1.Experiência
Estética
O
homem é razão, mas também emoção. O meio envolvente
despertam nele, emoções de agrado ou desagrado, de prazer ou de
tristeza, de beleza ou fealdade. Mas o homem não se limita a
contemplar, também cria, produz objectos onde procura não apenas
procura expressar estas emoções, mas fá-lo de forma que outros as
possam igualmente experimentar quando os contemplam.
Marcel Duchamp, Fonte (1917)
Peça com que Duchamp concorreu a uma
exposição organizada pela "Society of Independents Artists" que pugnava por
novas formas de expressão artística. A peça embora não tenha sido aceite,
não tardou a tornar-se num dos icones da arte moderna.
2. Atitude Estética
As predisposições que o homem revela para produzir, mas também para
valorizar em termos emotivos os objectos e as situações,
constitui o que designamos por atitude estética. Esta atitude é pois uma das
condições necessárias para pudermos ter uma experiência estética, caso
contrário os nossos sentidos estarão bloqueados. Para que exista então uma
experiência estética é necessário: Contemplar as coisas de forma
desinteressada e sem preconceitos. O que implica vê-las como são em si
mesmas, com distanciamento e desapego. Os nossos sentidos devem estar
libertos e despertos para o diferente ou outras dimensões não familiares.
3. Sensibilidade
Estética.
O modo como vivemos as diversas
experiências estéticas depende da nossa sensibilidade, a qual é influenciada
pela preparação que temos para poder usufruir uma dada experiência. Muitas
formas de arte, como certas expressões da arte contemporânea requerem uma
iniciação prévia, nomeadamente para pudermos entender a linguagem usada
pelos artistas.
4. Estética.
A Estética (Sentimento, olhar com
sentimento) é uma disciplina filosófica que procura definir o Belo ou da
Beleza em geral e as suas formas de representação nas artes e na natureza,
assim como os seus efeitos sobre os receptores. No início estes conceitos
estavam intimamente ligados à ideia de Bem, mas também à afirmação de poder
dos grupos sociais dominantes. A contemplação estética e o destino das
produções artísticas foram assumidos como um dos seus privilégios.
5. Juízos Estéticos
Um juízo é a afirmação ou a negação de
uma dada relação sobre algo (ex.O mar é belo; o lixo é feio). Um juízo
estético é a apreciação ou valorização que fazemos sobre algo, e
que se traduz em afirmações como "gosto" ou "Não
Gosto". Nem sempre nestes juízos são baseados em critérios
explícitos que permitam fundamentar as nossas afirmações. Em termos
gerais todos os juízos estéticos podem ser nos seguintes
pressupostos:
a)
Objectividade das apreciações. Pressuposto
que a Beleza é eterna, sendo independente dos juízos individuais
(subjetivos). A beleza não está nas nossas apreciações, mas constitui uma
propriedade dos próprios objetos estéticos. Que propriedade ou propriedades
são estas que tornam os objetos belos ? Apesar de todas as tentativas para
definir a Belo ou a Beleza, nunca se chegou a nenhum consenso. Alguns
autores procuram contornar a situação, afirmando que para gênero artístico,
ao longo dos tempos, têm vindo a ser apurados certos "cânones" específicos
que nos permitem ajuizar do valor estéticos das diversas obras
b) Subjectividade das apreciações. Pressuposto que o valor estético
atribuído a um objeto não pode ser separado do contexto socio-cultural a que
está ligado. O belo é o que eu gosto ou aquilo que me agrada. A beleza
funda-se assim numa relação subjectiva, sensorial, entre sujeito e o objeto.
A arte ou o valor de cada obra é sempre vista em função de um dado contexto.
A história tem-nos mostrado que nem sempre existe um acordo entre os méritos
de uma obra de arte e os juízos sobre a mesma produzidos na época em que foi
criada. Muitos artistas que foram considerados geniais no seu tempo são hoje
considerados artistas menores, enquanto que outros que passaram
despercebidos são agora valorizados.
