. História da Formação Profissional e da Educação em Portugal Carlos Fontes |
Idade Moderna - II (séc. XVIII) A Nova
Concepção do Trabalho
Os oficios começam a estar na ordem do dia, não já como algo
fechado no quadro das antigas corporações, mas como actividades de inovação
e progresso dos povos. A preocupação com a "aprendizagem " vem de Inglaterra,
mas também de França, onde os Enciclopedistas procurarão compendiar os
saberes que faziam o progresso dos povos.
Por todo o lado surgia a preocupação de instruir a nobreza para a
adaptar ás novas exigências do tempo e da administração publica, de
formar técnicos para planearem e conceberem
as novas maquinas, as casas e cidades, e por último adestrar os operários para que exercessem mais adequadamente as suas funções. Henri
Arvon
(1)caracteriza deste modo esta mudança: "Foi em Fins do Século XVIII, no momento em que a revolução industrial se realiza, que a importância capital do trabalho se faz sentir de maneira premente. Essa promoção é enunciada pela obra de Adam Smith - " Pesquisa Sobre a Nação e as Causas da Riqueza das Nações" ( 1775). O
autor verifica que as riquezas de uma nação são produzidas pelo trabalho. Tomada de consciência revolucionaria pois que, antes de Adam
Smith, a economia politica considerava que as únicas riquezas de uma
nação eram o ouro e a prata de que dispunha. Limitava-se a ensinar a arte
de administrar o património da cidade o qual se compunha do conjunto dos
patrimónios particulares. Adam Smith ultrapassa igualmente os fisiocratas.
Enquanto estes consideravam ainda que a unica fonte de valores era a
fecundidade da terra, Smith passa da terra ao trabalho que dela extrai esse
valor. A
tomada de
consciência do valor do trabalho é paralela á
necessidade de encontrar novas formas que o valorizassem,
nomeadamente através da formação dos que o exerciam. Portugal Esta concepção do trabalho que percorre todo o século XVIII não era desconhecida em Portugal. Marquês de Pombal foi embaixador em Londres (1738) e depois em Viena de Austria (1743-1748), onde certamente contactou com o novo ideário do tempo. Ideias que continuou a acompanhar, depois de 1750, quando o rei José o nomeou secretário de Estado (ministro) para Assuntos Exteriores. Muitas das suas medidas que tomou depois de 1755 comungam do mesmo espírito valorizador do trabalho, mas as mesmas dificilmente poderiam ser aceites pacificamente em Portugal, por duas razões fundamentais: a) Nas colónias imperava a escravatura. O tráfico de escravos continuava a ser uma das grandes fontes de rendimento do Estado, da nobreza e da burguesia. Em Portugal, Marquês de Pombal, a 12 de Fevereiro de 1761, toma uma decisão corajosa para o tempo e suprime a escravatura no país, embora a consinta-a nas colónias. b) A nobreza e o alto clero viviam numa permanente ociosidade, desprezando todos aqueles que viviam do seu trabalho (2). Marquês de Pombal pretendeu alterar esta mentalidade, tomando duas medidas: obrigando a nobreza a estudar para desempenhar os altos cargos do Estado e decapitando todas as grandes casas nobres que resistiam a estas ideias. Em construção ! Carlos Fontes |
Notas:
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