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Braque,
La Mandore, Paris, fin 1909
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Picasso, Três Músicos (1921) |
O Cubismo surge em
França, por volta de 1908-1909, envolvendo artistas como
Pablo Picasso, George Braque, Jean Metzinger, e mais tarde, Juan Gris. Caracteriza-se por
abrir uma ruptura com com a ideia da pintura como imitação
da realidade. Os artistas libertaram-se dos sistemas
tradicionais de representação, no qual os objectos
tinham apenas uma única forma, aquela que era
determinada pela posição frontal do pintor e do
espectador. Com o cubismo, os objectos são representados
em tantos planos ou perspectivas quantos os artistas
considerem significativos para os apreenderem. O
resultado final são composições, muitas vezes abstratas.
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Hannah Hoch, colagens |
Duchamp, Roda de Bicicleta (1913)
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Kurt Schwiters, colagens |
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Dadaísmo surge em
plena Guerra(1916), assume-se como um movimento de
ruptura com todas as formas culturais do passado. Insurge-se
contra a separação entre a arte e a vida. Neste sentido,
eleva á categorias de obras de arte, simples objectos
quotidianos. Proclama que na arte deve ter lugar tudo
aquilo, onde pulse a própria vida nas suas formas mais
imediatas. "A palavra DADA simboliza a relação
mais primitiva com a realidade ambiente; uma nova
realidade se revela com o Dadaísmo. A vida surge como um
conjunto simultâneo de ruídos, de cores e ritmos
espirituais, que são transferidos sem alteração para a
arte dadaísta, com todos as febres da sua audaciosidade
quotidiana e toda a sua brutal realidade" (in,
Manifesto DADA, Berlim, 1920).
Marcel Duchamp materializa
de forma notável estas ideias nos ready-made, objectos
comuns elevados à categoria artística, o que implicou
um ataque frontal ao próprio conceito de obra de arte. O
primeiro ready-made, data de 1913, e era
constituído por uma roda de bicicleta colocada em cima de
um tamborete. O artista deixa de ser um criador, para
passar a ser uma espécie de sacerdote. A sua tarefa é
recolher e seleccionar objectos em seu redor, consagrando-os
depois como obras de arte.
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Max Ernst, L'angelo del focolare ( 1937 ) |
Magritte |
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O Surrealismo começa
a ser teorizado em 1924, por André Breton. Nos
seus escritos defende o sonho, e as visões alucinadas,
como uma forma de conceber a realidade, tão válida como
o pensar e o sentir controlados pela razão. A psicanálise
de Freud inspirou profundamente este movimento artístico,
onde se destacaram artistas como Max Ernst, Salvador Dali
e Magritte. O objectivo do sistema figurativo tradicional é completamente invertido, em vez da
realidade exterior, o artista procura expressar o seu
mundo interior, nomeadamente através de uma pintura ou
escrita "automática" ou a representação mais
elaborada dos seus sonhos.
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Víctor Vasarely
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Liberto dos constrangimentos
anteriores na representação dos objectos, a Op Art,
iniciada por Víctor Vasarely, nos anos cinquenta,
dedica-se a experiências de modelação de formas
criando por vezes verdadeiros "alfabetos" que
se combinam no espaço, produzindo efeitos ópticos com
um ilusório dinamismo. O que caracteriza esta arte é
a sua capacidade de produzir a sensação de movimento.
As obras são criadas de modo a serem vistas no seu
conjunto, eliminando a ideia de um espaço centralizado. O observador tem então a impressão de cintilações,
deslizamentos de formas que se contraem e expandem, rotações,
aparecimentos e desaparecimentos de figuras, sem que o
olhar possa fixá-los no espaço. O espectador nos
quadros em relevo tem que se deslocar para descobrir os
diferentes temas, evidenciando-se desta forma a
simultaneidade dos acontecimentos reais.
A arte conceptual,
também denominada "arte da ideia", saída de
um ensaio de de Henry Flynt, justamente intitulado "Concept
Art" (1961), culmina todo um percurso de transformações
na arte contemporânea que começou no Dadaísmo.
Prosseguindo a ruptura com os suportes tradicionais que
se vinha fazendo em todos os movimentos artísticos depois da IIª. Guerra Mundial (1939-1945), artistas
conceptuais recusam a própria realização material da
obra de arte, colocando em seu lugar ideias e projectos
ainda em esboço. Procuram desta forma estimular a
imaginação dos espectadores, juntando muitas vezes
indicações precisas para a reflexão ou acção. Esta
arte situa-se frequentemente ao nível de problemáticas
filosóficas, nomeadamente no âmbito da teoria do
conhecimento. Dada a natureza deste tipo de arte, o que
frequentemente destas intervenções subsiste são documentos gráficos onde os artistas registaram as suas
ideias ou projectos ou ainda as fotografias onde fixaram
momentos das suas encenações.
