1.Experiência
        Estética
	O
          homem é razão, mas também emoção. O  meio envolvente
          despertam nele, emoções de agrado ou desagrado, de prazer ou de
          tristeza, de beleza ou fealdade. Mas o homem não se limita a
          contemplar, também cria, produz objectos onde procura não apenas
procura expressar estas emoções, mas fá-lo de forma que outros as
possam igualmente experimentar quando os contemplam. 

	Marcel Duchamp, Fonte (1917)
	Peça com que Duchamp concorreu a uma 
	exposição organizada pela "Society of Independents Artists" que pugnava por 
	novas formas de expressão artística. A peça embora não tenha sido aceite, 
	não tardou a tornar-se num dos icones da arte moderna.
	2. Atitude Estética
	As predisposições que o homem revela para produzir, mas também para
valorizar em termos emotivos os objectos e as situações,
constitui o que designamos por atitude estética. Esta atitude é pois uma das 
	condições necessárias para pudermos ter uma experiência estética, caso 
	contrário os nossos sentidos estarão bloqueados. Para que exista então uma 
	experiência estética é necessário: Contemplar as coisas de forma 
	desinteressada e sem preconceitos. O que implica vê-las como são em si 
	mesmas, com distanciamento e desapego. Os nossos sentidos devem estar 
	libertos e despertos para o diferente ou outras dimensões não familiares.
	3. Sensibilidade 
	Estética. 
	O modo como vivemos as diversas 
	experiências estéticas depende da nossa sensibilidade, a qual é influenciada 
	pela preparação que temos para poder usufruir uma dada experiência. Muitas 
	formas de arte, como certas expressões da arte contemporânea requerem uma 
	iniciação prévia, nomeadamente para pudermos entender a linguagem usada 
	pelos artistas.
	4. Estética.
	A Estética (Sentimento, olhar com 
	sentimento) é uma disciplina filosófica que procura definir o Belo ou da 
	Beleza em geral e as suas formas de representação nas artes e na natureza, 
	assim como os seus efeitos sobre os receptores. No início estes conceitos 
	estavam intimamente ligados à ideia de Bem, mas também à afirmação de poder 
	dos grupos sociais dominantes. A contemplação estética e o destino das 
	produções artísticas foram assumidos como um dos seus privilégios.
5. Juízos Estéticos
	Um juízo é a afirmação ou a negação de
uma dada relação sobre algo (ex.O mar é belo; o lixo é feio). Um juízo
estético é a apreciação ou valorização que fazemos sobre algo, e
que se traduz em afirmações como "gosto" ou "Não
Gosto". Nem sempre nestes juízos são baseados em critérios
explícitos que permitam fundamentar as nossas afirmações. Em termos
gerais todos os juízos estéticos podem ser nos seguintes
pressupostos: 
a) 
	Objectividade das apreciações.  Pressuposto 
	que a Beleza é eterna, sendo independente dos juízos individuais 
	(subjetivos). A beleza não está nas nossas apreciações, mas constitui uma 
	propriedade dos próprios objetos estéticos. Que propriedade ou propriedades 
	são estas que tornam os objetos belos ? Apesar de todas as tentativas para 
	definir a Belo ou a Beleza, nunca se chegou a nenhum consenso. Alguns 
	autores procuram contornar a situação, afirmando que para gênero artístico, 
	ao longo dos tempos, têm vindo a ser apurados certos "cânones" específicos 
	que nos permitem ajuizar do valor estéticos das diversas obras
	b) Subjectividade das apreciações.  Pressuposto que o valor estético 
	atribuído a um objeto não pode ser separado do contexto socio-cultural a que 
	está ligado. O belo é o que eu gosto ou aquilo que me agrada. A beleza 
	funda-se assim numa relação subjectiva, sensorial, entre sujeito e o objeto. 
	A arte ou o valor de cada obra é sempre vista em função de um dado contexto. 
	A história tem-nos mostrado que nem sempre existe um acordo entre os méritos 
	de uma obra de arte e os juízos sobre a mesma produzidos na época em que foi 
	criada. Muitos artistas que foram considerados geniais no seu tempo são hoje 
	considerados artistas menores, enquanto que outros que passaram 
	despercebidos são agora valorizados.
	6.
	A Estética como disciplina
filosófica
	As primeiras manifestações artísticas são provavelmente tão
antigas como o próprio homem, mas o conceito de estética é
relativamente recente. A palavra
estética só foi introduzida no
vocabulário filosófico em  meados do século XVIII, pelo
filósofo alemão Alexander Gottlieb Baumgartem que publicou em 1750,
"Estética", onde procurava analisar a formação do
gosto. A reflexão sistemática na
filosofia, sobre a beleza e a arte são, todavia, muito mais antigas, remontam à
antiguidade clássica. Muitos autores preferem o termo filosofia da
arte, entendendo-o como uma reflexão centrada nas obras de arte e
nas suas relações com o criador que as produziu. Esta denominação
pretende excluir, por exemplo, o belo natural. 
 História
da Estética
	O belo e a beleza têm sido objecto de
estudo ao longo de toda a história da filosofia.
	Na antiga
Grécia a reflexão estética estava centrada sobre as manifestações do belo natural e o belo
artístico. Para Pitágoras o belo consiste na combinação harmoniosa
de elementos variados e discordantes. Platão afirma que a beleza de
algo, não passa de uma cópia da verdadeira beleza que não pertence a
este mundo. Aristóteles defende que o belo é uma criação humana, e
resulta de um perfeito equilíbrio de uma série de elementos. 
	Na Idade
Média identifica-se a beleza com Deus, sendo as coisas belas feitas à
sua imagem e por sua inspiração. A beleza associada à forma material é claramente 
	secundarizada face ao valor do significado moral ou sagrado das próprias 
	coisas. Neste sentido, na representação de Cristo o critério deixa de ser 
	beleza da sua forma para ser sobretudo a mensagem que sua imagem transmite.
	Entre os século XVI e XVIII
predomina uma estética de inspiração aristotélica: a beleza é
associada à perfeição das formas conseguida por uma sábia aplicação das
regras da criação artística. 
	As academias a partir do século XVII,
garantirão a correcta aplicação dos cânones artísticos. 
	Kant
atribuirá ao sentimento estético as qualidades de desinteresse e de
universalidade. Foi o primeiro a definir o conceito de belo e do
sentimento que ele provoca. 
	Hegel verá no belo uma encarnação da
Ideia, expressa não num conceito, mas numa forma sensível, adequada a
esta criação do espírito. 
	
