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História da Formação Profissional e da Educação em Portugal

Carlos Fontes

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Idade Moderna - I

Resistências à Leitura e Escrita em Portugal

Em Portugal, a partir do século XVI, os progressos da instrução pública elementar (ler, escrever e contar) foram muito lentos, devido às enormes resistências que o processo encontrou.

a) Religião

Como é sabido, o catolicismo face ao protestantismo desvalorizou a leitura. A igreja reclamava para si o monopólio da leitura e arrogava-se ao direito de estabelecer o que podia ou não ser lido. O estabelecimento da Inquisição em Portugal e a crescente influência dos sectores mais reaccionários da Igreja, criaram uma mentalidade avessa à leitura.

b) Nobreza

A nobreza e parte da burguesia encarou a instrução pública em Portugal como uma ameaça ao seu poder. Na segunda metade do século XVI é notória a oposição à criação de escolas de "gramática e latim", inclusive na cidade do Porto (1). Nesta cidade, em 1560, a Companhia de Jesus foi impedida de aqui criar um colégio. Em 1597 fez nova tentativa, tendo recebido a oposição dos fidalgos e mestereis. 

Durante a dominação espanhola (1580-1640) reforçam-se as tendências obscurantista por parte da nobreza. Em 1619, nas Cortes de Lisboa, solicitam a Filipe III que fechasse todas as escolas de latim, com excepção das de Coimbra e Évora. Mesmo neste caso, exigem que o acesso fosse limitado apenas a nobres "excluindo-se expressamente os filhos dos oficiais mecânicos, os cristãos-novos e os criados dos estudantes, excepto se fossem nobres" (2)   

c) Mesterais

A burguesia encarava os estudantes como um bando de vagabundos, vivendo na ociosidade. O caso da resistência no Porto é paradigmática da situação. Uma das razões porque os mercadores se opuseram à instalação do colégio dos jesuítas era porque zelavam pela quietude da cidade, temendo pelas suas mulheres, os desacatos e ladroagem dos estudantes. 

O outro argumento era que mais alunos nos colégios do jesuítas significava também menos mão-de-obra disponível. Os alunos que depois ingressavam nas ordens religiosas não deixavam de trazer problemas para o Estado, pois libertava-os de se alistarem nas forças armadas. D. João IV foi sensível ao problema da escassez de mão-de-obra e de militares para a guerra, e nesse sentido procurou limitar  número de estudantes.   

No século XVIII, como veremos, persistiram as enormes resistências à leitura, ajudando a criar uma mentalidade avessa à instrução e cultura que se revelará profundamente nefasta até aos nossos dias.

Em Construção ! 

Carlos Fontes

Navegando na Educação

Notas:

]. E.