Navegando na Filosofia. Carlos Fontes
CONCEITOS |
Acção Designa o conjunto dos nossos actos, especialmente dos actos voluntários, susceptíveis de receberem uma qualificação moral. Agente Designa tudo o que exerce uma acção. Em ética, o agente é sempre uma pessoa que está a agir ou agiu ou está a contemplar a acção. O agente moral é livre e responsável. Análise Termo que designa a decomposição de um todo ou de um objecto complexo nos seus elementos constituintes para o tornar compreensível. A análise implica sempre esta operação de decomposição, em oposição ao conceito de síntese. Aparência e Realidade Com o início da Filosofia, no séc.VI a.C. os pensadores tem-se questionado se a realidade é aquela que apreendemos pelos sentidos, ou se pelo contrário tudo não passa de uma ilusão. Os idealistas subjectivistas, por exemplo, sustentam a tese que não há coisas reais independentes da consciência. Toda a realidade surge assim encerrada na consciência do sujeito. as coisas não são mais do que conteúdos da consciência. Os cepticistas sustentam que nada se pode saber com certeza. Os materialistas sustentam por sua vez que nada excepto objectos físicos e forças que são perceptíveis e mensuráveis. Negam a existência da alma ou da mente como um tipo separado da realidade, e procuram explicações físicas para todos os fenómenos. O problema de como adquirimos o nosso conhecimento do mundo exterior é o objecto de estudo da Teoria do Conhecimento ou da Epistemologia. Argumento Designa o raciocínio mediante o qual se tenta provar ou refutar uma tese, convencendo alguém da verdade ou falsidade da mesma, sem o recurso a constatações empíricas. Em lógica entende-se por uma sequência de enunciados, um dos quais é a conclusão e os outros as premissas, os quais provam ou evidenciam a legitimidade da conclusão. Argumentação Produção de afirmações destinadas a sustentar ou a apoiar uma conclusão Arte Termo de múltiplas significações, considerando-se em geral como uma operação do espírito, tendendo à criação de obras que exprimem a realidade objectiva, incluindo o próprio homem e a sua maneira de ver o mundo. Em sentido restrito aplica-se a um vasto conjunto de técnicas, como a de pintura, que incluem uma parte de criação. Auditório Na teoria da argumentação designa-se assim o conjunto dos interlocutores de uma determinada forma de comunicação. O auditório é sempre uma construção ideal feita pelo orador. Perelman estabelece a distinção entre auditório universal e auditório particular. O primeiro é construído a partir das características comuns a todos os seres racionais. O segundo é constituído por seres racionais com certas afinidades específicas (admiradores de pintura, crentes numa dada religião, etc). Autonomia da RazãoDiz-se da faculdade que o homem possui de poder usar a razão de uma forma incondicionada ou independentes de uma lei ou fim exterior a si próprio. Axiologia Teoria dos valores em geral, especialmente dos valores morais. Diz-se daquilo que suscita prazer, emoções estéticas produzidas pela contemplação ou admiração de um objecto ou ser. Bem Diz-se de tudo aquilo que possui um valor moral ou físico de natureza positiva, constituindo o fim da acção humana. Na Ética designa-se assim o conceito normativo que é conforme ao ideal e às normas da moral. Designam-se assim os tipos mais gerais de conceitos, de acordo com os quais organizamos a experiência, conhecemos e pensamos o mundo. Categorias fundamentais do nosso pensamento são as de objecto, qualidade e relação. Causa Diz-se de tudo aquilo que determina a constituição e a natureza de um ser ou de um fenómeno. Ciência Diz-se da forma de conhecimento que pretende não apenas descrever a realidade, mas também explicá-la de modo racional e objectivo, estabelecendo entre os fenómenos relações universais e necessárias permitindo a previsão dos seus resultados, sendo as causas dos mesmos identificadas por meio de procedimentos experimentais. Cada ciência é um comjunto de de enunciados, mais ou menos gerais, sistematicamente articulados entre si. Comunicação