	
	Orlan, Quinta operação 
	cirurgica-perfomance ao lábio (1991)
	Na "arte carnal" à semelhança da "body 
	art" o corpo funciona como suporte e o meio de expressão do artista. Orlan 
	submeteu-se a várias operações como forma de provocar uma reflexão sobre os 
	conceitos de beleza.
	A arte contemporânea colocou 
	problemas radicalmente novos à estética. Os artistas rompem com os conceitos 
	e as convenções estabelecidas na arte e sobre a arte. O conceito de 
	experiência estética, por exemplo, passou a ocupar o lugar que antes tinha 
	na Estética o Belo ou a Beleza. 
	Consultar: 
	Breve História da Estética
	7. Filosofia da Arte
	Esta disciplina filosófica tem um sentido 
	muito mais restritivo que a estética, pois só se aplica às chamadas "belas 
	artes". Trata apenas das obras criadas pelos seres humanos. Entre outras 
	aborda as seguintes questões: Em que consiste uma obra de arte? Que se cria 
	numa obra de arte ? Porquê e quando se considera bela uma obra artística? É 
	a arte uma expressão de sentimentos? A arte imita a natureza ? É subjetiva 
	ou objetiva a percepção estética? Existe uma definição geral de arte ? Que 
	critérios nos permitem afirmar a qualidade artística de uma obra de arte? 
	Qual o valor da própria arte?
	
	
	 Kazimir Malevitch,
	Quadrado Preto sobre Fundo Branco (1918).
	8. Beleza  
	Entre as emoções e sentimentos que as 
	coisas provocam nos seres humanos, o de beleza foi aquele cuja 
	reflexão maior impacto provocou sobre a arte ocidental. A palavra 
	etimologicamente significa brilhar, manifestar-se , ser visto ou mostrar-se.
	Na antiga Grécia o conceito foi 
	autonomizado pelos filósofos como Sócrates, Platão ou Aristóteles como a 
	essência da verdadeira arte, mas não só. 
	
