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Colombia - Portugal
No século XVI
muitos são os portugueses que se instalam no litoral norte da América do Sul,
em Santa Marta, Novo Reino de Granada, etc. Fundaram muitas cidades e
participaram expedições espanholas de conquista da região. A partir do Brasil
exploram também os territórios da actual Venezuela, Colombia e as Guianas.
A Expedição de Rodrigo de
Bastides que, em 1525, fundou a cidade de Santa Marta, para além de
outros portugueses, contava com dois destacados oficiais superiores: Antonio Díaz
Cardoso (capitão, natural de Santa Comba Dão) e Alonso Martín,
acompanhado do seu filho Juan de San-Martin.
Esta cidade foi de inicio muito
frequentada por piratas portugueses, que dominavam a região desde o inicio do século
XVI. Nas expedições que se seguiram,
a sua presença foi sempre uma constante, sendo de destacar as de García Lerna
(1528), Federman (1530), Pedro de Heredia (1533), Jerónimo de Ortal (1533),
Jorge Espira (1534), Jorge de Robledo (1535), Antonio de Sedeño (1536), G.
Jimenez de Quesada (1536), Jerónimo de Lébron (1541).
Gaspar de Rodas. Filho de
Florêncio de Rodas, alcaide-mor de Loulé e de Guiomar Coelho, natural de
Lamego. Andou na conquista do Perú (1540) e Reino de Quito. Ao serviço de
Belalcázar , assumiu o governo de Popayán. Em 1569 subjugou a ferro e fogo a
Antioquia (Colombia). Criou várias cidades: San-Juan de Rodas (1571), Zaragoza
de las Palmas (1581), etc.
É praticamente
infindável as referências a portugueses que participaram na conquista e
povoamento desta região do império espanhol.
Cartagenas das
Indias
Em Cartagena
funcionava desde o século XVI, o principal mercado de escravos que abastecia a
Colombia, Venezuela e o Perú.
Os primeiros
escravos entraram por volta de 1534, sem pagarem impostos. Em 1549 a corte
espanhola autorizou a compra directa aos negreiros portugueses, que rapidamente
se estabeleceram na cidade. Em 1630, quando foi feito um recenseamento dos
estrangeiros, foram identificados 192, sendo 159 deles portugueses, quase todos
ligados ao comércio e nenhum possuía licença de residência.
A restauração da
independência de Portugal em 1640, provocou em Cartagena uma grave situação
económica (3). Os escravos passaram a ser comprados em Curaçao e na Jamaica,
onde os portugueses também estavam em grande número. Os intermediários
passaram a ser todavia os ingleses, holandeses e alguns genoveses. O comércio
clandestino disparou, fazendo subir os preços.
Este comércio sórdido em Cartagena esteve nas
mãos os portugueses até 1702 (4), quando foi proibida de operar a Companhia do Cacheu
(Companhia Real da Guiné, portuguesa), por estar envolvida numa monumental fuga aos
impostos.
Santa Marta
Desde a sua
fundação muitos portugueses residiam na cidade, o que não impediu que outros
portugueses a tenham saqueado, como o fez, em 1597, o pirata Cristovão Cordello
(Cristóbal Cordello).
Palenque de San
Basilio
Povoado
criado por escravos fugidos de Cartagena, liderados Benkos
Biohó, também conhecido por Domingo Bioho, nascido na região de Biohó,
Guinea Bissau, onde foi comprado pelo traficante de escravos português Pedro Gómez
Reynel, e revendido ao comerciante Juan de Palacios, que depois vendeu, em 1596,
ao espanhol Alonso del Campo.
Palenque de San
Basilio converteu-se, em 1713, na primeira povoação de escravos livres na
América. A sua população continua a falar uma língua própria que tem
origem no português antigo, misturado com palavras africanas (crioulo).
Inquisição de
Cartagena
Ao contrário do que
aconteceu em outros partes das Indias espanholas, a Inquisição de Cartagena
(1610- ), não se dedicou a perseguir os portugueses, mas sim piratas,
corsários e luteranos ingleses e holandeses. Embora muitos portugueses
tenham aqui sido sentenciados pela Inquisição, nenhum foi morto.
A razão para esta
situação aparentemente insólita está no facto da prosperidade de cidades
como Cartagena estar assente no comércio de escravos, fornecidos pelos
portugueses. Se estes os deixassem de fornecer, acabaria esta importante fonte
de receitas levando à ruina a economia local.O poder dos portugueses acabava
por estender-se dessa forma à Inquisição através de um vasta rede de
cumplicidades (2).
Carlos Fontes
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Notas
(1) Navarrete, Maria
Cristina - Génesis u Desarrolo de la Esclavitud en Colombia siglos XVI y XVII.
Cali, Programa Editorial, Universidad del Valle, 2005.
(2 ) Ventura, Maria da Graça A.
- Os Gramaxo Um caso paradigmático de Redes de Influência em Cartagena das
Indias, in
(3) A restauração da
independência de Portugal, em 1640, provocou enormes problemas económicos em
toda a América espanhola. Os espanhóis deixaram de ter quem lhes fornecesse
mão-de-obra (escravos), os principais circuitos comerciais e transporte
marítimo nas mãos dos portugueses entraram em colapso, fazendo disparar o
comércio clandestino e a pirataria.
(4) SERRANO MANGAS, Fernando, La encrucijada
portuguesa. Esplendor y quiebra de la unión ibérica en las Indias de Castilla
(1600-1668), Badajoz, Excelentísima Diputación Provincial de Badajoz, 1994.
VIDAL ORTEGA, Antonino, Cartagena de Indias y la región histórica del Caribe,
1580-1640, Sevilla, Consejo Superior de Investigaciones Científicas, 2002.
VILA VILAR, Enriqueta, “La sublevación de Portugal y la trata de
negros”, en Ibero-Amerikanisches Archiv, Berlín, Ibero-Amerikanisches
Institut, 1976.
VILA VILAR, Enriqueta, , “Los asientos portugueses y el contrabando de
negros”, en Anuario de Estudios Americanos, Vol. 30, Sevilla, Escuela de
Estudios Hispanoamericanos, 1973. |