Bolívia - Portugal
O território que hoje constitui
a Bolívia foi alvo de contínuos conflitos entre a Espanha e Portugal. Os
espanhóis tentarem limitar a expansão do Brasil aos limites definidos no
célebre Tratado de Tordesilhas
(1494), mas os portugueses rapidamente os ultrapassaram. No princípio do
século XVIII estavam solidamente implantados no curso do Amazonas procurando
aproximarem-se cada vez das minas de Potosi.
Cada novo tratado firmado entre os dois
países confirmava o avanço dos portugueses, dando origem a novos avanços
(Tratado de Madrid- 1750; Tratado do Pardo-1761;Tratado de Santo Ildefonso-1777,
etc ).
O desinteresse da Espanha pelas regiões das suas colónias que faziam
fronteira com o interior do Brasil facilitou-lhes a expansão.
Lenda do "El Dorado"
e a
Rota do Rio da Prata
A descoberta das ricas minas de
Potasi, está ligada à lenda do "El Dorado", que era contada pelos
indigenas da América do Sul aos navegadores. Afirmavam que junto às
nascentes dos grandes rios que desaguavam no Atlântico existiam grandes minas
de ouro e prata.
Os portugueses, como os
espanhóis, trataram logo de subirem os rios para chegarem às ditas minas. É nesse sentido, que irão
explorar os curso de vários rios, como o Amazonas ou o Rio da Prata (nome português).
O Rio da Prata revelou-se o mais
importante para este objectivo. Entre os portugueses que o exploraram destacam-se: Gonçalo Coelho
que em 1502 o descobriu; Um piloto anónimo português, em 1513,
explora o Rio da Prata; Em 1514,os portugueses Nuno
Manuel, Cristóbal de Haro e o piloto
Juan de Lisboa, chegaram ao grau 86, altura do Rio, a que deram o nome de
Jordão, julgando tratar-se de um golfo. João
Dias de Solis (Juan Díaz de Solís) e Aleixo Garcia que o exploram
em 1515. Em 1521 Fernão de Magalhães volta a passar pelo
Rio da Prata, sem o explorar, o seu objectivo era outro.
Aleixo Garcia, à frente de uma
grande expedição, em 1525, chegou à região de Cochabamba, na actual
Bolívia, onde veio morrer num combate com os indios. Aleixo Garcia é considerado o
verdadeiro descobridor da Bolívia.
Os sobreviventes,
conduzidos por um português, trouxeram bastante ouro e prata, confirmando assim
a riqueza desta região do Império Inca. A rota do Rio da Prata
foi a mais utilizada para escoar a prata de Potosi, atravessando os actuais
territórios da Argentina, Paraguai e Bolívia.
A coroa portuguesa depois de 1525
fez dezenas de tentativas para se apoderar desta rota da prata, levando os
espanhóis a criarem várias cidades no seu percurso.
Potosi
Na exploração das minas de
Potasi, a mais importante de todo o Império espanhol estavam envolvidos
milhares de portugueses.
A exploração destas minas só atingiu as proporções
obteve, devido à descoberta em 1563, por um português de minas de mercúrio em
Huancavelica, situada a 220 km a sudoeste de Lima e a mais de 1.200 km a
noroeste de Potasi.
Na cidade de Potasi, o número de
portugueses era de tal modo grande que no final do século XVI já possuíam uma
rua própria chamada justamente - Lusitana.
Entre os mineiros portugueses de
Potosi, destacam-se figuras como Afonso da Fonseca Falcão, que explorou
entre outros locais o Cerro Rico da Villa (1621).
Em 1610, oficialmente viviam em
Potosi 144 estrangeiros, dos quais 74 eram portugueses. O seu êxito
foi visto como uma ameaça pelos espanhóis, quer não tardaram a servirem-se da
Inquisição de Lima (ver Peru) para lhes moverem uma feroz perseguição.
Os portugueses dominavam as
principais rotas de comércio não apenas da prata, mas também de escravos e
todas as mercadorias necessárias para assegurar a vida da mais populosa cidade
das Indias espanholas.