		
			
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				   | 
				
				 
				   | 
			
			
				| 
				 Hermes de Fídias. Cópia romana do séc. I  | 
				
				 Dorífero de 
				Policleto. Cópia romana   | 
				
				  Discóbolo de 
				Míron. Cópia romana.  | 
			
		
	 
	 
	Artistas, como Fídias, Míron ou 
	Policleto, no século V a. C. procuram encontrar critérios objectivos, regras 
	ou medidas, que pudessem no campo das artes e da arquitectura assegurem a 
	beleza da obras.
	Policleto, por exemplo,  escreveu um tratado sobre as proporções 
	ideais do corpo humano chamado "Cânone" (Regra).
	
	
	Fídias, escultor e arquitecto do 
	Parthenon em Atenas procurou definir as proporções perfeitas dos templos 
	gregos, sendo-lhe atribuída a chamada "proporção aurea" (Phi), quando 
	procurou determinar um rectângulo perfeito -1, 618...  . Esta 
	proporção foi aplicada a outras figuras geométricas e afirma-se que está 
	presente nas formas mais belas da própria natureza.  
	
	
	No século XIII d.C. Leonardo Fibonacci
	(1170–1250) descobriu uma sequência de números - Números de Ouro  
	(1,1,2, 3,5, 8, 13...) 
	- que constituem uma aproximação à proporção aurea. Esta sequência está 
	presente em muitas formas naturais, como as pétalas das flores, as espirais 
	das galáxias ou dos ossos da mão humana.  Estudos da literatura revela 
	que Virgílio já a tinha empregue na estrutura métrica da Eneida, 
	encontramo-la nas composições das sonatas de Mozart ou na Quinta 
	Sinfonia de Beethovan. Le Corbusier usou-a para conceber o 
	Modular.
	O 
	tratado de Vitrúvio - "De Architectura"
	 ( Séc. I), o único tratado de arquitectura da 
	antiguidade clássica chegou até aos nossos dias, tem servido ao longo dos 
	séculos também como uma importante fonte de inspiração para arquitectos e 
	urbanistas. 
	 
	
	Estes tratados fixaram um certo ideal de beleza e de arte na 
	cultura ocidental que acabou por condicionar a própria produção artística.
	
	 
	
	Denomina-se classicismo à arte que privilegia os modelos e os 
	conceitos de proporção e simplicidade característicos da arte grego-romana, 
	como ocorreu durante o Renascimento (séc.XV/XVI) e na segunda metade 
	do século XVIII no Neoclássico. 
	
		
			
			  | 
			  | 
		
		
			| 
			 Projeto da fachada 
			da Igreja de Santa Maria Novella (Florença) de Alberti  | 
			
			 
			Crédito:Franco Borsi, Leon Battista 
			Alberti, opera completa; Milano Electa Ed.1973,  | 
		
	
	 
	
	Leon Battista Alberti (1404-1472), arquiteto e escultor 
	italiano defendeu em várias obras, como De Statua, 1431 (escultura),
	De Pictura, 1435-1436 (pintura) e De Re Aedificatoria, 
	1443-1445 e 1447-1452 (10 livros de arquitetura) que a beleza 
	arquitetónica, pictórica e musical residia no acordo lógico (numérico) 
	das partes com o todo, cuja descoberta atribuía a Pitágoras: "Os números 
	pelos quais a concordância dos sons afeta prazenteiramente os nossos ouvidos 
	são os mesmos que agradam aos nossos olhos e à nossa mente".  
	 
	
	
	 
	
	Marte 
	desarmado por Vénus e as três Graças (1824), Jacques-Louis David. 
	Neoclássico
	 
	
	
	
	 
	
	
	Igreja de 
	Sainte-Marie-Madeleine (1777), Paris, proj. de Guillaume Couture
	 
	
	 
    
	9. Beleza
Natural e Beleza Artística
	 
	
	Os
conceitos anteriores tanto podem ser usados quando nos referimos à
natureza ou a obras criadas por seres humanos. Até praticamente ao
século XVIII, não se fazia uma clara distinção entre um e outro tipo
de beleza, dado que os artistas procuravam sobretudo imitar a beleza
natural. Com a criação da estética como disciplina filosófica, no
século XVIII, faz-se uma nítida distinção entre os dois tipos de
beleza. O próprio conceito de estética passa a ser cada vez mais
reservado à apreciação das obras criadas pelos homens.
	 