Designa a transmissão de um uam significação, quer ao nível das ideias, quer das aspirações, quer dos sentimentos e das afectividades. Conceito É uma representação intelectual (ideia) do que há de essencial num objecto. Representa aquilo que há de permanente, imutável e comum a todos os objectos da mesma espécie. Configuração da Experiência Designa a tendência inata que possui o espírito humano para emprestar á realidade que lhe é dada uma determinada ordem, forma, arranjo. A experiência é permanentemente configurada pelo homem que a transforma em figuras e imagens. construções estão presentes em todas as actividades humanas (ciência, arte, filosofia, religião...). Nas percepções, como as configurações intelectuais da realidade intervém inúmeros factores: pessoais (conhecimentos anteriores...) ou socio-culturais (língua, contexto histórico...). Conhecimento Processo pelo qual a realidade se reflecte e se reproduz no pensamento humano. O fim último do conhecimento consiste em alcançar a Verdade e no seu valor como prova para se afirmar que se conhece alguma coisa. Conhecimento Científico Sinónimo de ciência. O conhecimento científico tem quatro características essenciais: objectividade, racionalidade, revisibilidade e autonomia. Consciência Diz-se a percepção imediata pelo sujeito daquilo que se passa nele mesmo ou fora dele. Consciência Moral Diz-se de uma espécie de "juiz interior" que nos ordena o que deve ser feito, desempenhado um papel crítico no agir. Cosmogonia Narrativas míticas ou teorias científicas e filosóficas que explicam a génese do universo. Crítica Diz-se da atitude do espírito que não admite nenhuma afirmação sem reconhcer primeiro a sua legitimidade. Designa o imperativo que se impõe ao indivíduo, como a necessidade de realizar uma acção por respeito à lei civil ou moral. Dialéctica Termo usado em filosofia para descrever teorias ou métodos baseados no diálogo ou competição entre pontos de vista opostos. Foi aplicado no método de Sócrates para chegar ao conhecimento, por um processo de interrogação. Discurso Designa a expressão do pensamento numa linguagem verbal ou escrita seguindo uma determinada via, percurso, caminho ou sequência. Demonstração Argumento dedutivamente válido que parte de premissas verdadeiras que conduzem necessariamente à conclusão. Determinismo Designa em geral a crença de que a maneira como os acontecimentos ocorrem já está fixada num plano sobrenatural ou pelas leis da natureza. Termo de origem grega que significa experiência Ente Aquilo que tem que ser, que exerce esse acto de um certo modo. Epistemologia Disciplina da filosofia que trata da origem, constituição e limites do conhecimento em geral. Num sentido mais actual e restritivo, doutrina dos fundamentos e métodos do conhecimento científico. Essência Termo que designa o modo segundo o qual se tem ser. O acto de ser faz com que as coisas sejam. A essência faz com que uma coisa seja o que é. Estética Termo de origem grega que significa sensibilidade. Disciplina da filosofia que estuda as formas de manifestação da beleza natural ou artística (criadas pelo homem). Ética Reflexão sobre os fundamentos da moral. O que caracteriza a ética é a sua dimensão pessoal, isto é, o esforço do homem para fundamentar e legitimar a sua conduta. A ética é actualmente dividida em três partes fundamentais: a)Ética Descritiva- Descreve os fenómenos morais; b) Ética Normativa -procura a justificação racional da moral; c) Metaética- reflecte sobre os métodos e a linguagem utilizada pela própria Ética. Experiência Termo que designa todo o conhecimento espontâneo ou vivido, adquirido pelo individuo ao longo da sua vida. Na filosofia adquiriu grande difusão o ponto de vista segundo o qual a experiência é a única fonte de todo o saber ( Empirismo, Sensualismo...). Experiência de Vida Diz-se de algo cuja sua existência se impõe como uma evidência que nos é dado percebermos através da experiência. Falsificabilidade Propriedade que um enunciado ou uma teoria têm de ser refutados pela experiência. Na filosofia da