A restauração da Independência
de Portugal, em 1640, afectou gravemente toda a Rota da Prata, desde Buenos
Aires a Potosi. Os mercadores portugueses, incluindo os que se dedicavam ao
tráfico de escravos para Potosi, abandonarem a região. O único comercio que
era realizado era clandestino.
Chocaya
A infiltração dos portugueses
pelo Alto Peru não conhece limites. No século XVII, instalam-se nas minas de
Chocaya, província das Chicas, a cerca de 36 léguas de Potosi. Os espanhóis
acusam-nos de erguerem fortes.
Santa Cruz de la Sierra
A expedição de Ñuflo de
Chávez ao Alto Peru, durante a qual fundou a povoação de Santa Cruz de la
Sierra, em 1557, contou com vários portugueses, alguns dos quais eram judeus
(cf. History of the Jewish People”, Eli Birnbaum).
Fronteiras com o Brasil
A contínua expansão do Brasil,
levou os portugueses a ocupar vastas regiões que os espanhóis tinham como suas
na actual Bolívia.
Numa altura que Portugal estava
em guerra com a Espanha (1640-1668), António
Raposo Tavares ocupa entre 1648 e 1651 grande parte do
actual Estado brasileiro da Rondônia. A partir daqui a ordem foi para
ocupar e defender a região.
O célebre Francisco de Melo
Palheta, introdutor do cultivo do café no Brasil, em 1722, comandou uma
expedição ao rio Madeira (1722), tendo alcançado a foz do Mamoré e seguiu
seu curso até Santa Cruz, sede de uma missão jesuítica no Peru.
Em 1748, o governador da
capitania de Mato Grosso (Brasil) recebe ordens para defender a qualquer custo a
região da margem direita do Rio Guaropé.
O governador da cidade de Santa
Cruz de la Sierra ameaça os portugueses, os quais em 1776 constroem o poderoso Real
Forte Principe da Beira, na
margem direita do rio Guaporé, atual Guajará-Mirim.
Outros portugueses fixam-se na
região do actual Estado brasileiro do Acre. Embora os sucessivos tratados não
consagrem a sua presença, a situação só foi resolvida em 1903 entre a
Bolívia e o Brasil.
Independência da Bolívia
A esmagadora maioria dos
portugueses radicados nas colónias espanholas apoiava a independência, mas a
corte portuguesa sediada no Rio de Janeiro, opõem-se, dando apoio às tropas
espanholas
A guerra da independência da
Bolívia, assim como de outras colónias espanholas da região, prolongou-se
entre 1810 e 1825, e teve inúmeros episódios sangrentos.
Um dos casos mais dramáticos
envolveu um capitão português (Albuquerque ?), o qual em 1811, deu um apoio decisivo ao comandante espanhol José
Miguel Becerra.
Á frente de uma importante
força militar, que contava com um destemido grupo de portugueses recrutados no
Brasil, avançou por Chiquitos, passou a Cordilheira dos Andes e restaurou o
governo fiel à Coroa Espanhola em Santa Cruz de la Sierra (Bolívia), arrasando
tudo o que encontrou pelo caminho.
Em 1825, os espanhóis voltam a
pedir o apoio dos portugueses contra os independentistas. Chiquitos é de novo
invadida, agora pelos brasileiros, e anexada a Mato Grosso (15/05/1825), mas D.
Pedro I (IV, de Portugal) condenou estes actos.
Século XX
Em finais dos anos 60 do século
XX, numa
altura em que o mundo está mergulhado em guerras e contestações
generalizadas, dois milionários rivalizavam em Portugal na organização de
duas festas com projecção mundial: o boliviano Antenor Patiño (1896
-1982, herdeiro de Simón I. Patiño) e o norte-americano Pierre Schlumberger
(Franco-American Oil) casado com uma portuguesa (Maria da Conceição). O
primeiro na sua fabulosa quinta em Alcoitão e o segundo na Quinta do Vinagre em
Colares, ambas nos arredores de Lisboa. Em Setembro de 1968 a imprensa
mundial relata com assombro as festas e o dinheiro que as mesmas custarem, onde
o número de convidados da realeza, alta finança, estrelas de cinema, pintores,
intelectuais, etc., serviram para medir qual dos dois tinha maior influência à
escala planetária.
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