	
	
	A definição do
    conceito de beleza continuou, todavia, a ser um problema central da
    estética: É a Beleza definível? A beleza é uma qualidade que pertence às
    próprias coisas belas? Ou resultada de uma relação entre elas e a nossa
    mente? Ou ainda de uma dada predisposição (atitude) que adquirimos para as
    reconhecermos como belas?
	 
10. 
Criação Artística.
	O  que designamos 
	por criações artísticas, isto é, as obras criadas por artistas nem sempre 
	tiveram o mesmo sentido.
 Na antiga Grécia,  Platão
afirmava que as obras de arte não eram mais do que cópias" mais ou menos 
perfeitas de modelos que a alma captara noutra dimensão da realidade. A criação 
artística é assim uma descoberta ou reencontro com a beleza que trazemos  
escondida dentro de nós. Na arte nada se cria  de novo, mas apenas se dá  
forma a modelos pré-existentes na mente dos artistas.
 
Aristóteles,
introduz o conceito de "mimésis": as produções artísticas situam-se na fronteira 
entre o imaginário e a imitação da realidade. A arte não imita portanto a 
natureza, mas corrige-a, exalta-a ou rebaixa-a, transfigurando-a naquilo que ela 
deveria ser.
	
	
	
	Iluminura. Comentário ao Apocalipse do Beatus de 
	Liebana. Séc. X
	Durante a 
	Idade Média  (sécs. V- XV), os artistas encaram as suas produções artísticas como a 
	expressão de uma louvor à Deus, o único e efectivo criador. A arte assume 
	uma função moralizadora.
No Renascimento, ressurge o 
conceito do homem como criador, divulgando-se o conceito da arte como imitação 
da realidade. Concepção que irá preponderar até ao século XIX.
	No século XIX e princípios do século XX, face ao advento da fotografia e 
	depois do cinema, assiste-se à progressiva desvalorizada a dimensão 
	imitativa da arte, em favor da sua dimensão expressiva (emotiva, formal, 
	simbólica, etc ).
	 
	11. Novas Concepções Artísticas
	A partir do século XIX, como veremos, valorizou-se de tal 
	forma dimensões na arte como a "originalidade", o "estilo 
	pessoal"  ou as "ideias"  de cada artista ou movimento 
	artístico. Este facto  levou que todas as categorias estéticas anteriores 
	fossem sendo superadas por novos conceitos definidores da própria arte. A 
    sucessão destes movimentos ilustra bem como as rupturas foram ocorrendo de 
    forma cada vez mais rápida. A título de exemplo faremos um breve percurso 
    pelos principais movimentos artísticos, mostrando a forma dinâmica como se 
    opuseram e abriram novos horizontes para a arte.
	11. 1. Romantismo
	Os movimentos românticos surgiram no final do século 
    XVIII como uma dupla reação ao formalismo e impessoalidade do neoclássico 
    e aos ideais de universalidade com que a França  procurava 
    legitimar o seu expansionismo na Europa e no mundo. Os romantismo 
    valorizam  as emoções individuais, a imaginação, o exótico, o 
    sobrenatural, as tradições locais e nacionais. Ver:  
	Friedrich,  
	Goya, Albert Bierstadt,
	Willian Turner, 
    
    Karl Briullov, etc.
	
	
	
	O monge à beira-mar (1808-10),
	
	Caspar David Friedrich 
	.Romantismo
	
	
	
	Entrada do Porto (1848), Willian 
	Turner. Romantismo
	
    11. 2. Realismo
	Os movimentos 
    realistas reaparecem continuamente na arte, nesse sentido são difíceis de 
    definir. No século XIX o aparecimento da fotografia (1839) gerou a ambição 
    de muitos artistas de reproduzirem uma experiência rigorosa da realidade. 
    Este movimento surge também associado à uma intenção de critica social. Ver: 
    Gustave Courbet, 
    
    Édouard Manet, 
    etc.
	No final do 
    século XX emerge o naturalismo, uma  esforço de captação da 
    realidade de forma serena, sem um olhar crítico sobre a mesma, mas 
    frequentemente apenas documental, etnográfico, científico. Ver: Camille 
    Corot, José Malhoa, etc.
	
