Israel -
Portugal
Os portugueses de religião
judaica eram até finais do século XV muito numerosos, calcula-se que chegassem a representar
mais de 10% da população. Em numerosas de cidades e vilas de Portugal ainda
hoje subsistem casas de antigas judearias. Em Tomar, na antiga judearia,
existe a maior das sinagogas medievais da Península Ibérica (século XV). Um
edificio magnifico à espera de ser devidamente valorizado.
A partir daqui, sob a influência espanhola, seguiram-se tempos de intolerância. Em 1497, por exemplo,
mais de 100 mil foram obrigados a converterem-se ao cristianismo, passando a
ser designados por Cristãos-Novos. Uma minoria saíu de Portugal, mas a maioria
continuou no país praticando em segredo as suas crenças e ritos ou foi assimilada. Século
XVI. As perseguições
foram ferozes ao longo deste século. Em 1506, os frades dominicanos
mobilizam a população católica para uma chacina de judeus no Rossio
(Lisboa). Cerca de 3 mil foram mortos. A
Inquisição (1536) e depois a ocupação Espanhola de Portugal (1580-1640)
foram marcos nesta barbárie, provocando fugas em massa de cristão-novos. Os
milhares que saíram neste século foram para cidades marroquinas,
espalharam-se pelo Império Otomano (Tripoli, Salónica, Chipre,
Damasco, Constantinopla, Drubrovnik/Rugosa, Jesusalém, Safed), mas também pe
lo sul da França (Bordéus, Marselha,etc), Bélgica (Antuérpia) e Holanda
(Amesterdão), Alemanha (Hamburgo, Altona), e daqui partiram no século
XVII e XVIII instalaram-se noutros lugares (EUA, Inglaterra, etc). Entre
os judeus de origem portuguesa contam-se os pioneiros do estado de
Israel: Gracia Mendes Nassi (c.1510-c.1569), o seu sobrinho e
genro José Nassi. Todos eram oriundos de Lisboa. Gracia Mendes após a
sua fuga refugiou-se em Antuérpia, seguindo depois para Itália e Turquia,
onde se estabeleceu em Constantinopla, tornando-se uma das maiores empresárias
no comércio marítimo. Nesta cidade existia uma importante comunidade de
judeus portugueses. Com José Nassi tentou fundar na Palestina, em Tiberíades,
uma colónia para judeus dedicada à produção textil. Neste
século milhares de judeus portugueses viviam já em Jerusalém e Safed,
disso mesmo dá conta Frei Pantaleão de Aveiro - Itinerários à Terra
Santa (1563). Século
XVII/XVIII. As
comunidades de judeus portugueses desfrutam de um enorme poder e prestígio
nos Países Baixos (Holanda, Bélgica), espalhando-se pelas Américas. Foram judeus portugueses que
re-introduziram o judaísmo na
Inglaterra onde havia sido banido. Século
XIX. No princípio do
século começaram a chegar a Portugal muitos judeus vindos de Gibraltar e
Marrocos, formando em Lisboa uma pequena comunidade(1800), surgindo pouco
depois outra no Porto e nos Açores (1818). Após a restauração da liberdade religiosa, em 1822,
surgiu uma nova comunidade em Faro (1830), onde oito ano depois foi criado um
cemitério (1838-1932). Nos
Açores foram criadas comunidades judaicas nas Ilhas de S. Miguel, Terceira e
Faial, tendo sido fundadas 5 sinagogas e vários cemitérios. A única que
ainda funciona está em Ponta Delgada (S. Miguel). Em algumas regiões do país antigas famílias
judaicas, que haviam mantido secretamente as suas crenças e práticas (cripto-judaísmo),
voltaram a manifestar em público as suas convicções religiosas,
como ocorreu em Belmonte (Beira Interior) e em algumas aldeias de
Trás-os-Montes. Século
XX.
A comunidade judaica vive uma fase
de grande actividade. A 25/5/1902 é lançada a 1ª. pedra da Sinagoga de
Lisboa (Shaaré Tikvá -Portas da Esperança). A República, em Dezembro
de 1912, reconhece os judeus cidadãos nacionais, até aí eram considerados
estrangeiros. Apesar destes actos, monárquicos iberistas como António
Sardinha (O Valor da Raça) vêem nestas acções o fim de Portugal.
Nos anos
trinta, um simpatizante de Adolf Hitler - Rolão Preto - procura lançar uma
campanha contra a vinda de judeus para Portugal, mas a Ditadura (1926-1974)
acabou por o silenciar. Na cidade do Porto, em 1938,
é aberta uma nova Sinagoga. Um caso único em toda a Europa. Lar
judaico. Na primeira metade do século discutiu-se intensamente a criação de uma
colónia de judeus em Portugal ou
numas das suas possessões ultramarinas, numa altura que aumentavam as perseguições em toda a
Europa. Um judeu português S.A. Anahory, em 1886, tem a ideia da sua instalação no planalto de Angola.
A ideia foi retomada por um judeu russo chamado W. Terló. Em 1912 é
discutida e aprovada no parlamento português, mas a ideia arrastou-se no
tempo devido ao pouco interesse manifestado pelas elites judaicas mundiais. Em
1933 volta de novo a ser colocada, devido à urgência de encontrar lugar para
acolher os refugiados. A Ditadura opôs-se à sua concretização, mas a
imprensa mundial (Abril de 1934) acaba afirmar que cerca de 5.000.000 de
judeus iriam para Angola. Em 1938 o presidente dos EUA (Franklin D. Roosevelt) pressiona o
governo português para aceitar a solução. O ditador Salazar continua a
opôr-se. Em 1943 é a vez da Grã-Bretanha pressionar Portugal, mas
igualmente sem êxito. (cfr. Expresso,20/8/2005). Em Fevereiro de 1946, o rabino Solomon Schofeld, dirigente
judaico de Londres, propõe a Portugal com o apoio da Grã-Bretanha a
instalação de uma colónia de judeus nos Açores. A ideia foi
recusada pelo ditador Salazar (cfr. José Freire Antunes, Judeus em Portugal,
Lisboa, 2002). Durante
os anos trinta e quarenta do século XX, dezenas de milhares de judeus são
salvos dos campos de concentração nazis por diplomatas portugueses. Cerca de
60 mil fazem escala em Portugal a caminho da América. Neste período,
graças à acção de Amzalak, é autorizada a abertura em Lisboa do Joint
American Jewish Committee que trabalhou em conjunto com a Comissão
Portuguesa de Assistência aos Judeus Refugiados de Portugal no apoio e
assistência aos judeus que passavam pelo país ou aqui se pretendiam fixar. Muitos judeus portugueses estiveram ligados à criação do Estado de
Israel. Nas várias
guerras entre Israel e os arábes, Portugal por força da sua aliança com os
EUA tem dado um importante apoio a este país. Durante a guerra israelo-árabe do
Yom Kippur, em fins de 1973, a Base das Lajes nos Açores foi utilizada para
abastecer de armamento o exército israelita num dos momentos mais críticos
da sua história. Judeus
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