6.
A Estética como disciplina
filosófica
As primeiras manifestações artísticas são provavelmente tão
antigas como o próprio homem, mas o conceito de estética é
relativamente recente. A palavra
estética só foi introduzida no
vocabulário filosófico em meados do século XVIII, pelo
filósofo alemão Alexander Gottlieb Baumgartem que publicou em 1750,
"Estética", onde procurava analisar a formação do
gosto. A reflexão sistemática na
filosofia, sobre a beleza e a arte são, todavia, muito mais antigas, remontam à
antiguidade clássica. Muitos autores preferem o termo filosofia da
arte, entendendo-o como uma reflexão centrada nas obras de arte e
nas suas relações com o criador que as produziu. Esta denominação
pretende excluir, por exemplo, o belo natural.
História
da Estética
O belo e a beleza têm sido objecto de
estudo ao longo de toda a história da filosofia.
Na antiga
Grécia a reflexão estética estava centrada sobre as manifestações do belo natural e o belo
artístico. Para Pitágoras o belo consiste na combinação harmoniosa
de elementos variados e discordantes. Platão afirma que a beleza de
algo, não passa de uma cópia da verdadeira beleza que não pertence a
este mundo. Aristóteles defende que o belo é uma criação humana, e
resulta de um perfeito equilíbrio de uma série de elementos.
Na Idade
Média identifica-se a beleza com Deus, sendo as coisas belas feitas à
sua imagem e por sua inspiração. A beleza associada à forma material é claramente
secundarizada face ao valor do significado moral ou sagrado das próprias
coisas. Neste sentido, na representação de Cristo o critério deixa de ser
beleza da sua forma para ser sobretudo a mensagem que sua imagem transmite.
Entre os século XVI e XVIII
predomina uma estética de inspiração aristotélica: a beleza é
associada à perfeição das formas conseguida por uma sábia aplicação das
regras da criação artística.
As academias a partir do século XVII,
garantirão a correcta aplicação dos cânones artísticos.
Kant
atribuirá ao sentimento estético as qualidades de desinteresse e de
universalidade. Foi o primeiro a definir o conceito de belo e do
sentimento que ele provoca.
Hegel verá no belo uma encarnação da
Ideia, expressa não num conceito, mas numa forma sensível, adequada a
esta criação do espírito.
Orlan, Quinta operação
cirurgica-perfomance ao lábio (1991)
Na "arte carnal" à semelhança da "body
art" o corpo funciona como suporte e o meio de expressão do artista. Orlan
submeteu-se a várias operações como forma de provocar uma reflexão sobre os
conceitos de beleza.
A arte contemporânea colocou
problemas radicalmente novos à estética. Os artistas rompem com os conceitos
e as convenções estabelecidas na arte e sobre a arte. O conceito de
experiência estética, por exemplo, passou a ocupar o lugar que antes tinha
na Estética o Belo ou a Beleza.
Consultar:
Breve História da Estética
7. Filosofia da Arte
Esta disciplina filosófica tem um sentido
muito mais restritivo que a estética, pois só se aplica às chamadas "belas
artes". Trata apenas das obras criadas pelos seres humanos. Entre outras
aborda as seguintes questões: Em que consiste uma obra de arte? Que se cria
numa obra de arte ? Porquê e quando se considera bela uma obra artística? É
a arte uma expressão de sentimentos? A arte imita a natureza ? É subjetiva
ou objetiva a percepção estética? Existe uma definição geral de arte ? Que
critérios nos permitem afirmar a qualidade artística de uma obra de arte?
Qual o valor da própria arte?
Kazimir Malevitch,
Quadrado Preto sobre Fundo Branco (1918).
8. Beleza
Entre as emoções e sentimentos que as
coisas provocam nos seres humanos, o de beleza foi aquele cuja
reflexão maior impacto provocou sobre a arte ocidental. A palavra
etimologicamente significa brilhar, manifestar-se , ser visto ou mostrar-se.