    11.3. Impressionismo
	Os artistas 
    impressionistas abandonaram os ateliers para captarem a natureza através da 
    impressão subjectiva que a mesma provoca. Os objectos da natureza são 
    destituídos de peso, densidade e solidez, são pura luz, reflexos do sol, da 
    luz electrica, do ar. Ver: Pizarro, Claude 
    Monet, Alfred Sisley, 
    etc
	A partir do 
    tratamento e decomposição da cor, os pós-impressionistas evoluíram para o
    Pontilhismo
    
    apoiados numa investigação científica da cor. Ver: Georges Seurat, Signac, 
    etc.
	 
	
	d
	Gare de Saint Lazare (1877), Claude 
	Monet. Impressionismo
	
	
	La Grande Jatte (1886), Georges 
	Seurat. Pontilhismo
	11.5. Simbolismo
	No final do século XIX emerge o 
    simbolismo que procura sondar os estados anímicos e emocionais, as 
    angustias, os medos, as fantasias e o sonhos, dimensões que se opõem a visão 
    racional, objectiva e tecnocrática da realidade. Alguns artistas assumem uma 
    clara dimensão expressionista. Ver: 
    James Ensor, Edvard Munch, etc. 
	
	
	O Grito, 1893,  Munch. 
	Expressionismo
	11.7. Arte Nova (Art 
    Nouveau, modern style, jugendstil, sezessionsstil)
	Movimento artístico que surge no final do 
    século XIX que procura criar uma nova arte que valoriza os materiais e a 
    decoração, em cujo reportório se destaca as linhas, os elementos ornamentais 
    e simbólicos. É uma arte que pretende ser total: arquitectura, 
    pintura, vestuário, mobiliário, tudo devia de obedecer ao mesmo reportório 
    formal. Ver: Gustav Klimt, Mucha, etc.
	 
	
	
	O Beijo (1908), Gustav Klimt. 
	Secessão Vienense (Arte Nova)
	 
	Século XX: Um Século de Rupturas
	As novas expressões artísticas, cada vez mais plurais e conceptuais, criaram 
	linguagens e obras que o comum dos cidadãos tem dificuldade em as entender 
	como arte. Mais
	 
	
	12.
Teorias sobre Arte 
	Entre
as teorias explicativas sobre a arte destacam-se as seguintes: 
	
	
	
	Eero Jarnefelt, 
	Raatajat rahanalaiset eli Kaski, 1893
a)  
Teoria
da arte como imitação. 
A teoria mais antiga. A arte é uma imitação ou representação da natureza, das 
ideias, da ordem ou harmonia cósmica, etc. Na antiga Grécia,Platão afirmava que 
as obras de arte não eram mais do que cópias" mais ou menos perfeitas de modelos 
que a alma captara noutra dimensão da realidade. A criação artística é assim uma 
descoberta ou reencontro com a beleza que trazemos escondida dentro de nós. Na 
arte nada se cria de novo, mas apenas se dá forma a modelos pré-existentes na 
mente dos artistas.
	
	
	A. Durer, Lebre (1502)
 
	Aristóteles,introduz o 
	conceito de "mimeses": as produções artísticas situam-se na fronteira entre 
	o imaginário e a imitação da realidade. Logo, a arte não imita a natureza, 
	mas corrige-a, exalta-a ou rebaixa-a, transfigurando-a naquilo que ela 
	deveria ser. No Renascimento, ressurge o conceito do homem como criador, 
	divulgando-se o conceito da arte como imitação da realidade. Concepção que 
	irá preponderar até ao século XIX.
	No século XIX e princípios do século XX, 
	face ao advento da fotografia e depois do cinema, assiste-seà progressiva 
	desvalorizada a dimensão imitativa da arte, em favor da sua dimensão 
	expressiva(emotiva, formal, simbólica, etc. ).

	
	Matthias Grunewald, Cruxificação, 1512
	 b)
Teoria da arte como expressão - A arte é a expressão das
emoções, sentimentos dos artistas.
	A arte é a expressão das emoções, 
	sentimentos dos artistas. Durante a Idade Média, os artistas encaram as suas 
	produções artísticas como a expressão de uma louvor à Deus, o único e 
	efetivo criador.
	
	.....
	Claude Monet, Impressions: soleil levant (1874)- Impressões do sol nascente
	
	O momento decisivo desta ruptura foi a 
	exposição que abriu a 15 de Abril de 1874, no atelier do pioneiro de 
	fotografia Nadar, com obras entre outros de Oscar-Claude Monet (1840-1926).
	
