos 70 tem vindo a perder o peso político internacional,
a sua política
está cada vez mais
condicionada por divisões étnicas internas, nomeadamente entre muçulmanos e
cristãos. A sua retórica política, joga numa ambiguidade de posições,
procurando salvar o que resta do Estado laico republicano e da sua pretensa
influência no mundo muçulmano.
A Inglaterra mantém-se fiel
ao seu alinhamento internacional com outros países ocidentais, procurando
combater as ideias federalistas no seio da UE através de um reforço da aliança estratégica
UE-EUA.
Uma posição
que é defendida por Portugal.
Fruto
do impacto da adesão à CEE (UE), desde 1986 Portugal tem vindo a secundarizar
a sua tradicional ligação à Inglaterra
por uma aproximação em relação à Espanha. Os resultados não podiam ser
mais catastróficos, assistindo-se à estagnação de largos sectores da
economia portuguesa. A Espanha
tem sido um
vizinho incomodo , devido à sua longa
tradição de saque e
pilhagem. Em Portugal continua a contar com a preciosa ajuda de negreiros e
iberistas, recrutados agora na Opus Dei, mas também entre políticos corruptos e
incompetentes, como ex-ministros e gestores públicos, ou entre
empresários dispostos a venderem os
seus concidadãos pelo melhor preço.
A Espanha quando está
economicamente melhor que Portugal, suscita sempre algum entusiasmo neste lado
da fronteira por parte dos esbirros iberistas, pois alimenta-lhes a ilusão de
obterem dinheiro sem trabalho. A situação em nada se alterou,
apenas mudaram os protagonistas. Neste aspecto não há surpresas, nem
pode haver ingenuidades ( Na União Europeia não há fronteiras, etc). A situação
tornou-se mais complexa após a entrada de novos países para a UE, como a Roménia ou a Bulgária
(2007). Um dos maiores impactos deste alargamento
em países como Portugal, está na sua crescente marginalização
política, numa Europa cujo centro de gravidade se deslocou para o Leste. Só
resta a Portugal procurar novos aliados fora da UE para contrabalançar esta tendência.
4. Posição geográfica
Portugal
está num extremo da Europa, mas é uma das suas principais portas de entrada. No
entanto em relação à Europa central é um país periférico, e devido a esta distância sofre de algum isolamento, dado ter a Espanha como um obstáculo físico. Apesar disto, a posição geográfica
em pleno Atlântico sempre constituiu uma mais valia em
relação a outros países atlânticos e regiões do mundo ligadas por mar, com
as quais Portugal possui profundas ligações culturais. Nos últimos 20 anos, este
posicionamento estratégico foi completamente ignorado. As raízes atlânticas e as trocas comerciais com os países
atlânticos foram desprezadas, em favor dos países da Europa continental. 5.
Identidade Portugal como primeiro estado-nação da Europa, sempre sofreu não de falta de
identidade cultural, mas do seu excesso. O peso da sua longa e rica história é
enorme. É por esta razão que necessita de pessoas com outras
matrizes culturais, para alargar os seus horizontes e vivências. As
suas fronteiras foram fixadas no século XIII, na mesma altura que se impôs a
sua língua - o português. Em termos culturais, apesar de certas variantes
regionais, revela uma enorme homogeneidade. A imigração depois de 1974
até ao presente não provocou qualquer ruptura cultural. Os imigrantes do leste
da Europa (Ucrânia, Moldávia, Roménia, Rússia e Bulgária) estão plenamente
integrados. A maioria dos imigrantes em Portugal é contudo, oriunda de países que
têm um matriz cultural comum (Brasil, Cabo Verde, Angola, etc). Este facto faz
com que não se registem conflitos internos, sendo os problemas integração
étnica residuais, circunscritos aos ciganos e pequenos grupos de africanos,
onde as famílias são frequentemente desestruturadas. 6.
Dimensão Portugal tem 10 milhões de habitantes e cerca de 4,5 milhões de emigrantes
espalhados pelo mundo. A sua superfície (continental e ilhas) é relativamente
modesta, pouco mais do que 89 mil km2. É um país de média dimensão no
contexto europeu. Aparentemente
a sua dimensão podia ser obstáculo no mundo, mas tal nunca se confirmou ao
longo de mais de 8 séculos de história. Mesmo no campo militar, as maiores
potências do mundo foram sempre derrotadas por este pequeno país. Registe-se o facto da maioria
dos países de pequena dimensão são justamente aqueles que possuem os
melhores índices de qualidade de vida do mundo. Esta dimensão constituiu uma
vantagem que foi gerida com grande êxito. As
fronteiras de Portugal foram fixadas muito cedo (século XII), apenas
subsistindo um problema por resolver - Olivença. A sua identidade cultura
está há séculos consolidada. Este facto sempre possibilitou em Portugal, em
épocas críticas, uma enorme agilidade e
flexibilidade nas suas mudanças estruturais, políticas e económicas
internas e externas. Devido à sua forte integração e comunicação interna, o país é
facilmente mobilizável actuando como um bloco sem grandes fracturas internas.