Na antiga Grécia o conceito foi
autonomizado pelos filósofos como Sócrates, Platão ou Aristóteles como a
essência da verdadeira arte, mas não só.
|
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Hermes de Fídias. Cópia romana do séc. I |
Dorífero de
Policleto. Cópia romana |
Discóbolo de
Míron. Cópia romana. |
Artistas, como Fídias, Míron ou
Policleto, no século V a. C. procuram encontrar critérios objectivos, regras
ou medidas, que pudessem no campo das artes e da arquitectura assegurem a
beleza da obras.
Policleto, por exemplo, escreveu um tratado sobre as proporções
ideais do corpo humano chamado "Cânone" (Regra).
Fídias, escultor e arquitecto do
Parthenon em Atenas procurou definir as proporções perfeitas dos templos
gregos, sendo-lhe atribuída a chamada "proporção aurea" (Phi), quando
procurou determinar um rectângulo perfeito -1, 618... . Esta
proporção foi aplicada a outras figuras geométricas e afirma-se que está
presente nas formas mais belas da própria natureza.
No século XIII d.C. Leonardo Fibonacci
(1170–1250) descobriu uma sequência de números - Números de Ouro
(1,1,2, 3,5, 8, 13...)
- que constituem uma aproximação à proporção aurea. Esta sequência está
presente em muitas formas naturais, como as pétalas das flores, as espirais
das galáxias ou dos ossos da mão humana. Estudos da literatura revela
que Virgílio já a tinha empregue na estrutura métrica da Eneida,
encontramo-la nas composições das sonatas de Mozart ou na Quinta
Sinfonia de Beethovan. Le Corbusier usou-a para conceber o
Modular.
O
tratado de Vitrúvio - "De Architectura"
( Séc. I), o único tratado de arquitectura da
antiguidade clássica chegou até aos nossos dias, tem servido ao longo dos
séculos também como uma importante fonte de inspiração para arquitectos e
urbanistas.
Estes tratados fixaram um certo ideal de beleza e de arte na
cultura ocidental que acabou por condicionar a própria produção artística.
Denomina-se classicismo à arte que privilegia os modelos e os
conceitos de proporção e simplicidade característicos da arte grego-romana,
como ocorreu durante o Renascimento (séc.XV/XVI) e na segunda metade
do século XVIII no Neoclássico.
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Projeto da fachada
da Igreja de Santa Maria Novella (Florença) de Alberti |
Crédito:Franco Borsi, Leon Battista
Alberti, opera completa; Milano Electa Ed.1973, |
Leon Battista Alberti (1404-1472), arquiteto e escultor
italiano defendeu em várias obras, como De Statua, 1431 (escultura),
De Pictura, 1435-1436 (pintura) e De Re Aedificatoria,
1443-1445 e 1447-1452 (10 livros de arquitetura) que a beleza
arquitetónica, pictórica e musical residia no acordo lógico (numérico)
das partes com o todo, cuja descoberta atribuía a Pitágoras: "Os números
pelos quais a concordância dos sons afeta prazenteiramente os nossos ouvidos
são os mesmos que agradam aos nossos olhos e à nossa mente".
Marte
desarmado por Vénus e as três Graças (1824), Jacques-Louis David.
Neoclássico
Igreja de
Sainte-Marie-Madeleine (1777), Paris, proj. de Guillaume Couture
9. Beleza
Natural e Beleza Artística
Os
conceitos anteriores tanto podem ser usados quando nos referimos à
natureza ou a obras criadas por seres humanos. Até praticamente ao
século XVIII, não se fazia uma clara distinção entre um e outro tipo
de beleza, dado que os artistas procuravam sobretudo imitar a beleza
natural. Com a criação da estética como disciplina filosófica, no
século XVIII, faz-se uma nítida distinção entre os dois tipos de
beleza. O próprio conceito de estética passa a ser cada vez mais
reservado à apreciação das obras criadas pelos homens.