	
	 Kokoschka, Desenho (1909)
	A concepção programática de arte como 
	expressão emerge no século XIX valorizando a dimensão subjetividade da 
	criação artística, primeiro com o impressionismo e depois mais 
	explicitamente depois com o expressionismo. 
	Concepção de arte que emerge a partir
do século XIX que valoriza a dimensão subjectividade da criação
artística. 
	Teóricos: Lev Tolstoi, R.G. Collingwood, 
	
	
	
	Wassily Kandinsky, Composição VIII, 1923
	 
	
	
	
	
	 Piet Mondrian, Composition with Yellow, 
	Blue, and Red 
	(1921)
c) 
	Teoria
        da arte como forma  significante  - A 
	arte é vista como um vasto conjunto de técnicas de expressão que cada 
	artista faz uso consoante o meio específico em que trabalha. Cada artista 
	cria ou combina símbolos ou signos visuais, auditivos ou outros destinados a 
	provocar nos receptores ideias e emoções. O pintor combina cores e figuras, 
	o compositor sons e silêncios, o coreografo movimentos e figuras, o 
	arquiteto espaços e volumes, etc.
	Teóricos: Clive Bell (Art ,1914). 
	Em todas as verdadeiras 
	obras de arte, segundo Clive Bell, podemos observar que os seus elementos 
	(linhas, pontos, cores, etc), combinados de certa forma tem a propriedade de 
	causar em nós emoções, a esta dimensão das artes visuais ele denomina "Forma 
	Significante".  O problema está em definir o que consiste esta "forma 
	significante".   
	
	
	
	Stelarc. Implante de orelha, criada por cultura 
	celular. 2007
    d) Teoria
        institucional da arte - Aquilo que pode ser abrangido pelo conceito
    de arte é determinado em última instância por uma comunidade de
    pessoas ligada à sua produção, venda e difusão, e entre os quais podemos
    apontar os críticos, historiadores, galeristas, etc. 
	O entendimento do que é a arte, assim 
	como do que deve ser considerado artístico é remetido para comunidade que a 
	produz, avalia, promove e difunde. Os critérios seguidos por esta comunidade 
	são em geral muito distintos dos usados pelo publico não especializado (Ver 
	"Fim da Arte ? ")
	Teóricos: George Dickie 
	
	
	Eduardo Kac, Coelho Fluorescente (2002), 
	Através de processos de manipulação genética este artista criou em 
	laboratório um coelho com pelos fluorescentes.
	Ao longo da história podemos encontrar 
	artistas ou mesmo época que valorizaram uma ou outra destas expressões 
	estéticas, mas foi somente a partir do século XIX que as mesmas deram origem 
	a movimentos artísticos como um programa ideológico.
	
	
	 San Jinks e Patricia 
	Piccinini(dir.), The Young Family (A Família Jovem) da exposição
	We Are Family (Nós Somos Família) , escultura. Exploração satírica do 
	antropomorfismo
      13 .Valor
        Artístico
	Que
      critérios nos permitem afirmar a qualidade artística de uma obra de arte
      ? Qual o valor da própria arte? 
          
			
	Van Gogh (1853-1890), Noite 
	Estrelada (1889)
	Em vida este pintor apenas 
	conseguiu vender um único quadro.
          14. Atitudes perante a arte
	A
          relação com a arte depende da perspectiva como a encaramos.
          .  Como espectadores. A nossa
          sensibilidade artística é adquirida através do contacto com as
          obras de arte, a educação do gosto, a compreensão das correntes
          estéticas e formas de expressão artística. Nas apreciações que
          fazemos sobre estas obras, não deixa de se reflectir os gostos
          dominantes da sociedade, ou os padrões correntes nos grupos sociais
          em que nos movemos. 
          .  Como artistas. 
          . Como críticos de arte
          . Como historiadores de arte
          . Como sociólogos da arte.
	15. 
	Especificidades das linguagens artísticas. Classificação das artes.
	A arte em geral pode ser entendida como uma forma de linguagem que os 
	criadores utilizam para comunicar ideias, expressar sentimentos e 
	naturalmente provocar sensações ou reações nas pessoas. Cada gênero 
	artístico (pintura, escultura, cinema, música, etc.) tem a sua própria 
	linguagem. Para interpretarmos uma obra de arte, como veremos, devemos ter 
	em conta a especificidades de cada uma destas linguagens. Exemplo de nova 
	expressão artística: Video Art - Qual a especificidade da sua linguagem ?
          16. A Interpretação da Obra de arte
	A linguagem artística é por natureza polissémica, isto é,
          admite uma pluralidade de sentidos, apelando à nossa capacidade para
          os descobrir. Não existe pois uma única forma de as interpretar,
          como não existe uma maneira de as sentir.
  | 
 . 
Elementos
para abordagem de uma obra de arte pictórica    | 
| Dimensão
Técnico-formal | 
	