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Henry Flint, 1963. Teórico da Arte Conceptual |
John de Andrea, Mulher Sentada (1972) |
Reagindo contra as formas
abstratas ou informais da arte, e nomeadamente contra a
arte conceptual que havia desmaterializado a própria
arte, o Hiperrealismo surge nos anos sessenta,
como um novo retorno à pintura e escultura realista. Não
se trata todavia agora de representar a realidade de uma
forma ilusória, mas de provocar um novo olhar no
espectador sobre a própria realidade. "Mais
verdadeiro que o real" ou "tudo é como é, e
no entanto é distinto no modo como nos aparece", são
dois dos lemas deste movimento.
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Robert Smithson (1970) | |
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A Land Art nasceu em
1967, e prosseguiu também a ruptura com os objectos. Os
espaços naturais, as paisagens alteradas industrialmente
converteram-se em material de configuração artística.
Os artistas deixam de utilizar a paisagem, por exemplo,
como um fundo decorativo de uma escultura, para
transformarem os próprios espaços naturais em
verdadeiros objectos artísticos. Estes criadores aceitam
como com elemento constitutivo da própria obra,
elementos tão aleatórios como a chuva ou o vento. A
obra só termina quando se degrada por completo. Estas mutações dos espaços podem atingir grandes dimensões,
como a que realizou Robert Smithson, em 1970-
Molhe Espiral-, no Grande Lago Salgado, em Utah (EUA).
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A partir dos anos 60 a clássica
divisão da arte em função dos diferentes meios
expressivos - pintura, escultura, vídeo.. - deixa de
fazer sentido. Os artistas procurando uma multi-sensorialidade,
produzem obras onde utilizam uma multiplicidade de meios expressivos, como pintura, música, teatro, vídeo, dança,
poesia...As Instalações, a Performarte e a Arte de
Envolvimento e Participação têm vindo a adquirir um
espaço próprio.
As Instalações são
montagens multimédia, onde o artista recorre a meios
como a fotografia, escultura, o video ou o computador.
Uma das suas características mais evidentes é o recursos
à diversidade de materiais de modo a provocar uma percepção
multissensorial (táctil, olfativa, visual...). No
desenvolvimento natural da arte conceptual, as instalações
são também intervenções reflexivas que a partir da
transfiguração dum dado espaço nos interpelam.
Hermann Nitsch, Representação
Anti-reaccionária.
A Performarte, tradução portuguesa de
Performance que em inglês significa "execução",
resulta da especialização da Body Art, onde o corpo é
utilizado como meio expressivo num determinado espaço ou
envolvimento, mas sem as intenções estéticas
exploradas por exemplo, no ballet. Prosseguindo objectivos
estético-expressivos, o artista pode mutilar-se
( Gina Pane ), executar sacrifícios rituais (Hermann Nitsch),
simular suicidar-se (Schwarkorgler,
1969), ou assumir a sua própria vida como como arte ( J. Beuys).
Joana Vasconcelos, peça inspirada numa
colecção de moda de Marina Rinaldi (2015).
A Arte de Envolvimento e de
Participação (environnement), trabalha sobre a concepção de um espaço
tridimensional onde se criam obras do imaginário artístico. Nesta arte procura-se quebrar as barreiras entre o
espectador e a situação, levando o primeiro a abandonar-se
ao espaço que o envolve, interagindo com ele.
Nuxuno Xan, Arte de Rua (Martinique)
Neste breve percurso a grande constante da arte do século
XX, parece ser a reflexão sobre a própria arte. Os
artistas não tem parado de questionarem os seus próprios
conceitos e dicotomias que sustentaram a linguagem artística
durante séculos: representação / realidade; ideia/forma;
obra de arte / objecto quotidiano; arte / vida; razão /
emoção; mundo exterior / mundo interior; criador /
espectador; forma / fundo; superfície / suporte...
Nestas
pesquisa laboriosas, a "arte" tornou-se uma
reflexão actuante sobre o próprio sentido que enforma o mundo. A significação que desponta em cada gesto, cada
objecto. Por fim, podemos ainda concluir que embora as influências
locais estejam sempre presentes na arte, actualmente
fruto de uma globalização incontornável, os artistas
seguem maioritariamente ideias e estilos internacionais
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