Comentários
a partir de Lisboa. Setembro
2003 - Agosto 2004
Este primeiro ano do Projecto foi claramente um
ano experimental, sobretudo porque não havia referências as outras experiências
similares que pudessem servir de orientação.
Neste primeiro ano os dois grandes objectivos
foram: 1º.Criar um modelo comunicação entre os alunos e professores; 2º.Explorar
algumas ideias de trabalhos em conjunto para futuros desenvolvimentos.
Problemas relevantes que surgiram nesta fase do
projecto:
1.Desfasamento dos
calendários escolares. No Brasil, o projecto teve inicio formal no
dia 3 de Setembro de 2003, no Colégio Aplicação da UC em Petrópolis. Em Lisboa só
se iniciou a 23 de Setembro na Escola Secundária Rainha Dona. Leonor em Lisboa.
O maior problema não foi o desfasamento no inicio do Projecto, mas o desfasamento
dos calendários escolares. Quando o projecto se iniciou no Brasil, os alunos
estavam aqui em aulas desde Fevereiro de 2003, manifestando já uma grande integração
quer com a docente, quer com a
própria disciplina de filosofia. Em Portugal, o inicio do projecto coincidiu
com o inicio de um novo ano escolar. Mais tarde quando os alunos em Portugal já
estavam integrados, os seus colegas no Brasil estavam a entrar nas férias
grandes. Este problema exige uma atenção especial tendo em vista manter a
continuidade do próprio projecto.
2.Orientações
Programáticas. Embora os grandes temas de filosofia sejam
universais, a verdade é que existem bastantes diferenças no seu ensino de
país para país. Este facto deve ser tido em conta quando se avança
com tratamento de temas em comum. Vejamos a situação nos dois países.
No Brasil, como é sabido, não existe um programa único de
filosofia a nível nacional. Cada professor tem aqui uma grande margem de
manobra para organizar o seu próprio programa e seleccionar os respectivos conteúdos. A
própria disciplina não é obrigatória no ensino médio. Esta situação facilita
a adopção de novos temas e conteúdos. nomeadamente os propostos no projecto.
Em Portugal, pelo contrário, existe um
programa filosofia único, o que limita desde logo as possibilidades da sua
alteração por cada professor. A disciplina é
obrigatória no 10º. e 11º. ano do ensino secundário, sendo objecto de
avaliação a nível nacional. A nota atribuída nesta disciplina é também muito
importante para a composição da nota final do ensino secundário, o que conduz
que muitos alunos a manifestarem certa resistência as todo o tipo de
alterações do programa em vigor. Para além aspecto, aqueles que pretendam
seguir certos cursos superiores tem que obrigatoriamente ter mais um ano de
filosofia, o 12º. ano. Facto que implica que o programa tenha que ser
rigorosamente cumprido no 10º. e 11º ano, a fim de garantir uma boa
continuidade na aprendizagem. É por esta razão que as alterações ao
programa oficial no 10º. e 11º. ano têm que ser aprovadas em reuniões de
docentes em cada escola e sancionadas pelos respectivos conselhos científicos
e pedagógicos, o que implica um trabalho prévio de negociação e
planificação antes do inicio do ano lectivo.
3. Linguagem
filosófica. A maior rigidez no ensino da Filosofia em Portugal, e
na Europa em geral, acaba por conduzir os alunos a abordarem a filosofia
segundo uma matriz que lhes é dada pela Escola, sendo por esta razão menos
abertos a pensarem como filosóficas as questões que não se apresentem na
forma e na terminologia a que estão habituados. Esta situação é muito
menos notória nos alunos brasileiros.
4. Motivações.
As motivações dos alunos em Portugal e no Brasil parecem ter sido algo diferentes. Em
Portugal, por exemplo, os alunos manifestaram-se sobretudo interessados em aproveitarem a
oportunidade deste intercâmbio para conhecerem a história da cidade Petrópolis e da
algumas das suas personagens históricas. Para este
interesse contribuiu a enorme difusão de imagens e notícias sobre o Brasil na televisão portuguesa,
mas também o facto de alguns dos alunos já conhecerem este país quer por o terem visitado, quer
porque dele serem oriundos (o número de imigrantes brasileiros é
actualmente muito significativo em Portugal).
Esta vertente cultural do intercâmbio tinha um
outro aliciante para os alunos portugueses: eram um excelente pretexto para a realização de visitas de
estudo em Portugal por locais relacionados com a história do Brasil ou por onde
passaram personagens ligadas a Petrópolis. Foi neste contexto que os
alunos de Portugal se deslocaram, por exemplo, à cidade do Porto. 5.Acesso à
internet.Não parecem existir grandes obstáculos tecnológicos ao
desenvolvimento deste tipo de Projectos. Em Portugal, por exemplo, a esmagadora maioria dos alunos envolvidos
no projecto tem acesso à internet a partir de casa. Recorde-se que todas as
escolas estão equipadas com computadores ligados à internet e o seu acesso é
livre para qualquer professor ou aluno.
6. Temas Comuns.
Uma das ideias iniciais do projecto foi a de tratar no Brasil e em Portugal
alguns temas em comum. A ideia foi concretizada, embora com resultados aquém dos esperados, devido sobretudo a falhas na
actualização das páginas.
7. Forum de Discussão.
Ao longo deste ano, foram ensaiadas várias experiências, entre elas a
abertura de um Forum. Trata-se de um espaço de grandes potencialidades, mas
que carece de maior dinamização.
8.Contactos.
Ao contrário do que seria de esperar, a maioria dos alunos não toma
espontaneamente a iniciativa de contactar os seus colegas do outro lado do
Atlântico. Neste aspecto, como em outros, o papel dos dinamizadores do
projecto é decisivo.
9.Página. À
semelhança de outros projectos que utilizam a internet, o resultado deste tende a ser confundido erradamente com o conjunto de páginas
na internet onde estão registadas as suas informações mais relevantes. Acontece que nem
sempre as mesmas são actualizadas como deviam de ser, o que não impede que
não estejam a acontecer coisas realmente importantes. Em todo em caso, é
preciso não esquecer que estas páginas são a "montra" do
Projecto, mas também o principal "elo" de ligação entre todos os
seus membros. Conclusão.
Entre os aspectos mais interessantes proporcionados por este intercâmbio,
destacamos os seguintes: - Conhecimento
mútuo. Este intercâmbio possibilitou um contacto entre alunos e professores
dos lados do Atlântico separados entre si por enormes distâncias
fisicas.Despertou também o conhecimento por outras realidades, muito diversas
daquelas que quotidianamente experimentam, potenciando a
emergência de uma nova consciência global. -
Troca de experiências. Os professores envolvidos, nesta primeira fase tiveram
conhecimento mais profundo da diversidade dos métodos de ensino da filosofia
no mundo e dos seus problemas nos diferentes contextos. -
Troca e produção de recursos didácticos. Um aspecto muito interessante
deste intercâmbio que envolve alunos e professores, mas estes últimos têm
um papel central neste domínio. Atendendo
aos que atrás foi dito, o balanço do projecto neste 1º. ano pode ser classificado como globalmente
positivo. |