		Materiais 
e técnicas utilizadasCor, Desenho, Luz, Perspectiva,
Composição, Dimensão, etc  
	 | 
| Dimensão
Simbólica | 
		
			Tema,
Iconografia, Códigos, etc.Para a 
			interpretação simbólica da arte ocidental é fundamental conhecer as 
			Lendas e Mitos da Antiguidade Clássica, a Bíblia e a vida de Cristo, 
			os santos e o seus milagres, mas também símbolos da natureza 
			(frutos, plantas, árvores, animais, etc). Eles foram largamente 
			utilizados pelos artistas. 
		 
		 | 
| Dimensão
Contextual | 
		
			Integração
da obra no contexto da história da arte 
			Integração da obra na época
histórica (sociedade, mentalidade, concepções filosóficas,
científicas e técnicas dominantes) 
			Integração da obra no contexto da
produção do artista 
			Conhecimento da biografia do artista
( origem, formação, influências, concepções artísticas,
etc).  
		 | 
 
17. Arte
e Sociedade
	 As
relações entre a arte e a sociedade tem sido encaradas de múltiplas
formas. 
Uns encaram
os artistas como simples seres mais ou menos passivos que se limitam a
expressar ou espelhar as ideias da sociedade e seus grupos dominantes, ou
ainda a servirem os interesses do poder, nomeadamente em termos
      propangandísticos.
	Outros
autonomizam a função dos artistas e encaram-nos como interpretes das
preocupações ou dos valores de uma sociedade, muitas vezes
antecipando-se mesmo à sua própria evolução, revelando as
consequências de determinadas tendências sociais. Neste sentido, a
arte tem funcionado como um instrumento de crítica social.
 Não podemos, como é obvio, reduzir
as criações artísticas apenas ao tempo em que foram produzidas, a
arte manifesta essa invulgar capacidade também de o superar. 
	Para a compreensão da criação artística,
temos que levar em conta três planos essenciais: 1.Sociedade, onde
decorrem as vivências e as aprendizagens do artistas; 2. O
imaginário ou fictício que o artista constrói e corporiza em cada
obra. 3. O próprio artista que, ora se apaga, ora se evidência
naquilo que faz.  Como diz Fernando Pessoa nunca deixa de "pôr tudo aquilo 
	que é no mínimo que faz".
	18. Arte: Produção e Consumo
	 a 
	) Acesso à Arte
	
	As revoluções democráticas do século XIX promoveram o acesso da população à 
	Arte, que até aí era privilégio de uma minoria social. Começaram a ser 
	criados museus, organizadas exposições e espetáculos e muitos outros eventos 
	culturais, com a finalidade de promoverem a fruição estética e educação 
	artística da população. O problema que desde logo se colocou é que a 
	disponibilidade destes meios, não significa só por si uma efetiva 
	democratização da arte. Sem uma formação e atitude estética adequada, por 
	mais meios que sejam disponibilizados à população, a experiência estética 
	pode continuar a ser medíocre, estando apenas reservada a uma minoria 
	social. O turismo de massas, característico das nossas sociedades, se 
	aumentou o contacto das pessoas com grandes valores culturais, tende a criar 
	uma cultura superficial e redutora das experiências estéticas. O seu impacto 
	é por vezes de tal modo negativo que chega destruir os próprios bens 
	culturais que pretendia promover o acesso.
	
	b ) Arte de Massas
	A industrialização do mundo que começou no século XVIII, tem vindo a alterar 
	profundamente a nossa relação com a arte. A peça única, características da 
	produção artesanal, tem vindo a ser substituída pela peça em série própria 
	da produção industrial. O artesão deu lugar ao "designer" (desenhista 
	industrial). Muitos críticos deste sistema tem afirmado que a reprodução em 
	massa de uma obra, provoca perda do caráter único dos objetos, 
	banalizando-os, e desta forma diminuiu o seu valor e autenticidade. A arte 
	passou ser estar subordinada às estratégias comerciais e ao consumo 
	imediato.
	
	c ) Industrias culturais e mercantilização da arte.
	As novas formas de comercialização da 
	arte(exposições, galerias, feiras, agentes, negociantes, promoção, etc) 
	alteraram por completo a nossa relação com a arte, assim como a relação dos 
	artistas com o público. Qual a sua importância desta nova realidade na 
	fruição e valoração de uma obra de arte ? O valor de uma obra pode ser 
	manipulado ?
	
	d ) Funções da arte na nossa sociedade.
	Arte como conhecimento, arte como catarse, arte como diversão.
	 