A definição do
conceito de beleza continuou, todavia, a ser um problema central da
estética: É a Beleza definível? A beleza é uma qualidade que pertence às
próprias coisas belas? Ou resultada de uma relação entre elas e a nossa
mente? Ou ainda de uma dada predisposição (atitude) que adquirimos para as
reconhecermos como belas?
10.
Criação Artística.
O que designamos
por criações artísticas, isto é, as obras criadas por artistas nem sempre
tiveram o mesmo sentido.
Na antiga Grécia, Platão
afirmava que as obras de arte não eram mais do que cópias" mais ou menos
perfeitas de modelos que a alma captara noutra dimensão da realidade. A criação
artística é assim uma descoberta ou reencontro com a beleza que trazemos
escondida dentro de nós. Na arte nada se cria de novo, mas apenas se dá
forma a modelos pré-existentes na mente dos artistas.
Aristóteles,
introduz o conceito de "mimésis": as produções artísticas situam-se na fronteira
entre o imaginário e a imitação da realidade. A arte não imita portanto a
natureza, mas corrige-a, exalta-a ou rebaixa-a, transfigurando-a naquilo que ela
deveria ser.
Iluminura. Comentário ao Apocalipse do Beatus de
Liebana. Séc. X
Durante a
Idade Média (sécs. V- XV), os artistas encaram as suas produções artísticas como a
expressão de uma louvor à Deus, o único e efectivo criador. A arte assume
uma função moralizadora.
No Renascimento, ressurge o
conceito do homem como criador, divulgando-se o conceito da arte como imitação
da realidade. Concepção que irá preponderar até ao século XIX.
No século XIX e princípios do século XX, face ao advento da fotografia e
depois do cinema, assiste-se à progressiva desvalorizada a dimensão
imitativa da arte, em favor da sua dimensão expressiva (emotiva, formal,
simbólica, etc ).
11. Novas Concepções Artísticas
A partir do século XIX, como veremos, valorizou-se de tal
forma dimensões na arte como a "originalidade", o "estilo
pessoal" ou as "ideias" de cada artista ou movimento
artístico. Este facto levou que todas as categorias estéticas anteriores
fossem sendo superadas por novos conceitos definidores da própria arte. A
sucessão destes movimentos ilustra bem como as rupturas foram ocorrendo de
forma cada vez mais rápida. A título de exemplo faremos um breve percurso
pelos principais movimentos artísticos, mostrando a forma dinâmica como se
opuseram e abriram novos horizontes para a arte.
11. 1. Romantismo
Os movimentos românticos surgiram no final do século
XVIII como uma dupla reação ao formalismo e impessoalidade do neoclássico
e aos ideais de universalidade com que a França procurava
legitimar o seu expansionismo na Europa e no mundo. Os romantismo
valorizam as emoções individuais, a imaginação, o exótico, o
sobrenatural, as tradições locais e nacionais. Ver:
Friedrich,
Goya, Albert Bierstadt,
Willian Turner,
Karl Briullov, etc.
O monge à beira-mar (1808-10),
Caspar David Friedrich
.Romantismo
Entrada do Porto (1848), Willian
Turner. Romantismo
11. 2. Realismo
Os movimentos
realistas reaparecem continuamente na arte, nesse sentido são difíceis de
definir. No século XIX o aparecimento da fotografia (1839) gerou a ambição
de muitos artistas de reproduzirem uma experiência rigorosa da realidade.
Este movimento surge também associado à uma intenção de critica social. Ver:
Gustave Courbet,
Édouard Manet,
etc.
No final do
século XX emerge o naturalismo, uma esforço de captação da
realidade de forma serena, sem um olhar crítico sobre a mesma, mas
frequentemente apenas documental, etnográfico, científico. Ver: Camille
Corot, José Malhoa, etc.