ciência de Popper, a falsificabilidade é o aspecto fundamental de uma teoria científica. Fenómeno Termo de origem grega que significa tudo o que aparece, quer aos sentidos ou à consciência. Quando aquilo que aparece, em seu modo de manifestar-se, não corresponde ao seu ser, trata-se de uma aparência. Filosofia Termo de origem grega resultante da junção de duas palavras: "philos" e "sophia". A primeira significa amigo, o que deseja ou procura. A segunda significa sabedoria, saber, conhecimento. Neste sentido, a filosofia diz respeito à actividade própria daqueles que amando ou desejando o saber, se envolvem na descoberta do conhecimento da realidade. Na Grécia dava-se o nome de filosofia aos homens que, movidos por interesses intelectuais desinteressados, procuravam compreender a realidade existente. O saber que íam adquirindo, assim como a totalidade dos conhecimentos obtidos nas suas investigações recebia igualmente a designação de filosofia. Fundamento Termo que significa origem, princípio, razão de ser. Em filosofia aplica-se sobretudo no sentido de raiz, suporte de algo. Método para interpretação de um texto. Segundo Dilthey, método para compreender o significado dos textos históricos ou outras obras produzidas pelo espírito humano. Opoê-se á "análise" objectiva dos fenómenos naturais e constitui uma noção chave na fenomenologia existêncial, na medida em que a existência é um "signo" do qual a filosofia deve dar-nos o "sentido". Hipótese Designa-se qualquer Proposição que tem ainda de ser provada ou negada. Em lógica as hipóteses formam a base para a argumentação e o raciocínio. Na ciência constituem uma espécie de "explicações provisórias" para as relações entre os fenómenos que carecem de ser testadas experimentalmente antes de serem apresentadas como uma teoria. Designa o processo pelo qual transitamos de uma proposição para outra. As inferências mediatas exigem um termo mediador para passar de uma proposição para outra. O raciocínio é uma inferência mediata visto consistir no trânsito de um juízo para outro através de um terceiro. Intencionalidade Característica definidora da consciência, enqunato necessariamente voltada para um objecto. Designa a operação pela qual o espírito afirma ou nega uma relação de conveniência entre duas ideias ou objectos do pensamento. O juizo, em termos lógicos, comporta três elementos: Sujeito- o ser que afirma ou nega algo; Atributo ou predicado - aquilo que se afirma ou nega do sujeito; Cópula - elemento de ligação entre o sujeito e o predicado que, habitualmente é representado pelo verbo ser. Juízos de Facto Juízos que descrevem a realidade concreta ou informam sobre os estados dos acontecimentos. Estes juízos são falsos ou verdadeiros conforme sejam ou não adequados para descrever a realidade. Podem ser objecto de verificação empírica e objecto de consensos mais ou menos alargados. Juízos de Valor Juízos sobre factos ou actos em função de valores ou preferências. Não são susceptíveis de comprovação empírica, e não recebem consensos tão amplos como os juízos de facto. Sistema de signos convencionais com o qual se pretende representar a realidade e que é usado na comunicação humana. Lógica Termo de origem grega que significa ciência do raciocínio. A lógica é entendida como o estudo dos métodos e princípios usados para distinguir um raciocínio correcto de um raciocínio incorrecto. A lógica pode ser dividida em Lógica Formal e Lógica Material. A primeira estuda as leis que devem regular as diferentes formas do pensamento (conceitos, juízos, raciocínios...). A segunda, estuda o acordo do pensamento com a realidade, sendo o seu objecto de estudo, os métodos seguidos pelas diversas ciências. Lógica Aristotélica Lógica Proposicional A lógica proposicional (também denominada lógica dos enunciados), ocupa-se de proposições, isto é, de da validade formal dos raciocínios em que as premissas e a conclusão são proposições -enunciados - tomados em bloco, sem os analisar. Continua... Carlos Fontes
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Carlos Fontes