	19. Novas
Problemáticas: O Fim da Arte ?
	Os limites da arte sempre foram uma 
	questão polêmica.
	A fronteira entre arte e a propaganda foi 
	durante muito tempo o principal tema de discussão. Os grandes artistas 
	sempre se prestaram a servir o poder, nomeadamente promovendo os mais 
	sanguinários ditadores. Beethoven dedicou a Sinfonia Nº.3 (1803) ao ditador 
	Napoleão Bonaparte que provocou uma enorme destruição e pilhagem da Europa. 
	Hitler dificilmente teria conseguido convencer o povo alemão sem a 
	colaboração de geniais criadores como Albert Speer (arquiteto) ou Leni 
	Riefenstahl (cineasta). Nas suas obras onde está a fronteira entre a arte e 
	a propaganda?
	Muitos artistas modernos têm levantado 
	novos problemas sobre os limites da arte, em particular no domínio político 
	e ético. Não é fácil aceitar como "arte" muitas das produções de movimentos 
	artísticos como a "Body Art" ou "Bio Art" nos quais são mutilados corpos ou 
	utilizados seres humanos como meros objetos, ou ainda animais são mortos ou 
	modificados geneticamente. Alguns exemplos para refletir:
	 A) Joseph Beuys (1921-1986)
	Artista alemão mundialmente conhecido pelas suas "performances", algumas das 
	quais utilizou animais vivos e mortos.
	
	
	
	
	Joseph Beuys, I Like America and America 
	Likes Me (1974). 
	Durante uma semana fechou-se numa 
	galeria 
	de arte em Nova Iorque com o 
	caiote
	B) Habacuc
	Guillermo Habacuc Vargas, artista costa-riquenho tornou-se em 
	Agosto de 2007 subitamente conhecido a nível mundial, por ter exposto numa 
	galeria um cão faminto e doente. O objetivo da "instalação" era denunciar a 
	indiferença com que eram tratados os imigrantes na Costa Rica. O cão, 
	simbolizando os imigrantes, acabou por morrer à fome na galeria de arte.
	
	
	Fotografia do cão que Nabacuc utilizou na 
	"Exposicion nº.1", em Manágua, Nicarágua.
	 C) Santiago Sierra (1966)
	
	
	
	
	Pessoas pagas para ficarem de costas olhando para a parede
	Artista espanhol que se tem celebrizado por utilizar imigrantes, 
	prostitutas, toxico dependentes e indigentes nas suas intervenções 
	artísticas. A fragilidade e miséria destas pessoas permite-lhe contratá-las 
	por preços irrisórios para polêmicas ações nas quais são usados em situações 
	humilhantes sob o pretexto de estarem precisamente a denunciá-las. 
	Em Julho 
	de 2001, todos os dias encerrava cerca de 20 imigrantes num barco de 
	transportes no porto de Barcelona. A ideia era denunciar a exploração que os 
	mesmos são vítimas nos países de acolhimento. Noutra ocasião colocou 
	imigrantes a arrastarem uma pedra de uma lado para o outro. Noutra ainda, 
	usou-os para segurarem uma parede de tijolo numa galeria de arte. Os 
	exemplos são vários.
	
	
	d) Pyotr Pavlensky 
	Este 
	artista russo para denunciar a apatia da população perante o poder pregou os 
	próprios testículos ao pavimento da Praça Vermelha, em Moscovo (10/11/2013). 
	Em Julho de 2012 coseu o lábios 
	contra a prisão e 
	julgamento da banda feminina de punk Pussy Riot, na cidade de São 
	Petersburgo. Ainda nesta cidade, em Maio, embrulhou-se em arame farpado 
	junto ao edifício governamental.
	
	Carlos Fontes