11.3. Impressionismo
Os artistas
impressionistas abandonaram os ateliers para captarem a natureza através da
impressão subjectiva que a mesma provoca. Os objectos da natureza são
destituídos de peso, densidade e solidez, são pura luz, reflexos do sol, da
luz electrica, do ar. Ver: Pizarro, Claude
Monet, Alfred Sisley,
etc
A partir do
tratamento e decomposição da cor, os pós-impressionistas evoluíram para o
Pontilhismo
apoiados numa investigação científica da cor. Ver: Georges Seurat, Signac,
etc.
d
Gare de Saint Lazare (1877), Claude
Monet. Impressionismo
La Grande Jatte (1886), Georges
Seurat. Pontilhismo
11.5. Simbolismo
No final do século XIX emerge o
simbolismo que procura sondar os estados anímicos e emocionais, as
angustias, os medos, as fantasias e o sonhos, dimensões que se opõem a visão
racional, objectiva e tecnocrática da realidade. Alguns artistas assumem uma
clara dimensão expressionista. Ver:
James Ensor, Edvard Munch, etc.
O Grito, 1893, Munch.
Expressionismo
11.7. Arte Nova (Art
Nouveau, modern style, jugendstil, sezessionsstil)
Movimento artístico que surge no final do
século XIX que procura criar uma nova arte que valoriza os materiais e a
decoração, em cujo reportório se destaca as linhas, os elementos ornamentais
e simbólicos. É uma arte que pretende ser total: arquitectura,
pintura, vestuário, mobiliário, tudo devia de obedecer ao mesmo reportório
formal. Ver: Gustav Klimt, Mucha, etc.
O Beijo (1908), Gustav Klimt.
Secessão Vienense (Arte Nova)
Século XX: Um Século de Rupturas
As novas expressões artísticas, cada vez mais plurais e conceptuais, criaram
linguagens e obras que o comum dos cidadãos tem dificuldade em as entender
como arte. Mais
12.
Teorias sobre Arte
Entre
as teorias explicativas sobre a arte destacam-se as seguintes:
Eero Jarnefelt,
Raatajat rahanalaiset eli Kaski, 1893
a)
Teoria
da arte como imitação.
A teoria mais antiga. A arte é uma imitação ou representação da natureza, das
ideias, da ordem ou harmonia cósmica, etc. Na antiga Grécia,Platão afirmava que
as obras de arte não eram mais do que cópias" mais ou menos perfeitas de modelos
que a alma captara noutra dimensão da realidade. A criação artística é assim uma
descoberta ou reencontro com a beleza que trazemos escondida dentro de nós. Na
arte nada se cria de novo, mas apenas se dá forma a modelos pré-existentes na
mente dos artistas.
A. Durer, Lebre (1502)
Aristóteles,introduz o
conceito de "mimeses": as produções artísticas situam-se na fronteira entre
o imaginário e a imitação da realidade. Logo, a arte não imita a natureza,
mas corrige-a, exalta-a ou rebaixa-a, transfigurando-a naquilo que ela
deveria ser. No Renascimento, ressurge o conceito do homem como criador,
divulgando-se o conceito da arte como imitação da realidade. Concepção que
irá preponderar até ao século XIX.
No século XIX e princípios do século XX,
face ao advento da fotografia e depois do cinema, assiste-seà progressiva
desvalorizada a dimensão imitativa da arte, em favor da sua dimensão
expressiva(emotiva, formal, simbólica, etc. ).
Matthias Grunewald, Cruxificação, 1512
b)
Teoria da arte como expressão - A arte é a expressão das
emoções, sentimentos dos artistas.
A arte é a expressão das emoções,
sentimentos dos artistas. Durante a Idade Média, os artistas encaram as suas
produções artísticas como a expressão de uma louvor à Deus, o único e
efetivo criador.
.....
Claude Monet, Impressions: soleil levant (1874)- Impressões do sol nascente
O momento decisivo desta ruptura foi a
exposição que abriu a 15 de Abril de 1874, no atelier do pioneiro de
fotografia Nadar, com obras entre outros de Oscar-Claude Monet (1840-1926).