Foram estes e outros factores que permitiram a Portugal superar-se sempre no plano internacional
em confrontos com as grandes potências do tempo. 7.
Capital Histórico-Cultural A
Globalização é um dos maiores desafios dos países europeus, incluindo
Portugal. Estamos perante um mercado aberto, marcado por uma forte
concorrência de produtos produzidos a baixo custo em países como China
ou a India, onde a mão-de-obra recebe dezenas de vezes menos e não tem
qualquer protecção social. A alternativa não pode ser acabar com os direitos
sociais dos trabalhadores, nem descer os seus salários, mas em apostar em
produtos novos e com maior valor acrescentado. Ora, Portugal preparou-se mal para este desafio devido a longos anos de um sistema de ensino e
de formação gerido de forma ineficaz. Portugal
possui enormes recursos imateriais pouco explorados. Um
dos mais importantes recursos de qualquer país está na sua história e
cultura. Em plena globalização trata-se de um capital precioso que marca toda
a diferença entre os países, na medida que potencia cumplicidades, ligações,
contactos e sinergias. Só agora Portugal está a despertar para a importância
deste capital imaterial. 48 anos de ditadura (1926-1974) deixaram uma relação
amarga dos portugueses com a sua história colectiva, e difundiram de Portugal
uma imagem pouco abonatória. 8.
América O continente americano, em particular os EUA deve merecer uma ligação especial
de Portugal. Profundos laços históricos e culturais unem os dois países.
Portugal não pode aceitar que a UE olhe para os EUA como uma potência
concorrente, mas sim como um aliado estratégico. 9.
África Após 1974 as
memórias de África foram activamente recalcadas pelos portugueses. Só de
tempos a tempos eram lembradas aquando da chegada de vagas de refugiados das
suas ex-colónias. Afastados os velhos traumas da época colonial e da
descolonização chegou a altura de redescobrir
as profundas
ligações entre Portugal a África, mas agora num
contexto mais alargado. A África para os portugueses não se pode reduzir
aos Palops. 10.
Ásia Os portugueses foram os primeiros europeus a estabelecerem-se na Ásia, assim
como a proclamarem as enormes potencialidades culturais e económicas deste
continente. Portugal tem no mundo um vasto conjunto de países com os quais tem profundos
laços históricos e culturais, como a China, a India ou o Japão. Trata-se de uma
herança histórica que não pode continuar a ser ignorada, muito pelo contrário,
deverá ser revalorizada. Nas últimas décadas esquecerem séculos de história. A
China, está neste domínio a dar uma enorme exemplo, ao transformar Macau num instrumento
de aproximação e reforço da sua e influência nos Palops. 11.
Palops
Qualquer que seja o valor dos fluxos
comerciais, estes países terão sempre uma ligação especial a Portugal. Os movimentos imigratórios, os laços
culturais e de solidariedade continuaram a reconstruir um passado comum com
muitos séculos existência. Atendendo
ao desfasamento em termos de desenvolvimento entre Portugal e a maioria destes
países, é natural que os investimentos tenham uma única direcção, embora o
futuro seja previsível uma alteração neste domínio. O Brasil, como potência
emergente, mas também Angola certamente que irão aproveitar Portugal como uma
plataforma para a sua expansão na Europa.
Neste domínio, como em muitos
outros, tem-se relevado uma enorme carência de dirigentes com visão para tirarem
partido deste enorme património histórico-cultural que país.
12. Desafios Em
Portugal, depois de 2002, tornou-se evidente que o seu modelo económico,
baseado em baixos salários estava condenado. A excessiva focalização do país
na UE era um erro colossal, traduzindo numa perda de mercados e crescentes
subalternização. Uma moeda forte e crédito barato estimularam o crescente
endividamento das famílias, empresas e do próprio Estado. Dois
primeiros-ministros sentindo-se impotentes para enfrentarem os lóbies
instalados acabaram por fugir do país (Guterres, Durão
Barroso), dando lugar a políticos mediocres e populistas (Santana Lopes, Paulo
Portas, etc). Em
2002, como em 2011, os desafios continuam a ser os mesmos:
a) Refundação do Estado.
Portugal não tem grandes recursos minerais, nem um solo especialmente rico em
termos agrícolas. É por esta razão que não se pode dar ao luxo de
desperdiçar recursos e tem que aproveitar e rentabilizar os existentes.