Kokoschka, Desenho (1909)
A concepção programática de arte como
expressão emerge no século XIX valorizando a dimensão subjetividade da
criação artística, primeiro com o impressionismo e depois mais
explicitamente depois com o expressionismo.
Concepção de arte que emerge a partir
do século XIX que valoriza a dimensão subjectividade da criação
artística.
Teóricos: Lev Tolstoi, R.G. Collingwood,
Wassily Kandinsky, Composição VIII, 1923
Piet Mondrian, Composition with Yellow,
Blue, and Red
(1921)
c)
Teoria
da arte como forma significante - A
arte é vista como um vasto conjunto de técnicas de expressão que cada
artista faz uso consoante o meio específico em que trabalha. Cada artista
cria ou combina símbolos ou signos visuais, auditivos ou outros destinados a
provocar nos receptores ideias e emoções. O pintor combina cores e figuras,
o compositor sons e silêncios, o coreografo movimentos e figuras, o
arquiteto espaços e volumes, etc.
Teóricos: Clive Bell (Art ,1914).
Em todas as verdadeiras
obras de arte, segundo Clive Bell, podemos observar que os seus elementos
(linhas, pontos, cores, etc), combinados de certa forma tem a propriedade de
causar em nós emoções, a esta dimensão das artes visuais ele denomina "Forma
Significante". O problema está em definir o que consiste esta "forma
significante".
Stelarc. Implante de orelha, criada por cultura
celular. 2007
d) Teoria
institucional da arte - Aquilo que pode ser abrangido pelo conceito
de arte é determinado em última instância por uma comunidade de
pessoas ligada à sua produção, venda e difusão, e entre os quais podemos
apontar os críticos, historiadores, galeristas, etc.
O entendimento do que é a arte, assim
como do que deve ser considerado artístico é remetido para comunidade que a
produz, avalia, promove e difunde. Os critérios seguidos por esta comunidade
são em geral muito distintos dos usados pelo publico não especializado (Ver
"Fim da Arte ? ")
Teóricos: George Dickie
Eduardo Kac, Coelho Fluorescente (2002),
Através de processos de manipulação genética este artista criou em
laboratório um coelho com pelos fluorescentes.
Ao longo da história podemos encontrar
artistas ou mesmo época que valorizaram uma ou outra destas expressões
estéticas, mas foi somente a partir do século XIX que as mesmas deram origem
a movimentos artísticos como um programa ideológico.
San Jinks e Patricia
Piccinini(dir.), The Young Family (A Família Jovem) da exposição
We Are Family (Nós Somos Família) , escultura. Exploração satírica do
antropomorfismo
13 .Valor
Artístico
Que
critérios nos permitem afirmar a qualidade artística de uma obra de arte
? Qual o valor da própria arte?
Van Gogh (1853-1890), Noite
Estrelada (1889)
Em vida este pintor apenas
conseguiu vender um único quadro.
14. Atitudes perante a arte
A
relação com a arte depende da perspectiva como a encaramos.
. Como espectadores. A nossa
sensibilidade artística é adquirida através do contacto com as
obras de arte, a educação do gosto, a compreensão das correntes
estéticas e formas de expressão artística. Nas apreciações que
fazemos sobre estas obras, não deixa de se reflectir os gostos
dominantes da sociedade, ou os padrões correntes nos grupos sociais
em que nos movemos.
. Como artistas.
. Como críticos de arte
. Como historiadores de arte
. Como sociólogos da arte.
15.
Especificidades das linguagens artísticas. Classificação das artes.
A arte em geral pode ser entendida como uma forma de linguagem que os
criadores utilizam para comunicar ideias, expressar sentimentos e
naturalmente provocar sensações ou reações nas pessoas. Cada gênero
artístico (pintura, escultura, cinema, música, etc.) tem a sua própria
linguagem. Para interpretarmos uma obra de arte, como veremos, devemos ter
em conta a especificidades de cada uma destas linguagens. Exemplo de nova
expressão artística: Video Art - Qual a especificidade da sua linguagem ?
16. A Interpretação da Obra de arte
A linguagem artística é por natureza polissémica, isto é,
admite uma pluralidade de sentidos, apelando à nossa capacidade para
os descobrir. Não existe pois uma única forma de as interpretar,
como não existe uma maneira de as sentir.
.
Elementos
para abordagem de uma obra de arte pictórica |
Dimensão
Técnico-formal |
Materiais
e técnicas utilizadasCor, Desenho, Luz, Perspectiva,
Composição, Dimensão, etc
|
Dimensão
Simbólica |
Tema,
Iconografia, Códigos, etc.Para a
interpretação simbólica da arte ocidental é fundamental conhecer as
Lendas e Mitos da Antiguidade Clássica, a Bíblia e a vida de Cristo,
os santos e o seus milagres, mas também símbolos da natureza
(frutos, plantas, árvores, animais, etc). Eles foram largamente
utilizados pelos artistas.
|
Dimensão
Contextual |
Integração
da obra no contexto da história da arte
Integração da obra na época
histórica (sociedade, mentalidade, concepções filosóficas,
científicas e técnicas dominantes)
Integração da obra no contexto da
produção do artista
Conhecimento da biografia do artista
( origem, formação, influências, concepções artísticas,
etc).
|
17. Arte
e Sociedade
As
relações entre a arte e a sociedade tem sido encaradas de múltiplas
formas.
Uns encaram
os artistas como simples seres mais ou menos passivos que se limitam a
expressar ou espelhar as ideias da sociedade e seus grupos dominantes, ou
ainda a servirem os interesses do poder, nomeadamente em termos
propangandísticos.
Outros
autonomizam a função dos artistas e encaram-nos como interpretes das
preocupações ou dos valores de uma sociedade, muitas vezes
antecipando-se mesmo à sua própria evolução, revelando as
consequências de determinadas tendências sociais. Neste sentido, a
arte tem funcionado como um instrumento de crítica social.
Não podemos, como é obvio, reduzir
as criações artísticas apenas ao tempo em que foram produzidas, a
arte manifesta essa invulgar capacidade também de o superar.
Para a compreensão da criação artística,
temos que levar em conta três planos essenciais: 1.Sociedade, onde
decorrem as vivências e as aprendizagens do artistas; 2. O
imaginário ou fictício que o artista constrói e corporiza em cada
obra. 3. O próprio artista que, ora se apaga, ora se evidência
naquilo que faz. Como diz Fernando Pessoa nunca deixa de "pôr tudo aquilo
que é no mínimo que faz".
18. Arte: Produção e Consumo
a
) Acesso à Arte
As revoluções democráticas do século XIX promoveram o acesso da população à
Arte, que até aí era privilégio de uma minoria social. Começaram a ser
criados museus, organizadas exposições e espetáculos e muitos outros eventos
culturais, com a finalidade de promoverem a fruição estética e educação
artística da população. O problema que desde logo se colocou é que a
disponibilidade destes meios, não significa só por si uma efetiva
democratização da arte. Sem uma formação e atitude estética adequada, por
mais meios que sejam disponibilizados à população, a experiência estética
pode continuar a ser medíocre, estando apenas reservada a uma minoria
social. O turismo de massas, característico das nossas sociedades, se
aumentou o contacto das pessoas com grandes valores culturais, tende a criar
uma cultura superficial e redutora das experiências estéticas. O seu impacto
é por vezes de tal modo negativo que chega destruir os próprios bens
culturais que pretendia promover o acesso.
b ) Arte de Massas
A industrialização do mundo que começou no século XVIII, tem vindo a alterar
profundamente a nossa relação com a arte. A peça única, características da
produção artesanal, tem vindo a ser substituída pela peça em série própria
da produção industrial. O artesão deu lugar ao "designer" (desenhista
industrial). Muitos críticos deste sistema tem afirmado que a reprodução em
massa de uma obra, provoca perda do caráter único dos objetos,
banalizando-os, e desta forma diminuiu o seu valor e autenticidade. A arte
passou ser estar subordinada às estratégias comerciais e ao consumo
imediato.
c ) Industrias culturais e mercantilização da arte.