A forma como historicamente contornou a situação foi através de
criação de um Estado intervencionista com uma visão estratégica, que apostou na inovação e
no conhecimento. Este foi o modelo seguido até ao século XIX. A partir
de então, com a opção
africana, o conhecimento e as capacidades de gestão de recursos humanos foram
desvalorizadas, a favor de uma estrutura
militar e burocrática sobre-dimensionada para o país.
Factores que não foram corrigidos, mas antes agravados depois de 1974.
É
por tudo isto que a reforma da administração pública hoje como passado,
voltou a ser decisiva para a modernização do país. Portugal carece urgentemente de uma nova administração pública e uma
organização administrativa ajustada à actual demografia do país. O que
existe não serve e é um sério obstáculo ao seu desenvolvimento. Para isso é
necessário combater as corporações e a mentalidade dos parasitas que instalados no aparelho de
Estado procuram opor-se a qualquer mudança.
Plano
Tecnológico
Em Julho de
2005, o Governo (PS) face aos graves atrasos estruturais do
país lançou um ambicioso conjunto de medidas visando generalizar a
utilização das
tecnologias de informação na administração pública, acompanhadas de
medidas de simplificação ou eliminação de actos administrativos
inúteis. Os cidadãos aplaudiram a iniciativa, mas parasitagem instalada no Estado
reagiu ao Plano Tecnológico. A maioria teme que estas mudanças evidencie a sua
inutilidade social.
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Alguns
objectivos:
- Criação de uma
administração publica (central, regional e local), eficiente, desburocratizada
e participada, pondo fim aos inúmeros bandos de mafiosos que continuam a viver
à custa dos cidadãos, escudados nos aparelhos partidários.
- Revolução na justiça,
acabando com a sua morosidade e partidarização.
b) Educação, Formação
e Inovação. Durante séculos, uma parte significativa da população foi
mantida como reserva exportável para as colónias. Após o fim do Império
colonial (1974) a situação mudou, mas muito pouco as mentalidades e as
instituições. Sem grandes recursos naturais, o país necessita de qualificar toda
a sua população disponível. O sistema de ensino tem que mudar
radicalmente. Face aos enormes recursos que tem
sido investidos na educação é inconcebível que na população entre os 20 e
os 24 anos, só 48,4% tenha o ensino secundário (dados de 2005). É também
inconcebível que os licenciados por mil habitantes, entre os 20 e os 29 anos,
sejam apenas 12,5% (dados de 2004). O
principal problema dos sistema prende-se com ausência de gestão adequada, o
que tem provocado elevados índices de desperdício e estimulado um laxismo
generalizado. Os problemas nesta área só podem ser superados através de
profundas alterações no sistema e sobretudo uma maior responsabilização de todos os
seus agentes. c)
Sectores Estratégicos. A energia, água, transportes aéreos e marítimos, comunicações, telecomunicações,
comércio e banca são alguns dos sectores
fundamentais cuja perca de controlo, pode colocar em perigo a própria
sustentabilidade do país.
Sem alguns deles, como
a água, energia, comunicações, transportes e
construção naval, o posicionamento de Portugal torna-se irrelevante.
A verdade
é que nas últimas décadas uma sucessão de políticos incompetentes (e corruptos)
tudo fizeram para entregar estes sectores
estratégicos a grupos estrangeiros, nomeadamente aos espanhóis, condicionando
desta forma o desenvolvimento
económico do país. Urge neste aspecto corrigir a trajectória
anteriormente seguida.
Alguns objectivos:
- Aposta em
industrias exportadoras de maior valor acrescentado, e com grande inovação tecnológica e
mão-de-obra altamente qualificada. Apesar dos progressos realizados, os avanços
continuam a ser muito lentos.
- Aposta em serviços
qualificados - turismo, congressos, comércio internacional, logística,
transportes aéreos e marítimos, etc. Portugal tem nestes sectores importantes
vantagens competitivas.
- Aposta numa
agricultura e sivicultura especializada, em empresas competitivas com produtos
de elevado valor acrescentado. Alguns sectores, como o vinho ou a cortiça,
tem-se revelado muito dinâmicos a nível mundial.
d) Integração. Portugal
é o país da UE onde se resistam maiores desigualdades sociais. A ditadura
(1926-1974) protegeu e acentuou as clivagens sociais. O regime democrático,
restabelecido em 1974, mostrou-se incapaz de alterar a situação. Este é sem
dúvida um dos maiores desafios que o país atravessa no
presente. Quanto maior é a desigualdade, menor o envolvimento dos
cidadãos na coisa pública.
O caminho da mudança nunca é fácil, sobretudo em Portugal,
onde as elites dirigentes ao longo dos séculos se habituaram a encarar a população como
meros recursos a serem explorados pelo Estado. Só que os
tempos mudaram e também Portugal.
Carlos Fontes
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