As novas formas de comercialização da
arte(exposições, galerias, feiras, agentes, negociantes, promoção, etc)
alteraram por completo a nossa relação com a arte, assim como a relação dos
artistas com o público. Qual a sua importância desta nova realidade na
fruição e valoração de uma obra de arte ? O valor de uma obra pode ser
manipulado ?
d ) Funções da arte na nossa sociedade.
Arte como conhecimento, arte como catarse, arte como diversão.
19. Novas
Problemáticas: O Fim da Arte ?
Os limites da arte sempre foram uma
questão polêmica.
A fronteira entre arte e a propaganda foi
durante muito tempo o principal tema de discussão. Os grandes artistas
sempre se prestaram a servir o poder, nomeadamente promovendo os mais
sanguinários ditadores. Beethoven dedicou a Sinfonia Nº.3 (1803) ao ditador
Napoleão Bonaparte que provocou uma enorme destruição e pilhagem da Europa.
Hitler dificilmente teria conseguido convencer o povo alemão sem a
colaboração de geniais criadores como Albert Speer (arquiteto) ou Leni
Riefenstahl (cineasta). Nas suas obras onde está a fronteira entre a arte e
a propaganda?
Muitos artistas modernos têm levantado
novos problemas sobre os limites da arte, em particular no domínio político
e ético. Não é fácil aceitar como "arte" muitas das produções de movimentos
artísticos como a "Body Art" ou "Bio Art" nos quais são mutilados corpos ou
utilizados seres humanos como meros objetos, ou ainda animais são mortos ou
modificados geneticamente. Alguns exemplos para refletir:
A) Joseph Beuys (1921-1986)
Artista alemão mundialmente conhecido pelas suas "performances", algumas das
quais utilizou animais vivos e mortos.
Joseph Beuys, I Like America and America
Likes Me (1974).
Durante uma semana fechou-se numa
galeria
de arte em Nova Iorque com o
caiote
B) Habacuc
Guillermo Habacuc Vargas, artista costa-riquenho tornou-se em
Agosto de 2007 subitamente conhecido a nível mundial, por ter exposto numa
galeria um cão faminto e doente. O objetivo da "instalação" era denunciar a
indiferença com que eram tratados os imigrantes na Costa Rica. O cão,
simbolizando os imigrantes, acabou por morrer à fome na galeria de arte.
Fotografia do cão que Nabacuc utilizou na
"Exposicion nº.1", em Manágua, Nicarágua.
C) Santiago Sierra (1966)
Pessoas pagas para ficarem de costas olhando para a parede
Artista espanhol que se tem celebrizado por utilizar imigrantes,
prostitutas, toxico dependentes e indigentes nas suas intervenções
artísticas. A fragilidade e miséria destas pessoas permite-lhe contratá-las
por preços irrisórios para polêmicas ações nas quais são usados em situações
humilhantes sob o pretexto de estarem precisamente a denunciá-las.
Em Julho
de 2001, todos os dias encerrava cerca de 20 imigrantes num barco de
transportes no porto de Barcelona. A ideia era denunciar a exploração que os
mesmos são vítimas nos países de acolhimento. Noutra ocasião colocou
imigrantes a arrastarem uma pedra de uma lado para o outro. Noutra ainda,
usou-os para segurarem uma parede de tijolo numa galeria de arte. Os
exemplos são vários.
d) Pyotr Pavlensky
Este
artista russo para denunciar a apatia da população perante o poder pregou os
próprios testículos ao pavimento da Praça Vermelha, em Moscovo (10/11/2013).
Em Julho de 2012 coseu o lábios
contra a prisão e
julgamento da banda feminina de punk Pussy Riot, na cidade de São
Petersburgo. Ainda nesta cidade, em Maio, embrulhou-se em arame farpado
junto ao edifício governamental.
Carlos Fontes